terça-feira, 8 de março de 2022

Barcarolle des Contes d'Hoffmann [J. Offenbach]

 


Jaques Offenbach (composer)

Emmanuel Villaume (conductor) Barcarolle Anna Netrebko Elina Garanca Orchestra Prague Philharmonia Rudolfinum, Dvorák Hall, Prague, Czech Republic Anna Netrebko & Elīna Garanča – Offenbach: Les Contes d'Hoffmann: Barcarolle Listen to „Anna Netrebko: Souvenirs“ – https://dg.lnk.to/Souvenirs Subscribe here – The Best Of Classical Music: http://bit.ly/Subscribe_DG

segunda-feira, 7 de março de 2022

TCHAIKOSVSKY - Salmos de Vésperas

 


 https://www.youtube.com/watch?v=P9W3rgaGIrU

                                          
                                               https://orthochristian.com/105336.html

Tchaikovski é o compositor romântico russo mais conhecido. Ele é muito ouvido pelo público do Ocidente, mas - quase exclusivamente - os seus bailados, óperas, música sinfónica e de câmara. 
Mas, ele compôs -também - muita música religiosa, para coros "a capella" (seguindo a tradição ortodoxa, em que a música religiosa é exclusivamente vocal) que são património musical da Igreja Ortodoxa Russa. Mas, para além desta finalidade religiosa, eu acho que são peças de uma beleza e espiritualidade profundas, que transmitem a alma do povo russo.

domingo, 6 de março de 2022

«MUNDOS SEPARADOS». O AUTORITARISMO, A GUERRA E A GEOPOLÍTICA

                  


Incessante tendência dos autoritários de todas as cores ideológicas em querer moldar o mundo exterior à IMAGEM DO SEU MUNDO INTERIOR, TEM CONSEQUÊNCIAS que estão de todos à vista. 

Comento o excelente artigo, de LIAM COSGROVE «The US Is Culpable in Today's Ukraine Crisis  - How the incessant neo-conservative urge to reshape foreign nations in the Western image has brought us to the brink of World War.»
Curiosamente, os herdeiros da ideologia liberal (quase toda a classe política dos países ditos do «ocidente») têm muito mais traços de autoritarismo, do que os que estiveram (caso dos russos), ou mesmo ainda estão (caso dos chineses), debaixo de regimes totalitários.
Mas, ao fim e ao cabo, como eu repetidas vezes avisei, o cisma entre o Ocidente e o Oriente, vai traduzir-se por dois mundos separados
Quando não se confrontarem com armas, quando não fizerem guerra por procuração («proxi-wars») farão pelo menos, guerra económica, política, ideológica, ou «de informação». A globalização «feliz» advogada por ambos, acabou. Agora, será a pseudo-globalização do calvário dos povos, com a forma simbólica de cruz: o eixo «vertical» - os atlantistas, contra o eixo «horizontal» - os euro-asiáticos.
Ver o meu artigo QUEM SÃO OS VENCEDORES DA TRANSFERÊNCIA DE RIQUEZA DO «GREAT RESET»?. Quanto aos vencidos, o resultado desta crise é o empobrecimento geral, mais cruel para os pobres, o reforço dos traços autoritários, o estreitamento da «janela de Overton» até ser praticamente indistinguível de um regime fascista, como foi Portugal, durante os 48 anos de Salazar e Caetano, um dos membros iniciais da NATO*. Talvez piores sejam estes regimes, que agora se estão a instalar em toda a Europa, na concha vazia das democracias liberais. Não só haverá uma profunda ruptura dentro da sociedade, como não haverá qualquer tolerância para pessoas com ideologias divergindo da ortodoxia imposta pela ditadura «democrática». O «fascismo Mc Donald» irá fazer com que estas pessoas sejam ostracizadas, perseguidas, não haverá «direitos humanos» para elas. Os dissidentes no Ocidente, estão já a ser pior tratados, nalguns casos, do que os da URSS, quando esta existia. É que a campanha continuada dos media corporativos, juntamente com a aprovação, em grande parte do público, das discriminações a pretexto de COVID e o infame passe vacinal, vieram mostrar que os governos ocidentais podiam avançar com este autoritarismo, deixando intacta a letra da lei, para a esvaziar do seu conteúdo, impondo novas realidades sociais e políticas, em seus respectivos países. Isto foi analizado por Hannah Arendt, há quase um século. Porém, os que se reclamam de esquerda, anti-fascistas, etc, estão completamente olvidados da análise que ela fez dos totalitarismos.
É que estes «esquerdistas» também são autoritários; são adoradores do Estado. Eram eles, que achavam que as medidas de «lockdown» e a imposição do passe vacinal, não apenas eram justificadas em nome da «saúde pública», como queriam mais energia e celeridade na sua implementação.
De facto, os liberais genuínos, os libertários, os anarquistas pacifistas e outros não-autoritários, já estão completamente excluídos do discurso público, que se tornou num discurso meramente do poder, com várias cambiantes, para dar ilusão de democracia. 
Não sei até onde a ausência de vergonha, a hipocisia e o puro sadismo poderão chegar, mas podemos ver o paralelo histórico da instalação das ditaduras totalitárias do passado onde, após o esmagamento da oposição (quer na Alemanha de Hitler, quer na URSS de Estaline), aumentou o nível de repressão feroz, indiscriminada e sem qualquer preocupação em guardar as aparência da legalidade. Nas ditaduras «vulgares», tais regimes, depois de terem triunfado, de terem consolidado a sua vitória, vão querer dar uma aparência de respeito pelos direitos humanos, de tolerância, etc. Mas, nos regimes totalitários, uma vez consolidado o poder, a repressão é intensificada, como nunca antes. Isto é um facto que se tem observado repetidas vezes, que os dissidentes de hoje terão de ter em conta. 
Esperemos que tal não aconteça, mas não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar que a salvação esteja nos bandidos de um bando,  que eles se vão arriscar a derrubar os do outro bando, sobretudo quando estão a beneficiar do estatuto de «oposição» tolerada, construtiva, etc. dentro do regime!
No plano mundial, teremos uma polarização, do «império ocidental» sob a garra reforçada dos EUA, enquanto no «império oriental», a China dominará a Rússia. Isto será consequência da Rússia ter sido expulsa violentamente da esfera internacional e diabolizada pelos europeus.

