quarta-feira, 16 de setembro de 2020

UMA ECONOMIA EUROPEIA ZOMBIFICADA...


 As pessoas em geral, mesmo as que se informam sobre o que se passa na economia europeia, não fazem ideia disto: cerca de 550,000 firmas alemãs, numa economia que se portou razoavelmente em relação à crise do coronavírus, estão na categoria «firmas zombies» segundo estudo da agência de crédito Creditreform. O fenómeno é similar na Suíça.

Uma empresa é considerada zombie quando a sua sustentação - durante largo período de tempo - depende de conseguir crédito no mercado para cobrir os juros de outros empréstimos que já contraíra, ou seja, em que os rendimentos líquidos de sua actividade são insuficientes para pagar os juros de empréstimos. Para fazerem face às obrigações, em termos de crédito, continuam a ir obtendo - junto da banca ou junto do Estado - «dinheiro fresco», que vão gastando, sem que a situação se modifique para melhor. 

A política do BCE (Banco Central Europeu) de fornecer crédito a juro praticamente zero, à banca comercial, durante todo o tempo desde a Grande Recessão de 2008-2009, teve como consequência que a banca comercial aceitava emprestar a firmas que não preenchiam as condições para obter um empréstimo, em situação normal dos mercados. Isto é, a banca comercial sabia que muitos empréstimos às empresas acabariam em crédito mal-parado, mas contava com o amparo do BCE e dos Estados, que não deixariam, que fariam tudo para impedir, que estas instituições de crédito, sobretudo os grandes bancos ditos «sistémicos», declarassem falência.   

Temos assim exemplos de empresas que acabam por ser resgatadas da falência várias vezes, pelo respectivo Estado, como a espanhola Abengoa, resgatada 3 vezes em 5 anos.

O mesmo se passa em Portugal, em Itália, na Grécia e também noutros países da União Europeia, de economia mais «forte». Nestes últimos, pelos vistos, a situação tem tendência a regredir ao nível dos chamados «PIGS».

A crise iniciada com o «lockdown», que destruiu irreversivelmente um grande número de pequenas empresas, também levou os Estados a encontrar «habilidades» para manter toda a espécie de empresas em funcionamento e evitar/adiar despedimentos em massa dos trabalhadores.

Não se pense que o Reino Unido, recém saído da UE, esteja melhor. As companhias «zombie» britânicas representam um terço do total europeu. São 20% em relação à totalidade de companhias do Reino Unido, tendo esta percentagem crescido de 4%, desde Março. Nos sectores mais atingidos, na Grã-Bretanha, a percentagem de zombies atinge os 26%.

A emissão de dívida ao nível mundial, por companhias que estão abaixo do nível de investimento, aumentou imenso, tendo atingido, nos 8 primeiros meses deste ano, o equivalente a todo o ano de 2019.

Isto significa que se vai para uma economia europeia e mundial zombificada, ou seja, em que as empresas não são capazes de gerar rendimento líquido suficiente para cobrir os juros das dívidas, mas são mantidas «a flutuar», graças à política coordenada dos bancos centrais e dos governos, forçando  a descida dos juros para valores próximos de zero. 

Neste contexto, a contracção da economia é inevitável pois, segundo investigadores do Banco BIS de Basileia, para cada aumento de uma unidade percentual do número de firmas zombie, vai haver um decréscimo de 0.25% na taxa de emprego e uma diminuição de 17% na taxa de investimento de capital. Estes valores são compreensíveis, dado que a maioria das empresas zombies têm uma produtividade reduzida e que os capitais investidos nelas não serão aplicados noutras empresas e sectores, que poderiam gerar retornos positivos.

A multiplicação desta situação dos Estados - directa ou indirectamente - sustentarem empresas zombies, tem tendência a acentuar-se, no curto prazo. Tal não deixará de ser factor preponderante na criação dum clima de marasmo, de deflação. 

