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segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

A NATIVIDADE VISTA DE BETHLEEM COM O REV. MUNTHER ISAAC

- Fica claro, sublinha o Pastor Isaac, «os palestinianos estão do lado de fora do círculo. Temos vindo a afirmá-lo - os Direitos Humanos não se aplicam a nós, nem sequer a compaixão»

in  The Meaning of Christmas (w/ Rev. Munther Isaac)



domingo, 15 de dezembro de 2024

BITCOIN OU ALGO TANGÍVEL, COM VALOR REAL?

 O bitcoin e outras cripto moedas são uma miragem; a maior aldrabice que inventaram para expoliar milhões de pessoas das classes médias, nos diversos países. 

Um meio de conservação de valor e de troca não pode ser algo que depende do funcionamento da corrente elétrica. Não serve ser possuidor de criptomoeda que depende totalmente da Internet,  se houver interrupção longa do regular funcionamento  da corrente eléctrica, causada por fenómenos naturais, como um tornado, ou ações humanas (uma guerra, sabotagem terrorista, etc.).

Não pode ser um ativo «seguro», algo que está sujeito a múltiplas situações de «hacking», por mais que a indústria das criptodivisas e seus apologistas o escondam ou minimizem. Aquilo que transparece, porém, justifica um cuidado redobrado. Um investidor deve ter uma avaliação séria dos riscos: Hoje em dia, há demasiada incerteza em relação ao funcionamento dos instrumentos financeiros digitalizados. Nada é inviolável: Desde o smartphone, às redes de comunicação dos bancos, desde computadores de agências de espionagem, aos das grandes empresas ou até mesmo, aos centros de comando militares. Não existe método para tornar inviolável uma mensagem encriptada; somente se pode tornar mais difícil a sua desencriptagem. 

Sobretudo, os possuidores de criptomoedas têm a ilusão de que algo de natureza especulativa pode ser repositório fiável de valor. Esta ingenuidade está muito ancorada na mentalidade das jovens gerações, que cresceram com a Internet. 

O que faz das criptomoedas em geral e do bitcoin, em particular, um ativo especulativo, é o seguinte: Na ausência dum meio automático e garantido de conversão do seu valor pontual, em divisa reconhecida oficialmente, como é o caso das cotações das divisas «fiat» e dos metais preciosos, a criptodivisa só tem um determinado valor de troca no momento em que comprador e vendedor se põem de acordo para a transação. Mas, no momento seguinte, a cotação pode sofrer uma variação brutal. As criptodivisas não podem, de facto, ser repositórios fiáveis de valor, são demasiado voláteis.

Só por estupidez, certas pessoas excluem a possibilidade dos governos decidirem que as criptodivisas passam a ser ilegais como forma de pagamento, não apenas ao Estado, mas também em todas as transações privadas. Nessa altura, para que servirão as criptodivisas? Isto não é improvável, pelo contrário, pois nenhum Estado prescinde* do direito de «cunhar moeda própria», é  uma inalienável prerrogativa de soberania

Logo que sejam lançadas as divisas digitais emitidas pelos bancos centrais, os CBDC, o destino das criptodivisas está traçado. De resto, só em circunstâncias muito especiais, poderá haver moedas concorrentes num mesmo Estado: Numa guerra ou guerra civil, aquando dum colapso económico, ocorre sempre o desenvolvimento dum mercado de divisas paralelo. No entanto, logo que a situação nesse Estado se normalizar, a probição de transacionar noutra coisa que não  seja a moeda nacional, será de novo efetiva e compulsivamente aplicada. 

Na economia mundial e em especial na UE pode-se constatar que  se está numa situação de recessão ou mesmo de depressão. A única forma segura de preservar o capital adquirido anteriormente à crise, é transformá-lo em ativos não financeiros. 

