segunda-feira, 5 de maio de 2025

ANYA ALEXEYEV, PIANISTA FORA DO COMUM (Segundas-f. Musicais Nº 33)

 Comecei por adorar o álbum que dedicou às Sonatas de Carlos Seixas.


                                                   


Depois, explorei os «4 Contos de Fadas», do álbum «The Russian Music Box» que me parecem estar na continuidade da melhor música russa para o piano... 


                                             












Mas, o melhor é o/a leitor/a procurar em Anya Alexeyev - Topic e escolher as peças que lhe agradam mais. 



A IMIGRAÇÃO NA EUROPA


Decidi abordar este assunto muito grave em todos os planos, para as populações de acolhimento, para as populações migrantes e para a economia dos países de origem e de destino.

Quero deixar claro - desde já - - que defendo o princípio base da igualdade entre os humanos, o que implica a igualdade de tratamento perante situações onde, segundo a lei humanitária (e o humanismo), devemos acolher pessoas oriundas de zonas em guerra ou em desastre, sejam elas quais forem. 

Mas, em simultâneo, não podemos nem devemos fingir que não haverá muitos migrantes económicos, atraídos pelas sociedades onde -aparentemente - as condições de vida são bem melhores, que as dos respectivos países de origem. Existem imigrantes económicos que se fazem passar por refugiados de guerra ou de perseguições políticas, quando - de facto - não o são. 


Muitos são atraídos para fazer a marcha ou travessia custosa e perigosa, às mãos de máfias sem escrúpulos, que devemos caraterizar como «negreiros» do nosso tempo. São negócios lucrativos para estas máfias; elas, muitas vezes, disfarçam-se de «ONGs humanitárias», para melhor explorar as suas vítimas. 

Aos que gritam que é um dever humanitário acolher tais vítimas de guerras, de fomes, de regimes ditatoriais, eu respondo que isso tornou-se um véu transparente para toda uma casta abjeta de aproveitadores, que vão desde os passadores, a redes organizadas de tráfico humano, passando por quantidade de empresários que utilizam a fragilidade dos imigrantes para os ter como quase escravos ao seu serviço.

É um facto pouco conhecido, mas o patronato dos países de acolhimento é o grande beneficiário deste comércio moderno de escravos. Mas como? - Os imigrantes são obrigados a trabalhar, muitas vezes sem contratos, em condições brutais e indignas: Não há para estes imigrantes ditos «ilegais» outra alternativa; não podem defender-se de qualquer abuso, de modo nenhum. Estão inteiramente à mercê dos seus patrões. 

Mas, do lado dos explorados nos países receptores de mão-de-obra, há uma grande cegueira. A classe trabalhadora autóctone, não vendo nos imigrantes senão pessoas de outras «raças», de outras culturas, que vêm «roubar-lhes o trabalho», não irá sentir solidariedade para com os proletários vindos do estrangeiro. Há um fraccionamento da classe trabalhadora desses países, pois os trabalhos efetuados pela imensa maioria dos imigrantes de que falamos, são pouco ou nada escolhidos pelos trabalhadores autóctones. São, em geral, tarefas duras, perigosas, sem prestígio social e com salário muito baixo.

Noutros casos, efetivamente, há trabalhadores imigrantes com qualificações suficientes para desempenhar trabalhos que os autóctones gostariam de ter. Assim - e tendo em conta que a concorrência para ocupar postos de trabalho aumenta, devido ao maior número de candidatos para o mesmo posto de trabalho, vai haver maior capacidade dos patrões em fazer pressão sobre os salários. Aliás, observa-se o não-cumprimento das normas inscritas na Lei do trabalho, desde incumprimento das tabelas salarais, aos tralhadores serem despedidos arbitrariamente e sem indemnização. Há, igualmente, muitos casos de sobre-trabalho, trabalhar mais horas do que contratualmente acordado, etc.