Por outro lado, os governos - a braços com uma crise de desemprego monumental - vão pôr em marcha um «salário mínimo para todos» como foi anunciado hoje por Ursula von der Leyen, que preside à Comissão Europeia. Isto significa que os valores do trabalho e das pensões serão completamente submersos pelo dinheiro «grátis» desse salário mínimo para todos. Isto vai significar uma entrada da Europa numa espiral de hiperinflação, ainda mais cedo do que eu previa. Com efeito, as necessidades do comum dos mortais serão satisfeitas com dinheiro «fresco», saído dos «fornos da BCE», mas o resultado é que - perante a mesma quantidade, ou uma diminuição dos bens disponíveis no mercado - os preços vão aumentar. Quanto ao dinheiro capturado pelos investimentos especulativos, desde as acções e outros produtos financeiros, até a certos sectores do imobiliário, servirá para uma hipertrofia das bolhas, uma «histerese». Aliás, isso verificou-se com as hiperinflações no Zimbabue e na Venezuela; em ambos os casos, os valores bolsistas subiram a alturas nunca antes vistas.

Talvez a Comissão Europeia e os Governos pensem que assim irão mitigar a crise (que eles próprios provocaram com o lockdown). Mas, eu não vejo uma saída, que não passe pela destruição daquilo que pesa, para que se dê um renovo económico e social, com aquilo que tem futuro. 

A minha previsão é que esta política irá conduzir à ruína completa das pequenas empresas, ao quase desaparecimento da «classe média» e à acumulação de capital nas mãos de uma oligarquia ainda mais reduzida (neo-feudalismo). 

O «grande renovo» (great reset) que os poderes que controlam a UE desejam será financeiro, monetário, feito por e destinado a beneficiar os 1%. Mas, não será solução para os problemas estruturais; estes, apenas se resolvem com uma nova base para a economia, centrada nos valores da equidade, liberdade e iniciativa. 


terça-feira, 15 de setembro de 2020

PROCESSO DE EXTRADIÇÃO DE JULIAN ASSANGE: O QUE ESTÁ EM CAUSA?


Quando o processo de extradição de Assange foi iniciado, a 7 de Setembro, o editor de «Moon of Alabama»(1) produziu um resumo da situação jurídica e da falta de bases da acusação, que deveriam ser suficientes para o tribunal britânico rejeitar o pedido de extradição de Julian Assange, para ser julgado em tribunal dos EUA pelo crime de espionagem. 


O artigo de Manlio Dinucci, traduzido para português por Luísa Vasconcellos (2), concentra-se nas ligações da juíza que preside ao tribunal, que está a julgar este processo de extradição. 
O seu conteúdo é importante, na medida em que demonstra um manifesto conflito de interesses, da parte de Lady Emma Arbuthnot, a juíza que preside ao julgamento. 


O que se pode concluir destes dois artigos e do conjunto de documentos citados neles? 

-De facto, o Reino Unido deixou de ser um Estado de Direito, passou a ser uma ditadura disfarçada, onde jornalistas e editores (como Assange) são perseguidos por revelarem crimes ocultados pelos poderes de Estado. 

- Ainda, este caso revela a submissão total do sistema político-jurídico do Reino Unido à vontade imperial dos EUA, que baseiam seu pedido de extradição numa suposta extra-territorialidade de sua legislação, coisa absurda e apenas aceite em resultado da subordinação, da vassalagem do Reino Unido e dos seus órgãos políticos e de Estado. 

Em baixo, alguns artigos deste blog que ajudam a contextualizar e compreender o caso do editor de Wikileaks.

(3) A VERDADE SOBRE JULIAN ASSANGE

(4) CRAIG MURRAY: «Assange, o preso político mais importante do mundo»

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

BORIS JOHNSON PÕE EM RISCO ACORDO COM A UNIÃO EUROPEIA

 


A iniciativa partiu do próprio Boris Johnson. Trata-se de uma proposta de lei relativa ao mercado interno, que se destina a garantir que a Irlanda do Norte (parte integrante do Reino Unido) terá acesso ao mercado britânico, sem tarifas aduaneiras e sem controlos fronteiriços, a partir de Janeiro do próximo ano. Os deputados conservadores não parecem estar muito entusiastas com esta proposta de lei. Os nacionalistas escoceses consideram que a lei tem efeitos muito negativos também para a sua autonomia e estão decididamente contra. O aspecto mais controverso desta lei é que, a ser aprovada, ela iria entrar em colisão com o Tratado de Separação do Reino Unido com a União Europeia. Seria um caso inédito dum país, supostamente respeitador das leis internacionais*, quebrar a legalidade internacional, dando o dito por não dito. Isto, porque o tratado estabelece que a ilha da Irlanda estará livre de fronteira interna real, ou seja, com mercadorias a serem sujeitas a tarifas, etc. entre a República da Irlanda e o Ulster (Irlanda do Norte, membro do Reino Unido). Em contrapartida, haveria uma fronteira marítima entre a Irlanda (ilha) e o resto da Grã-Bretanha. Isto poderia levantar o problema da existência de uma fronteira «partindo» a integridade do território do Reino Unido, visto que as mercadorias provenientes de outros lugares do Reino Unido, para a Irlanda do Norte (e vice versa), seriam sujeitas a controlos alfandegários embora circulassem no interior do Reino Unido. 