As obrigações, as ações, os derivados, os fundos de investimento, as contas bancárias, estão todos sujeitos a perdas desastrosas, sobretudo para aqueles que tiverem a sua riqueza concentrada nestes ativos. Pelo contrário, as casas, os terrenos, as explorações agrícolas, os objetos de arte (cotadas no respectivo mercado), as pedras preciosas, as joias e os metais preciosos (ouro, prata, platina, paladium) estarão resguardados de oscilações extremas. Estes valores tangíveis poderão atravessar a crise sistémica global que estamos a viver e readquir o seu valor. Poderão ser, nessa altura, vendidos com lucro ou, pelo menos, por um valor real** semelhante ao da aquisição. 

Na prática, as pessoas precisam de ter uma conta bancária e algum dinheiro em notas, para o dia-a-dia. Mas, as poupanças e investimentos de natureza financeirapoderão simplesmente desaparecer na voragem de uma crise.

Segundo os seus defensores, o bitcoin e outras cripto, seriam «ouro digital», investimento totalmente «seguro», que não pode perder o seu valor...  Estas mentiras podem levar à ruína os ingénuos.

Mas basta observar em que os multimilionários, investem: Eles têm sempre uma parte muito substancial da sua fortuna em bens materiais: Dos investimentos imobiliários, às terras agrícolas, das obras de arte, aos metais preciosos. 

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Aliás, é por isso que o euro não foi adoptado por certos países da União Europeia que tinham as condições para o fazer. 

** valor real ou de mercad0; o que vale no mercado, um bem ou divisa num dado momento.


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A Todos/as meus leitores/as, meus desejos de um Natal com a Família, os Amigos e com Esperança.

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segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

PAZ ENTRE OS POVOS, NESTE NATAL DE 2024




 Reflexão : DIZ-SE QUE «A HORA DE MAIOR ESCURIDÃO É A QUE ANTECEDE A MADRUGADA»



Oxalá que o provérbio seja verdadeiro nesta quadra natalícia de 2024/25. O Sol e o seu calor simbolizam a bondade, a fecundidade na Natureza, a ciência e o esclarecimento dos humanos. A partir do solstício de inverno (~23-24 de Dez.) as horas de iluminação solar durante cada 24h. (o período de rotação da Terra sobre si própria) no hemisfério Norte do nosso planeta, vão crescendo. 
Por isso, no Império romano havia a festa do «Sol invictus», aquando do solstício de inverno, em torno do dia de Natal. Por isso, a Igreja cristã triunfante, decretou esse dia como o do nascimento de Jesus, a «Luz do Mundo». Ninguém sabe quando nasceu Jesus, o Nazareno. Alguns dizem que não existiu, verdadeiramente, que foi uma história criada para simbolizar a teologia duma seita heterodoxa judia, perseguida porque não aceitava prestar culto ao imperador romano, como se fosse um Deus. Podemos adoptar ideias que nos parecerem «verdade», ou que queremos crer como tal. 

Jesus é um dos profetas venerados pelo Islão como justo e santo homem, não como Deus feito homem: O nascimento da religião islâmica resulta também dum sincretismo. A cidade de Meca foi uma importante encruzilhada das rotas comerciais Oriente/Ocidente. Curiosamente, diz-se que a Caaba, com a sua famosa pedra negra, tinha sido o templo onde se guardavam estátuas das divindades dos povos que comerciavam nessa região. 
Por outro lado, as comunidades judaicas floresciam em muitos pontos da bacia mediterrânea e mesmo além, no Oriente. Existiram comunidades judaicas em quase todo o Oriente. Certamente, integravam as caravanas multiétnicas e de várias religiões, que trilhavam as famosas Rotas da Seda. 
Apesar das guerras, apesar dos sectarismos, de todas as invasões e destruições, os povos acabavam por se tolerar, por ter boa vizinhança, como aconteceu durante séculos na Península Ibérica, onde as minorias religiosas eram aceites naturalmente nos reinos muçulmanos, mas também nos reinos cristãos. Depois, veio a Inquisição nos países católicos e no mundo conquistado pelos reinos cristãos, a ferro e a fogo, literalmente, com o pretexto de que os outros deviam reconhecer a «verdadeira Religião do Amor», o cristianismo e abandonar as suas crenças «diabólicas». 
Sob os mais diversos mantos, a intolerância e o total desprezo da pessoa humana continuaram, em regimes políticos dos mais diversos, todos eles proclamando serem os justos, os que possuem a razão, com a sua «superioridade moral» sobre os inimigos.  
 