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*Sim, a NATO aceitou no seu seio o regime fascista de Portugal, a tal estrutura atlântica destinada a defender as democracias contra o comunismo totalitário!

sexta-feira, 4 de março de 2022

REFLEXÃO - «O HUMANO MORREU»


 
O globalismo é a ideologia do triunfo do capitalismo sem freio, do capitalismo mundializado, explorando à vontade os povos do Terceiro Mundo, os quais ficam felizes por terem trabalho, mesmo pago a um décimo do trabalho equivalente dos ocidentais. Estes, como novo-ricos, têm sonhos e fantasias, adições e ilusões, exatamente como crianças mimadas que são. Os dirigentes esmeram-se em manter os seus súbditos (vulgo cidadãs/ãos) num estado de torpor «feliz», de embriagês consumista, de «aventuras» turísticas de pacotilha. Assim, deixam os grandes capitalistas e seus «gestores» (quer na empresa, quer no aparelho de Estado), fazer o que muito bem entenderem. 

A crise dita do COVID, entusiasmou e tornou ainda mais atrevida a classe dirigente globalizada, aquela que se revê no WEF de Davos. «Davos» é o leadership ideológico do globalismo, enquanto o seu núcleo duro são o capital financeiro, os grandes bancos sistémicos, mais Blackrock, Vanguard e outros «hedge-funds», com muito peso nas principais bolsas. Nesta economia totalmente financeirizada, a persistência da ilusão de riqueza é mantida pela pirâmide de Ponzi dos ativos financeiros, que parecem subir até ao céu, mas essa valorização é contabilizada em divisas que perdem cada vez mais o seu valor real, isto é, seu poder aquisitivo em mercadorias e serviços. Chega um momento, porém, em que é preciso, à oligarquia, fazer ruir o castelo de cartas: É o «Great Reset». A «pandemia de COVID» foi apenas o aperitivo.  

Neste mundo, cujos valores estão completamente invertidos, «um mundo ao contrário», o trabalho tornou-se «dispensável», numa larga medida: Pensam assim os muito ricos e agem em consequência. A partir do neolítico, houve guerra frequente nas sociedades; temos abundante prova e descrição disso, desde os reinos e impérios da antiguidade (Suméria, Babilónia, Egito, Hititas, Fenícios, Gregos, Romanos...). Mas, o «capital humano» não era completamente desprezado pelos reis, pois os escravos, as presas da conquista do outro povo, iriam enriquecê-los e à corte palaciana.  Hoje, os escravos já não são precisos: Os Senhores do Mundo estão apostados em reduzir estas «bocas a mais».