A solução para estas migrações de refugiados de guerra e da miséria, seria óbvia para qualquer pessoa que veja como estas guerras - em países frágeis - são desencadeadas, alimentadas, mantidas pelas oligarquias dos países afluentes. A propaganda, disfarçada de informação, porém, vai apresentar os casos dramáticos, sem no entanto procurar esclarecer, como e porquê as pessoas dessas nações foram obrigadas a fugir dos seus países. Não é difícil compreender, por que isto acontece. A média 'mainstream' no Ocidente, está vinculada exclusivamente aos grandes grupos económicos, cujos proprietários também controlam órgãos de comunicação social.

Na raíz deste problema está a manutenção de formas de domínio imperialista, ou neo-colonial, nos povos que outrora foram colonizados pelos Estados europeus continentais ou anglo-americanos. Há um vasto império (neo)colonial que se esconde por detrás do véu das independências formais, onde as estruturas económica, política e cultural, funcionam, não ao serviço dos povos, mas para extração daquilo que tenha interesse para a potência neo-colonial. 

O que se passa agora em África, em várias nações (Tchad, Niger, etc...) é a  confluência de militares patriotas, com a possibilidade de um desenvolvimento real, sobretudo impulsionado pela China, que se traduz em infraestruturas, portos, linhas de combóio e meios para industrializar esses países, sem contrapartida de dependência, de dívida, de comércio exclusivo. Pela primeira vez, desde as independências nos anos 50 e 60, os Estados e as populações estão capazes de beneficiar do fruto do seu trabalho e dos recursos naturais que possuem*.


A EXTREMA-DIREITA** em vários países da Europa, está em crescimento, por vontade da burguesia. Pois, se os trabalhadores tivessem a noção clara de quem está realmente a degradar as suas condições de vida e de trabalho, podia virar-se CONTRA a burguesia e não contra grupos de imigrantes que são super-explorados. Se os trabalhadores autóctones europeus fossem devidamente esclarecidos, veriam que a extrema-direita que se diz nacionalista, tem fomentado - de todas as maneiras - este fluxo de imigração. Os seus arautos políticos, depois, vêm clamar pela «restrição» da imigração, só que a classe empresarial (que apoia esta extrema-direita) não pára de contratar imigrantes, em especial «clandestinos», e sempre continua a «fechar os olhos» perante organizações de tráfico humano (máfias disfarçadas de ONGs).


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(*)Um Estado africano, o Niger, tinha contratos com a França, pelos quais recebia somente 1 a 2 %  do valor do urânio extraído do seu subsolo!

(**) França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha, Portugal, Hungria...

domingo, 4 de maio de 2025

CRIAÇÃO DE ISRAEL PELOS OCIDENTAIS: Entrevista a Saïd Bouamama

 Esclarecedora entrevista efetuada por Michel Collon, ao militante argelino Saïd Bouamama (Forum nº1)

Tal como na 1ª NAKBA, nesta NAKBA Nº2, o horror é «ignorado» pelas potências ocidentais. O mesmo se passou com os responsáveis pela criação artificial do Estado de Israel. Em 1947, a criação do Estado de Israel resultou, aparentemente, do gesto da ONU de então, para remediar o Holocausto judeu na 2ª Guerra Mundial. Mas, na realidade, foi um ato de negação dos direitos humanos elementares da população autóctone palestina, traída pelos países que dominavam a ONU, em 1947-48.





sexta-feira, 2 de maio de 2025

PROPAGANDA 21 (Nº27): A GUERRA PELA NOSSA ATENÇÃO


 A digitalização quase completa da rede de relacionamento de muitas pessoas, equivale a colocá-las dentro de uma redoma de imagens, «memes» e slogans, cujos efeitos nas camadas profundas do psiquismo são devastadores.

As pessoas deixam de estar condicionadas pelos próprios pensamentos, reflexos ou impulsos, para estarem a receber os estímulos, constantes e não identificáveis, que as encaminham para uma dada configuração mental. Uma vez esta configuração estabelecida e consolidada através de mecanismos de reforço, as pessoas terão a ilusão de serem «autónomas», «autodeterminadas», «conscientes», quando - em boa verdade - estão capturadas numa redoma que as encaminha quase fatalmente para um determinado comportamento.

Talvez seja difícil imaginar o grau de influência a que estamos sujeitos. Mas, é bastante fácil avaliar as nossas dependências, quando (por vontade ou acidente) não transportamos connosco o telemóvel, durante uma semana ou mesmo um dia; aí tudo se complica, todas as nossas rotinas são subvertidas, a nossa segurança posta em causa, a nossa enorme dependência torna-se óbvia.

