quarta-feira, 31 de agosto de 2022

MITOLOGIAS (cap. X) : CASSANDRA, DA ILÍADA AOS NOSSOS DIAS

Quando falamos de Cassandra, estamos a falar de um mito, independentemente de ter existido, ou não, uma princesa em Troia com tal nome.

 A história contemporânea não reconhece a Ilíada como um escrito histórico, que sobreviveu miraculosamente, primeiro oralmente, depois por escrito, relatando a guerra das cidades-estado do Peloponeso contra Troia. Porém, a constante utilização do longo poema pelas artes, poesia e literatura nos séculos após os supostos acontecimentos,  tem criado a ilusão de que os episódios da obra atribuída a Homero seriam, senão historicamente exatos, pelo menos, verosímeis.

De facto, o que se sabe seguramente pela arqueologia, é que Troia existiu, mas que houve uma sucessão de cidades, umas sobre as outras. Além disso, não houve uma única guerra de Troia, mas sim várias. O relato de Homero (ou atribuído a Homero) poderia ter condensado, numa única narração, o longo período de guerras de  Troia contra exércitos coligados das cidades-Estados gregas.  

Podemos - portanto - considerar que Cassandra, tal como está descrita na Ilíada, releva do mito, mais do que da História mitificada. 

Eu vejo a história de Cassandra (*) como simbólica dos comportamentos das sociedades, em relação às pessoas com maior visão, mais sábias, corajosas, e sabendo que estão a ir contra a corrente mas - ainda assim - dizendo a verdade, custe o que custar,  face aos poderosos e ao povo. 

A obra de Luís de Camões contém uma «atualização» de Cassandra, na figura do «Velho do Restelo». Este desempenha, no poema épico «Os Lusíadas», a mesma função que Cassandra, na Ilíada: Profetizar perigos e desgraças que ocorrerão a Portugal e aos portugueses, em consequência do lançamento das ambiciosas e aventureiras viagens marítimas, a partir dos finais do século XV.  

Uma caraterística comum nas «Cassandras» que se nos deparam ao longo da História, é que seus vaticínios, embora pareçam sensatos quando são lidos após os acontecimentos, foram descartados como  fantasias, sintomas de loucura, palavras vãs, pelos indivíduos que, contemporaneamente, ouviram ou leram tais profecias. 

Figura: Aquando da queda de Troia, Cassandra, que se refugiara no templo de Atena, é  violada e depois feita escrava.

No mito, Cassandra é abençoada com um dom, que consiste na capacidade de ver o futuro e, em simultâneo, é amaldiçoada com a impossibilidade de que suas palavras sejam tomadas a sério por seus concidadãos, incluindo a sua própria família. 

Na nossa época, as «Cassandras» avisaram com detalhe e antecedência e, como na lenda, não foram ouvidas. No âmbito económico, mas com grande repercussão política, a chamada «crise das sub-prime» (2008), levou ao quase desmoronamento do castelo de cartas da economia financeirizada. Esta crise foi prevista - com antecedência - por mais do que um analista dos mercados, incluindo figuras célebres do mundo financeiro.  

Mais recentemente, autores de várias escolas de pensamento económico, têm feito avisos muito enfáticos sobre a iminência de um colapso muito superior, em magnitude, ao de 2008. Os avisos são dirigidos ao poder financeiro nos bancos centrais e ministros da economia e finanças dos governos. Estes preocupantes alarmes têm sido também publicados na media, ao alcance do mais amplo público. 

Estes avisos, como os das outras «Cassandras» da História, estão a ser completamente ignorados, por quase todos: Desde pequenos especuladores, a gestores de Wall Street e doutros centros financeiros, a políticos - tanto no poder, como na oposição. Para mim, esta situação não só ilustra a enorme miopia dos poderes, especialmente após o quase colapso de 2008, como parece ser uma enésima atualização da história de Cassandra da Ilíada.