Hoje em dia, não consigo abrir uma página de um qualquer órgão de comunicação social «mainstream» ou de «rede social corporativa», sem sentir vómitos. Se os leio, faço-o com esforço, pois tornaram-se, não apenas manipuladores - sempre o foram - mas abjetos, arrogantes. Em resumo, penso que as pessoas que engolem essa "m... " desinformativa, sem pestanejar e até com imenso gosto, transformaram-se em «zombies». Como zombies que são, julgam-se normais. São normais, estatisticamente falando. E esta, é a verdadeira tragédia. 

Podia Nietzsche , no século XIX clamar: «Deus morreu»! Mas, eu diria que «afinal, foi o humano que morreu!». Vejo isso escrito, em enormes letras, numa parede... Dizia-me, há muitos anos, um falecido amigo, que «o inferno é nesta Terra». Estava cheio de razão. 

Este Mundo, não me custa nada dizer-lhe adeus.




10 CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA, DE QUALQUER GUERRA






- Os povos de ambos os lados atribuem suas perdas ao inimigo. Isto é lógico, mas o que não é lógico é que identificam como inimigo, o outro povo com que lutaram. Em boa lógica, deveria ser considerada como inimiga, a classe dominante nos dois países em conflito, pois foi com manobras deliberadas e intencionais de ambas, que o conflito (em geral, com componentes diversos desde políticos e económicos, a estratégicos), degenerou em conflito armado. Estas classes dirigentes são «competentes» apenas, em extrair o máximo do povo, explorá-lo até ao ponto em que ordenam a sua «sangria», pois assim mantêm os seus privilégios.

- A destruição do capital, seja capital físico, como edifícios, instalações de fábricas, etc, seja capital financeiro, vai oferecer oportunidades, quer aos capitalistas do país derrotado, quer aos do país vencedor, quer aos de países terceiros. Por isso, o grande capital não se importa muito em fazer eclodir uma guerra, por mais paradoxal que nos pareça, a nós simples mortais, pois eles sabem que a ruína de uma economia é a bonança de outra. Se forem realmente globais, como o são hoje os grandes empórios financeiros e industriais, saberão tirar partido desta situação de guerra.

- As pessoas, atemorizadas, irão alinhar-se automaticamente pelos pontos de vista dos seus chefes. A dissidência, em qualquer dos campos, será diabolizada e criminalizada, mesmo que seja ordeira, pacífica. Haverá repressão violenta, brutal e os olhos não irão chorar essas vítimas, mas irão brilhar de alegria, em grande parte das pessoas, tomadas pelo medo e pelo ódio, pelo rancor e pela sede de vingança. Toda a discussão racional fica impossível, torna-se mesmo perigosa, pois haverá imensa probabilidade dum ou outro interveniente se tornar completamente irracional, deixando o campo dos argumentos, para o dos insultos e até, da agressão física.

- A guerra irá empobrecer todos, países vencedores, como vencidos: Mas, os que dominam as sociedades não serão os perdedores. Raramente, grandes financeiros ou industriais são pessoalmente inquietados, presos, julgados e condenados. É muito mais frequente que tal possa acontecer aos generais e políticos, homens de mão de financeiros e industriais. Os líderes políticos e militares irão condensar toda a ira das multidões e o castigo pelas estruturas de poder dos vencedores, disfarçadas em «justiça». 

- Durante séculos, através de uma narrativa viciada dos acontecimentos, vai ser transmitido o ódio e o rancor, nas socidedades herdeiras duma guerra perdida. Muito mais do que a exploração, que poderá ter sido o ponto prévio para essa derrota, muito mais que atos da classe dirigente, que se terá comportado como inimiga do seu próprio povo,  o nacionalismo vai nomear como culpado de tudo, o país e o povo que lhe fizeram a guerra. O país que foi derrotado vai experimentar um renovo do nacionalismo, quaisquer que sejam os governos que aí se instalem.