Nesta época de grande brutalidade, destruição e loucura, eu faço os possíveis por não cair na dura e total desesperança em relação aos meus irmãos e irmãs, aos outros seres humanos. Vivam onde viverem, sejam quem forem, tenham as crenças que tiverem, pensem o que pensarem.

Aceita o abraço de paz e de confiança na tua humanidade, a que alude o provérbio colocado em título desta reflexão.   


quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

HISTÓRIA DO FIEL AMIGO BACALHAU

 

                             Gadus morhua (o bacalhau)

Os portugueses sabem: O bacalhau tem, em terras lusas, o cognome de «fiel amigo». Este cognome não lhe é conferido em vão. Muitos tiveram e têm nutrição adequada em proteína e noutros nutrientes,  graças ao peixe seco e conservado por salga que, depois de demolhado, pode ser cozinhado,  literalmente, de mil e uma maneiras diferentes.

                                 Seco, salgado e dependurado...

Quem é tradicionalista, em termos culinários, não dispensa o bacalhau cozido na ceia de Natal, acompanhado com couves e batatas cozidas. Condimentado com bom azeite, este prato honra a mesa da Consoada nos lares portugueses, desde tempos imemoriais. Mas, a verdade é que os portugueses consomem bacalhau em qualquer altura; é um prato tradicional e quotidiano, não apenas da época natalícia.


                                         «Fiel amigo» depois de cozinhado...


O documentário abaixo fala da importância do bacalhau na história dos povos basco e viking, em particular. Os peixes em salga e o bacalhau também devem ter desempenhado um importante papel na alimentação das tripulações durante as viagens ultramarinas dos portugueses. Além de que, durante séculos, foi crucial na alimentação das classes populares. Estas, não tinham o poder económico para consumir carnes, ou peixes frescos. Graças ao bacalhau, muitos pobres não sofreram de insuficiência proteica e das doenças associadas.

A epopeia da pesca do bacalhau está relacionada, no documentário, com os mais diversos eventos políticos, guerras, comércio, tráfico de escravos, etc. É uma magnífica resenha histórica, que explica porque as zonas atlânticas ricas em bacalhau, no Canadá, ao largo da Terra Nova, foram tão cobiçadas. O documentário condensa, em 1 hora e 45 minutos, mais de nove séculos de História. No final, teremos de nos render à evidência: O bacalhau é o REI do ATLÂNTICO !





segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

SALMOS PARA O SOLSTÍCIO DE INVERNO [OBRAS DE MANUEL BANET]

[Foto abaixo, do artigo de Jonathan Cook: https://consortiumnews.com/2023/12/14/west-fears-atrocity-upsurge-while-ignoring-gaza/ ]


É MUITO PERIGOSO PROVOCÁ-LO;

SUAS IMPRECAÇÕES ECOAM NO TEMPO

SAIBAM QUE SALADINO ESTÁ VIGILANTE

COM ALÁ E TODA A IRMANDADE.


SERÁ DO RIO ATÉ AO MAR

QUE SE TINGIRÃO AS TERRAS 

DE SANGUE JUDEU, ÁRABE, BERBER 

TERRAS ONDE HÁ DOIS MILÉNIOS

NASCEU O NOSSO SALVADOR


(SIM, O NOSSO SALVADOR:

PARA OS «CAVALEIROS» 

OLIGARCAS DE HOJE,

 É TIDO COMO RELIGIÃO 

DE POVOS ATRASADOS, 

LÁ DA IDADE MÉDIA)

 

SÓ SEGUEM O DEUS DÓLAR 

O DEUS DOS BANQUEIROS

TUDO O RESTO, VARRIDO:

HUMANISMO, VARRIDO

COMPAIXÃO, VARRIDA

VIRTUDE, VARRIDA

HONRA, VARRIDA

LEALDADE, VARRIDA

SE ALGUMA FÉ TIVEREM

ELA TEM COMO DEUS,  BELZEBU.