Boris Johnson justifica a lei como destinada a evitar uma barreira artificial entre duas partes do mesmo país. O suficiente para criar uma tempestade, tanto entre os apoiantes como os opositores do brexit, visto que a aprovação de uma tal lei iria sabotar a conclusão das negociações entre o Reino Unido e a União Europeia. 

Se tudo corresse normalmente, haveria um acordo a entrar em vigor em Janeiro de 2021. A eventualidade de não existir acordo não impressiona os negociadores do lado da UE que pensam que um «divórcio» com o Reino Unido sem acordo, seria bem mais grave para a economia e política britânicas, do que para o Continente. Boris Johnson pensa o contrário: «a UE está a dar um tiro no pé e a Alemanha [grande exportadora para o Reino Unido] um tiro na cabeça»... De facto, um não-acordo trará muitos problemas à economia europeia. Por exemplo, anularia os acordos de pesca do Reino Unido com a UE, envolvendo vastas zonas económicas exclusivas das Ilhas Britânicas e da Irlanda.

Porém, a impressão que recolho das narrativas da imprensa, tanto britânica como europeia continental, é a seguinte: 

- As negociações em torno das questões irlandesas, embora sejam muito relevantes para o Reino Unido e para a República da Irlanda, não são, de facto, a grande questão. 

Aquilo que não se discute - em público - é o acesso ou não da City de Londres ao mercado financeiro continental e vice-versa. Sobretudo, na perspectiva de um controlo eficaz dos movimentos dos capitais europeus. Com a grande finança centrada em Frankfurt, a City de Londres teria de deixar de ser «porto de abrigo» (Safe Haven) para enormes somas, provenientes do continente europeu. É partindo da City - também - que se tem feito a posterior saída destes capitais para outros portos de abrigo, ou seja, para as Caraíbas etc.. Aí, ficam completamente fora do controlo do fisco europeu. Trata-se afinal, da utilização da City de Londres como plataforma para toda a espécie de negócios, viabilizando a fuga legal ao fisco dos países da UE. O volume de capitais europeus envolvidos corresponde a uma fatia muito apreciável do PIB europeu.

 Assim, fazer capotar o acordo geral por causa da questão da fronteira Irlanda-do-Norte e (resto do) Reino Unido, é uma coisa positiva para quem - de um e outro lado do Canal da Mancha - deseja o corte do cordão umbilical financeiro entre a City de Londres e os capitais europeus continentais. Penso que este é o verdadeiro jogo, aquele que se joga por debaixo da mesa. 

O futuro irá confirmar, ou não,  a hipótese que vos apresento.

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Supostamente, pois continuam a manter ilegalmente na sua posse o arquipélago de Chagas (no Oceano Índico), que pertence às Maurícias e que a Assembleia Geral da ONU reconheceu como devendo retornar às ditas Ilhas Maurícias e deu um prazo -já caducado - para o Reino Unido efectuar a devolução.   


sábado, 12 de setembro de 2020

AS DERIVAS SEMÂNTICAS DA PALAVRA «LIBERAL»

 


A História escreve-se com palavras. Estas palavras significam conceitos. Porém, estes conceitos evoluem ao longo do tempo, sendo impossível fixar - como fazem os dicionários e as mentes obtusas - uma definição de uma qualquer palavra, de uma vez por todas, qualquer que seja o contexto histórico, político, cultural, etc.

O caso da palavra «liberal» é interessante. Esta palavra designou, sobretudo no Renascimento, alguém - como um príncipe - que era generoso, um patrono dos artistas, que gostava de dar festas, etc. Aliás, usava-se - ainda há pouco tempo - a expressão «gastar com liberalidade», ou seja, de maneira não-comedida, sem olhar às quantias largadas, como sinónimo de «esbanjar».