As multidões costumam ignorar, escarnecer, ou mesmo, violentamente atentar contra pessoas que vêm contrariar preconceitos e medos obsessivos. A fúria das multidões é estimulada por ditadores e demagogos, que assim defletem a ira e a frustração popular para que, perante as consequências de suas decisões aventureiras e fatais, nunca lhes sejam atribuídas responsabilidades, mas ao «bode expiatório». 

As pessoas com lucidez e juízo, nestes tempos conturbados, devem ser discretas. Não se devem expor, pois seriam «arrastadas na lama», ou ostracizadas, no mínimo. Devem preservar-se, pois de nada serve tentar convencer uma multidão fanatizada ou hipnotizda

Estas tentativas vãs apenas irão exacerbar a vontade de vingança das massas enganadas, que julgam que «o mensageiro das desgraças» é o causador das mesmas. O mensageiro é castigado em vez do tirano, que afinal de contas, é o causador das más notícias trazidas pelo primeiro. 

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(*) Citação da «Cassandra» de Friedrich Schiller:

« Por que me encarregaste tu de proclamar as tuas profecias com um pensamento lúcido numa cidade cega? Por que é que me fazes ver aquilo que não poderei desviar do nosso povo? O destino que nos ameaça deve cumprir-se, a infelicidade que eu temo tem de realizar-se, a desgraça que eu antevejo tem de acontecer»...

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ARTIGOS ANTERIORES DA SÉRIE MITOLOGIAS:

terça-feira, 30 de agosto de 2022

J.S. BACH: FANTASIA E FUGA BWV 542

KATJA SAGER & ANASTASIA SEIFETDINOVA: DUAS INTERPRETAÇÕES DA FANTASIA E FUGA BWV 542


A Fantasia e Fuga em Sol Menor de Bach é a peça mais impressionante para o órgão, do Mestre barroco. Eu ouvi, ao longo dos anos, diversas versões da mesma. Porém, a luminosidade e o tempo adequado na interpretação de Katja Sager, dão-lhe uma força e beleza insuperáveis, que me fazem preferir a sua versão a todas as outras.

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Anastasia Seifetdinova, nesta gravação em recital, com seu perfeito domínio técnico e estilístico, permite-nos apreciar a força e delicadeza que emanam da transcrição pianística de F. Liszt da peça para órgão de Bach.





segunda-feira, 29 de agosto de 2022

domingo, 28 de agosto de 2022

MITOLOGIAS IX: O QUE SAI DA «CAIXA DE PANDORA»?

 

                                Figura: píxide grega (British Museum)


Segundo as versões mais antigas do mito, Pandora* teria aberto, não uma caixa, mas um vaso. Pouco importa, pois o efeito será o mesmo, num ou noutro caso: 

- Nas duas versões, existe a irreversibilidade de saída dos males que aí se encontravam encerrados. Pandora* está diretamente associada ao mito de Prometeu. Ela casou-se com o irmão de Prometeu, Epimeteu. Foi para castigar Prometeu, que Zeus fez com que Pandora abrisse o vaso (ou a caixa), que Epimeteu lhe tinha dado para ela guardar.

                                  
A curiosidade de Pandora é «culpada» de ter querido indagar o que se encontrava no interior do vaso, ou caixa. Realmente, é difícil encontrar um mito mais misógino do que este: Tal como Eva**, e outras heroínas do panteão da antiguidade, é a curiosidade feminina a «culpada» de todos os males. Mas, se não nos fixarmos demasiado num traço que revela o estatuto social da mulher nas civilizações patriarcais da antiguidade e a culpabilização do género feminino, que durou até recentemente,  creio que a história de Pandora encerra uma sabedoria autêntica e profunda. 

Pandora é o lado feminino de Prometeu, o qual foi castigado pelos deuses por ter roubado o fogo do Olimpo. Prometeu originou a técnica, cujas artes do fogo e da metalurgia eram elementos essenciais, na transição da Idade do Bronze para a Idade do Ferro. Por outro lado, Pandora simboliza a curiosidade, que tem de existir para haver ciência, progresso técnico, evolução da civilização. 