- Os poderosos veem a guerra como um «baralhar e dar de novo» das cartas, na geopolítica. Não é senão um «jogo», para eles. Esse jogo já era bastante cruel e criminoso, nos séculos passados, em que as armas mais mortíferas eram espingardas e canhões. Mas no presente, é possível (e credível) acontecer uma conflagração nuclear, o que faria do rebentar da guerra, apenas o prelúdio da catástrofe final para a humanidade inteira, que não terá, podemos estar certos, capacidade de se refazer de tal golpe. Isto porque o próprio ecossistema que a suporta, entrará em colapso irreversível e irrecuperável, durante milénios. Os elementos radiativos, resultantes das explosões permanecem radiativos durante milhões de anos, qualquer pessoa, que estudou no ensino secundário, sabe isso.

- Para a classe dirigente, a guerra torna-se não apenas apelativa, como "a solução", quando a economia está a descarrilar, como é o caso, hoje. A única maneira de desviarem a ira popular da sua gestão desastrosa, é desencadearem uma guerra. Como o fazer, então? O processo usual é de provocar constantemente o adversário, empurrá-lo até ele ficar com as «costas contra a parede», realizando atos de guerra não declarada, como a colocação de sistemas de mísseis, capazes de alcançar o território e a capital do inimigo, por exemplo. Ou ainda, criando pretextos para sanções económicas, formas de punição caracterizadas como «guerra económica» por todos, incluindo os textos oficiais da ONU. 

- Mas, para que a operação de preparação da guerra passe por ser uma tomada de medidas «defensivas» face a um «monstro», causador de todos os males, é preciso atemorizar e condicionar, através da guerra psicológica, o seu próprio povo. O povo de cada país está sujeito à pressão dos media e do governo, dos grandes interesses (os verdadeiros donos de ambos), que estão constantemente a condiciona-lo pelo medo, pelos instintos, pelo sub-consciente, para obterem a sua docilidade e aprovação. Veja-se que, nos países em guerra, geralmente, as taxas de aprovação dos líderes pelo público, costumam subir, pelo menos, nas fases iniciais da guerra. Isto não se deve ao acaso: As pessoas não se tornam - de repente - indiferentes, ou crueis, em relação aos outros seres humanos, sem uma forte «lavagem ao cérebro».

-Durante e depois do conflito armado são ensaiadas novas soluções, quer do ponto de vista da tecnologia militar, quer de outros pontos de vista. Por exemplo, as mais mortíferas armas, as biológicas, poderão ser lançadas, por um ou ambos os campos. Quem o fizer, estará a apostar na diminuição brusca da população do inimigo, sem que haja destruição da sua infraestrutura. Além disso, a «engenharia social» estará a operar em pleno, com «soluções» políticas, económicas e sociais com as quais os mais autoritários apenas sonhavam. Agora, poderão pô-las em prática, as tais «soluções», sem que tenham qualquer oposição, sem serem odiados, mas até serem saudados como os salvadores da pátria. São os coveiros da democracia, mesmo que tenham a boca cheia desta palavra.

- Os custos das guerras não se limitam às áreas em guerra. Irão ser muito ampliados, pelo facto delas serem desencadeadoras e agravadoras duma crise mundial. O globalismo trouxe a interdependência mundial, numa escala nunca antes vista. Por exemplo, as guerras incessantes no território europeu, antes do Século XVI, tiveram poucas consequências diretas e imediatas nos povos doutras regiões do mundo. Mas, as guerras intra-europeias ao longo do século XIX, alargaram-se às colónias e protetorados, nos vários continentes, desencadeando a rivalidade e belicismo, que engendraram a Iª Guerra Mundial. Qualquer país do mundo, onde quer que esteja, sofrerá os efeitos da guerra. Qualquer país, quer seja neutro, ou simpatizante dum dos lados, irá sofrer devido a rupturas no comércio, no investimento, no abastecimento e em tudo.

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https://off-guardian.org/2022/03/03/economic-restructuring-democratic-deficit-and-locking-down-liberty/


 https://www.globalresearch.ca/why-did-us-embassy-official-website-just-remove-all-evidence-ukrainian-bioweapons-labs/5772798


https://www.globaltimes.cn/page/202203/1253776.shtml


https://www.unz.com/pescobar/how-russia-will-counterpunch-the-u-s-eu-declaration-of-war/


https://www.goldmoney.com/research/goldmoney-insights/international-sanctions-on-russia-exacerbate-oil-market-tightness

quarta-feira, 2 de março de 2022

INTERESSES ECONÓMICO-FINANCEIROS NAS REVOLUÇÕES E NAS GUERRAS




                                         Jogadas iniciais no xadrez da  2ª Guerra Fria 

O ambiente de histeria impede muitas pessoas de apreender «the big picture». O vento da propaganda traz o «nevoeiro da guerra», o qual é bastante espesso, agora. Mas, se a memória não me falha, não existiu nenhuma grande guerra, ou revolução, que não tenha tido, por detrás, interesses financeiros muito concretos.