Depois, veio a época da luta contra o Absolutismo, uma realeza que não aceitava partilhar o poder, de forma alguma; que se considerava directamente ungida - por Deus - na missão de governar e não iria tolerar que alguém, fosse quem fosse, interferisse com as suas decisões ou, mesmo, somente as criticasse. Esta luta, que durou dois séculos, viu o conceito de liberdade surgir como reivindicação da plebe, depois de ter sido mote das pessoas da alta burguesia e de muita aristocracia, que se consideravam amesquinhadas na sua dignidade de seres humanos, por lhes ser negado aquilo que veio a ser incorporado nas constituições como «liberdades e direitos fundamentais»: a liberdade de expressão, o direito a igual tratamento pelos tribunais, etc. Neste contexto, o da Revolução Americana e das Luzes, o significado de "liberal" era naturalmente aquele que adoptava um ponto de vista anti-absolutista, que considerava que os humanos tinham um natural e intrínseco direito a serem livres.

Com as lutas liberais, cresceu também a força da burguesia. Esta, antes de ter a força política (a partir do final do século XVIII), tinha força como classe económica. Questões do comércio, dos mercados, da banca, da indústria, eram com ela. A sua ideologia considerava que era absolutamente necessária uma liberdade de comércio, que proteger o mercado nacional, impedindo ou dificultando a importação dos produtos, que pudessem competir com os nacionais, era «intolerável». Os que consideravam tal «liberdade do comércio» absolutamente essencial,  também se auto-designavam como «liberais». No entanto, muitas vezes, eram os mais contrários à liberdade do povo em se auto-organizar, em construir partidos e sindicatos independentes, etc. 

O liberalismo, mais tarde, surge como eufemismo, para designar forças que advogavam o domínio, sem partilha, do capital sobre o trabalho, como se não fosse anti-liberal (no sentido original do termo) proibir reuniões e a expressão das ideias dos trabalhadores, dos operários. Estes ditos liberais não tinham qualquer prurido em reprimir greves reivindicativas dos trabalhadores. 

O chamado neo-liberalismo, com seu cortejo de ideólogos globalistas, afirmou-se mais recentemente. Corresponde ao capitalismo tardio, em que os monopólios estão ao comando, não somente dos mercados, como das próprias políticas estatais. Observa-se o triunfo desta ideologia, a partir da presidência de Ronald Reagan nos EUA e de Margaret Thatcher no Reino Unido, no final da década de 1970. O neo-liberalismo é uma reacção, no seio da classe possidente, à época «social-democrática», que predominou sobretudo na América e na Europa Ocidental, durante a fase de reconstrução, após a IIª Guerra Mundial.

Também existe uma clivagem no significado do termo, de um lado e de outro do Atlântico: Nos EUA, «liberal» significa - muitas vezes - o que os europeus designam como «de esquerda» ou «progressista». No discurso político institucional americano, «socialismo» tem uma conotação negativa. Na sua mentalidade, «esquerda» e «esquerdismo», também, na medida em que - sobretudo na Europa -  têm forte conotação com ideologias de radicalismo social (socialismo, social-democracia, comunismo, anarquismo...). Inventaram então uma designação «edulcorada», para aqueles cujo comportamento se inclina mais para a esquerda, por vezes em termos sociais, apenas: Por exemplo, uma pessoa que seja favorável à legalização do aborto; ou alguém que é crítico do comportamento das grandes corporações, em relação aos consumidores, aos seus próprios trabalhadores, ou ao ambiente, etc, etc. 

Mas, os EUA, também é o país do «politicamente correcto», pelo que os chamados «liberals» - nos EUA - não têm pejo em lançar o anátema contra as pessoas com ideias conservadoras ou, simplesmente, diferentes das suas, em aspectos da vida, desde a sexualidade, à religião, passando pelas doutrinas económicas ... ou seja, pessoas que estão somente a exercer o livre direito de exprimir sua opinião.

Este pequeno apanhado deixa de fora alguns usos da palavra «liberal». 

Eu quis apenas sublinhar a ambiguidade do discurso, mormente político, na utilização do termo. Assim, pode alguém estar a usar o termo num sentido e este ser interpretado noutro. Alguns políticos procuram até esta ambiguidade, para «agradar a gregos e troianos».


