quinta-feira, 17 de outubro de 2024

SERÁ QUE O CAPITALISMO ESTÁ A MORRER?




Ouvem-se vozes anunciando a morte próxima do capitalismo. Mas, o que entendem por "capitalismo"?

Do meu ponto de vista, o capitalismo não é uma "forma de economia" somente, é sobretudo um "modo de produção". É o capitalismo, enquanto modo de produção, que estabelece a relação dos homens com as mercadorias e define as relações hierárquicas entre eles, decorrentes da posição de cada um no processo de produção das referidas mercadorias. A detenção privada dos meios de produção não pode ser critério suficiente para caracterizar o modo capitalista de produção. Basta ver que, nos modos de produção esclavagista e feudal, as respetivas classes dominantes possuíam a quase totalidade dos meios produtivos.

Uma das notáveis características do capitalismo, é que os que detêm a propriedade dos meios e controlam a produção, acumulam poder sob forma de dinheiro. O dinheiro e a inteira panóplia dos veículos financeiros, deixaram de ser apenas meios auxiliares nas trocas, passaram a ser a forma preferida de acumulação de capital. Preferida, em relação às propriedades fundiária, imobiliária, ou industrial ... O próprio capital financeiro passou a controlar as outras formas de capital.
O trabalho assalariado, historicamente, veio substituir outras formas de exploração. Mas, anteriormente, as classes dominantes exploravam o trabalho do escravo e depois, do servo. Também, através de rendas, em produtos ou em dinheiro, beneficiavam dos frutos do trabalho do camponês, do artesão e do comerciante.
Dizer que a instauração do salariato foi um progresso, ou até, um passo para a emancipação do trabalho, é uma falácia: A relação salarial foi sempre fortemente assimétrica, até aos dias de hoje. Proporciona um controlo quase absoluto do trabalhador assalariado pelo empregador.
Se certas formas de exploração do trabalho se encontram hoje em declínio, suplantadas por outras, isto tem relação direta com mutações nos processos produtivos, e não com o suposto "fim" do sistema capitalista.

A derrocada do capitalismo pode advir de muitas maneiras, numa forma ou noutra de autodestruição: Por exemplo, pela externalização dos custos ambientais, causando irreversível degradação do ambiente em todo o planeta; pode resultar de uma guerra nuclear generalizada; pode advir de confrontos no seio das sociedades, sem que ocorra revolução: Uma série de revoltas, guerras civis, golpes de Estado, terminam, geralmente, em maior repressão pelas polícias e forças armadas e pela conversão das democracias formais em regimes autoritários.
Tudo isto tem possibilidade de ocorrer. Pode acontecer em várias combinações, ou em simultâneo. Mas, a «Grande Revolução», nos moldes em que os românticos revolucionários imaginam ... só acontecerá nas suas cabeças, impregnadas de narrativas fantasiadas do passado.

O capitalismo não está moribundo; porém está em crise. Reconhecer-se isto, não equivale a dizer que esta crise seja a derradeira. 
Uma característica do modo de produção capitalista, é de se autodestruir parcialmente e periodicamente para, num novo ciclo de crescimento, aproveitar as dinâmicas de reconstrução: Isto traduz-se por lucros, resultantes da intensificada exploração dos humanos e dos recursos naturais, por um lado; e por outro, por maior controlo exercido pela classe dirigente, sobre as restantes classes.

Qual é o país onde o capital está a fazer maiores lucros?
- Todos sabemos que é a China. O facto de uma casta controlar este país com mão-de-ferro, não significará que ela própria beneficia, direta e indiretamente, dos privilégios do poder? - Se assim não fosse, seria caso inédito em toda a História! - Não, o que acontece é que ela está adiantada, em relação às oligarquias do Ocidente, nomeadamente, nos métodos de controlo social.
A experiência em grande escala do COVID, serviu para o poder - na China e depois, no resto do mundo - testar sua capacidade em submeter as massas. 
Os processos de controlo social ultimamente postos em prática em países de "democracia liberal", foram copiados da China, onde já estavam sendo praticados.
Pode-se argumentar, sem sofisma, que a organização do capitalismo na China atingiu um nível superior de eficiência. Esta eficiência permitiu que haja uma real melhoria no nível de vida das massas laboriosas chinesas, não há dúvida sobre isso. 
De certa maneira, ocorreu algo semelhante nos EUA, durante a transição do séc. XIX para o séc. XX; e na Europa Ocidental, nos 30 anos após a IIª Guerra Mundial.
Observa-se hoje, na China, a vigorosa expressão da nova forma* de capitalismo: Nesta, a sociedade é dirigida por um coletivo autoritário, que decide sobre todos os domínios, desde os setores exportadores, até às indústrias de defesa. Quanto aos capitalistas, se eles quiserem prosperar, terão de obedecer às diretrizes estatais e receberão proteção e favorecimento Estado, controlado pela casta no poder. 
Na China de hoje, não apenas cerca de 800 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta; também se regista o maior crescimento em novos multimilionários, anualmente.
Curiosamente, a China começou a desenvolver-se, quando deixou de praticar a ortodoxia marxista-leninista (e maoista) e iniciou a construção dum capitalismo industrial, moderno e eficaz, com total pragmatismo. Aproveitou os capitais e o «know-how» das grandes firmas capitalistas ocidentais, que deslocaram para a China parte das suas instalações fabris. 
É escusado dizer, a China «comunista» soube tirar partido da mão-de-obra. Foi graças à sua elevada produtividade, que se acumulou uma imensa riqueza nas mãos dos dignitários do regime, dos grandes capitalistas seus protegidos e das empresas multinacionais.
Na China, a extração de lucro pelos capitalistas (nacionais ou estrangeiros) está garantida pelo aparelho administrativo e político do Estado. Por outro lado, a classe operária tem aceitado esta situação, pois seu bem-estar tem melhorado de ano para ano.
A força deste sistema produtivo, que não tem nada de socialismo, advém de fatores como a importação de capitais, o facto de ignorar o direito de patentes, na fase inicial da industrialização, a penetração nos mercados mundiais, graças a preços imbatíveis, os quais foram possíveis, tanto pelos baixos salários praticados, como pelo efeito de  escala. O tamanho do território chinês e da sua população, permitem produzir grandes quantidades de bens, com menor custo que noutros  países competidores.
Existem, porém, fragilidades: Se houver marasmo ou menor crescimento económico, é impossível satisfazer a expectativa da população em melhorar suas condições de vida. Por isso, os dirigentes chineses têm grande preocupação em manter satisfeita a sua classe operária.
O sistema dito "misto" chinês, é tão capitalista como o capitalismo histórico, ou seja, como o capitalismo industrial que se desenvolveu, dos meados do século XIX até princípios do Séc. XX, na Europa e na América do Norte, principalmente.
O regime chinês, não é análogo das «democracias liberais» do Ocidente.  Porém, não se pode classificar a China como "socialista", ou como em "transição para o socialismo". Entendo por «socialismo», a sociedade onde os meios de produção, o poder político e a organização da sociedade, em geral, estão sob o controlo da classe trabalhadora.

Mas, o desenvolvimento pujante da China, levou a que ela já seja hoje a maior potência económica. Sem dúvida que estes resultados se devem à política industrial, dirigida de forma inteligente pela elite do Estado, utilizando as potencialidades do imenso país e com seu povo, disciplinado  e diligente. 
Não sei se o socialismo virá para a China, na segunda metade do presente século. Mas, se assim for,  terá que ser um socialismo da abundância** e não da escassez. Este socialismo da escassez - repetidas vezes - teve resultados desastrosos em todo o mundo (incluindo na China da época de Mao). 
Entretanto, a China, apesar de todos os problemas internos por resolver e de todos os perigos globais, que a poderão ameaçar, está já em primeiro lugar, como potência económica mundial, se a avaliarmos em paridade de poder de compra, o que me parece a forma justa de comparar os desempenhos económicos entre países.   

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*A «fusão do Estado com as corporações», é a fórmula pela qual Mussolini definiu o fascismo. Também se aplica ao capitalismo de Estado, que surgiu nas democracias liberais após a IIª Guerra Mundial e aos capitalismos de Estado «comunistas», soviéticos ou de inspiração soviética.

**Um socialismo da abundância, não significa um esbanjar de recursos, nem um consumo desenfreado. Antes, que todas as pessoas têm um mínimo garantido, seja qual for o seu trabalho ou situação. Uma repartição equitativa dos bens sociais e de consumo será realizável no concreto.  Um fator importante para isso, será o constante melhoramento dos processos produtivos, o que irá libertar os humanos de grande parte das tarefas penosas e insalubres. Os robots serão utilizados para isso; não para potenciar os lucros e fazer pressão sobre o mercado de trabalho, como agora.




quarta-feira, 16 de outubro de 2024

ILAN PAPPÉ: MITOS DA COLONIZAÇÃO PELOS SIONISTAS E CONFLITO COM OS PALESTINIANOS


 


Relacionado: 

ILAN PAPPE: O SIONISMO E A LIMPEZA ÉTNICA DOS PALESTINIANOS

SYLVIE LAURENT - «CAPITAL E RAÇA»*

CAPITALISMO PROMOVENDO A EMANCIPAÇÃO... REALMENTE?!? Quantas doses de fábulas, de autoabsolvições, de mitos e distorções da história, para que o homem branco, o homem comum das sociedades capitalistas ocidentais, ensinado (amestrado), conserve sua «boa consciência de civilizado»? 

O vídeo seguinte dá-nos uma perspetiva rápida através da autora de um livro sobre o tema seguinte: O capitalismo está intrinsecamente ligado ao racismo. 

Tem o mérito de mostrar até que ponto as pessoas «bem pensantes» se esmeram em fazer uma amnésia seletiva sobre o modo como se deu o arranque do capitalismo, desde o início na colonização das Américas e continuou no resto do Mundo, nos séculos seguintes. 

                                          


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(*) Sylvie Laurent, historiadora e especialista da sociedade americana retraça o nascimento do que se poderá designar por capitalismo racial.

Através da sua obra, "Capital e Raça", editado na Seuil, ela demonstra que o racismo é parte integrante do nascimento do capitalismo.


PS1:  O racismo entrincheirado na sociedade israelense é demonstrado com a autenticidade do testemunho vivido, pelo jornalista Sylvain Cypel:

https://www.youtube.com/watch?v=Z1ARYWeO1Wc

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

COMO SE INSTALOU A DOUTRINA DO «MUNDO UNIPOLAR»? PROF. J. SACHS

                                            


Se quer compreender como se instalou a doutrina dos EUA imperiais, que tinham a força e legitimidade para «guiar» o Mundo, oiça o excelente e bem documentado Prof. Jeffrey Sachs. Ele é o mais credível economista americano para falar sobre estes assuntos, pois participou na desmontagem do sistema soviético, na época imediatamente após o colapso da URSS. Ele era conselheiro do presidente russo Yeltsin. Retrospetivamente, ele compreende a catástrofe a que foram sujeitas as populações russas e de outras etnias da ex-URSS.



Se ele choca, é porque as pessoas têm estado banhadas - no Ocidente - em narrativas propaladas pela media «mainstream» e são assumidas pela generalidade dos políticos no poder, nos EUA e nos seus vassalos da OTAN.

Se tiver de ver apenas UM vídeo sobre geoestratégia, que seja este: Porque ficará munido com os dados objetivos sobre as últimas décadas e com uma direta relação com os conflitos que se desenrolam hoje!

