terça-feira, 25 de abril de 2023
A economia global entre Caríbidis e Cila
sábado, 1 de abril de 2023
Inflação: o imposto oculto
Não existe ainda uma consciência na generalidade das pessoas, sobre o modo como o Estado obtém o financiamento para as despesas que faz. Teoricamente, ele funcionaria com o dinheiro dos impostos. Mas, é fácil constatar que ele gasta muito mais do que recebe e, ainda por cima, tem despesa que não está inscrita no Orçamento de Estado.
Como é que os Estados se mantêm, muitas vezes com défices orçamentais que se avolumam de ano para ano?
Existem vários mecanismos que levam a um aumento da receita de imposto, sem que isso se torne muito óbvio para a generalidade das pessoas. Assim, se houver um aumento geral dos preços, todos os produtos que têm o imposto de valor acrescentado (IVA) aumentam na mesma proporção. Dirão: mas o valor maior cobrado vai cobrir as maiores despesas do Estado, portanto em termos líquidos, não é propriamente um aumento.
- Certo, só que as despesas do Estado são, numa grande fatia, despesas fixas ou que pouco aumentam: Estou a referir-me a despesa com ordenados dos funcionários e agentes do Estado, assim como as pensões de reforma e invalidez. Estas despesas deveriam aumentar na devida proporção do aumento do custo de vida, mas tal não acontece nunca. Um funcionário público, ou um pensionista do Estado, terão mais alguns euros no seu ordenado ou pensão, mas de forma nenhuma tais aumentos atingem o valor que corresponderia à inflação.
Além do mais, o índice de inflação não é objetivamente avaliado. Desta forma, o Estado não tem de desembolsar tanto como seria o caso, se a inflação fosse avaliada corretamente. Se o verdadeiro índice de inflação for de 12 % ao ano, o «cozinhado» que fazem com as estatísticas poderá dar um índice (falso) de 8%. Nestas circunstâncias, não apenas o Estado desembolsa menos 4% com ordenados e pensões, como vai buscar mais na receita do IVA.
Em geral, o Estado, sobretudo quando estiver em défice, cobre as despesas emitindo obrigações do Tesouro, títulos de dívida que vencem a prazos de 2, 5 ou 10 anos, por exemplo. Nesse intervalo, o Estado vai dar um juro fixo. Se nesse intervalo de tempo houver uma inflação maior do que a taxa de juro fixo, o Estado vai pagar menos (em valor real) pelo empréstimo feito: nominalmente é a mesma coisa mas, tanto o principal da obrigação, como o juro a ela associado, terão menor valor real (menos capacidade aquisitiva).
Os Estados do Euro, têm sido «premiados» com a compra automática das obrigações que colocam no mercado e que não encontraram comprador, pois o BCE (Banco Central Europeu) comprometeu-se a comprar todos os títulos do Tesouro dos Estados aderentes ao Euro. Então, os juros foram baixando para estas obrigações, até ao ponto em que Estados muito débeis, em termos financeiros, como Portugal, tinham um juro associado a sua dívida semelhante, ou mesmo inferior, a Estados com melhor situação económica e financeira. Assim, Portugal estava obrigado a pagar juros da dívida no valor (por hipótese) de 3% em média durante um longo período, mas semelhante juro era o de obrigações estatais de países com muito melhor situação global. Era como se os compradores da dívida portuguesa aceitassem adquiri-la, embora o valor real das obrigações fosse muito menor.
Com efeito, o valor de uma obrigação é tanto maior quanto mais baixo for o seu juro. Isto reflete o cálculo do mercado sobre os riscos que correm os compradores de - ao fim do tempo definido - não receberem pagamento do principal (situação de bancarrota do Estado), ou de haver interrupção temporária no pagamento dos juros, ou outro tipo de incumprimento. Nestas circunstâncias, o apoio sistemático do BCE através da compra de obrigações dos Estados mais débeis, reflete-se a vários níveis: Estes empréstimos têm comprador garantido, com juro mais baixo e com menor despesa nos orçamentos públicos desses Estados (Os juros da dívida pública são obrigatoriamente inscritos no orçamento de Estado).
Os ordenados e pensões são sistematicamente depreciados: o seu «ajuste» é feito tardiamente, num intervalo que pode ser dum ano; é baseado num índice oficial de inflação fictício; nalguns casos, provoca o aumento no imposto (IRS), por mudança de escalão, o que anula o pequeno aumento recebido.
