Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

NÃO É SÓ A ECONOMIA, ESTÚPIDO!

Os portugueses e os europeus em geral estão sendo propositadamente mantidos no escuro no que toca à gravidade da crise do Euro e da economia. 
Com o provável rebentamento de uma crise muito pior que a de 2008, já no horizonte próximo de 2017, a maior parte das pessoas vão ficar completamente arrasadas, com uma parte muito substancial das suas poupanças destruídas, ou o poder de compra de seus salários ou pensões grandemente reduzido.
Um fator que torna a situação mais confusa é a total rendição de uma parte da esquerda, incluindo a que se gosta de afirmar como «anticapitalista» a teses neokeynesianas, as quais decretam que, em situações de recessão, a produção de grandes quantidades de dinheiro (QE = «quantative easing») vai estimular a economia e criar o efeito de inflação benéfico para os mercados. 
Estas afirmações são absurdas em si mesmas: a verdadeira estimulação da economia tem de ser feita propiciando a construção de infraestruturas e de estímulos ao consumo, como defendeu Keynes aliás, não com a deliberada destruição do valor do dinheiro como pretendem os neokeynesianos. 
A diluição do valor do dinheiro e a tentativa de fazer disparar a inflação não apenas são ineficazes enquanto «estímulo» da economia, têm exatamente o efeito oposto. Isto é simples de ver, pois a diluição do valor do dinheiro, conjugada com a impossibilidade de manter rendimento significativo com as formas tradicionais de aforro, inevitavelmente vai trazer um aumento do capital mal aplicado, seja em ações ou obrigações, ativos financeiros muito hipervalorizados: quando ocorre uma correção (o que acaba sempre por acontecer) há uma perda brutal de capital para os investidores individuais, mas também para os investidores institucionais, tais como fundos de pensões. 
Isto significa que a insistência no «QE» por parte do banco central europeu (BCE) faz exatamente o contrário do que pretende remediar. Agrava a carência de capital, desvia somas colossais para a especulação e acaba por estimular - não a economia - mas a destruição de capital, subsequente de decisões de investimento equivocadas ou aventureiras.
O conjunto das pessoas parece ignorar que estão a segurar na sua mão algo que - de dia para dia - perde valor. Quando o valor de uma moeda é diluído, por aumento constante das unidades dessa moeda em circulação sem uma destruição equivalente como contrapartida, isso vai inevitavelmente diminuir o poder de compra da mesma, chama-se inflação monetária. 
Esta inflação monetária vai transformar-se em qualquer momento em inflação nos preços, pois não existe nenhum mecanismo que possa prevenir que – num momento ou noutro – os detentores de grandes quantidades dessa moeda decidam coloca-la na economia «real», adquirindo bens, etc. A quantidade de capital mantido em espera de investimento pelos grandes bancos, não trouxe ainda um efeito na economia real, pois eles não arriscam empresta-lo para atividades económicas, preferem guardá-lo nas suas próprias contas do BCE, auferindo um juro muito baixo, mas sem risco e assim também retendo a sua solvabilidade e compensando para eventuais perdas nos setores mais especulativos, como seja o mercado de derivados onde estão todos mergulhados até ao pescoço. 
Como as operações com derivativos não estão sujeitas às regras de contabilidade bancárias das outras operações, não se pode – de facto – saber ao certo quantas «apostas» nos mercados de derivados tal ou tal banco ou outra entidade fez. Pode-se apenas fazer uma estimativa. 
Todo este processo parece um enorme ciclo de Ponzi, onde as «garantias» de solvabilidade dos bancos são «garantidas» por papel-moeda que está cada vez mais diluído. 
Os detentores de poupanças e os detentores de dívida (pública ou privada) são os grandes castigados, pois detêm algo que se vai desvalorizando mais e mais. 
Os sistemas públicos de pensões são largamente utilizadores de veículos financeiros que estão constantemente a perder rendibilidade; não há dúvida que isso corresponde a parte do problema da «sustentabilidade» do sistema de pensões, parte esta que poucas vezes se vê descrita; é um agravamento substancial ao problema demográfico, mas que é passado sob silêncio.
A crise do euro mantém-se desde há mais de seis anos, pelo menos (apareceu em toda a sua extensão com a crise grega), e não vai ser «curada» por nenhuma medida das que o BCE ou os governos têm estado a seguir. 
Infelizmente, serão os pobres a sofrer as consequências de uma aceleração da inflação. Desejar um aumento da inflação para 2% e pensar que se pode manter esse número «mágico» é como desejar que as pessoas percam «só um pouco» confiança na moeda, mas sabemos que uma perda parcial de confiança pode ampliar-se até uma rejeição total da moeda ou uma destruição total da confiança, como na hiperinflação em curso na Venezuela ou nos exemplos históricos. 
Não existe nenhum caso de inflação deliberada e controlada a contrapor aos múltiplos exemplos de inflação fora de controlo, quando as autoridades monetárias e governamentais se põem a «brincar» com a moeda! É uma história que - desde os romanos do final do império, até à Alemanha de 1923, ao Zimbabué, etc. - acaba sempre mal!
Os banqueiros centrais estão a brincar com o fogo, sabem-no, mas não se importam, porque assim mantêm a falsa coesão de um sistema, o sistema da moeda única, que foi mal concebido e pior implementado. 
A análise da crise do Euro e da eurolândia por «opinadores» que escrevem nos jornais e em blogues, incorre muitas vezes no erro de tomar por válidos os mitos das teorias económicas em voga, neokeynesianas e outras, o que mostra até que ponto estão – de facto – dentro do paradigma neoliberal. 
A consequência, é que o público, em vez de alertado para os problemas reais, está na ilusão de falsas panaceias, caminhando de olhos fechados para o colapso.
Chego à conclusão de que, aquando da avalanche e colapso do sistema financeiro, praticamente ninguém estará preparado. A opinião pública foi intencionalmente distraída das questões e dos factos.
A quem aproveita o crime?