(NÃO CREIO QUE SEJA LÚCIFER, 

O PORTADOR DA LUZ: 

COSTUMAM CONFUNDIR TUDO 

E TROCAR OS NOMES. 

EU NÃO ACREDITO, 

PORQUE OS QUE HOJE TRIUNFAM,

 SÃO PORTADORES DE TREVAS, 

NÃO DE LUZ.)


ESTAMOS REALMENTE 

NO CORAÇÃO DAS TREVAS

HOLOCAUSTO BRUTAL,  ABSURDO

SOFRIMENTOS INFINITOS

DE INOCENTES, SACRIFICADOS 

PELOS CRIMES DE SEUS EXECUTORES


PARA OS GENOCIDAS SACRIFICADORES

DE CRIANÇAS, NÃO  HAVERÁ PERDÃO;

QUALQUER QUE SEJA A RELIGIÃO

  É PORTADORA DE PADRÃO ELEVADO

 DE JUSTIÇA, DE NOBREZA DO CORAÇÃO

NÃO HÁ RELIGIÃO OU ÉTICA

EM TUDO O QUE É FEITO

PELO DINHEIRO,

PELO OURO NEGRO,

PELO PODER DESPÓTICO

SOBRE OS OUTROS


(O NATAL DE HOJE, 

ESTÁ  CONFINADO 

AOS CRISTÃOS DO LEVANTE 

QUE SOFREM NA INDIFERENÇA 

 DOS PAÍSES «CRISTÃOS» 

RICOS E CORRUPTOS)


OS CRISTÃOS DA SÍRIA, DO EGIPTO,

DA PALESTINA, INCLUINDO ISRAEL

DA TURQUIA, DA JORDÂNIA, DO IRAQUE

VIVEM COMO BONS VIZINHOS COM MUÇULMANOS

INFELIZMENTE, VIERAM FALSOS CRISTÃOS

OS VERDADEIROS APÓSTATAS,

 PARA ESMAGAR, VIOLAR, DESMEMBRAR

E INCENDIAR SUAS TERRAS E CIDADES

JAMAIS HAVERÁ PERDÃO, NO MEU ESPÍRITO,

PARA O MAL QUE FIZERAM OS FALSOS CRISTÃOS.


ELES, QUE SE DIZEM CRISTÃOS E FAZEM

O CONTRÁRIO DO QUE JESUS PREGOU 

SÃO OS MAIORES INIMIGOS DA RELIGIÃO,

DEUS LHES PERDOE, SE ESTE FOR O SEU DESEJO,

MAS EU PREFIRO ESTAR DO LADO DA RAZÃO

DA JUSTIÇA, DA BONDADE, DA HUMANIDADE


O MEU NATAL É DE DOR E TRISTEZA,

SÓ HOMENS E MULHERES

DE CORAÇÃO AUTÊNTICO, ME ALUMIAM!

OS HIPÓCRITAS, POR MAIS LUZES QUE

ACENDAM EM SEUS LARES E IGREJAS

ESTÃO MERGULHADOS NAS TREVAS.

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NB: Poesias publicadas neste blog desde 2022

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/poesias-de-manuel-banet-desde-2022.html

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

CONTROLA OS SEUS IMPULSOS?

 O comércio joga com os impulsos das pessoas  para comprarem. O estímulo para comprar está disseminado em toda a sociedade. É que na sociedade da mercadoria, onde tudo se compra e vende, o ato de comprar é assimilado a duas coisas, no inconsciente:

A - Um prazer sensual, análogo à fase oral/anal da psicologia freudiana. 

Com efeito, a adição de compra compulsiva  é uma patologia muito séria e mais banal  que outras adições que não envolvam ingestão de «drogas». Mas, o sistema de escravização do consumidor consegue desenvolver técnicas para o aumento de sua adição. 