Também é essa rede múltipla de contactos e de impulsos, que mantém a nossa atenção focalizada nos mais diversos objetos ou assuntos. Em qualquer dos casos, encontramos sempre uma racionalização para justificar a nossa dependência.

Mas, devíamos saber, que ter como «pano de fundo» este novelo de contactos mediados pelos meios digitais, não corresponde à «realidade real», mas a uma «híper-realidade», portanto uma fabricação, uma arquitetura mental assimilada passivamente, um enredo cada vez mais espesso de narrativas, de dependências fortuitas ou desejadas, pelas quais e por causa das quais, gastamos a maior parte do nosso tempo e sacrificamos o melhor da nossa atenção e energia.

Não restam muitas dúvidas de que, afinal - como já tinha sugerido num texto deste blog - existe a tal «droga», apresentada no romance de Aldous Huxley, a «soma», que desencadeia uma total conformidade de todos os indivíduos da sociedade, porque ela proporciona prazer; um prazer associado à libertação de mediadores cerebrais, por nós produzidos nos nossos neurónios.

A droga do prazer, chama-se telemóveis, internet, redes sociais, chats, etc. Apesar de parecer diversa, ela é realmente uma única droga; a maioria das pessoas julga-se imune, mas isso é auto-ilusão. Estes indivíduos são, muito frequentemente, adictos em estado de «denegação».

Como dizia um ex-professor meu, «O melhor é estarmos alienados». Suspeito que ele proferia esta frase como uma provocação, como uma reflexão irónica... Eu penso muitas vezes nesta frase. Sabemos que ninguém deseja estar sujeito ao sofrimento do isolamento, à exclusão e à indiferença do seu entorno imediato. O maior obstáculo para a felicidade ( ...o inferno...) são «os outros», parafraseando alguém ( talvez de Sartre, mas tem sido atribuída a outros).


Estar em dissonância cognitiva com a sociedade e com os seres mais próximos, tem um peso muito pesado: sentir o isolamento, a impossibilidade de partilha, por mais abertos que sejamos aos outros.

Creio que o impulso gregário é muito mais forte do que nós estimamos. Pois a nossa vivência social está de tal modo penetrada por uma «normalidade», que depende de relacionamentos materiais, mentais, psicológicos, simbólicos e todos eles, a vários níveis, em simultâneo.

O famoso «apagão» (28-04-2025) da Península Ibérica (e além) deixando as populações de Espanha e Portugal (e outras, na Europa), durante meio dia e uma noite sem electricidade, serviu para ver como somos frágeis, como a nossa civilização está sujeita ao aleatório, ao imponderável. É ilusão a estabilidade em que nos mantemos, um estado hipnótico; foi o acordar do referido estado o que muitos de nós experimentámos, quando sujeitos ao referido «apagão».

Depois, a grande maioria terá retomado a «rotina», ou aquela «hipnose suave» do quotidiano. A memória desse dia 28 de Abril de 2025, será apenas uma vaga recordação. Outros, porém, talvez consigam extrair uma «lição de vida» do acontecimento. Talvez isso lhes permita aumentar o seu nível de consciência e os convença que «os confortos da civilização» são apenas ilusão, que na realidade, devemos estar sempre psicologicamente capazes de enfrentar a ruptura do cenário.

São esses, os poucos que poderão vencer as provas que irá colocar, em dias próximos, o colapso societal, o qual se está já a viver, em câmara lenta. Ele já começou e irá acelerar-se, desencadeando situações «anómalas» com maior frequência, até um colapso geral da trama social.