Sobrevoando a Idade Moderna, podemos dizer que  as Guerras de Religião, iniciadas no século XVI com a ruptura teológica entre Lutero e o Papado, foram financiadas por banqueiros, quer do lado católico, quer do lado protestante. Depois, banqueiros judeus ou não, protestantes ou católicos, por igual, foram financiadores de muitas outras guerras: Por exemplo, da guerra de independência dos Estados Unidos. Financeiramente, a França depois de ter ajudado os rebeldes americanos, ficou em situação financeira mais precária. Terá sido um factor relevante para os acontecimentos de 1789? Uma boa pergunta, creio, para os historiadores económicos. Mas, alguns anos depois, a era napoleónica foi bastante ilustrativa da ligação entre grande banca e poder político. O golpe do 18 Brumário 1799, que instalou o Consulado, cujo primeiro-Cônsul era o general Bonaparte, foi levado a cabo com a colaboração de financeiros. Eles garantiram que Bonaparte e seus partidários tivessem pleno sucesso. Não admira que, também nessa época, tenham sido necessárias somas avultadas, para corromper diversos políticos e militares. Mas, pouco tempo depois, com a Europa toda em guerra, os diversos Estados tiveram de pedir emprestado aos banqueiros. A família de banqueiros Rothschild, com sucursais em vários países europeus, teve um sucesso enorme. Eles acabavam sempre por ganhar, quer tivessem apoiado financeiramente o lado ganhador ou o perdedor. Um século depois,  poderosos interesses financeiros (Industrialists Round Table, nomeadamente) jogaram a favor do eclodir da 1ª Guerra Mundial e da entrada dos EUA na mesma. O financiamento e o apoio concreto aos bolcheviks, antes e depois de 1917, por vários capitalistas, está hoje bem estabelecido: Trotsky conseguiu obter fundos e armas, junto de banqueiros e magnates nos EUA e no Canadá. Sem isso, o governo bolchevique talvez não tivesse sobrevivido, durante a longa e cruel gerra cvil.

No Ocidente, o fortalecimento do capital monopolista e da grande finança, colocaram as economias sob controlo dum punhado de ultra-ricos, com capacidade para apoiar a subversão do poder instituído. Tal financiamento e apoio foi sempre favorável aos golpes anti-democráticos, totalitários, sempre ao lado de Mussolini, Salazar ou Hitler. Eles desempenharam um papel-chave no derrube violento de governos legítimos, como o da República Espanhola em 1936

Mas, o pós IIª Guerra Mundial e, sobretudo, o pós Guerra Fria nºI, foram momentos da viragem definitiva, da transformação das «democracias liberais» em oligarquias, controladas discretamente por grandes banqueiros e governadas pelos seus homens-de-mão. 

Algumas situações imprevistas e desagradáveis - para a oligarquia - acontecem por vezes, visto que o sistema dito democrático implica a existência de sufrágio universal. Os países onde os resultados das eleições não sejam do agrado da elite, recebem duas formas de tratamento: Ou o golpe de Estado, ou a corrução da classe política

- Assim, no primeiro caso foi o que aconteceu, após a ascenção ao poder de Mossadegh no Irão, num golpe orquestrado pela CIA, e instalção do Xá. O triunfo da Frente Popular no Chile, foi seguido poucos anos depois pelo sangrento golpe de Pinochet. A subversão violenta da democracia ocorreu, também, no golpe do «Euromaidan» em 2013 na Ucrânia, golpe fomentado pelos EUA e pela UE.  

-Alternativamente, os resultados eleitorais são nulificados pela corrupção e pela traição, anteriores às eleições, mas só visíveis passado algum tempo, dos chefes e dos partidos. A corrupção acaba por ser mais poderosa do que as balas, pois há circunstâncias em que «a bala sai pela culatra», ou seja, os resultados esperados pelo fomentar da subversão violenta, falham (veja-se o caso recente do Casaquistão). No caso da subversão por instrumentos financeiros, é quase garantido o seu sucesso e - cinicamente falando - acaba até por ser menos dispendioso. 