Por exemplo, as luzes e decorações de Natal nas ruas, nos centros comerciais e nas montras: São, afinal, a criação de um ambiente «feérico» que faz as pessoas quererem voltar à infância e deixarem-se arrastar por impulsos de consumo. Este impulso pode ser motivado por desejo de satisfazer entes queridos (o Natal como festa da Família), mas também aqui se trata de uma relação falseada, porque mediada pela mercadoria. Em geral, quer em ocasiões «normais» ou «especiais», o impulso obsessivo de comprar, desencadeia compras inúteis, que desequilibram o orçamento pessoal.

B- Um símbolo de status; por isso é que bugigangas produzidas em série, são publicitadas como algo «exclusivo». De facto, a adição às compras é cuidadosamente cultivada pelos órgãos de  comunicação social de massas, cujos rendimentos são resultantes da publicidade, sobretudo. 

O contexto da sociedade mercantil hipervaloriza a aquisição e acumulação de objetos: As pessoas têm uma relação doentia com a posse de certos objetos, em especial se forem caros, de luxo, de «prestígio». 

Os objetos a que me refiro, não são adquiridos por necessidade ou conveniência, são como um «investimento» afetivo e promocional. 

- Auto-Afetivo, porque as pessoas (simbolicamente) estão a remunerar ou a recompensar, a si próprias.

- Auto-Promocional: Ao exibirem algo ostensivamente caro. Esses itens - mesmo que sejam de pouca ou nenhuma utilidade - estão a exibir a  elevada capacidade aquisitiva de seu possuidor.



Numa sociedade onde a aparência é tudo, onde  ser economicamente bem sucedido, é ser uma «celebridade» e passar a fazer parte da «elite», mesmo que seja de maneira efémera, as pessoas não conseguem amadurecer o seu ego. Permanecem bloqueadas nos afetos infantis, tanto no que respeita à «gula» de compras, como à gula de comida. 

Repare-se nas seguintes situações:

- A epidemia de obesidade (sobretudo, nas camadas menos abonadas), 

- A atitude hedónica, não apenas de adolescentes como de adultos (= adolescentes mentais),

- O crescente número de pessoas que ficam endividadas em excesso, usando cartões de crédito, 

Todos estes (e muitos mais), são exemplos bem visíveis de patologias sociais. Todos são característicos da chamada sociedade de consumo. Por contraste, as características acima não se observam nos períodos históricos anteriores à revolução industrial, ou nas sociedades que - ainda hoje - subsistem fora do modelo dominante.

A alternativa não reside na pobreza voluntária, ou noutro tipo de autoflagelação, para combater os males sociais. É fundamental educar-nos e educarmos as jovens gerações, para não cairmos no ciclo infernal do «consumo pulsional». 

Além disso, temos de compreender que as soluções boas para o ambiente, para a sustentabilidade da biosfera e para uma sociedade harmoniosa são incompatíveis com o capitalismo

É um facto, que o capitalismo precisa do sobre- consumo desenfreado. Por muito que mostrem preocupações «ecológicas» e «socialmente responsáveis», os comerciantes e os industriais só são verdadeiramente movidos por uma coisa, o lucro.

Não é de admirar, pois o modelo de economia e sociedade capitalista, é exatamente aquele que endeusa o indivíduo que enriquece, seja lá por que meios for. Desde que seja rico/a, é uma pessoa interessante, inteligente, etc. Portanto, as pessoas - mesmo que não sejam comerciantes ou industriais - são fortemente encorajadas a procurar enriquecer-se, sem olharem demasiado aos meios. 

A ostentação, o consumo de luxo, o consumo hedónico, são o símbolo e o triunfo desejado pela maior parte das pessoas, dentro do  modelo económico e social capitalista.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

[OBRAS DE MANUEL BANET] A MANJEDOURA

Que sentido tem para mim, a história do nascimento de Jesus: Foi assim, foi assado? 

- Mas, afinal, já não tenho dúvidas, nenhumas, desde que vi a manjedoura, as palhinhas onde repousou o Salvador e nos disse:

«Aqui estou, entre vós

Humilde e humano

Sem mal ou astúcia

Enviado pelo nosso Pai

Que vós, meus irmãos,

Escutais ou esqueceis,

Mas que não adorais,

Não seguis, nem amais!»

Mais, não me disse Ele. Fechou-se o pedaço de céu aberto, na grisalha de Dezembro. 

Paciente vou caminhando. O Tempo Novo virá, Ele nos prometeu!

Após tantas destruições

Violências e desmandos

Dos enlouquecidos

Pela ganância e vaidade

Que seus irmãos

Oprimem, enquanto

Cantam loas a Cristo

E O crucificam ainda mais

Na carne das crianças:

São oferendas, sacrifícios

a Baal, ou outro qualquer

Ídolo de pacotilha

Neste mundo invertido.

Os poderes são celerados,

Banidos são os justos

Amordaçados,

Escarnecidos,

Padecendo

No caminho

Da Cruz

Que Deus nos ponha

Jesus no coração

Que milhões de vezes

Irradie sua Luz!

Coração de amor

Humano e Divino

Por fim renascido


Manuel Banet

Murtal, Parede, 05-12-2021



quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

NATAL… NÃO É AQUILO QUE PENSAS

O Natal é celebrado nos diversos recantos do mundo, não apenas nos sítios em que existe devoção cristã e prática assídua dos ritos, como em muitos outros sítios, por muitas pessoas que não estão a pensar no nascimento do Menino Jesus, ao comemorarem o Natal.
O Natal paganizou-se ao longo do século XX, perdendo o cariz estrito de festa religiosa, nos nossos países ditos cristãos, na exata medida em que eles mesmos se paganizavam.
A nova «religião» do consumismo ia progredindo, à medida que eles se tornavam países mais ou menos afluentes ou onde os elementos mais afluentes da sociedade exibiam o seu poder de compra, a sua alegria de consumir, comprando prendas, fazendo festas e cometendo excessos de comida e bebida. Não creio que estivessem conscientes de que reproduziam, embora com adaptações, a festa pagã do «Sol Invictus», que era celebrada na Roma antiga e no Império Romano: Este culto solar era universal, de uma forma ou outra era celebrado em todas as grandes religiões pagãs da antiguidade... Esta festa, em Roma, estava associada às Saturnalia, em honra do patrono da Cidade e era pretexto para excessos de toda a ordem.  
O Deus Sol, segundo os primeiros cristãos seria uma antevisão confusa do Messias. O símbolo do solstício de Inverno, propiciador de ritos em adoração ao Deus, foi assim subvertido completamente pelos teólogos para que o povo recém-cristianizado deixasse de celebrar as Saturnalia e adorasse o nascimento da Luz do Mundo, de Cristo Redentor. 
Nestas épocas, em que as pessoas comuns tinham uma vida curta e bastante dura, em que a tradição oral era poderosa, tal conversão de símbolos foi eficaz. Também o foram a cristianização de símbolos de fertilidade pagãos (os ovos, os coelhos de Páscoa), por ocasião da Páscoa. Embora, neste caso, a tradição da Páscoa judaica impôs-se naturalmente na religião recém-constituída, tendo sido associada à Paixão e Ressurreição de Cristo.

O que os poderes civis e religiosos sempre fizeram e continuam fazendo é estabelecer e perpetuar uma série de comemorações, de feriados e de rituais, que têm como efeito imediato marcar o tempo vivido, o tempo subjetivo das sociedades em geral, mas também de todos os indivíduos, seja qual for o seu credo religioso. Também num país muçulmano os feriados marcarão o calendário e os não seguidores desta religião terão de se conformar com tais ocasiões, mesmo que não partilhem esses significados simbólicos.

Nos países de capitalismo de Estado, quer na defunta URSS e satélites do Leste, quer na China e outros, houve campanhas oficiais para abolir a religião, sobretudo no período do estalinismo, mas essas campanhas não tiveram o resultado esperado: o povo permaneceu, em segredo, profundamente religioso.

Podemos ver que, em geral, a repressão da religião traz sempre um reforço da mesma, fanatismo gera fanatismo, intolerância gera intolerância, é assim que se originam as divisões no seio dos povos, que se originam conflitos com base religiosa.