Os grandes capitalistas também aproveitam a inflação em seu favor. Não apenas nos ordenados que têm de pagar; mesmo aumentando-os, estes terão menos valor, em termos relativos. Eles «antecipam» as subidas de preços, colocando a mesma mercadoria, cuja compra foi ao «preço antigo», com preço inflacionado ou aumentando a margem de lucro porque decidem vender a um preço muito maior que a inflação, que eles próprios sofreram no processo de fabrico.
Em Portugal, o Estado não tem verdadeiros motivos para se preocupar muito com a subida dos preços, até certo ponto. O ponto crítico é a capacidade da população em suportar uma forte descida do seu nível de vida. Esta descida pode significar a caída na pobreza extrema, para alguns, e o empobrecimento relativo para a imensa maioria. Penso que a generalidade das pessoas estaria de acordo que, em Portugal, o bem-estar económico tem diminuído para a grande maioria, desde há alguns anos, sobretudo desde há cerca de ano e meio, com o agravamento da inflação.
Há perdas acentuadas nos pequenos comércios e nos serviços, que são as empresas mais criticamente dependentes da retração brusca da clientela. Muitos têm de abrir falência, outros têm de reduzir pessoal para fazer face ao novo contexto. Esta concentração favorece os grandes grupos, por exemplo os hipermercados, ao eliminar a concorrência do pequeno comércio de bairro.
Por fim, a injustiça desta taxa, ou imposto oculto, ressalta se verificarmos que as pessoas pobres, ou com rendimentos médios-baixos, têm como principal despesa a alimentação (e outras necessidades quotidianas): A inflação é sempre mais acentuada neste item. Ora, os ricos têm, proporcionalmente às despesas, muito menos impacto, com o aumento dos preços da alimentação: A alimentação pode representar uns 60% do rendimento, numa família pobre e somente 20% numa família rica.
quinta-feira, 23 de março de 2023
OS MUITO RICOS SABIAM -DE ANTEMÃO - DESTA CRISE
domingo, 19 de março de 2023
TEMPESTADE DE CRASHES - EXPLICAÇÃO DO QUE SE ESTÁ A PASSAR
ATUALIZAÇÃO 1: Durante o fim-de-semana foi negociada a compra, por 3 mil milhares de dólares, do Crédit Suisse pelo banco (Suiço) UBS, com apoio da BNS (Banco Central da Suiça) que fez um empréstimo de garantia de 100 mil milhares de dólares. Ver em:
quinta-feira, 16 de março de 2023
A SITUAÇÃO REAL DA BANCA
Todo o sistema está feito para favorecer a utilização do dinheiro dos depositantes, para os mais diversos fins, sem lhes pedir licença, nem lhes dar juros (ou quase nada) por isso.
Quando um banco empresta, a juros, cria instantaneamente (criação escriturária) o dinheiro em causa. Imagine as somas astronómicas criadas! O dinheiro-crédito é criado no momento em que é concedido o empréstimo! Os bancos são os principais criadores da massa monetária em circulação.
Mas, realmente, aquilo que as próprias leis e regulamentos permitem que as entidades bancárias façam, seria o suficiente para pôr na prisão o cidadão vulgar.
Se eu emprestar (a juros, ainda por cima) dinheiro que não existe, vou direitinho para a prisão. Mas isso é o vulgar da atividade de TODOS os bancos.
Os contratos de derivados são autênticas apostas, com a agravante de que estas apostas - no fundo - são possíveis porque tu e eu e quase nós todos, pomos nossos parcos tostões nas instituições «caritativas» chamadas «bancos» ou «instituições financeiras».
Mas, quando ficam «a descoberto», devido às suas tropelias e suas «apostas» arriscadas, não têm de repor as contas em ordem, com dinheiro deles. Não, porque o dinheiro privado dos administradores e gestores do banco não está nunca em causa.
Dá-se então o caso curioso, em especial tendo em conta que isso nunca acontece com inúmeras pequenas e médias empresas em apuros: É o Estado (isto é, nós os contribuintes!), que vai resgatar esses bancos, somos nós (pelos nossos impostos) que cobrimos as perdas dessa banca, porque senão levantava-se uma grande indignação popular, que poderia acabar em insurreição, em revolução.