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

COMO É QUE O MUNDO É MANIPULADO PELA BANCA


Estou essencialmente de acordo com os pontos de análise de David Icke. As pessoas sem vendas ideológicas, sem preconceitos deveriam tomar atenção.

- Esclarece o mecanismo como o dinheiro é criado hoje em dia

- Demonstra a lógica do sistema de poder mundial em manter um sistema centralizado

- Ilustra isso com o papel que tem sido atribuído à NATO nestes últimos anos

- Alerta as pessoas que lutam contra o globalismo capitalista para as falsas soluções que são apresentadas

- Explica enfim porque é vital não cairmos na ilusão: já não há capitalismo, há corporatismo e vai haver uma unificação total ou seja, governo mundial, ou fascismo global.  





domingo, 11 de dezembro de 2016

[NO PAÍS DOS SONHOS] DEI-ME A SONHAR...





[SE OS SONHOS INFESTAM A MINHA VIDA, É PRECISO DAR ESPAÇO AOS SONHOS, SE UMA MELODIA ME ENCHE A ALMA, É PRECISO QUE ELA SAIA, RESPIRE]


Eu dei-me a sonhar a melodia desta célebre  peça. Ela estava presente no interior do meu sonho, desempenhava um papel... Mas qual?

Tinha um timbre familiar e antigo, este piano, cujas notas percutiam no interior da minha cabeça.

Não posso fazer mais do que conjeturas sobre o que sonhei: talvez um encontro à beira do lago Balaton? Um passeio pelas dunas de Deauville? Uma tarde soalheira à sombra duma latada em Colares? 

Não sei; não posso senão fantasiar. Qualquer coisa como o reencontrar de uma paisagem, que se escondia na minha memória, como de outra vida se tratasse... Há tanto tempo já!

Porém, os sentimentos de nostalgia e de tristeza mesmo, não me pareciam assim tão insuportáveis; gostava de vaguear por esses espaços meio reais, meio sonhados.

Tudo se prendia com afetos, com ausências, com romances para sempre insatisfeitos. Assim como conversas bruscamente truncadas, que nunca mais terão a sua continuidade.

Assim é a nossa vida, uma sucessão de momentos, alguns de espanto, muitos de enfado. Assim nós seremos um dia, somente recordação saudosa de outras eras.

Depois... Bem, depois é... um outro começar, outra vida que desponta e vem encher outro peito, outra cabeça, de inúmeros sentimentos e pensamentos...

Perdoa-me, estou cometendo o crime de lesa-música, ao reduzir algo tão sublime a sensações pessoais. Pessoalíssimas. 
Mas este escrito destina-se apenas a exorcizar uma obstinada reverberação do espírito.





A GUERRA ANUNCIADA COM A CHINA

A GUERRA ANUNCIADA COM A CHINA
Podes baixar esta reportagem de John Pilger a partir do link seguinte: 

 THE COMING WAR ON CHINA

O texto seguinte é o resumo deste importante documento fílmico:

The Coming War on China

A nuclear war between the United States and China is not only imaginable but a current ‘contingency’, says the Pentagon. This film by acclaimed filmmaker John Pilger’s is both a warning and an inspiring story of resistance.

The Coming War on China, filmed over two years across five potential flashpoints in Asia and the Pacific, reveals the build-up to war on more than 400 US military bases that encircle China in a ‘perfect noose’.

Using rare archive and remarkable interviews with witnesses, Pilger’s film discloses America’s secret history in the region – the destruction wrought by the equivalent of one Hiroshima every day for 12 years, and the top secret ‘Project 4.1’ that made guinea pigs of the population of the Marshall Islands.
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In key interviews from Pentagon war planners to members of China’s confident new political class - who rarely feature in Western reports, Pilger’s film challenges the notion and propaganda of China as a new ‘enemy’.

Pilger says: “The aim of this film is to break a silence. A new cold war is under way along with the drumbeat to war, this time with the real possibility of nuclear weapons. 

‘The Coming War’ is also a film about the human spirit and the rise of an extraordinary resistance in faraway places.

sábado, 10 de dezembro de 2016

O COLAPSO TERMODINÂMICO DO SISTEMA PETRÓLEO

                   
   https://www.youtube.com/watch?v=k7gJcfjyFpA
As verdades «óbvias», muitas vezes são descartadas ou trivializadas. Nesta entrevista as coisas são recolocadas no seu devido pé: ou seja, não é a economia que comanda o sector energético, é a energia que comanda a economia! 

Oxalá que as pessoas dêem ouvidos a este autor, Steve St. Angelo, pois ele tem uma abordagem realmente original. 
O colapso que está em marcha não é como um tremor de terra. É mais como um movimento tectónico geral. 



O EURO E A VIABILIDADE DUM PEQUENO PAÍS

O problema português não é a dívida. É a maneira como a dívida foi gerada.