As forças que puxam para o caos são as mesmas que procuram dissipar a nossa atenção, distraindo-a do que realmente importa, para que possamos mais facilmente ser manipulados, condicionados a fazer as «nossas» escolhas, gestos e pensamentos, as que nos vão encaminhar para a tal «Nova Ordem». Será um universo segundo Huxley, em que as pessoas «desejam» estar cativas, pois receberão a sua «droga», a sua «dose de alienação», que estimulará a libertação de hormonas do «bem-estar», da «felicidade», do «prazer».

quinta-feira, 1 de maio de 2025

COMPLAINTE DE MANDRIN par Yves Montand

 

Letras
Nous étions vingt ou trenteBrigands dans une bandeTous habillés de blancÀ la mode des, vous m'entendezTous habillés de blancÀ la mode des marchants
La première volerieQue je fis dans ma vieC'est d'avoir goupilléLa bourse d'un, vous m'entendezC'est d'avoir goupilléLa bourse d'un curé
J'entrais tout dans la chambreMon Dieu, qu'elle était grandeJ'ai trouvé mille écusJe mis la main, vous m'entendezJ'ai trouvé mille écusJe mis la main dessus
J'entrais dedans une autreMon Dieu, qu'elle était hauteDe robes et de manteauxJ'en chargeais trois, vous m'entendezDe robes et de manteauxJ'en chargeais trois chariots
Je les portais pour vendreÀ la foire en HollandeJ'les vendis bon marchéIls m'avaient rien, vous m'entendezJ'les vendis bon marchéIls m'avaient rien coûté
Ces messieurs de GrenobleAvec leurs longues robesEt leurs bonnets carrésM'eurent bientôt, vous m'entendezEt leurs bonnets carrésM'eurent bientôt jugé
Ils m'ont jugés à pendreAh, assez dur à entendreÀ pendre, et étranglerSur la place du, vous m'entendezÀ pendre, et étranglerSur la place du marché
Monté sur la potenceJe regardais la FranceJ'y vis mes compagnonsÀ l'ombre d'un, vous m'entendezJ'y vis mes compagnonsÀ l'ombre d'un buisson
Compagnons de misèreAllez dire à ma mèreQu'elle ne me reverra plusJ'suis un enfant, vous m'entendezQu'elle ne me reverra plusJ'suis un enfant perdu

NA TRANSIÇÃO PARA O NOVO SISTEMA MONETÁRIO





Enquanto muitas batalhas têm lugar nos mais diversos pontos do globo, seja no sentido físico do termo, seja no sentido figurado, com as guerras comerciais, económicas, mediáticas, tecnológicas, de propaganda e diplomáticas, a batalha discreta - mas decisiva - para moldar o futuro próximo, é aquela pela definição do novo sistema monetário internacional.

Neste contexto, a perigosa e radical separação entre a China e os EUA, do ponto de vista comercial, terá como epílogo a separação correlativa do domínio do dólar e do yuan. Com efeito, ao nível dos grandes negócios, envolvendo grandes montantes, tem sido o dólar a divisa mais utilizada. Porém, com a «guerra tarifária», desencadeada por Trump, as empresas e Estados estão cada vez mais reticentes em usar o dólar, o qual tem sido instrumentalizado, usado como arma de chantagem pelo governo dos EUA, contra quaisquer entitades (estatais ou privadas) que não se conformem com a vontade imperial.

Por exemplo, bancos franceses e suíços foram sancionados por intermediarem trocas com o Irão, algo perfeitamente legal face à legislação dos países-sede destes bancos. Porém, sofreram multas avultadas, decretadas por tribunais americanos, devido a irem contra as sanções (ilegais, aliás) que o governo dos EUA tinha lançado contra o Irão.

No campo dos BRICS, o Yuan (ou Renminbi) será cada vez mais usado, em paralelo com divisas doutros membros dos BRICS ou de membros associados. Neste campo, a utilização de bonds (obrigações) em Yuan será cada vez mais favorecida, tanto mais que estes bonds são trocáveis pelo seu equivalente em ouro na bolsa de Xangai.

Esta propriedade irá permitir que países exportadores de petróleo, como a Rússia, os Emiratos Árabes, a Arábia Saudita, etc. conservem obrigações em Yuan, pois estas são muito líquidas. Qualquer outra entidade estará interessada em receber como forma de pagamento, estes títulos remíveis em ouro.

No novo paradigma de trocas internacionais, as partes poderão efetuar pagamentos e acertos como entenderem: Seja com divisas dos respectivos países, ou com divisas de países terceiros, ou até com a troca direta (barter, em inglês) de matérias-primas ou metais preciosos.

