terça-feira, 4 de setembro de 2018

PERSPECTIVA DE SAÍDA DA GRÃ-BRETANHA SEM ACORDO COM A UE

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Esta perspectiva de um «hard brexit» está a levar a que investidores vendam uma grande quantidade de obrigações do tesouro britânico, ou que deixem estas chegar a termo. 
O efluxo de capitais deve-se ao facto de que uma eventual ruptura negocial não será nada favorável para a City de Londres. Muitos bancos e firmas financeiras têm estado a sair ou têm planos de transferência para as zonas mais afluentes do continente europeu, Alemanha, Luxemburgo, etc... 
Sem dúvida, uma grande quantidade de legislação de origem europeia foi automaticamente incorporada nas leis britânicas e não poderá manter-se sem modificação, pois estas mesmas leis foram passadas no pressuposto da pertença à UE. 
A complexidade dos aspectos legais não se fica por aqui, pois existem numerosas directivas, seja para protecção ambiental, para protecção dos consumidores, etc. que instituem normas aos fornecedores de bens e serviços e estes têm de continuar a respeitar essas normas, para além do «brexit», não apenas para poderem exportar para os países da UE; o próprio mercado interno britânico não poderá ficar - dum momento para o outro - sem essas protecções.    
Evidentemente, os mercados são feitos por pessoas e, tal como as pessoas, não são infalíveis. Porém, revelam a tendência, o sentimento geral. O sentimento nunca foi tão pessimista sobre a relação «pós-divórcio» entre a UE e o Reino Unido. 
Do ponto de vista geoestratégico, penso que é inevitável também, pois as «apetências» das oligarquias de um e doutro lado da Mancha são divergentes. 
O Reino Unido tem tido o papel de «cão de guarda» dos EUA, quer no seio da NATO, quer da UE. 
Além disso, têm feito tudo para manter a City de Londres como grande placa giratória dos capitais, não apenas do continente europeu, como asiáticos. O governo britânico é favorável a uma máxima cooperação financeira com a China, como por exemplo fazendo parte do banco asiático de desenvolvimento e oferecendo Londres como plataforma para a negociação de obrigações em Yuan. 
Os alemães, por outro lado, o principal motor da economia europeia, querem que Frankfurt - onde está situada a sede do BCE - receba uma parte significativa dos negócios que hoje em dia se situam nas margens do Tamisa. Quanto aos industriais alemães, estes fazem pressão constante pelo levantamento das sanções contra a Rússia. Estas sanções têm feito perder muito capital alemão investido e limitado a expansão da indústria alemã. 
Como se vê, há variados motivos para os mais fortes agentes económicos do Continente europeu desejarem uma saída do Reino Unido. 

No curto prazo, a não conclusão de negociações ou a obtenção de um acordo que deixe de lado as questões de maior fricção entre as duas partes, poderá desencadear uma crise de grandes proporções, não apenas no Euro, como também noutros planos, incluindo o militar, com a NATO.

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