Portugal nunca devia ter aderido ao Euro, pelo menos nos termos em que foi negociada a sua transição. O poder político de então negociou o nível de conversão da moeda nacional, o escudo, demasiado alto. Pelo contrário, o valor do DM (marco alemão) foi considerado relativamente baixo.

Uma moeda é um pouco um repositório do valor de uma economia. Tem um valor de troca, mas também de acumulação de riqueza. Todas as moedas, hoje em dia, estão relacionadas com o mercado da dívida soberana. A avaliação da segurança com que dado país consegue pagar a sua dívida é que determina os juros da mesma no mercado obrigacionista. Quando se diz que um país tem uma certa quantidade de dívida, está a referir-se o conjunto de títulos da dívida soberana (bilhetes, certificados, obrigações, etc. títulos emitidos por entidades estatais ou soberanas) na moeda de um dado país.

Os Estados mais fracos, como Portugal, na arquitetura da União Europeia, eram países cronicamente deficitários. As suas produções internas não eram suficientes para cobrir os défices decorrentes da importação de bens. 
O caminho saudável e difícil seria de aumentar a produção nacional, diminuir as importações sumptuárias ou dispensáveis, promover o autoabastecimento de produtos de primeira necessidade. 
O caminho fácil e causador de dependências, em Portugal, foi o de manter o fluxo excessivo de importações, cobrindo o défice com as remessas dos emigrantes, caminho esse já trilhado por Portugal antes do 25 de Abril de 1974 e que continuou e se agravou depois, além de que se vendeu uma grande parte do ouro dos cofres do Banco de Portugal. Mas, mesmo assim, apesar destes influxos de dinheiro vindo dos emigrantes e da alienação de parte do ouro, as contas nacionais em geral e, nomeadamente, as do Estado, continuavam em défice.
A entrada na CEE e na EU foi proporcionar que Portugal tivesse mais fácil acesso aos mercados internacionais da dívida, ou seja, que pudesse colocar, em melhores condições, subscrições de dívida, sob forma de obrigações do tesouro, no mercado internacional. Assim, o Estado português podia continuar a financiar o seu défice. Ao se acumular dívida, acumulam-se também os juros a pagar, o serviço da dívida, os quais têm de ser incluídos no orçamento de Estado. O país com um serviço pesado da dívida não poderá dedicar parte substancial das suas receitas para outros fins: nomeadamente, para o investimento em infraestruturas, em serviços básicos e de bem-estar para as populações, etc.
A continuação e acentuar do défice crónico foi sendo perpetuada pela constante falsificação das contas do Estado, através da chamada «desorçamentação». A pretexto de flexibilidade, muitos setores públicos, desde universidades, a institutos públicos e organismos estatais diversos foram colocados em «regime de autonomia», obviamente falsa, mas que permitia encobrir os défices, com uma pirueta contabilística, pois estes organismos públicos podiam contrair empréstimos sem estarem sujeitos às regras de transparência e de responsabilidade do Orçamento do Estado.
As autarquias, como pequenos reinos ou domínios feudais, têm também estado fora de controlo, no que toca a contenção de despesas. Os autarcas gastam a torto e a direito, excedendo sistematicamente as receitas próprias das respetivas autarquias, recorrem ao crédito bancário. Eles endividam as autarquias e asseguram assim a sua reeleição, iludindo as populações ingénuas, que pensam que «o Sr. Presidente da Câmara tem feito muitas melhorias» …    
Vê-se, portanto, que a dívida acumulada foi devida a um excesso de despesismo, sobretudo durante a 1ª década do presente século, por muitos, não apenas ministérios, como institutos públicos e também autarquias.  
A banca foi parte interessada, obviamente, pois tinha uma fonte segura de lucro, com risco muito baixo. O Estado é a entidade que consegue obter sempre dinheiro, pela coação dos seus contribuintes a pagar os impostos.
O resultante sobre-endividamento, quer no Estado central, quer das autarquias, institutos e empresas públicas, o chamado setor empresarial do Estado, foi um crime económico planeado e executado pela oligarquia que reina neste país, a partir dos gabinetes de direção dos grandes bancos, sendo as sedes governamentais meras sucursais dos primeiros. Este excessivo endividamento foi possível graças a juros artificialmente baixos, que Portugal obteve nos empréstimos, decorrentes da nossa pertença ao Euro.
Estes juros estão agora ainda mais baixos, num grau completamente irracional, pois o BCE (Banco Central Europeu) se tem comprometido a comprar grande parte da dívida emitida pelos Estados. A dívida portuguesa não é avaliada nos mercados em função da sua capacidade intrínseca em honrar essa dívida, pagando os juros e o capital devido, mas pelo facto de que - por detrás- está o BCE, que «tudo fará» para que o Euro se mantenha e por isso mesmo, tem adquirido muitos biliões de dívida aos diversos países da Eurolândia.
A situação de capitalismo débil, de dependência em relação às forças do «centro nevrálgico» do capitalismo europeu, não irá ser invertida de um momento para o outro. Porém, a possibilidade de atrair mais e melhor investimento estrangeiro poderia minorar bastante duas grandes dificuldades presentes: Por um lado, reabsorvendo boa parte do desemprego e arrancando o país do marasmo, em termos produtivos, por outro lado, dando confiança aos mercados financeiros na sua capacidade de pagar a dívida.
Não seria uma coisa maravilhosa, mas tornaria possível a saída de um ciclo vicioso de sobre-endividamento. 