Por exemplo, nos contratos de venda do petróleo angolano, este poderá ser pago em Dólares, em Yuan ou em troca de mercadorias que Angola importa da China. As trocas comerciais, Sul-Sul serão muito agilizadas. Já não será obrigatório usar dólares e passar por intermediário, num dos grandes bancos americanos. Isto envolvia a possibilidade de interferência, que podia ir até ao congelamento e ao confisco de avultadas quantias, pelos EUA.

O sistema de pagamentos internacional dos BRICS, o M-BRIDGE, já foi testado e funcionou perfeitamente entre países árabes e a China. Trará muito maior rapidez e segurança que o sistema SWIFT. Este último, confere o controlo dos EUA sobre as transações internacionais e implica operações entre bancos intermediários nos pagamentos, podendo durar vários dias entre o envio e o recebimento das quantias (além dos custos). Enquanto o M-BRIDGE pode efetuar - graças ao sistema «blockchain» - a mesma operação em segundos, com baixos custos e com inteira transparência. Há quem diga que o motivo próximo para Trump ter desencadeado a «guerra tarifária», terá sido o facto da China e seus parceiros comerciais terem lançado, com sucesso, o sistema M-BRIDGE, concorrente do sistema SWIFT.

A multplicação de trocas sem ter o dólar como intermediário, vai tornar as sanções americanas contra certos países que não se curvam ao seu diktat, praticamente inoperantes. Assim, a arma preferida dos EUA no domínio económico e financeiro, as sanções, perde a sua eficácia. Com efeito, até agora, muitos países e empresas neutros e que pretendiam ter relações comerciais com países aos quais os EUA decidiram impor sanções, também estavam sujeitos a sanções secundárias, caso não parassem o intercâmbio comercial com os países sancionados. Esta pressão tinha eficácia, porque o dólar era obrigatoriamente intermediário nas operações comerciais e financeiras, sobretudo nas de grande volume.

Hoje em dia, rompeu-se o tabú: Os sauditas assinaram um acordo com os chineses, segundo o qual o petróleo será transaccionável em Yuan, por acordo entre as partes (e não somente em dólares). A venda de produtos petrolíferos em dólares, exclusivamente, em troca a «proteção» dos EUA à monarquia saudita (e por extensão, a quaisquer países da OPEC), foi o pilar que manteve o «petrodólar» durante meio-século:

- Qualquer país precisava de dólares para ter acesso aos combustíveis nos mercados mundiais, ou a outras matérias-primas. Esta situação está a modificar-se muito depressa, não apenas pelo enorme volume de combusíveis comprados pela China às monarquias árabes do Golfo, como também ao Irão e à Rússia. As trocas com estes dois últimos países não envolvem o dólar e têm tendência a crescer.

No ano 2000, cerca de 70% das trocas internacionais eram saldadas em dólares, enquanto hoje (25 anos depois), apenas 56% o são. Este processo de regressão do dólar foi recentemente acelerado pela desastrosa política da administração Trump, de erguer barreiras alfandegárias aos produtos dos seus parceiros comerciais. Mas Trump foi obrigado a recuar, face às reacções, que ele não esperava, tanto de amigos como de inimigos: A UE e o Japão tiveram reações muito negativas face à imposição de tarifas, além da China e do Sul Global.

Será necessário reformar os acordos internacionais, para cimentar de novo a confiança no comércio internacional. É certo que tal processo irá levar algum tempo, mas será inevitável, pois nem os mais fiéis aliados dos EUA ficam satisfeitos com um mercado mundial fraccionado. A mundialização das trocas comerciais e financeiras, a chamada «globalização», não é reverstível de uma penada. Os britânicos, por exemplo, querem manter boas relações com a China; a guerra de sanções é contrária aos interesses industriais e financeiros britânicos.

Não podemos pressupor o que trará a nova arquitetura financeira mundial, mas podemos conjecturar que não haverá obrigação de comerciar numa determinada divisa, podendo os pagamentos internacionais ser mais rápidos, através dos sistemas digitais, incluindo «blockchain». Estes, têm a vantagem da transparência, tornando a fraude impossível. Também a especulação com as divisas será, senão impossível, muito menor em volume.

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