Obviamente, o mito não especifica quais os sortilégios que se escaparam da caixa de Pandora. Creio que não são males absolutos. Podem sê-lo em mãos erradas. Mas, a humanidade tem tanto a aprender com as «Pandoras», como com os «Prometeus». 

Se Prometeu ofertou a ciência do fogo à Humanidade, Pandora ofertou outras ciências e técnicas benéficas. Estas, porém, podem-se transformar em maléficas,  caso a Humanidade não tenha sabedoria suficiente (como é o caso!).

Destapar o oculto é uma eterna tendência do espírito humano, é uma impulsão para descobrir, para desvelar o desconhecido. Sem este impulso, que eu considero instintivo, não haveria qualquer melhoramento na vivência humana, desde os tempos mais recuados. Os humanos não teriam saído das Culturas da Pedra.  Mas, a criatividade tem um preço.

O aviso explícito da  história de Pandora é o mesmo que o da lenda do aprendiz-feiticeiro, que utiliza sem critério os poderes mágicos do seu mestre, quando este está ausente, causando uma catástrofe no laboratório. O conhecimento dos saberes potentes, tem de ser confinado a sábios que sabem resguardá-los do vulgo, pois este irá causar crises, caos, hecatombes, pela forma irresponsável como manipula tais forças. 

Na antiguidade o conhecimento é considerado, simultaneamente, uma matéria preciosa e perigosa, a manipular com o maior cuidado. 

A caixa de Pandora tem vertido generosamente para a Terra o progresso científico, o conhecimento das leis da Natureza. Isto tem permitido todos os desenvolvimentos técnicos e o aumento do bem-estar das sociedades humanas. 
Em simultâneo, trouxe terríveis desenvolvimentos na «arte» de matar: A pólvora, o aço, a metralhadora, as bombas de fragmentação, o TNT e outros explosivos, as bombas nucleares, os mísseis hipersónicos... Esta lista, sem dúvida, é muito incompleta!  A sofisticação tecnológica implica uma maior letalidade dos armamentos. O contributo da ciência para a guerra não é, nem nunca foi, secundário. Tem sido decisivo ao longo dos séculos. 
Poderíamos continuar, referindo as descobertas em vários domínios: 
- Na biologia, a clonagem ou inserção de genes em vários genomas (e permitindo a construção das bio-armas). 
- Nos microprocessadores, para os computadores e smartphones que dão acesso à Internet (e permitem bombas teleguiadas com grande precisão).  
Etc.

Todos os grandes avanços da Ciência têm originado novos problemas. Às vezes, são referidos como «doenças de civilização», mas o termo peca por impreciso: A civilização não está em causa. O que está em causa é a organização da sociedade e da economia, para que o lucro seja extraído por alguns, à custa da imensa maioria. 

Se nós fossemos desenrolar completamente o conteúdo da «caixa de Pandora», seríamos obrigados a descrever a evolução das sociedades humanas, desde os primórdios, até hoje. Tarefa totalmente inviável e sem sentido, pois nem o fogo de Prometeu, nem a curiosidade de Pandora, nos impõem tal coisa. 

Fiquemos por aqui, sabendo-nos limitados no entendimento e  no saber.  

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(*) Pandora significa: «Aquela que possui os dons de todos os Deuses»

(**) Eva, primeira mulher, criada por Jeová = Pandora, primeira mulher, criada pelos Deuses do Olimpo 

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ARTIGOS ANTERIORES DA SÉRIE MITOLOGIAS:




sábado, 27 de agosto de 2022

MISTÉRIO DA PINTURA DE VERMEER COM 350 ANOS

       [Lamentavelmente, retiraram o vídeo que estava na base do meu artigo! Proponho-vos outro, sobre a falsificação de quadros de Vermeer e a rapina de Hitler sobre as coleções de arte. ]

Depois de visualizarem o documentário, digam-me  o que pensam: Inclinam-se mais para a opinião da conservadora do museu, ou para a do crítico de arte? (escrevam nos comentários, abaixo deste post)

Existem muitos vídeos interessantes sobre Vermeer e sua arte. É notável a influência que exerceu no seu país e internacionalmente. Ainda mais notável é o facto de que os seus 35 quadros conhecidos que sobreviveram serem todos de qualidade superior.
Como explicar o seguinte "mistério", relacionado com a obra de Vermeer: Como é que sua obra consegue muito maior projeção séculos após a sua morte, do que em vida, apesar do razoável sucesso, na sua época e sociedade?