O dinheiro também é fabricado a rodos (eletronicamente) nos bancos centrais, o que significa que se está a diluir o valor das somas que já estavam na posse dos cidadãos e das instituições. Note-se que este mecanismo é o principal causador da inflação, como tenho explicado.
No caso da falência dos três bancos de depósito nos EUA, o Estado através do seu presidente Biden garantiu que as pessoas irão recuperar o dinheiro dos seus depósitos. Mas como?
- Simples: o Estado, através do Tesouro, diz à FED (Reserva Federal) para imprimir mais uns biliões e lhos «emprestar». Depois, irá entregar aos depositantes dos bancos falidos as somas que eles possuíam nestas instituições.
Não admira que as despesas sociais encolham, assim como as pensões, os salários e o investimento em infraestruturas públicas.
Enfim, como dizia Henry Ford (fundador da marca «Ford» de automóveis), «ainda bem que nem um cidadão em mil, percebe como funciona o sistema financeiro, porque senão, haveria uma insurreição amanhã» !!
ATUALIZAÇÃO:
O CRÉDIT SUISSE PRECISA DE 54 BILIÕES PARA EVITAR O COLAPSO
«SAM ZELL: ISTO É A REPÚBLICA DE WEIMAR»
O CRÉDIT SUISSE É APENAS O PRIMEIRO, NO SISTEMA BANCÁRIO GLOBAL, A ENTRAR EM COLAPSO
PS 1: Ao contrário das ações nas bolsas mundiais, o ouro subiu para um novo patamar, desde dia 15 e tem-se mantido até hoje (17/03/2023) nas alturas.
PS 2: Os grandes bancos formam uma associação inédita, com grandes somas depositadas, para evitar o colapso do «First Republic Bank»
PS 3: A desregulação do setor bancário e financeiro em 1999 é responsável, em última análise, dos colapsos de 2008 e de 2023.
segunda-feira, 13 de março de 2023
ATENTADO CONTRA NORDSTREAM: REALIZADO COM CONHECIMENTO PRÉVIO DO GOVERNO ALEMÃO
Uma entrevista de Seymour Hersh ao canal chinês CGTN revela uma série de pontos, que foram postos em evidência por John Helmer, no seu blog: ver AQUI.
A publicação a 8 de Fevereiro da reportagem exclusiva de Seymour Hersh, baseado em confidências de alguém muito bem situado nos serviços secretos dos EUA (provavelmente da CIA), deixou pontos importantes não esclarecidos e deu origem a muita especulação, tanto no sentido de fazer dizer aquilo que Hersh não disse, como para denegrir a veracidade do relatório e a seriedade das fontes secretas, consultadas por Hersh.
Vem por isso a propósito a entrevista dada por Hersh ao canal televisivo estatal da China. Oiça e veja a entrevista feita pela estrela do jornalismo Liu Xin, aqui:
Aquilo que, tanto o artigo inicial de Hersh, como a entrevista dada à CGTN deixam na sombra, é o papel da Alemanha em todo o processo.
John Helmer, oportunamente, junta elementos de prova, de que o governo de Olav Scholz estava muito em sintonia com Biden, na famosa conferência de imprensa de 7 de Fevereiro de 2022, em que choveram (da parte de ambos) as ameaças de retaliação sobre a Rússia, caso esta invadisse a Ucrânia. Foi nessa altura que Biden deixou entender, claramente, que o Nordstream 2 não iria ser permitido continuar, caso os russos concretizassem a invasão. Tomei a transcrição abaixo, do blog de John Helmer:
[retirado do blog «Dances With Bears» de John Helmer]
Source: https://www.whitehouse.gov/
Source: https://www.whitehouse.gov/
domingo, 12 de março de 2023
FINANCEIRIZAÇÃO, ESPECULAÇÃO E ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: três fatores da crise do capitalismo
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023
ONDE ESTÃO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS DE QUE OS ATIVISTAS TANTO FALAM???