FRESCOBALDI E O TRIUNFO DO BARROCO ROMANO (segundas-f. musicais, nº21)

     

 Girolamo Frescobaldi (FERRARA 1583- ROMA 1643) tornou-se célebre e celebrado em seu tempo de vida. As suas obras irradiaram aos quatro cantos da Europa. Os mais talentosos viajavam até Roma, para terem a honra de receber lições do Mestre. Um dos muitos discípulos não-italianos de Frescobaldi, foi Johann Jakob Froberger, organista do imperador Habsburgo.
A música de Frescobaldi é sobretudo instrumental, o que contrasta com as obras doutros compositores seus contemporâneos, cujas composições vocais assumiam geralmente um maior relevo que as instrumentais. A escola de órgão do Norte da Europa (Alemanha, Países Baixos, Cidades Hanseáticas do Báltico) assimilou a forma inovadora como Frescobaldi abordava as toccatas. Muitas das suas toccatas podem ser interpretadas tanto no órgão, como no cravo. No entanto, também deixou bom número de peças específicas para o cravo.
A sua influência direta estendeu-se para além do seu tempo de vida, facto mais raro no Século XVII do que agora. Sabe-se que Johann Sebastian Bach e seus filhos apreciavam as suas obras para tecla e que Mozart conhecia a obra do organista de S. Pedro.

Ária com variações, dita «A Frescobaldina». Ver nota biográfica no vídeo relatando um momento especial da visita e estadia do organista à sua terra natal, Ferrara.


As poucas canções escritas por Frescobaldi têm qualidade idêntica às de Monteverdi, seu contemporâneo. Oiça-se a canção de Frescobaldi «Se l'aura spira». Aqui, interpretada pelo grupo Red Dot Baroque, cantora solista Lilith Verhelst.


Uma das mais belas toccatas para o cravo, a XIª do Segundo Livro, é aqui interpretada por Roberto LoreggianAté cerca de metade do século XVI, as peças para instrumentos de tecla - mesmo as mais «livres» - não se tinham emancipado da escrita polifónica típica das obras vocais do princípio do Renascimento. Só na segunda metade do século XVI surgem as formas típicas da Toccata, com Giovanni e Andrea Gabrielli, Claudio Merulo e outros, precursores de Frescobaldi.

As "Fiori Musicali" são a recolha mais célebre da obra de Frescobaldi. Consta de missas para órgão, segundo a liturgia católica e suas festividades. No final desta recolha, estão incluídas algumas peças profanas do Mestre. Aqui pode-se ouvir a «Missa della Domenica» com Francesco Cera ao órgão histórico de Santa Maria in Vallicella, Roma.

As Toccatas Per L'Elevazione eram destinadas à Elevação - a consagração da hóstia pelo padre oficiante - na missa. Destinavam-se a sublinhar musicalmente este momento de solenidade interiorizada. Eram ricas em dissonâncias e em cromatismos*, talvez com o intuito de sugerir a reflexão, no auditor, do sofrimento de Cristo no Caminho do Calvário e na Cruz.

Diz o próprio Frescobaldi,"Chi questa Bergamasca sonarà, non pocho imparerà" (= Quem tocar esta bergamasca, não terá aprendido pouco). Simone Stella, ao órgão histórico da Igreja da Anunciação, em Florença.
Os órgãos também eram tocados nos palácios aristocráticos e nas cortes de reis e príncipes, para recitais e bailes. São conhecidos exemplos de peças profanas para órgão, anteriores ao séc. XVI. O órgão histórico desta gravação, embora situado numa igreja, possui os registos apropriados a peças do reportório profano.

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* As Toccate di durezze e ligature não só estão presentes na literatura para órgão, como também fazem parte do reportório (profano) para o cravo. Na Península Ibérica, correspondiam aos Tentos (Tientos) de Falsas. Em ambos os casos, jogavam com as dissonâncias, os cromatismos, as ditas «falsas» relações entre as notas.

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Post Scriptum 1: A obra de Frescobaldi é central para o Barroco, não apenas da Itália, como de toda a Europa. É, sem dúvida, um dos compositores dos finais do séc. XVI / princípios do séc. XVII, mais estudados e cujas obras são das mais ouvidas, em concerto ou em disco. Felizmente, grande número de peças foram preservadas, quer em edições impressas, quer em manuscritos. O reportório conhecido está acessível  on line, para o investigador e para o interprete.