Com efeito, a ruptura da vida política dum país, implica fazer correr sangue - embora os financeiros se importem pouco ou nada - mas também, a ruptura do tecido económico. Mas, a gravidade e extensão dessa ruptura é imprevisível. Por isso, o derrube violento do governo às vezes implica que as destruições são tais - pensem no Iraque, na Líbia, no Iémen e noutros Estados - que os golpes deixam de ser «rentáveis»: A economia desse pais deixa de estar em condições de fornecer os rendimentos esperados pelos financiadores do golpe para pagar os custos da operação.  

Um efeito da guerra mista que estamos a presenciar, com suas frentes militar e económica, assim como a da  informação ou propaganda, tem como resultado evidente, desde logo, que todos os intervenientes perdem. 

Basta pensarmos um pouco e observarmos a realidade: Portanto, podemos esperar perdas no domínio económico e financeiro, nos países mais envolvidos do lado Ocidental, nos países da NATO. Claro que a Rússia também irá sofrer perdas severas, mas as sanções possiveis foram, com certeza, avaliadas e foram tomadas as devidas precauções, com muita antecedência.  

De momento, é a China que está a «ganhar nos vários tabuleiros»: 

- Diplomático: Irá ajudar nas negociações entre as partes em conflito. Isto é uma vitória diplomática importante para a China, pelo facto de ser chamada para ajudar a resolver um conflito na Europa

- Economia e geoestratégia: A China fica com a Rússia (muito mais) dependente dela. Note-se que, antes, a Rússia podia equilibrar a influência ao nível comercial e económico, do grande parceiro do Oriente, com os parceiros do Ocidente. Agora, há um fosso profundo entre a Rússia e o Ocidente, que dificultará a retoma de relações económicas, mesmo depois desta crise passar. 

- Finalmente, os EUA, os inimigos principais da China que, aliás não o escondem,  saem diminuídos e desprestigiados. Depois de terem empurrado a Ucrânia, país seu aliado, para uma guerra, faltaram às suas promessas. Portanto, muitos países olham agora com maior prudência as alianças com o Tio Sam.  Mesmo os governos dos países europeus, por mais vassalizados que estejam, irão questionar-se: Vão entregar sua defesa coletiva à NATO, recheada de políticos e generais atlantistas, vassalos dos americanos, agressivos e incompetentes? Não seria melhor uma verdadeira estrutura de defesa europeia? Esta hipótese tem sido periodicamente levantada por europeus, desde os anos 1990, pelo menos, mas tem ficado «no papel», pois temem desagradar ao «Big Brother» Yankee.

NB: Alguns links para artigos recentes, abaixo, mostram como a oligarquia, as grandes corporações e bancos influem, discretamente, nos acontecimentos políticos, diplomáticos e militares. 

https://www.unz.com/article/jewish-subtexts-in-ukraine/

https://www.zerohedge.com/energy/big-oil-turning-its-back-russia

https://www.armstrongeconomics.com/international-news/politics/war-and-inflation-to-impact-us-midterm-elections/

https://www.zerohedge.com/news/2022-03-06/ukraine-and-ngo-archipelago


PS1: Neste momento (03/03/2022), quem deseja a paz e quem deseja a CONTINUAÇÃO da guerra?
Os primeiros são o povo ucraniano, incluindo as forças armadas; os segundos são os imperialistas americanos, os seus vassalos mais abjetos na Europa (como U. Van der Leyen) e sobretudo o capital financeiro, que cada dia que passa, tira mais vantagens e lucros, em resultado da especulação sobre os mercados, sobretudo, os mercados de capitais. Os russos estão numa situação paradoxal, cumprindo os objetivos do ponto de vista militar, mas isolados, com sanções económicas e fraco apoio diplomático. Mesmo a China não está a apoiá-los «de corpo e alma», mostra reticências muito evidentes quanto à fatídica decisão de invadir a Ucrânia. Acredito que os russos preferem um cessar-fogo, agora, que estão em boa posição no plano militar. Poderiam fazer mais pressão a favor da solução que eles pretendem alcançar com a guerra. Sei que o que escrevi acima, é muito evidente; apenas quero enfatizar que há demasiada propaganda nos media, fazem guerra psicológica, mas não ao povo russo, antes ao seu próprio povo!