A histeria do clima tem sido um ponto corrente de atenção social pelo menos desde os anos 1980. Nos passados 40 anos, os países ocidentais têm sido bombardeados incessantemente com propaganda alarmista e previsões de cataclismo ambiental. Muitas pessoas - durante os seus anos de formação enquanto crianças e adolescentes - têm sido doutrinadas com histórias de terror – Um mundo onde a subida do nível dos oceanos é de centenas de metros e onde as massas terrestres são engolidas pelas ondas. Um mundo onde as temperaturas, subindo exponencialmente, criam um desregulamento da meteorologia, enquanto milhões morrem devido a furacões, tornados, inundações e secas.
Como muitos de nós sabemos agora, todas essas alertas acabaram por se revelar falsas. Os glaciares e as calotas de gelo polar nunca derreteram. A terra não está recoberta pelos mares. A fome, hoje, é resultante de desastre económico, não de desastre ambiental. Entretanto, a maioria das espécies em risco não desapareceu do planeta. Mas os cientistas climáticos, arrebanhando biliões de dólares de financiamento dos seus governos e os «grupos de reflexão» globalistas, continuam a dizer que o Apocalipse Climático está a chegar; eles estiveram enganados durante 40 anos, mas nós deveríamos confiar neles, agora. O debate «está concluído» dizem eles e nós devemos confiar nos «peritos».
O problema surge quando eles não têm provas e, portanto, são obrigados a desonestamente relacionar qualquer acontecimento climático desfavorável com «mudança climática», enquanto forma de assustar o público. Vamos ver os dados de acontecimentos climáticos reais e ver se as supostamente perigosas emissões de dióxido de carbono devidas ao Homem estão de alguma forma a causar a calamidade climática. Os EUA são frequentemente citados como fonte de poluição pelo carbono (apesar de países como a China produzirem 30 % do carbono globalmente libertado para a atmosfera enquanto os EUA apenas produzem 14%). Vejamos qual é o registo de fenómenos climáticos nos EUA e ver se há sinais de catástrofe vindoura. Se o problema é global, então certamente seria visível no clima dos EUA, do mesmo modo que em qualquer outro país.
Como estão os furacões? De cada vez que um furacão atinge a costa do Golfo, a media corporativa agita a mudança climática como sendo a sua causa. Mas, terá havido um aumento significativo de furacões nos EUA? Não, não houve tal aumento, de acordo com os dados de períodos longos. As tempestades têm-se formado a uma taxa consistente com o registo histórico.
E quanto aos episódios de cheias? Tem havido mais inundações e rios a transbordar? Não, tal não tem acontecido. As cheias não estão a acontecer a uma frequência superior ou com maior severidade hoje, do que o fizeram nas décadas passadas. Mesmo os cientistas do clima são forçados a admitir que nos EUA e globalmente, os danos por inundações têm estado em declínio durante décadas. Os dados sobre danos em proporção com o PIB mostram o seguinte:
A histeria da mudança climática baseia-se muitas vezes na teoria dos «pontos culminantes» como base para os seus argumentos. Os dados oficiais de temperatura apenas são registados oficialmente desde a década de 1880, dando-nos uma pequena janela para visualizar o clima e comparar dados de hoje com os do passado. De acordo com o NOAA, as temperaturas globais subiram 1º C em 100 anos. Eles afirmam que chega um aumento de 1,5% para desencadear «um ponto culminante» originando eventos capazes de destruir a Terra tal como a conhecemos. Não existem evidências para fundamentar a teoria do «ponto culminante», nem existe precedente histórico. Certamente não existe evidência na meteorologia e os céticos têm dificuldade em vislumbrar qualquer sinal de que haja uma catástrofe no horizonte.
A provarem algo, os dados provam que a emissão de carbono pelos humanos não tem efeito nos acontecimentos climáticos. Portanto, se estivermos no limiar duma aniquilação global pelo aquecimento, não será a indústria humana a causadora.
A verdade é que o tema da mudança climática se tornou numa ideologia ou religião, uma extensão da deificação da Terra e seu culto, baseando-se em fé, em vez de factos. E, tal como uma fé religiosa, um culto do clima precisa duma mitologia de Apocalipse, uma imagem de fim do mundo, para manter os fiéis nas suas fileiras. A cada década descobrem uma série de «estórias» da destruição inevitável, a não ser que sigamos as suas regras e nos ajoelhemos perante os seus desejos. É uma triste tentativa de cooptar a ciência como instrumento de fanatismo.
Traduzido a partir de Zero Hedge:
www.zerohedge.com/weather/where-climate-crisis-activists-keep-talking-about