Porque razão os bancos centrais asiáticos estão a comprar toneladas de ouro? - Não é ouro em si mesmo que lhes importa neste momento, mas é a forma mais expedita de se livrarem de US dollars!!
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sábado, 5 de maio de 2018

A MEDIA E A CONSTRUÇÃO DO PODER GLOBALISTA


O «1984» DE ORWELL É AGORA

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Quando o «Guardian» se põe a fazer de porta-voz do governo britânico, demonizando a Rússia, Putin como «o mal absoluto», abandonando completamente a postura de crítico do poder, de revelador de jogadas ocultas, desmontando a propaganda governamental, ele está a fazer um papel desprezível e ambíguo, bem conhecido das pessoas que viveram (ou vivem) sob regimes fascistas, totalitários. 
Eu lembro-me bem de como, antes do 25 de Abril de 74, a maioria dos órgãos de comunicação social portugueses, com especial destaque para a TV, eram (ou se tinham transformado) em meras plataformas de propaganda governamental. Poucos jornais resistiam; mesmo estes, recorriam a uma constante auto-censura, para não serem completamente abafados. 
Noutros países, nomeadamente os de totalitarismo vermelho (como a ex-URSS e a RP da China), a utilização dos meios de comunicação como mero instrumento de propaganda eram/são um dado adquirido, por todos.  
Mas, no chamado «mundo livre», considerava-se que a imprensa e a comunicação social em geral, deviam ser ferozmente independentes dos governos e das grandes corporações económicas, pois só assim se podia esperar que tivessem coragem e independência suficientes para defender o público contra as investidas desses mesmos poderes. 
Claro que isto nunca foi assim, rigorosamente; porém, para fazer com que este mito tivesse alguma verosimilhança, tinham de dar mostras de independência face aos poderes, nalgumas ocasiões. 

Mas isto é o passado. O presente é o do mundo totalitário imaginado por Orwell no seu grande romance de antecipação sócio-política, «1984».

Assusta verificar que o totalitarismo «soft» se instalou, pela preguiça e cobardia das pessoas, dos cidadãos comuns muito satisfeitos afinal com o sistema, não precisando mais em termos de «democracia», que de poder ouvir frases ribombantes ou sentimentais dos seus dirigentes políticos preferidos, acorrendo a votar neles de quatro em quatro anos... 
Quanto ao resto, são como as crianças que dizem (estas, têm mil desculpas...) «É verdade! Vi na TêVê!*» (*ou, mais recentemente ...«vi na Internet»!)
O mundo imaginado por Orwell está aqui e atinge um grau de sofisticação na sua perversidade, que este grande autor de ficção política não pode imaginar!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

ASSIM SE PERPETUA O PODER


As dinâmicas da política, especialmente neste início de milénio, embora já muito patentes no século anterior, têm mais que ver com «soundbytes» do que com argumentos racionais. O efeito global da hegemonia da média corporativa de massa é o de relegar o discurso político à sua mais simples nudez.
Transforma-se o debate numa fantasiosa listagem de defeitos ou virtudes, apresentando os candidatos em tons carregados ou róseos, consoante se pretende demonizar ou promover os mesmos.
Assim, na imprensa que se autointitula «de referência», as pessoas que se arrogam o papel de «opinadores», não fazem uma discussão minimamente séria das medidas preconizadas nos programas dos candidatos: limitam-se a «pintar» o retrato e a opinar sobre a «personalidade» de A ou B. Esta atitude mostra como se chegou ao «grau zero» do debate e reflexão políticos, pelas bandas do poder. Evidentemente, isto leva a maior parte das pessoas, qualquer que seja a sua sensibilidade política, a entrarem dentro do jogo, a reproduzir e amplificar o fenómeno. A coisa política deixa de ser uma luta em torno de diversas ideias, de diversas soluções, para uma «avaliação» de qualidades e defeitos ao estilo da imprensa «people». Quando os «opinadores» vêm que os seus candidatos preferidos são rejeitados pelas massas, justamente porque eles têm a «marca do poder», ficam indignados, ofendidos, são transportados pela retórica do poder omnipresente e omnisciente, pelo pensamento único.