Eu sei que há razões para Portugal ser considerado como bom destino de investimento.
Portugal, apesar de reconhecidamente possuir ótimas condições nalguns planos, assim como apoios generosos do Estado e condições políticas bastante estáveis, não consegue - apesar disso - atrair investimento estrangeiro na proporção desse potencial.
É fácil compreender o que afasta os investidores estrangeiros: tem a ver com incertezas no que toca aos regulamentos, taxas, impostos, etc. tudo fatores cuja previsibilidade é fundamental para tomada de decisão. Por exemplo, se houver muita incerteza em relação ao nível dos impostos, que geralmente afetam a rendibilidade de um investimento, isso pode tornar arriscado investir-se num dado país. 
É o caso, se - a cada ano - o orçamento muda substancialmente as regras relativas a taxas e a impostos, assim como os regulamentos. Que interesse, em geral, terá um investidor estrangeiro num país incapaz de planear a médio e longo prazo, de garantir que não serão mudadas as regras a meio do jogo?
Se este problema for corrigido, haverá real possibilidade de Portugal atrair maior investimento e evitar as saídas de capitais – sem necessidade de imposição de controlos ou restrições. Inversamente, se este problema subsistir, não será uma saída do Euro que irá melhorar a situação, pelo contrário. Se tudo ficar como agora, não!

A saída do Euro será apenas interessante, se concomitante duma viragem estratégica.
Este país só tem viabilidade como país exportador - não como cliente, súbdito, vassalo, ou pedinte de países mais ricos - o que implicaria uma planificação real da economia, definindo prioridades em todos os setores, orientando o investimento público e privado, estabelecendo regras consensuais, por forma a dar mais estabilidade.

Seria bom, mas as pessoas não foram (ainda) educadas para exigir isso dos dirigentes, dos governantes, da «classe política».