Outro grande mistério é saber como magníficas coleções de arte europeia do passado sobreviveram às guerras, revoluções, incêndios, roubos e destruições, que assolaram frequentemente os territórios da Europa, os mais ricos em monumentos e obras de arte. A guerra, em particular, é cada vez mais impiedosa para os civis e também para o legado civilizacional do passado!

Isto continua a ser verdade: Por exemplo, aquando da guerra e invasão do Iraque em 2003, os americanos não tiveram preocupação em preservar os tesouros arqueológicos das antigas civilizações sumérias e babilónicas; deixaram que o museu nacional de Bagdade fosse saqueado. Também foram saqueados incontáveis sítios arqueológicos. Inúmeras peças valiosas foram vendidas a colecionadores particulares, nos mais diversos pontos do mundo. Infelizmente, existem outros exemplos recentes.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

O «GREAT RESET» desmascarado

 




A nossa media corporativa tem feito um excelente trabalho de nos distrair do que é importante, de forma a que nós nunca possamos eventualmente abrir os olhos e perceber aquilo que os oligarcas de Davos nos reservam.

No entanto, Klaus Schawb no livro que escreveu em parceria com Thierry Malleret, não esconde nada do essencial. Embora não sejamos ingénuos, ao ponto de acreditar nas suas palavras propagandísticas, com um mínimo de treino podemos compreender verdadeiramente o que eles, os de Davos, pretendem. 

Com efeito, estes super-ricos, agrupando as mil e tal empresas mais lucrativas do planeta, que pagam «uma pipa de massa» para estarem presentes todos os anos em Davos, são detentores coletivamente de cerca de 15 % do PIB mundial! Eles estão interessados num governo mundial, usando porém mais frequentemente o termo «governança» global, o que não é senão um eufemismo, apenas velado, da velha teoria da «Nova Ordem Mundial» com um governo único mundial, que já vem do início do século XX e da Round Table. Um dos mais eminentes propagandistas do globalismo, em 1940, numa altura em que não era preciso esconder-se com eufemismos, H. G. Wells escreveu um ensaio intitulado «A Nova Ordem Mundial». 

Não é porém tão apelativo, hoje em dia, falar-se de «governo mundial». Estes globalistas são certamente aconselhados por especialistas de sociologia, de psicologia e de outros ramos das ciências humanas, que percebem e manipulam com destreza, na senda de Bernays, os desejos profundos, as aspirações dos públicos aos quais se dirigem, para os melhor levar a aceitar como coisa natural, aquilo que à partida não o era. 

A técnica é velha; trata-se de ir fazendo pequenos passos que aproximam do objetivo, de modo a que o público não veja, nessa deriva, nada que seja disruptivo. Mas, no final, estará em condição de aceitar como «natural» algo que antes poderia causar o seu repúdio. Temos exemplos desta técnica de «progressos» incrementais, na progressiva rutura do contrato social, com a privatização, por etapas, dos serviços públicos, um de cada vez, ao longo de décadas, e sempre deixando um núcleo «nacional» como forma de encobrir a privatização à outrance da grande maioria das infraestruturas de serviços. É visível com a transferência de partes do Serviço Nacional de Saúde, para o privado; de grande parte do ensino, deixando escolas públicas para cobrir somente as necessidades da população mais desfavorecida, que não pode pagar mensalidades enormes para manter seus filhos em colégios privados; o mesmo, nos transportes públicos. Em geral, o setor privado tem abocanhado os segmentos de mercado que são rentáveis e que podem ser ainda mais rentáveis, pois o seu objetivo é somente o lucro e não servir o público.  