terça-feira, 1 de março de 2022

«LE DÉSERTEUR» DE BORIS VIAN // QUANDO A MÚSICA DÓI



Aqui, uma das músicas que nos encheram o espírito e o coração, nos idos anos sessenta do século passado. Ou foi há vinte séculos???
Elas estão mais esquecidas porque raramente são evocadas ou retomadas, ao contrário das produções do showbiz, a máquina do espetáculo. Não é por acaso que existe - vemos à nossa volta, agora mesmo - uma sociedade sem memória coletiva, sem conhecimento da história, descerebrada. 
Infelizmente, eu terei de ser um desertor, se isto continua a ir de mal para pior. Demasiados sinais vão nesse sentido.
Não compreendo bem como as pessoas se deixam tomar pela paixão a favor da guerra, mas penso que esteja relacionado com a manipulação dos instintos profundos de sobrevivência, do medo da morte e de serem ostracizadas. Poucos são os homens e mulheres que têm a coragem (sim, hoje em dia é precisa) de pensarem por si próprios/as e, igualmente, de serem coerentes consigo próprios/as. 
Apesar do meu ceticismo, apelo ao bom-senso, à humanidade, ao sentido de responsabilidade de todos/as que me leem:
Não vamos, intencionalmente ou não, assoprar os ventos da guerra. Agora, do lado dos poderes, há um desencadear de furacões e tornados. 
Se queres a paz, trabalha pela paz!
Uma paz dentro de ti, com os outros, com aqueles/as com quem te sentes em dissonância, especialmente. 
Este Mundo é para ser partilhado por todo o género humano, por todas as culturas e países. 
A guerra, seja a que nível for, é sempre uma má solução; ou melhor, não é realmente uma solução. 
Tudo o que deixa, é desespero, destruição, amargor e desejo de vingança, nos que a sofrem. Em geral, sofrem muito também os que não têm um mínimo de participação na loucura coletiva. 

O meu coração não pode ter sentimentos antagónicos contra os povos, sejam eles quais forem... Os povos ucraniano, russo, da União Europeia, britânico, dos EUA... Não tenho nada contra eles (e os restantes)! 
Mas, tenho contra os dirigentes, os líderes que, ao longo de décadas, nos têm coletivamente levado para o abismo, passo ante passo, falhando redondamente na promessa (explícita ou implícita) de criar condições de segurança coletiva, para as nossas sociedades, para o Mundo.

O que parece extremo, de minha parte, não o é, afinal. Sempre foi a mensagem do humanismo, da filosofia, da espiritualidade. Se procurarem, verão que temos exemplos claros disso, no presente e nas tradições dos diversos países, que estão agora tão apartados. 
Neste contexto, é preciso evitar o mal que consiste em diabolizar o outro, em colocá-lo (explícita ou implicitamente) num plano de «não humano». 

A propaganda apoderou-se da media, sobretudo a media com meios mais poderosos de difusão. Em simultâneo, são censuradas informações e opiniões, que se afastem da ortodoxia ditada pelos poderes, nesta Guerra Global em que nos encontramos mergulhados. Estes mecanismos acabam por anular qualquer réstia de liberdade. Eles tendem a extravasar para aquelas áreas e assuntos que os poderes decidam que são «tabu». Porque, sem liberdade de informação e de opinião, não se pode manter nenhuma liberdade verdadeira.

Será que a humanidade se vai deixar levar - mais uma vez - ao matadouro? Desta vez, seria a vez definitiva; se houver vida, não haverá nada que valha a pena viver, no seguimento duma guerra nuclear. Note-se que é impossível haver uma guerra nuclear limitada. Nas circunstâncias atuais, há a certeza de que um primeiro golpe nuclear, por um dos adversários, não vai impedir que o outro conserve várias possibilidades de contra-ataque nuclear. 
Mesmo que não houvesse uma tal riposta, o «inverno nuclear», isto é, o arrefecimento brusco do clima e a diminuição duradoira da fotossíntese, devido às partículas de poeira radiativa em suspensão depois das explosões,  causaria o definhar lento, horrível e definitivo da espécie humana. 
Querem isso ... Ou preferem acordar da ilusão e do condicionamento e agir responsavelmente, como humanos? 

Le Déserteur

Le déserteur
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Qu'elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer