Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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quinta-feira, 23 de março de 2023

OS MUITO RICOS SABIAM -DE ANTEMÃO - DESTA CRISE



No rescaldo dos últimos acontecimentos desastrosos, podemos ver a FED continuando teimosamente a subir a taxa de juro diretora (de 0.25%).
Eles fazem-no, sabendo bem que na raiz do colapso de uma série de bancos de média dimensão (pelo menos, 4 bancos, só nos EUA) estava realmente a subida faseada a intervalos muito curtos, das taxas de juros, com a consequente descida do valor das obrigações do Tesouro, portanto fazendo com que o principal ativo de reserva destes bancos (e de quase todos os outros, inclusive noutros países) ficaria reduzido. Nalguns casos, foi o suficiente para eles ficarem em défice de cobertura e sem hipótese de obterem um reforço de reservas.
Não houve bailout para estes bancos. Muitos depositantes devem ter ficado a perder o dinheiro dos seus depósitos, nomeadamente, pequenas e médias empresas que possuíssem mais de 250.000 dólares depositados, o que não é muito, visto que uma empresa tem de pagar salários e fornecedores. Quanto ao despoletar da crise, note-se que esses bancos não fizeram nada de ilegal, nem sequer de incorreto face às regras bancárias.
Pelo contrário, na crise de 2008, muitos dos bancos e entidades (Bear Sterns, Lehman Brothers, AIG) que se afundaram e outras, que foram salvas pelo Governo dos EUA, tinham-se envolvido em empréstimos fraudulentos para a habitação e na venda de pacotes desses empréstimos, até para além dos EUA.

Agora foi a vez do Crédit Suisse, um banco há anos considerado dos mais fortes mundialmente. Houve uma clara intervenção estatal, que levou a um bail-in (ou seja, um resgate interno, à custa dos depositantes do banco) disfarçado. Os detentores de obrigações viram, de um momento para o outro, as suas obrigações do Crédit Suisse, que valiam (no total) 17 mil milhões de Francos Suíços na última cotação, serem levadas a zero: Não por ação dos mercados, mas porque era uma das condições impostas pela UBS para aceitar realizar a compra da sua ex-rival. Há base para uma ação contra o Estado, pois na ordem de prioridades de uma falência, os detentores de ações só devem ser indemnizados depois dos detentores de obrigações. Ora, a UBS «comprou» o Crédit Suisse, por uns meros 3 mil milhões de Francos Suíços, que terão servido para indemnizar os possuidores de ações. Os possuidores de obrigações ficaram sem nada.

Não existe paralelo histórico para esta crise bancária, que se alastra como mancha de óleo, em países do «coração» do capitalismo. Estamos ainda muito longe do seu final. Uma coisa é certa; os banqueiros centrais e os governos são impotentes para travar a crise em curso, são quadriliões de dólares de ativos em «papéis dos mais diversos tipos». Destes, os mais problemáticos são os derivados, cuja avaliação é difícil de se fazer: As operações de compra e venda fazem-se fora do balanço das instituições bancárias («over the counter», por cima do balcão, é a expressão consagrada).

O sistema não pode estar seguro, porque o capitalismo financeirizado se baseia em esquemas de Ponzi, quer sejam promovidos por empresas, bancos, «hedge funds», ou pelo próprio Estado, como na gestão das pensões.

Podemos ter a certeza de que os grandes capitalistas souberam transformar muitos dos seus ativos financeiros (ações, obrigações, contas a prazo, derivados...) em propriedade não-financeira:
- terras agrícolas: uma aquisição maciça de terras agrícolas por Bill Gates, fez dele o maior detentor individual de terras nos EUA.
- imobiliário: apesar de muito sujeito a especulação, é algo «sólido», seu valor nunca pode reverter  para zero.
- metais preciosos: o ouro, comprado nas praças do Ocidente excede em muito, as quantidades adquiridas pelos bancos centrais ocidentais, pelo que uma porção desse ouro deve estar em mãos privadas.
- obras de arte: verifica-se uma nítida inflação do mercado da arte, em especial, nos segmentos de topo do mercado, obras arrematadas em leilão por milhões. Elas são guardadas em cofres-fortes, durante anos, para depois serem vendidas com imenso lucro.

Quem vai sofrer são as pessoas comuns, cujo rendimento (salário, pensão ...) nunca é atualizado de acordo com a taxa de inflação. Ou seja, a imensa maioria fica realmente mais pobre. Os muito ricos não se importam, até gostam, pois um pobre sujeita-se a trabalhar em condições de grande precariedade, de forma desregulamentada, não se atrevendo nunca a reivindicar.

Há quem diga que muito do que se passa, ao nível dos mercados financeiros e dos principais bancos centrais ocidentais, é orquestrado, no sentido de que a população, castigada por tanta miséria, vai ter que «engolir» a mentira do dinheiro digital de bancos centrais (CBDC), como «panaceia» para a crise. A vantagem do dinheiro digitalizado a 100%, é que os poderosos poderão dirigir as nossas compras de bens e serviços, de acordo com aquilo que eles consideram ser «bom para a economia». Também torna impossível a verdadeira dissidência, pois os poderes podem, com toda a facilidade, «cancelar» a conta dos que eles consideram estar a incorrer no «crime de dissidência» e estes ficam sem meios de subsistência. Os poderes ocidentais, nisso, copiam o regime chinês, embora façam sempre propaganda contra a China.