Em relação ao governo mundial, temos as sucessivas transferências de soberania dos Estados, para construções supranacionais, como a União Europeia e outras. Temos também as normas de tratados, tais como aquele que Obama queria impor (o TTIP), que limitam muito a margem de manobra dos Estados, obrigando-os a reconhecer, na prática, as multinacionais como iguais aos Estados em Direito, logo com capacidade para processar um Estado, logo que este se ataque aos lucros destas empresas.

Dentro da construção paulatina da governança mundial, pode-se incluir o conjunto de regras, emitidas por agências internacionais, quer sejam da ONU ou de outras instâncias. Os tratados multilaterais, cujo conteúdo passa a fazer parte da legislação dum país, assim que este o ratificar, podem ser vantajosos para alguns e desastrosos para outros, como é o caso das regras instituídas pela OMC. 

Por fim, temos a «defesa», na realidade, a força militar. O caso típico é o da NATO/OTAN, em que, para os pequenos Estados, a parcela de autonomia é nula e a soberania se resume à sua bandeira nacional estar presente nas sedes e nos congressos da aliança militar.  Mas, em circunstâncias de guerra ou de treinos, os Estados mais fracos têm de contribuir com contingentes e de fazer despesas avultadas, para equipar seus efetivos com armamentos, navios, aviões, sistemas de mísseis, etc. 

No sistema mundial, tal como o desejam «os de Davos», a propriedade das coisas, dos bens produtivos, não apenas continua a estar distribuída de forma assimétrica: Querem que esta assimetria ainda seja maior. É este o significado do «slogan»: «Não possuirás nada e serás feliz». Com efeito, a possibilidade de possuir propriedade privada, permite a autonomia dos indivíduos, dos grupos, das comunidades. Sem isso, não é possível dizer «não!» ao senhorio, ao patrão, ao superior hierárquico. Sem a posse plena de bens, os menos poderosos não poderão aguentar, porque perdem logo o acesso aos bens vitais. É, portanto a 1ª parte da frase que nos diz algo de concreto. Quanto ao «ser-se feliz», é doutra ordem: Trata-se de algo não quantificável, pois é bem sabido que a riqueza material não traz, por si só, um acréscimo de felicidade; porém, a privação dos bens materiais, ao ponto de fazer com que não haja o essencial, é um obstáculo maior à felicidade dos indivíduos.  

Poderíamos definir o pensamento dos globalistas como o duma oligarquia que deseja para si própria a «governança global», que apenas está interessada em representar a democracia, que se esforça por conservar as riquezas para si, através de oligopólios. Pense-se no poderio económico e político que detém um pequeno número de grandes empresas  (banca e finança internacionais,  empresas petrolíferas e mineiras, empresas químicas e farmacêuticas, empresas de armamento, de tecnologia informática...). Estas empresas conseguem fazer com que os grandes Estados se dobrem aos seus caprichos; conseguem que eles lhes concedam privilégios, como isenções de impostos e outros, que não dão às empresas mais pequenas; sobretudo, conseguem impedir que seja feita e aplicada legislação anti- monopólios. Estas leis anti -monopólios, ou anti- cartéis, foram introduzidas desde há cerca de um século, em países ocidentais e foram reforçadas após a 2ª Guerra Mundial. Mas, os grandes grupos e os seus representantes políticos, não descansaram enquanto estas leis não foram abolidas ou desvirtuadas. Nas economias contemporâneas dos países capitalistas há, não apenas uma onda de privatizações, como uma cartelização generalizada da economia, pelo que o capitalismo, sem concorrência, foi transformado num corporativismo

Este corporativismo, desejado pelos globalistas de Davos, pode traduzir-se pelo lema seguinte:

- «O 'socialismo' para os muito ricos; a escravatura para a plebe» 

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NB1: Yuval Harari diz em voz alta, aquilo que muitos dos «de Davos» pensam: 

https://www.zerohedge.com/news/2022-09-06/world-economic-forum-futurist-we-just-dont-need-vast-majority-population


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

HIPOCRISIA ECOLÓGICA

 Eu fico estarrecido primeiro, depois fico deprimido com os «ecologistas» de pacotilha contemporâneos.

Não duvido que existam muitas e boas pessoas que não tomam a ecologia como uma espécie de moda. Que estudaram a ecologia como ciência, sem demagogias, com rigor e abertura crítica. Mas, estes honestos ecologistas científicos (ou com motivações genuínas em defesa do ambiente e - portanto -levados a buscar a verdade dos factos, não as aparências) são submersos pela «onda verde» de falsos ecologistas, pessoas contratadas pelos grandes interesses capitalistas, as grandes corporações, pelo status quo, que pretendem assim fazer «green-washing». De facto, é uma lavagem ao cérebro que atinge mais os jovens,  confrontados com fenómenos de moda, com o falso discurso «alternativo», etc. Estes jovens não aprenderam na escola o pensamento crítico, o ceticismo saudável, a preocupação de objetividade, mas foram injetados de propaganda «green» sob pretexto de «ciência». 

Os dados da psicologia mostram que é muito mais difícil convencer do seu engano uma pessoa que acreditou numa teoria errónea, do que mostrar a uma pessoa, que ainda não tomou partido, que realmente essa teoria é falsa, não repousa sobre factos comprovados reais. Esta perversão das pessoas bem-intencionadas, é um dos objetivos dos multimilionários que se acotovelam em Davos, junto a Klaus Schwab, Bill Gates, a chefes de estado e de governo, além de «cientistas» comprados com benesses, que julgam o seu sucesso mediático ser devido ao seu talento; de facto, são promovidos para fazerem parte da «coudelaria» científica de Davos!

Note-se que a ONU está completamente inserida nesta operação: Com o seu GIEC, que é um painel intergovernamental, portanto não é um comité científico, tanto existindo nele cientistas do clima, como meros funcionários de ministérios e pessoal da política, não cientistas. O mesmo, ou pior, se pode dizer da OMS, tomada de assalto há alguns anos pelas grandes farmacêuticas, as quais, com a Fundação Bill e Melinda Gates e outras mais, se arrogam o direito de ditar ou influenciar de modo decisivo as políticas da OMS: É bem conhecido que o financiamento privado  (fundações + grandes empresas do sector), na OMS, é muito superior ao estatal (os países da ONU, na proporção do seu PIB, contribuem para a OMS e para outras agências da ONU). 

A ONU produziu uma espécie de «roteiro», a AGENDA 2030. Eles preconizam, sob capa de «economia verde, sustentável», o decrescimento, ou seja a versão mais radical, que significa em concreto que muitos no Sul Global vão morrer à fome e de doenças evitáveis, porque assim teremos um mundo talhado à dimensão dos sonhos malthusianos e eugenistas da «elite», desde os tempos de Cecil Rhodes e da «Round Table», que povoam «think tanks», inúmeras comissões governamentais, para-governamentais e intergovernamentais, além das ONG's («Organizações Não-Governamentais») que -afinal - também são governamentais, pois dependem de subsídios e/ou encomendas governamentais.

Todo esse belo mundo usa slogans da «ecologia profunda» para fazer com que haja uma regressão civilizacional, que eles celebram, através de vocabulário que mascara a realidade dura, recaindo sobre a cidadania de seus próprios países: Eles são peritos em palavras, por isso, substituíram a «austeridade» pela «simplicidade», ou seja, os cidadãos são obrigados - em nome da simplicidade - a serem como uns santos, despojados de quase tudo (e até do essencial), para que os Senhores (os donos do planeta) se passeiem de jet, de conferência em colóquio, de simpósio em congresso, sempre para o maior bem da Terra Mãe, claro!



O «reciclável» é uma psi-op (operação psicológica). O mesmo se poderá dizer das máscaras que não protegem da transmissão viral, mas causam dano visível nas pessoas (micropartículas de plástico inaladas e aumento de cancros) e na vida selvagem (inúmeras aves têm uma morte horrível, armadilhadas pelas máscaras que se enrolam nas patas).

E quem julgam vocês que vai sofrer com falta de alimento e com imenso frio, nesta próxima temporada? Serão os ricos, com os seus SUV EV e as suas mansões termorreguladas? - Não serão os pobres, em especial dos países da periferia, dos países pobres, muitos dos quais também são capitalistas, por sinal e até de um capitalismo mais selvagem?? 

A originalidade da situação é que mesmo em países afluentes, como a Alemanha e a Holanda, já se percebe a enorme vaga de descontentamento popular, porque as pessoas estão a abrir os olhos e a compreender toda a conjura, o golpe de Estado global que nos caiu em cima em Fevereiro-Março de 2020.

 Desenganem-se os que atribuem a Putin e à guerra na Ucrânia (provocada pelo Ocidente) todos os males da economia, do clima, da escassez manufaturada de alimentos: Àquela elite globalista convém ter um supervilão, um demónio, uma encarnação do mal, sobre o qual poderão deitar todas as culpas. 

Mas, a realidade é teimosa (como dizia Lenine), ela mostra, por exemplo, que as medidas contra os agricultores na Holanda, nada têm que ver com a guerra na Ucrânia. São tomadas por um governo muito «bem comportado» na NATO e na UE

A vaga de revolta que levou ao derrube do governo do Sri Lanka, foi devida ao aumento brutal dos preços dos bens essenciais. Sim, mas isso é consequência do governo (corrupto) ter decidido, sob influência de conselheiros ocidentais «iluminados», que deveria converter a agricultura do Sri Lanka, imediatamente, sem transição, para agricultura biológica, isto é sem adubagem química de qualquer espécie. A previsível quebra de produção agrícola subsequente, levou à ruína generalizada dos agricultores, ao aumento em flecha dos preços dos bens alimentares, a uma escassez generalizada de alimentos: o arroz subiu de preço até valores incomportáveis para as famílias pobres e médias. Foi este o contexto, nunca tratado nos media «mainstream», que levou à revolta popular. 

Entre os cultores da Nova Ordem Mundial, existe uma crença de que eles, da «raça dos Senhores», irão governar para sempre na Terra pacificada, domesticada, após convulsão por eles mesmos provocada. Assim, aplicam a fórmula «a ordem pelo caos». Pensam que essa «nova ordem» emergirá do caos. Este tipo de formulação é absurda, pois ao provocarem o caos, com vista a que possa daí sair (por milagre?) uma "Nova Ordem", estão a destruir a base da civilização. Estão a provocar a vinda da nova «Idade das Trevas» (*).  A primeira correspondeu a um período que durou vários séculos, entre o ruir do Império Romano e o Renascimento. 

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(*) Nessa altura, as fomes, as epidemias e a quase extinção de trocas comerciais, provocaram um marasmo duradouro, que apenas foi invertido na era seguinte, em que os vínculos feudais foram esbatidos, em resultado da peste negra e da escassez de mão-de-obra. A partir dos séculos 14 e 15, dá-se o Renascimento, com o desenvolvimento do capitalismo mercantil e dos bem conhecidos episódios: viagens ultramarinas, novas rotas marítimas do comércio, "descoberta" de novos povos pelos europeus, redescoberta da Arte, Filosofia e Ciência da Antiguidade Greco-Romana, rutura na Igreja com a Reforma, seguida de Guerras de Religião, etc. 

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PS1: Este autor vem corroborar a minha visão sobre a catástrofe ecológica (e civilizacional, e humanitária ...) manufaturada pela direção malthusiana, eugenista, que quer impor um governo da elite plutocrática (neofeudalismo):

https://www.zerohedge.com/geopolitical/great-reset-perfect-storm