Poderia parecer, à primeira vista, que - ao contrário das políticas- as dinâmicas naturais e as macroeconómicas estão essencialmente independentes do discurso.
São forças naturais que impelem as variações climáticas. Mas, o contributo humano nas alterações climáticas é indiscutível segundo uns, enquanto é uma espécie de artimanha para outros. Longas polémicas, apaixonadas e nada fáceis de seguir – mesmo para alguém com formação científica razoável – substituem-se ao debate entre especialistas. Também aqui os «soundbytes», o conseguir trazer para seu lado um número maior de órgãos de comunicação e de «fazedores de opinião», parece ser a atitude típica dos contendores.

No caso da macroeconomia, as explicações mais banais das causas das disfunções presentes nas economias mundial e dos diversos países não fazem mais do que reproduzir as versões daqueles que estão – por assim dizer – com a mão na massa.
Não existe, nem nunca existiu «ciência económica» propriamente dita, existe sim, uma série de discursos, de narrativas, que tentam racionalizar o que é essencialmente caótico, mantendo o mito da existência de mercados, como «deuses», como se fossem os mercados autorregulados e sempre capazes de fazer com que o sistema capitalista tenha um «progresso» indefinido, mesmo que destrua alguns!
No mesmo espírito, atribuem-se «leis» aos mercados… Mas estas narrativas, já de si míticas, estão – elas próprias - assentes sobre ficções tais como o PIB, taxas de inflação e de desemprego, dados completamente viciados, fabricados, manipulados, ao ponto de não servirem para estabelecer um diagnóstico de um país, de um setor produtivo. 
Quando se sabe isto, assistir a um «debate» sobre as «realidades» da economia tem uma dimensão de algo grotesco e absurdo, pois se baseia em premissas carentes de rigor. Além do mais, quaisquer especialistas sabem muito bem que isso é assim. Ficam, portanto, os tais «economistas» a perorar entre eles, perante as câmaras, avançando previsões e análises decorrentes de «modelos» que utilizam estatísticas, gráficos, etc.
São «científicos, rigorosos, matemáticos» somente para as pessoas mais ingénuas, que se deixam impressionar pela parafernália que acompanha esses discursos. Porem, tal como no caso das alterações climáticas, é um facto que a economia se transforma, há forças produtivas que se desenvolvem, que impelem as sociedades, etc. Somente, esse substrato real não é analisado no mainstream. Uma pessoa comum teria de fazer um grande esforço, para procurar ativamente em fontes alternativas, diferentes formas de avaliar as realidades económicas: normalmente, não tem tempo e/ou paciência para o fazer.

O fluxo incessante de pseudoinformação anula a informação verdadeira. O que pode ser significativo enquanto elemento para a nossa análise fica afundado numa catadupa de «notícias» sem valor. O cidadão atual não está informado, de modo nenhum. Está manipulado. Esta manipulação é apresentada como «informação». Os cidadãos não são totalmente ingénuos, têm suspeitas, têm desconfianças. Eles percebem que estão a ser manipulados, mesmo que não saibam analisar exatamente em quê e como. Mas sabem que não podem confiar nestas informações. Há um hiato entre a cidadania e as «lideranças», quer face aos órgãos de governo, quer aos da opinião pública.
O facto de que muita gente se desinteresse, não participe, se concentre nas coisas mais imediatas da sua vida privada, não é um fracasso do sistema. Pelo contrário, é um sucesso, é uma condição para se perpetuar.
Há algum tempo, compreendi que a não participação, a incultura cívica, são desejadas, proporcionadas pelo poder. Assim, os políticos podem clamar que tudo está «nas mãos» dos eleitores, etc. quando na realidade sabem que não é assim.

Não existe real cidadania, existe uma «massa» amorfa, que é preciso manipular (normalmente, pelo medo), levando-a a fazer aquilo que os poderosos pretendem. Assim se perpetua o poder.