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sábado, 22 de junho de 2019

JONATHAN COOK - ISRAEL ESTEVE SEMPRE NO CAMINHO DA ANEXAÇÃO

ESQUEÇAM O ACORDO DO SÉCULO DE TRUMP; ISRAEL ESTEVE SEMPRE NO CAMINHO DA ANEXAÇÃO



 Quando os primeiros-ministros de Israel estão em dificuldades, enfrentando eleições difíceis ou um escândalo de corrupção, a tentação tem sido - tipicamente - de desencadear uma operação militar para fortalecer a sua posição junto do eleitorado. Nos anos recentes, Gaza tem sido o alvo preferido.
Benjamin Netanyahu confronta-se com ambas as dificuldades ao mesmo tempo: a segunda volta das eleições em Setembro, que ele terá dificuldade em vencer; e um procurador-geral que se espera irá processá-lo com acusações de corrupção, imediatamente depois destas.
Netanyahu está numa posição de aperto particularmente grave, mesmo segundo os padrões de um sistema político israelita, usualmente caótico e faccioso. Após uma década no poder, o seu charme eleitoral pode estar a desfazer-se. Já se notam sinais de descontentamento entre os seus aliados da extrema-direita.
Dadas as circunstâncias de aperto, alguns observadores receiam que ele se lembre de tirar um tipo diferente de coelho da cartola.
Nas duas eleições passadas, Netanyahu cavalgou para o triunfo depois de ter produzido declarações dramáticas nos últimos minutos de campanha. Em 2015, agitou o papão do quinto dos cidadãos de Israel, que são palestinianos, garantindo que eles iriam usar os seus direitos democráticos de voto, avisando que "eles viriam votar em massa".
Em Abril passado, declarou a sua intenção de anexar largas áreas da ocupada Margem Ocidental, em violação da lei internacional, no decurso do próximo período parlamentar.
Amos Harel, um analista de assuntos militares e jornalista veterano no Haaretz, observou - na semana passada -que Netanyahu pode decidir que as palavras já não chegam para vencer. Será necessário entrar em acção, sob forma de um anúncio, na véspera da votação de Setembro, de que a extensão da anexação da Margem Ocidental atingirá os dois terços.
Não consta que Washington se irá colocar como obstáculo deste acto.
Pouco tempo antes da eleição de Abril, a administração Trump ofereceu a  Netanyahu um bónus na campanha ao reconhecer a anexação ilegal de Israel nos Montes Golan, território tomado por Israel à Síria em 1967.
Já neste mês, o embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, um dos arquitectos do longamente incubado plano de paz de Trump, o «acordo do século», veio oferecer um apoio precoce para as eleições.
Em entrevista, argumentou que Israel "estava do lado de Deus" - ao contrário, assim estava implícito, dos palestinianos. Argumentou, além disso, que Israel tinha o «direito de reter» muito da Margem Ocidental. 
Ambas as posições sugerem que a administração Trump não irá colocar objecções a movimentações israelitas no sentido da anexação, especialmente se isso garante que o seu candidato preferido regressará ao poder.
Independentemente do que Friedman sugeriu, não é Deus que interveio em favor de Israel.  As mãos que têm cuidadosamente preparado o terreno em muitas décadas para a anexação da Margem Ocidental são todas muito humanas.
Os governantes de Israel têm estado a preparar este momento há mais de meio século, desde que a Margem Ocidental, Jerusalém Leste e Gaza, foram tomadas no ano de 1967.
Este facto é sublinhado por um mapa interactivo dos territórios ocupados. Esta importante fonte de informação é um projecto conjunto do grupo B'Tselem israelita de direitos humanos e da equipa londrina «Forensic Architecture», que utiliza nova tecnologia para visualizar e mapear a violência política e a destruição ambiental. 
Sob o título Conquer and Divide [Conquista e Divide], revela no pormenor como Israel tem “dilacerado o espaço palestiniano, dividindo a população palestiniana em dúzias de enclaves desconectados e destruindo a sua estrutura social, cultural e económica.”
O mapa prova, para além de qualquer dúvida, que a colonização da Margem Ocidental por Israel nunca foi acidental defensiva ou relutante. Foi friamente calculada e planeada com um fim em vista - e o momento para atingir este fim está a aproximar-se rapidamente.

A anexação não é um projecto direitista que se tivesse apoderado das intenções benignas da geração fundadora de Israel. Ela esteve nos planos da ocupação desde os princípios, em 1967, quando o dito centro-esquerda - agora apresentado como defensor da paz, em alternativa a Netanyahu – era governo.
O mapa mostra como os planificadores militares de Israel criaram uma rede  complexa de pretextos para tomar as terras dos palestinianos: hoje, as zonas militares fechadas cobrem um terço do território da Margem Ocidental; exercícios de tiro afectam a vida de 38 comunidades palestinianas; as reservas naturais ocupam 6 por cento do território; cerca de um quarto foi proclamado terras do «Estado de Israel»; cerca de 250 colonatos foram instalados; dúzias de barreiras de controlo limitam os movimentos severamente; e centenas de quilómetros de muros e de vedações foram já construídos.
Estas tomadas de território entre-cruzadas foram insensivelmente retirando território, ao estabelecerem os muros de prisões estreitamente vigiadas para os palestinianos no seu próprio território.

Duas imagens de satélite da NASA, tiradas à região com um intervalo de 30 anos - de 1987 e de 2017 - revelam como os colonatos israelitas e as infraestruturas de transporte foram gradualmente desfigurando a paisagem da Margem Ocidental, removendo a vegetação natural e substituindo-a por betão. 
As tomadas das terras não eram simplesmente acerca de adquirir território. Eram uma arma, ao mesmo tempo que aumentavam as medidas draconianas de restrição dos movimentos, para forçar a população palestiniana autóctone a submeter-se, a reconhecer a derrota, a abandonar a esperança.

No seguimento imediato da ocupação do território da Margem Ocidental, Moshe Dayan,  o ministro da defesa, herói do momento de Israel e um dos arquitectos do projecto dos colonatos, observou que os palestinianos deveriam ter que «viver como cães e quem queira partir, pode partir - e veremos aonde este processo vai levar».
Embora Israel tenha concentrado os palestinianos em 165 áreas desconectadas por toda a Margem Ocidental, os seus actos conseguiram efectivamente obter o selo de aprovação da comunidade internacional em 1995. Os acordos de Oslo consolidaram o controlo absoluto de Israel sobre 62 por cento da Margem Ocidental, incluindo  as terras principais agrícolas dos palestinianos e recursos hídricos, o que tinha sido classificado como Área C.
As ocupações são supostas serem temporárias - e os acordos de Oslo prometiam isso mesmo. Gradualmente, os palestinianos seriam autorizados a retomar o seu território, para construir um Estado. Mas, Israel assegurou-se que as ocupações e os roubos de terras sancionadas por Oslo iriam continuar. 

O novo mapa revela mais do que os métodos usados por Israel para dominar a Margem Ocidental. As décadas de tomadas de terras mostram um trajecto, um propósito cuja finalidade ainda não foi completada.
 - Se Netanyahu anexar parcialmente a Margem Ocidental - Área C - este será apenas outro passo nos esforços persistentes de Israel em tornar a vida da população palestiniana miserável e acossá-la a sair.  É uma guerra de desgaste - que os israelitas, desde há muito tempo, vêm compreendendo como «uma anexação rastejante», levada a cabo discretamente, para evitar a condenação da comunidade internacional. 
Os israelitas querem, em última instância, que os palestinianos se vão embora completamente, amontoados em Estados árabes vizinhos, tais como o Egipto e a Jordânia. Esse próximo capítulo está prestes a desenrolar-se em pleno, se Trump tiver oportunidade de desvendar o seu «acordo do século».

Uma primeira versão deste artigo apareceu inicialmente no jornal «National», de Abu Dhabi.
Jonathan Cook ganhou o prémio Martha Gellhorn Special de jornalismo. Os seus livros incluem "Israel e o Choque das  Civilizações: Iraque, Irão e o Plano para Refazer o Médio Oriente” (Pluto Press) e “Palestina em desaparecimento: experiências de Israel com o Desespero Humano” (Zed Books). O seu sítio Internet é www.jonathan-cook.net.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

CARTOON DE ANTÓNIO, «NA MOUCHE» DO LÓBI SIONISTA AMERICANO!

                     


Vale a pena ler o excelente artigo de Philip Giraldi, a propósito do cartoon de António - célebre cartoonista português - publicado há alguns dias no New York Times, motivo de uma grande polémica. 
Pela minha parte, é claro que as pessoas que consideram que uma caricatura como esta tem conotações anti-semitas, o fazem simplesmente porque lhes convém e preferem ser «cegas» à mensagem política óbvia que este cartoon veicula: que Trump tem sido guiado e manobrado pelo lóbi pró-Israel, pelo genro, Jared Kushner e pelo próprio Natanyahu. 

O cartoon de António veicula uma mensagem política, quer se goste ou não dela; não tem conotação de anti-semitismo, pois isso seria desprezar o judeu, enquanto tal, enquanto judeu. 
Só para comparar, vejam-se imagens caricaturais publicadas na época do caso «Dreyfus» 

                                   

... ou ainda da propaganda Nazi, elas sim anti-semíticas, pois representam «o judeu típico», com certos atributos físicos e atribuindo-lhe um papel moralmente repelente, baixo, dum agiota, ou grande banqueiro, ou traidor, etc...