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA

Tenho seguido com um interesse crescente os debates que circulam na Internet sobre as precárias liberdades de expressão neste médium e noutros, na sociedade em geral. 
Tenho estado a observar, desde há alguns anos, a deriva para uma atitude passiva da maior parte das pessoas que se refugiam no seu círculo de «amigos» virtuais e não passam desse casulo, como o de insetos, tecidos por eles próprios, mas envolvendo as suas mentes, não o seu corpo.
A maneira como este processo atua é semelhante à exposição repetida a uma agressão. Nos primeiros momentos, a dor pode ser muito intensa, mas com a repetição, a intensidade do efeito doloroso torna-se menor. Sabemos que isso se deve à secreção de «endorfinas» essas morfinas naturais, segregadas pelo cérebro… Pois a exposição a algo violento, destruidor da nossa própria moral, etc. segue uma curva semelhante:  a dor, a indignação vai ser substituída, a pouco- e-pouco, por um «acostumar», uma indiferença, um encolher de ombros.
Instala-se o relativismo moral, causando a apatia, a anomia, dos indivíduos e da sociedade em geral. Os poucos que conservam sua consciência despertada estão em minoria; são «neutralizados» perante um oceano de «consciências zombificadas». 
A «Nova Ordem Mundial», que é temida e considerada um pesadelo orwelliano por muitos, já está praticamente instalada. Para amostra disso, veja-se como a propaganda dos media ditos de referência, na realidade, porta-vozes do governo e das grandes corporações, consegue,  na indiferença mais geral, perseguir media alternativos que têm uma ínfima fração do auditório e igualmente uma ínfima fração dos recursos humanos, financeiros, técnicos, etc. destes mastodontes.
De facto, os media alternativos, os cidadãos-repórteres,  constituem um «perigo», não para a cidadania, mas para a credibilidade de governos e media corporativos e portanto devem ser  difamados, banidos, criminalizados.
Isso não parece inquietar muito os nossos concidadãos… Estamos realmente num resvalar para uma sociedade completamente totalitária. 
O totalitarismo do nosso século é insidioso, não é óbvio como os que o precederam. Pois estes baseavam-se na repressão a quente, no medo físico.
O totalitarismo atual baseia-se na «gestão do medo», na manipulação da perceção do medo, como que instigando as pessoas a terem medo da sua própria sombra.
Que outra explicação dar para a onda do «politicamente correto» que nas universidades americanas já tem foros de patologia social e institucional? Dentro desse paradigma do politicamente correto usam o termo «hate speech» (discurso de ódio).
Supostamente, as pessoas teriam o direito de «serem protegidas» dum discurso de ódio. Mas quem decide que tal ou tal discurso é «de ódio»? E quem tem o atrevimento de negar a minha própria liberdade de avaliar e de julgar -por mim próprio - o que penso de tal ou tal discurso?
 É que o discurso de ódio propriamente dito costuma ser produzido, está constantemente a ser produzido aliás, pelas instâncias do poder. Eu «sofro» este discurso do poder, como é inevitável, embora não fique nada impressionado por ele.
Também não fico «lesionado» ou «influenciado» por ouvir ou ler um discurso de ódio de uma seita nazi, de uma seita islamita radical, estalinista, ou outra qualquer!
Posso dizer então que a «proteção» contra o «discurso do ódio» é afinal um alibi para coartar a nossa liberdade de acesso às fontes de informação, de ajuizar por nós próprios, de exercermos o nosso sentido crítico e finalmente, coarta aquilo que supostamente diz defender, os direitos humanos, a liberdade de pensamento e de expressão!
É típico da gente totalitária criar uma imagem negativa dos outros, sem nenhum respeito pela verdade, exatamente como espelho daquilo que eles próprios são e praticam.
Se acusam outros de não respeitarem a «verdade»,  tenham como certeza que eles se esmeram a confundir e ocultar os factos, a transformar informação em mero invólucro de propaganda, ou pior ainda, perseguir e calar por todos os meios, quem se atreve a dizer a verdade e em dá-la a conhecer. Não esqueçamos  Manning, o soldado preso, torturado e condenado a prisão perpétua por ter revelado crimes de guerra americanos no Iraque.
A redoma que nos envolve, uma Noosfera que Pierre Theilhard de Chardin profeticamente anunciara, tem lados magníficos, como a capacidade de nos cultivarmos e alcançarmos um grau de saber quase infinito do ponto de vista do potencial, através da Rede.
Mas proporciona o contrário disso, ou seja, o enredar da própria mente dentro dos seus mitos, dentro da narrativa que conforta mais o ego: esta é – sem dúvida- a atitude mais frequente.
O cérebro ativa circuitos do prazer em função dos estímulos que recebe do exterior. Existem circuitos que são ativados e ativam a secreção de neurotransmissores, a ocitocina é um deles. Ele obtém maior remuneração psicológica/bioquímica por ver, ler, ouvir, as coisas que nos agradam, do que coisas sobre as quais discordamos, que nos afligem, que nos inquietam. Aliás, a adicção ou viciação, instala-se precisamente dessa maneira: quando o cérebro precisa de certos estímulos específicos para obter uma «dose» de moléculas, ativadoras dos circuitos do prazer.
Não existe possibilidade de combater o totalitarismo quando o próprio público ou uma maioria muito grande dele apela para ele ou está completamente indiferente.
Ele nunca se instala de forma ostensiva, aberta. Se o tentasse, naturalmente seria repudiado e combatido, haveria reações violentas adversas.
A sua artimanha é apelar áquilo que as pessoas têm de mais profundo, os seus medos, muitos dos quais vêm da primeira infância e são parte integrante da nossa personalidade.
A ciência psicológica é posta ao serviço desse controlo, pois a maneira de nos condicionar para consumir uma determinada marca de um produto é essencialmente a mesma que para determinado comportamento político ou social.
O ser humano – todos nós – só pode começar a libertar-se da nova forma de totalitarismo quando uma grande maioria das pessoas se aperceber das suas consequências nefastas nas suas vidas pessoais e sociais, causadas por esse sistema.
Antes disso, os que têm consciência, serão colocados na mesma posição que os «heréticos», os «livres-pensadores», tiveram: serão segregados, discriminados, a sua voz será calada por todos os meios.
Eu faço o mea culpa pois cri durante algum tempo que não seria possível nunca mais haver totalitarismo, nunca mais regimes como o hitleriano ou estalinista.
Porém, o novo totalitarismo aqui está a bater à porta. Já não se baseia no terror «físico», mas sim no terror psíquico, no medo que as pessoas têm de serem apontadas a dedo, de serem acusadas, ostracizadas, agredidas, pelos próprios concidadãos.
O futuro dirá como é que esta deriva totalitária se irá desenvolver, se vai ou não tomar as sociedades ditas «mais avançadas» e o mundo em geral.
Eu penso que as pessoas dissidentes no espírito serão os «monges» da nova «idade das trevas».
Nos anos em que a civilização romana ruiu e se instalou a sociedade feudal, os reis eram chefes de guerra, analfabetos e brutais. Destruíram ou presidiram à destruição de muitas obras materiais e imateriais inestimáveis, que resultaram da acumulação de ciência, saberes, artes, durante vários séculos.
 Os mosteiros eram pequenas ilhotas de paz, no meio da violência e da miséria, causadas pelos senhores feudais. Estas ilhotas preservaram, em manuscrito, muitos tesouros do pensamento, da arte, dos saberes, da filosofia… muitos milhares de copistas/monges se dedicaram, para que algo da civilização fosse transmitido às gerações vindouras.
Será talvez uma analogia, com toda a imprecisão que têm as analogias. Porém, ao esboçar-se uma nova «idade das trevas», onde residirá a luz do saber, da consciência, como sobreviverá?
Quem serão os «monges» que manterão - de geração em geração - o legado do passado? Os do presente e futuro, não serão necessariamente monges ou freiras;  não haverá necessidade de uma vida monástica, estritamente falando.
Têm de ser pessoas corajosas e pacientes, que mantêm uma postura crítica. As que teimam em dar a conhecer as realidades aos seus concidadãos, os «whistle-blowers» ou dadores de alerta, que defendem utopias não autoritárias, que mantêm uma postura moral no meio do relativismo moral ambiente, na sua diversidade e heterogeneidade, serão capazes de manter a chama do humanismo acesa? 
Cabe a cada leitor escolher o seu lado, aceitar ou não o meu ponto de vista.
Mas se escolher o lado do humanismo contra a barbárie, então não baixe a guarda, não caia nas múltiplas armadilhas do totalitarismo, que se veste de roupagens «livres» ou mesmo «libertárias», para impor o seu relativismo moral. Em suma, o espírito crítico exerce-se sobre nós próprios e os nossos atos ou falta deles.
Parafraseando o Pastor Bonhoeffer, «O que é decisivo para avaliar a moral de uma sociedade é o género de mundo que ela está produzindo e irá legar aos seus descendentes» (“The ultimate test of a moral society is the kind of world that it leaves to its children.”)