  


sexta-feira, 11 de setembro de 2020

MOZART: SINFONIA CONCERTANTE


               Maxim Vengerov – violin; Robert Kabara – viola; Sinfonietta Cracovia (Krakow Philharmonic Hall)


A Sinfonia Concertante de Mozart, aqui interpretada por Maxim Vengerov no violino, Robert Kabara na viola e a Sinfonietta Cracóvia, é uma peça tão excepcional, que poucas pessoas ficam insensíveis ao seu luminoso vigor.
É realmente um mistério para mim, desde a mais tenra infância. Esta peça exerceu sobre mim um fascínio único, apesar de eu ter estado permanentemente em contacto, desde muito cedo, com a música do grande Mago de Salzburgo.
Sem tentar analisar a peça, em si mesma, queria aqui deixar o meu testemunho pela gama de impressões psicológicas, que experimento quando oiço estas sequências de sons.
A perfeição desta gravação, com sua interpretação vigorosa, impecável, do ponto de vista técnico e estilístico, permite-nos usufruir plenamente da riqueza e exuberância da designada «Sinfonia», mas que obedece mais à escrita e à lógica de um concerto, para dois instrumentos de arco, neste caso.
Tenho sempre a sensação de voltar a ouvir «um velho amigo», de tal maneira o conteúdo da peça se me entranhou na memória.
É tão intenso o seu efeito na minha pessoa, que não consigo parar o gira-discos ou a gravação, quando estou a ouvir a peça; não consigo interromper, tenho de ouvi-la até ao fim.

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

CORONAVÍRUS: O QUE A MEDIA INTENCIONALMENTE NOS ESCONDE

 


Gráfico do CDC (EUA) reportando as mortes de COVID-19 por classe etária

Aquilo que o gráfico nos mostra, corresponde ao que os especialistas em doenças respiratórias, virologistas e epidemiologistas* têm afirmado (veja-se aqui e aqui), desde o início da epidemia do novo coronavirus. Ou seja, as doenças deste tipo são caracterizadas por uma subida exponencial, seguida de uma descida, também exponencial. 
Ninguém sabe exactamente porquê, mas pensa-se que terá a ver com a imunidade de grupo ou «herd immunity». Quando uma certa percentagem da população fica naturalmente imunizada por contacto com o vírus (com ou sem sintomas de doença), os vírus em circulação têm a maior dificuldade em se propagar, por encontrarem demasiados hospedeiros resistentes.
Ora, nos EUA ou na Europa, verifica-se que as curvas das mortes (os dados mais significativos), constatadas semana após semana desde Março, são caracterizadas pela mesma evolução que se tem verificado em inúmeros episódios de doenças virais respiratórias; crescem muito depressa, atingem um patamar e depois decrescem até se extinguirem, com a mesma rapidez com que subiram. 
Mas, pergunta-se: «como explicar, então, o cotovelo que muitos chamam de segunda vaga e presente no gráfico acima?» 
Este fenómeno é característico, não do COVID-19 em si mesmo, mas da maneira como as sociedades reagiram à epidemia. Com efeito, se houver um atraso significativo da propagação do vírus na população, devido ao confinamento (lockdown**), verifica-se, após o fim deste, uma retoma parcial da propagação, pois uma grande parte da população permaneceu susceptível. Não foi contaminada, não está, portanto, imunizada. Por outras palavras, não se permitiu que se construísse uma imunidade de grupo no seio da população. Por contraste, nos poucos países onde foram tomadas medidas menos estritas, que não fizeram confinamento, onde não houve fecho de escolas, de empresas, etc. (nomeadamente, na Suécia, Bielorússia e Uruguai) houve realmente a típica curva em sino, havendo agora, nestes países, uma taxa de óbitos por milhão de habitantes inferior à dos países que adoptaram medidas estritas de «lock-down».