Post Scriptum 2: Um vídeo com óbvias intenções didáticas, intitulado «Quem era Frescobaldi?», pode ser visionado AQUI. O vídeo, falado em italiano e com legendas em inglês, tem mérito enquanto meio de vulgarização da história da música antiga. Porém, não dispensa a audição de algumas composições de Frescobaldi, na íntegra e pelos melhores interpretes, como tentei de proporcionar no meu artigo, acima.

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Pode-se consultar os números anteriores desta série, no dossier «Coletânea de páginas sobre música»

domingo, 13 de outubro de 2024

Whitney Webb: Os EUA tudo farão para manter o domínio do dólar

 Whitney Webb, em espanhol, neste pequeno excerto de 14:40 minutos, muito esclarece sobre o sistema de supremacia do dólar dos EUA.

Já sabiam eles, os que lideram o Império, que haveria que mudar o sistema do petrodólar noutra coisa. Nomeadamente, a introdução das cripto-moedas surge no contexto da transição energética, em que o petróleo deixa de ser a fonte dominante de energia.  

As desventuras da Argentina, com as dolarizações da sua economia, levadas a cabo por Menem (em 1999) e por Javier Milei, recentemente, ambas tiveram consequências devastadoras para o povo argentino. 

Se os EUA foram capazes de causar guerras de agressão brutais, com milhões de mortos no Iraque e na Líbia, para defender o dólar e a hegemonia do Império dos EUA, como se pode imaginar que os atuais dirigentes fiquem de braços cruzados, vendo esta hegemonia do dólar ser posta em causa, sem fazer nada?

O desaparecimento do dinheiro «cash» (ou «dinheiro-papel») vai  ser um processo violento de expropriação dos pobres e das classes médias, em todo o Mundo. 

Os dólares estão ainda numa percentagem elevada das reservas dos bancos centrais em todo o mundo. Se o dólar é «desmaterializado» (=digital a 100%), vão ser «evaporadas» grande parte das dívidas em dólares, sobretudo nos países mais fracos, dependentes (países neocolonizados). 

A razão do que escrevi acima, é a seguinte: se os detentores de dívida não podem comprovar tê-la, legitimamente, ou não tiverem poder económico para litigarem em tribunais para ressarcir essa dívida, os que são devedores (e os maiores são as corporações e os Estados) ficarão a ganhar (1). 

As grandes empresas de Silicon Valley estão envolvidas na transição para uma economia totalmente digitalizada. Não haverá - como é costume - esclarecimento das pessoas sobre os problemas que esta digitalização forçada vai trazer aos cidadãos, às economias e às sociedades. 

- Quantos milhões de pessoas vão ficar subitamente sem suas economias? 

- Quantas ficarão nas mãos dos consórcios todo-poderosos?

- Onde restará espaço para uma afirmação autónoma de vontade popular quando estão conluiados entre si, os Estados-nações, as grandes empresas e os bancos sistémicos?

- A «revolução» de Davos, de Bilderberg, das elites empresariais e dos políticos no poder (eles próprios homens e mulheres «de palha» de grandes lóbis financeiros e outros), é simplesmente a entrega total do poder a uma oligarquia do dinheiro,  mundializada.

Estou de acordo com Whitney Webb quando ela classifica de ingenuidade, esperar-se que os EUA «tenham fair-play» e assumam pacificamente que é tempo de passarmos a outro sistema monetário mundial, já que o reinado do dollar US  está no fim.

 


(1) No sistema de divisas fiat, que é o sistema monetário atual, os ativos de alguém, são a dívida de outrem. Um banco tem como passivos as contas depositadas pelos seus clientes. Um fundo de pensões tem como ativos, os passivos de Estados, sob forma de obrigações do Tesouro emitidas por Estados ou pelos Bancos Centrais das diversas Nações. Tudo isso será transformado em «dinheiro digital». A maneira como isso será feito, é que é crítica: Os poderosos (políticos e multimilionários) pensam servir-se desta digitalização como meio (disfarçado) de se verem livres de grandes quantidades de dívida, pública e privada. 
Lembro que globalmente, existe 150% de dívidas acumuladas, em relação ao PIB mundial!