É bem conhecido o mito de Prometeu. Bem mais complicado do que um simples roubo do fogo sagrado dos deuses, na realidade.
Um mito é sempre multifacetado, ninguém pode dizer que possui «a chave» da sua interpretação.
Prometeu revolta-se contra os deuses do Olimpo. Ele simboliza a audácia do conhecimento intelectual e a generosidade do revolucionário, que oferece aos homens algo tão precioso como o domínio do fogo.
Ele sabe de antemão que vai ser punido, agrilhoado no monte Cáucaso, para ser supliciado eternamente por uma águia que vem debicar-lhe o fígado. Durante a noite, o fígado volta a crescer e, no dia seguinte, a águia regressa.
A águia é símbolo do poder; é comum vê-la no escudo de reis e imperadores.
Assim, a minha interpretação é a seguinte: O conhecimento das ciências e das técnicas é uma bênção para os homens comuns, mas não necessariamente para os inventores ou divulgadores das mesmas.
Além do fogo sagrado, que Prometeu terá transmitido aos homens, penso que ele também transmitiu a noção de uma moral superior, pela qual alguém sabe que vai ser condenado mas, mesmo assim, comete o «crime», a transgressão.
Outro «transgressor» foi Jesus Cristo, o qual se colocou em contradição com a hierarquia religiosa e política da época, para o bem da humanidade que é salva pelo seu sacrifício. Graças a Ele, a humanidade ficou redimida do pecado original, sendo beneficiária da compaixão de Deus-Pai. Ele, ao ver o humano, está vendo, simultaneamente, seu Filho na Cruz.
Não quero fazer um paralelo, mas quero, ainda assim, enfatizar que ambos, Prometeu e Jesus Cristo, possuem um papel de mediador :
- O primeiro, é mediador do conhecimento, do saber científico e das técnicas.
- O segundo, da graça que toca - potencialmente - toda a humanidade, com abertura para a redenção.
Para além da letra do mito, há a profusão de significados, com imensas possíveis ramificações. O mito de Prometeu é - sem dúvida - um dos mais poéticos e inspiradores, da mitologia grega.
Poetas, filósofos, compositores, artistas plásticos inspiraram-se deste mito para realizar obras-primas da nossa civilização.
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