PS: Phil Butler apresenta uma ideia de noosfera que se deve ao Presidente Putin ou a alguém próximo. Vale a pena ler: 

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A GRANDE GUERRA DE CLASSE - POR JACQUES PAUWELS


Jacques Pauwels é um historiador que aplica um método crítico para interpretar a Primeira Guerra Mundial. O público recebe uma interpretação inovadora, que questiona o pensamento convencional sobre este grande conflito. 
Esta conferência de apresentação da tradução francesa da obra permite-nos compreender as suas linhas-força para avaliar quais os verdadeiros e profundos fatores desencadeadores da guerra e as consequências para lá do armistício de 11 de Novembro de 1918.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

ASSIM SE PERPETUA O PODER


As dinâmicas da política, especialmente neste início de milénio, embora já muito patentes no século anterior, têm mais que ver com «soundbytes» do que com argumentos racionais. O efeito global da hegemonia da média corporativa de massa é o de relegar o discurso político à sua mais simples nudez.
Transforma-se o debate numa fantasiosa listagem de defeitos ou virtudes, apresentando os candidatos em tons carregados ou róseos, consoante se pretende demonizar ou promover os mesmos.
Assim, na imprensa que se autointitula «de referência», as pessoas que se arrogam o papel de «opinadores», não fazem uma discussão minimamente séria das medidas preconizadas nos programas dos candidatos: limitam-se a «pintar» o retrato e a opinar sobre a «personalidade» de A ou B. Esta atitude mostra como se chegou ao «grau zero» do debate e reflexão políticos, pelas bandas do poder. Evidentemente, isto leva a maior parte das pessoas, qualquer que seja a sua sensibilidade política, a entrarem dentro do jogo, a reproduzir e amplificar o fenómeno. A coisa política deixa de ser uma luta em torno de diversas ideias, de diversas soluções, para uma «avaliação» de qualidades e defeitos ao estilo da imprensa «people». Quando os «opinadores» vêm que os seus candidatos preferidos são rejeitados pelas massas, justamente porque eles têm a «marca do poder», ficam indignados, ofendidos, são transportados pela retórica do poder omnipresente e omnisciente, pelo pensamento único.

Poderia parecer, à primeira vista, que - ao contrário das políticas- as dinâmicas naturais e as macroeconómicas estão essencialmente independentes do discurso.
São forças naturais que impelem as variações climáticas. Mas, o contributo humano nas alterações climáticas é indiscutível segundo uns, enquanto é uma espécie de artimanha para outros. Longas polémicas, apaixonadas e nada fáceis de seguir – mesmo para alguém com formação científica razoável – substituem-se ao debate entre especialistas. Também aqui os «soundbytes», o conseguir trazer para seu lado um número maior de órgãos de comunicação e de «fazedores de opinião», parece ser a atitude típica dos contendores.

No caso da macroeconomia, as explicações mais banais das causas das disfunções presentes nas economias mundial e dos diversos países não fazem mais do que reproduzir as versões daqueles que estão – por assim dizer – com a mão na massa.
Não existe, nem nunca existiu «ciência económica» propriamente dita, existe sim, uma série de discursos, de narrativas, que tentam racionalizar o que é essencialmente caótico, mantendo o mito da existência de mercados, como «deuses», como se fossem os mercados autorregulados e sempre capazes de fazer com que o sistema capitalista tenha um «progresso» indefinido, mesmo que destrua alguns!
No mesmo espírito, atribuem-se «leis» aos mercados… Mas estas narrativas, já de si míticas, estão – elas próprias - assentes sobre ficções tais como o PIB, taxas de inflação e de desemprego, dados completamente viciados, fabricados, manipulados, ao ponto de não servirem para estabelecer um diagnóstico de um país, de um setor produtivo. 
Quando se sabe isto, assistir a um «debate» sobre as «realidades» da economia tem uma dimensão de algo grotesco e absurdo, pois se baseia em premissas carentes de rigor. Além do mais, quaisquer especialistas sabem muito bem que isso é assim. Ficam, portanto, os tais «economistas» a perorar entre eles, perante as câmaras, avançando previsões e análises decorrentes de «modelos» que utilizam estatísticas, gráficos, etc.
São «científicos, rigorosos, matemáticos» somente para as pessoas mais ingénuas, que se deixam impressionar pela parafernália que acompanha esses discursos. Porem, tal como no caso das alterações climáticas, é um facto que a economia se transforma, há forças produtivas que se desenvolvem, que impelem as sociedades, etc. Somente, esse substrato real não é analisado no mainstream. Uma pessoa comum teria de fazer um grande esforço, para procurar ativamente em fontes alternativas, diferentes formas de avaliar as realidades económicas: normalmente, não tem tempo e/ou paciência para o fazer.

O fluxo incessante de pseudoinformação anula a informação verdadeira. O que pode ser significativo enquanto elemento para a nossa análise fica afundado numa catadupa de «notícias» sem valor. O cidadão atual não está informado, de modo nenhum. Está manipulado. Esta manipulação é apresentada como «informação». Os cidadãos não são totalmente ingénuos, têm suspeitas, têm desconfianças. Eles percebem que estão a ser manipulados, mesmo que não saibam analisar exatamente em quê e como. Mas sabem que não podem confiar nestas informações. Há um hiato entre a cidadania e as «lideranças», quer face aos órgãos de governo, quer aos da opinião pública.
O facto de que muita gente se desinteresse, não participe, se concentre nas coisas mais imediatas da sua vida privada, não é um fracasso do sistema. Pelo contrário, é um sucesso, é uma condição para se perpetuar.
Há algum tempo, compreendi que a não participação, a incultura cívica, são desejadas, proporcionadas pelo poder. Assim, os políticos podem clamar que tudo está «nas mãos» dos eleitores, etc. quando na realidade sabem que não é assim.