Deveríamos estar a comemorar o fim da epidemia, pelo menos, nos países do hemisfério Norte. 
Mas, a media «mainstream», serva dos poderes, está constantemente a assustar-nos com números crescentes, de contágio. Ora estes números, em si mesmos, não querem dizer grande coisa:
- Teoricamente, se obtivéssemos a proporção de «contaminados por milhão de habitantes» e víssemos como evoluiu, já poderíamos ter uma medida da evolução. Mas, neste processo a questão da detecção é crucial: todos sabemos da raridade de meios de diagnóstico no início e, mesmo, ao longo das fases piores do surto epidémico. Esta amostragem não foi uniforme, nem ao acaso (colheita aleatória, random). Pelos melhores motivos, fez-se o teste - prioritariamente - em pessoas que já apresentavam sintomas; isto retira validade estatística, às amostragens. Não se podem comparar números de há meses atrás, com os que se obtêm agora, quando se fazem testes numa escala muito maior, à população saudável e não apenas pessoas que já apresentem algum tipo de sintoma. 
A media sabe isso muito bem. Ela quer vender notícia e «boa notícia não vende» ... pelo contrário, «notícia que causa medo, angústia ou alarme», faz crescer as vendas ou as visualizações. 
Infelizmente, os patrões dessa media adoram isso, pois a criação duma psicose colectiva de medo vai ao encontro dos seus interesses: a «grande reestruturação» ou «great reset» como eles estão abertamente planeando, na preparação do próximo encontro de Davos. 
Para este grupo de super-ricos globalistas, a pandemia é uma óptima oportunidade para mudar «o que deve ser mudado»: as leis laborais, o regime de pensões, a digitalização completa das divisas (desaparecimento do dinheiro físico), maior controlo corporativo sobre os Estados, controlo dos cidadãos através de um «passaporte sanitário», sociedade de vigilância máxima e por todo o lado. 
A instalação de um totalitarismo sanitário é o que venho alertando, desde há meses e... em boa companhia, de pessoas com notáveis qualificações e, muitas, em destacadas posições. Mas, elas são designadas como «conspiracionistas», uma manobra para as censurar, excluíndo opiniões desagradáveis e inconvenientes para os poderes. São «conspiracionistas» porque vêm desmontar a narrativa construída. 
Narrativa única, obsessiva, amplificando e reforçando a palavra oficial, ela é produzida com vista a um fim: o de obter a passividade da cidadania, sua entrega voluntária, a esta «Nova normalidade», que não tem nada... nem de novo, nem de normal. 
Basta ver a vigilância e o controlo que se exercem em Estados totalitários e, agora, também nos ditos «democráticos»: usam-se as tecnologias mais avançadas, para tracking (rastreio) e vigilância em massa da população.

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(*) Professor Wittkovski, Prof. Didier Raoult, Prof. Ioanidis, etc, etc.: As suas vozes foram ignoradas, seus testemunhos censurados no Youtube e noutros media de massas; foram difamados indecentemente por medíocres a soldo e/ou à procura de celebridade...

(**) Lockdown: não há dúvida que o «lockdown» foi contraproducente, por mais que se tente fazer crer que era uma medida «inevitável». Foi uma arbitrária construção dos governos e um ataque violento às nossas liberdades fundamentais.

Um artigo extremamente esclarecedor sobre o (mau) uso de terminologia médica: o termo «casos» e o termo «infecções». Este artigo é importante pois desmascara a fraude científica que esteve na base dos lockdowns, com as desastrosas consequências que todos conhecemos.
Ver também o artigo científico em que se baseia o artigo anterior:

PS (20/09/2020): https://www.globalresearch.ca/selected-articles-medical-communities-speak-truth-about-covid-19/5724198 Uma colecção de artigos, escritos por verdadeiras autoridades. A sua leitura permite avaliar o grau e escala das mentiras das autoridades, governos e corpos internacionais, assim como da media mainstream. Depois de ler estes artigos, não tenho a mínima dúvida que o público está sujeito a uma operação de condicionamento e de «blackout» informativo, à escala mundial.

PS (31/12/2020): Josh Mitteldorf diz, numa entrevista, que os números de excesso de óbitos referidos pelo CDC não são reais, mas resultam da aplicação não legítima de um determinado algoritmo. Ele apoia-se nos dados de uma cientista da John Hopkins University, a economista Genevieve Briand.