No Islão, conflito entre sunitas e xiitas - sempre latente desde o grande cisma – estava adormecido e foi reavivado na sequência das invasões ocidentais do Iraque e dos outros países do Médio Oriente. Aí, os EUA e vassalos da NATO (países ditos «cristãos», com excepção da Turquia) têm tentado impor a sua «democracia» a ferro e fogo.
Embora as circunstâncias sejam diferentes, vemos que existem analogias mais do que superficiais com as guerras de religião que assolaram a Europa dos séculos XVI e XVII.
Tanto os países de religião oficial católica como protestante, tinham uma política de total intolerância e discriminação dos cidadãos do próprio país que tivessem o credo minoritário. Perseguiam e suprimiam com enorme crueldade toda a dissidência religiosa. Iniciavam guerras religiosas que devastavam grande parte dos países, comparáveis às guerras contemporâneas. As alianças entre chefes de Estado seguiam, no geral, a linha divisória Católicos/Protestantes. 
Muito do comportamento político-religioso dessa época reproduz-se agora, no mundo de hoje.

O conceito de laicidade, que o filósofo Espinoza defendeu no seu «Tratado Teológico Político», foi uma resposta inteligente da elite intelectual da época, retomada pelas sociedades e por fim pelos próprios Estados a esta vaga de intolerância destruidora do tecido social, económico e das relações internacionais.

A laicidade não significa que as diversas religiões estejam «em pé de igualdade». No sentido inicial que lhe deram Espinoza e outros filósofos políticos era antes a neutralidade estatal perante a religião: O Estado não se imiscuía nos assuntos religiosos, as leis não refletiam as escolhas pessoais dos monarcas por esta ou aquela religião.
Em caso algum, se tinha o objetivo de colocar no mesmo pé, dar igual oportunidade nos media do Estado, às diversas confissões religiosas, ou ter aulas de religião nos estabelecimentos de ensino do Estado, ministradas pelas diversas religiões.
Essa interpretação da laicidade é realmente muito falsa, pois significa realmente a perpetuação da «mão do poder estatal» nos assuntos religiosos.
Penso que é muito importante, compreender que a paz civil, a concórdia entre pessoas com credo religioso diverso ou sem religião, é um valor positivo muito importante agora, não apenas no século XVII e aqui também, na Europa, não apenas no Médio Oriente.
Especialmente, quando as fanatizações político-religiosas de diversos elementos conduzem a intensificar os ataques terroristas, dirigidos indiscriminadamente a pacíficos cidadãos.
A ideia de que se deve dar uma tribuna às diversas religiões, nos meios de comunicação públicos estatais é mortífera. Bem entendido, considero essencial para o exercício da liberdade de imprensa e de opinião, que toda e qualquer corrente religiosa tenha o direito de produzir e difundir sua propaganda, como entender. Mas que o faça com seus meios próprios, não com os meios do Estado. Não considero lícito que o Estado censure e persiga judicialmente alguém ou uma entidade, apenas por fazer ataques contra a religião A ou B. 
Defendo que é ao nível da sociedade civil, na opinião pública,  que tais comportamentos devam ser energicamente combatidos pelas pessoas esclarecidas da sociedade, cientes do risco dos elementos fanáticos tomarem a dianteira da cena e desencadearem vagas de intolerância.

A não-ingerência do Estado nos assuntos religiosos tem um efeito benéfico na liberdade religiosa, em geral. Esta noção deveria ser compreendida pelos hierarcas das diversas religiões, minoritárias ou maioritárias. 
Nos países de tradição cristã, países que hoje se declaram «laicos», as hierarquias católica, ortodoxa, anglicana ou luterana estão muito imiscuídas em assuntos de Estado, embora em graus diversos, quando são maioritárias.
Argumenta-se em defesa deste estado de coisas com a tradição. Mas a tradição não pode ter maior importância do que a paz civil.

- Haverá algo pior do que uma guerra civil?

- Resposta: Não, nada pior ...a não ser uma guerra civil de religião.