Não existe real cidadania, existe uma «massa» amorfa, que é preciso manipular (normalmente, pelo medo), levando-a a fazer aquilo que os poderosos pretendem. Assim se perpetua o poder.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

OFENSIVA CONTRA O «CASH» E CONTRA A LIBERDADE

A elite globalista costuma levar as massas ovinas ao corral, para a tosquia, dizendo coisas que as assustam. Não importa a sua lógica ou verozimilhança sequer. Mas o efeito da propaganda massiça e demonização de todas as vozes críticas tem tido o seu efeito. As ovelhas - medrosas - vão aonde a oligarquia as quer.

Vem isto a propósito da guerra feita ao «cash» ou dinheiro líquido, um pouco em todo o mundo.

Quando nos debruçámos sobre as justificações dadas pelos «opinadores» main-stream e pelas autoridades, quer na política quer nos bancos centrais, vemos que o argumento se resume ao «combate à fraude, à evasão fiscal, ao crime...». Esta lenga-lenga é destinada às pessoas apressadas e dispostas a engolir tudo. 
Elas pensam que isto nada tem de grave, não equacionam a perda de liberdade que pode ocasionar um mundo em que as trocas económicas estejam inteiramente digitalizadas. 

Não digam que isso é ignorância, pois muitas pessoas europeias são cultas, mas aceitam sem hesitações um deslize para uma sociedade onde as trocas económicas são todas digitais. O método seguido pela oligarquia aqui, na Europa, é o dos pequenos passos. 

Começaram por anunciar a retirada de denominações mais elevadas, como as notas de 500 € nesta zona do globo.
Mas, de facto, a digitalização completa da economia já está muito mais adiantada na Noruega e na Suécia, e virá a tomar conta da zona Euro, caso a cidadania não compreenda, a tempo, o que está em jogo.

Um grupo decidiu pesquisar uma eventual correlação entre o nível de criminalidade e de corrupção e  a existência ou não, de notas de elevadas quantias. 
Observou que a correlação que existe é inversa, ou seja, os países com mais altos índices de criminalidade e corrupção são aqueles em que a maior nota bancária tem um valor muito baixo (Brasil, Nigéria, África do Sul, Venezuela...) e os países que têm em circulação notas bancárias de valor mais elevado são países onde existe mais baixa criminalidade, maior segurança dos cidadãos, menores níveis de corrupção (Suíça, Singapura, Japão...). Também se aplica o mesmo quanto à evasão fiscal: os países com menos evasão fiscal têm denominações de notas mais elevadas, os países em que não existem notas com elevadas quantias são aqueles em que a evasão fiscal é maior.

Claro que ninguém gosta de negócios escuros, ou criminosos, ninguém quer que alguns fujam ao fisco, tendo a maior parte das pessoas que pagar aquilo que lhes exigem. 

Porém, a questão da eliminação das notas físicas prende-se sobretudo com outros aspectos fundamentais: 
- Se temos dinheiro físico, temos liberdade de movimentos, temos possibilidade de nos deslocar sem ter de deixar rasto, como é o caso se usamos cartões de débito (Multibanco) ou de crédito (Visa, MasterCard, etc). 
Não estou interessado que o Estado e/ou o banco onde tenho conta, saibam exatamente o que eu gastei, onde e quando. 
Não é só uma pessoa criminosa ou que deseje fugir ao fisco, que tem razões para temer esta ingerência. Também uma pessoa sem qualquer atividade criminal ou fraudulenta deve manter a confidencialidade das suas transações, deve ter direito ao sigilo do que compra e onde o compra. 
Alguém que só faça despesas por via digital pode ser seguido de perto, os seus hábitos devassados, as suas andanças cartografadas; tudo fica exposto aos olhares de uma qualquer polícia ou dos funcionários do fisco. 
Note-se que alguém pode ter as suas contas bancárias devassadas por causa de uma simples denúncia. No banco, ninguém irá dar o alarme: todos os funcionários estão proíbidos de avisar o indivíduo cuja conta está a ser investigada! 
É assim, agora, nos países ditos democráticos. 
Havendo uma deriva autoritária do governo, este nem terá que mudar nenhuma lei: já está tudo preparado.
Um indivíduo dissidente poderá ter as suas contas bloqueadas, sem apelo nem agravo, tornando a sua vida impossível. 
Isso seria menos eficaz se ele pudesse contar com dinheiro líquido (dele ou de pessoas solidárias) permitindo-lhe continuar a viver durante algum tempo. 

A existência de uma sociedade «sem cash» significa que um indivíduo poderá ser sujeito a «assassinato económico», em silêncio, sem mecanismo legal que o proteja. Estamos a deixar que se instale uma autêntica sociedade do Big Brother.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

SOBRE O PORQUÊ DO FRACASSO DE TODOS OS MODELOS

Na minha modesta opinião, a sociedade é sempre o espelho de si própria. 
Nesta época também, ou não se vê que o sublime e o mesquinho se confundem, o genial e o efémero são colocados lado a lado, o criativo perde toda e qualquer notoriedade e o bobo monopoliza a plateia?

Parece que estamos em pleno no reino do relativismo...