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

[Manlio Dinucci] O LADO NEGRO DA 5G: O USO MILITAR



A manifestação de 12 de Setembro, em Roma, “Stop 5G” concentra-se, com razão, nas possíveis consequências das emissões electromagnéticas para a saúde e para o meio ambiente, em particular sobre o decreto que impede os prefeitos de regulamentar a instalação de antenas 5G, na área municipal.
No entanto, continua a ignorar-se um aspecto fundamental desta tecnologia: o seu uso militar. Já fálamos disso no Il Manifesto (10 de Dezembro de 2019), mas com resultados escassos. Os programas sucessivos lançados pelo Pentágono, documentados oficialmente, confirmam o que escrevemos há nove meses.
A “Estratégia 5G”, aprovada em 2 de Maio de 2020, estabelece que “o Departamento de Defesa deve desenvolver e empregar novos conceitos operacionais que utilizem a conectividade ubíqua oferecida pela tecnologia 5G para aumentar a eficácia, resiliência, velocidade e letalidade das nossas forças armadas”.
O Pentágono já está a experimentar aplicações militares desta tecnologia em cinco bases aéreas, navais e terrestres: Hill (Utah), Nellis (Nevada), San Diego (Califórnia), Albany (Geórgia), Lewis-McChord (Washington). Confirmou, em conferência de imprensa, em 3 de Junho, o Dr. Joseph Evans, Director Técnico da 5G, do Departamento de Defesa.
Ele então anunciou que as aplicações militares da 5G em breve serão testadas noutras sete bases: Norfolk (Virginia), Pearl Harbor-Hickam (Hawaii), San Antonio (Texas), Fort Irwin (Califórnia), Fort Hood (Texas), Camp Pendleton (Califórnia), Tinker (Oklahoma).
Os especialistas prevêem que a 5G terá um papel decisivo no desenvolvimento de armas hipersónicas, inclusive as que têm ogivas nucleares: para guiá-las em trajectórias variáveis, a fim de evitar mísseis interceptores, tem de recolher, processar e transmitir muito rapidamente, enormes quantidades de dados. É necessário o mesmo para activar as defesas em caso de ataque com tais armas, confiando nos sistemas automáticos.
A nova tecnologia também terá um papel fundamental na battle network (rede de batalha), sendo capaz de conectar milhões de equipamentos de rádio bidirecionais numa área circunscrita.
O 5G também será extremamente importante para os serviços secretos e para as forças especiais: tornará possível sistemas de espionagem muito mais eficazes e aumentará a letalidade dos drones assassinos.
Essas e outras aplicações militares dessa tecnologia estão, certamente, também a ser estudadas na China e noutros países. O portanto, o que está em curso sobre a 5G não é só uma guerra comercial.
Confirma-o o documento estratégico do Pentágono: “As tecnologias 5G representam capacidades estratégicas determinantes para a segurança nacional dos Estados Unidos e a dos nossos aliados”. É necessário, portanto, "protegê-las dos adversários" e convencer os aliados a fazerem o mesmo para garantir a "interoperabilidade" das aplicações militares da 5G no âmbito da NATO.
Isto explica por que é que a Itália e os outros aliados europeus dos EUA excluíram a Huawei e outras empresas chinesas das licitações para o fornecimento de equipamentos de telecomunicações 5G.
“A tecnologia 5G - explica o Dr. Joseph Evans numa conferência de imprensa, no Pentágono - é vital para manter as vantagens militares e económicas dos Estados Unidos”, não só contra os seus adversários, principalmente a China e a Rússia, mas também contra os próprios aliados.
Por esta razão "o Departamento de Defesa está a trabalhar estreitamente com parceiros industriais, que investem centenas de biliões de dólares em tecnologia 5G, a fim de explorar esses investimentos maciços para aplicações militares de 5G", incluindo "aplicações de dupla utilização" militares e civis.
Por outras palavras, a rede comercial 5G, construída por empresas privadas, é usada pelo Pentágono com uma despesa cujo custo é menor do que seria necessário se a rede fosse construída apenas para fins militares.
Serão os utentes comuns - a quem as multinacionais 5G venderão seus serviços - a pagar pela tecnologia que, como prometem, deve "mudar as nossas vidas", mas que ao mesmo tempo será utilizada para criar armas de nova geração para uma guerra que significará o fim das gerações humanas.

Manlio Dinucci
Il Manifesto, 8 de Setembro de 2020

FRANÇAIS ITALIANO PORTUGUÊS
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APPEAL TO THE LEADERS OF THE NINE NUCLEAR WEAPONS' STATES

(China, France, India, Israel, North Korea, Pakistan, Russia, the United Kingdom and the United States)



Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com