Dois textos que analisam o papel dos média, de forma diferente, mas convergente: 




(*) Interessante... só que o uso e abuso da «Liberté guidant le peuple» obriga a que eu faça uma pequena nota de roda-pé. 
Pois, é que o genial Eugène Delacroix, não era assim tão revolucionário como o célebre quadro pode fazer crer: ele simplesmente reproduziu o entusiasmo das jornadas de Julho de 1830, que depuseram um rei absolutista e entronaram um rei constitucionalista, depois de um povinho republicano ter morrido nas barricadas! É a suprema ironia, este símbolo pictórico da revolução liberal, ser obra de um burguês, realista (no pincel e nas ideias políticas), perfeitamente integrado no status-quo...

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

AFINAL, O QUE É POESIA?

Peço desculpa ao espírito de Fernando Pessoa, por utilizar, talvez de forma muito pouco fiel, a sua iluminada/iluminante abordagem do fenómeno poético, num dos seus textos em prosa. 
Creio que, segundo Pessoa, são 3 os grandes géneros de poesia, o épico, o lírico e o filosófico:

- O épico está relacionado com uma gesta coletiva, de tradição oral, mesmo se depois foi recolhida por escrito por alguém. 

- A poesia lírica tem a ver com o sentimento amoroso e todas as suas vertentes, todo o complexo de sentimentos e movimentos gerados pela paixão amorosa, no sentido mais lato. 

- A poesia filosófica, preferida de Pessoa - embora ele tenha dimensão épica na «Mensagem» e em muitos dos seus poemas esteja presente o lírico - está centrada numa reflexão, num pensar o mundo, a natureza, Deus, o homem. Mesmo quando parte de uma experiência pessoal, aspira ao geral.

domingo, 27 de novembro de 2016

CONVOCATÓRIA: MOV. PELA PAZ, 08/12/2016


Amigos, amigas!
Não se pode continuar a enterrar a cabeça na areia.
As pessoas de boa vontade têm sido sistematicamente enganadas pela máquina propagandística da média corporativa, disfarçada de «comunicação social», na realidade, propaganda.
Estão a roubar-nos - a pouco e pouco - os nossos espaços de liberdade, a nossa possibilidade de expressão livre. Já não podemos exprimir a nossa opinião em muitos locais, sem risco de sermos censurados, de sermos considerados «terroristas» ou outra etiqueta infamante, porque o poder já não suporta ser confrontado com a verdade, com aquilo que ele é...
As pessoas podem continuar a fazer os seus projetos - nos quais encontram razões para viver, para lutar, para serem ativas - e isso é muito bom e positivo. No entanto, é menos bom e positivo que andem completamente dissociadas das lutas mais gerais e mais decisivas. Se desistem de lutar, serão fatalmente derrotadas, já estão sendo derrotadas, agora.
Mas há esperança de se fazer algo positivo se quiserem, se considerarem - como nós consideramos - que já chegou o momento de dizer «basta!»
 Propomos nos reunir, em breve, no âmbito do Movimento pela paz, para delinearmos estratégias, que não conflituam de modo nenhum com vossas e nossas prioridades, mas que quebrem a apatia das pessoas que são o alvo deste trágico resvalar para uma sociedade totalitária global.
Assim, no dia 8 de Dezembro,  pelas 18H00um feriado em Portugal que assinala o «dia das forças armadas», iremos realizar uma nova Assembleia do Movimento pela paz  nas instalações da Fábrica de Alternativas,  para refletir sobre os caminhos do anti-militarismo, da paz, da resposta cidadã à tentativa globalista de instaurar uma «ordem» mundial, com um governo único, uma moeda única, um poderio militar sob comando único...

Contamos com a tua presença e participação ativa.

Saudações de paz

sábado, 26 de novembro de 2016

EPITÁFIO MERECIDO

Eu não preciso da História (com H grande) para me absolver!

Realmente, tenho a certeza, não ter causado desgraças como a morte por assassínio  - sem julgamento ou por julgamento «revolucionário» - de tantos que eu cismei serem meus inimigos.

Nem estive mais de meio-século aos comandos de um regime que era nº1 na perseguição da dissidência, aperfeiçoando o conceito de gulag, um país transformado em ilha-prisão tropical, mas «paraíso» para turistas.

Nem fui sequer um que elogiei a prostituição de algumas das minhas concidadãs, considerando que elas eram universitárias e portanto merecedoras de uma «alta nota» na sua profissão.

Eu também não estive envolvido em apoios de forças militares a outras ditaduras, "dando" generosamente aquilo que faltava ao meu povo, já para não falar de médicos e pessoal de saúde e outros «voluntários».

Não preciso da absolvição da História, sou uma pessoa com defeitos e qualidades, sem querer impor a minha ideia aos outros, nem as minhas visões do mundo e da história, tão pouco... 

De qualquer maneira, repousa em paz, não venhas inquietar com a tua loucura fria os corações que se dedicam a amar a revolução e não a morte.  

Não venham mais epígonos teus fazer fuzilamentos sumários de patriotas e de libertários, operários que tiveram a ingenuídade de apoiar a tua guerrilha, para logo serem declarados «inimigos da revolução» no dia seguinte ao seu triunfo.... 

Os Maquiaveís deste tempo chamam a isto «estar do lado da História». 

Eu prefiro não ir com esse vento e estar sinceramente ao lado das pessoas que não vergaram nem perante a morte, pobres, operários, que foram tragados na tua «revolução», nessa assucareira ilha «socialista paradisíaca».