A fúria que se abateu sobre o jornal NYT (que, para cúmulo, é propriedade de judeus e tem imensos jornalistas judeus no seu quadro!) mostra a enorme força do lóbi pró-Israel e pró-sionista.

O sionismo é uma ideologia supremacista, racista, belicista e expansionista... e possuímos amplas evidências para provar cada uma das afirmações  atrás produzidas. 

A reacção irada dos sionistas mostra que o cartoon de António «fez mouche»!!!

terça-feira, 26 de março de 2019

OS MONTES GOLAN, EUA E ISRAEL: MAIS UM EXEMPLO DE UNILATERALISMO




Aquando da manobra de reconhecimento por parte dos EUA de Jerusalém como capital de Israel, com anúncio de que iriam mudar a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, já tinha chamado a atenção [1] para a indiferença total do actual poder em Washington, não apenas pela substância do respeito da legalidade internacional, como mesmo, da sua aparência.

Agora, fica claro que o papel da administração Trump [2] é de servir os desígnios das facções mais extremas do sionismo em Israel, em particular redourando a estrela de Natanyahu a braços com um processo por corrupção que poderá inviabilizar a sua eleição ou tomada de posse. 

O poder em Washington tem-se comportado como um apoio incondicional do governo israelita, assim como do todo-poderoso herdeiro do trono da Arábia Saudita, Mohamed Bin Salman.

 Que mensagem dão estas tomadas de posição [3], estas comprometedoras alianças, sem condições e sem contra-peso de uma legalidade internacional, expressa nas numerosas resoluções da ONU, muitas das quais subscritas por Washington?
Os parceiros e adversários dos EUA ficam claramente com a noção de que Washington se considera acima da legalidade internacional. Isto, apesar de ter sido um dos pilares da sua construção no pós-IIª Guerra Mundial. 
A outra ideia com que ficam todos, é que existem compromissos secretos, acordos que implicam estas posturas. Natanyahu ou Bin Salman por mais poderosos que sejam dentro dos seus respectivos Estados, não seriam nada sem o apoio decisivo dos EUA. 
Por outro lado, os EUA, comprometem-se - ao tomar como aliados incondicionais, esses governos - com um desempenho dos mais negativos, em termos de direitos humanos. Mas Trump e seu governo, continuam a usar a «cantilena» dos direitos humanos, como pretexto para agredir a Venezuela, ou quaisquer outros países que não se submetam ao seu «diktat».

Uma tal postura equivale a que os EUA estão a auto-sabotar a sua imagem de propaganda que gostariam de dar; a de uma nação que está preocupada com a legalidade, com a democracia e com os direitos humanos. Mas, esta arrogância não revela grande poderio, antes pelo contrário, uma grande fragilidade. 
Pode-se ver a política externa dos EUA como fortemente condicionada por Israel e pela Arábia Saudita, o que apenas mostra a sua enorme fraqueza, a sua dependência mesmo. 
- Terão Natanyahu e Bin Salman meios de pressionar Trump, de um modo tal, que este seja obrigado a «deitar às urtigas» a tal capa de respeitabilidade internacional?
 - Serão tais pronunciamentos, como a declaração relativa aos montes Golan, decorrentes do facto de Washington desejar retirar-se?
- Estaria Washington a preparar o terreno para seus aliados estratégicos da região ficarem mais fortalecidos, antes da sua retirada? 

Seja como for, as convulsões e sofrimentos [4] dos povos no Médio Oriente, quer do povo da Palestina, quer da Síria ou do Iémene, foram claramente causadas pelos EUA e por seus aliados. 
Estas guerras criminosas têm como consequência que os povos dos países da região e doutras zonas do mundo, anseiem pela queda dos EUA enquanto hiper-potência mundial, não sujeita a qualquer restrição, não respeitando leis nem direito, mas impondo pela força a sua vontade. 
Estas manifestações de arrogância («hubris») são afinal mais umas pedras para a tumba de seu suposto estatuto de «nação indispensável», de que se ufanam. 

[1] https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/12/jerusalem-tem-de-ser-promessa-de-paz.html

[2] http://www.informationclearinghouse.info/51329.htm

[3] https://www.asiatimes.com/2019/03/article/us-golan-move-turns-1967-setback-into-reality/

[4] https://www.zerohedge.com/news/2019-03-25/israeli-airstrikes-rock-gaza-target-hamas-command-after-netanyahu-cut-short-us-trip

terça-feira, 5 de junho de 2018

OS EUA RESPONSÁVEIS PELA REACTIVAÇÃO DO PROGRAMA NUCLEAR IRANIANO

US sanctions can cut Iran’s oil sales abroad by half – BP boss




O plano dos EUA, de isolar o pior inimigo de Israel, saindo do acordo multipartes não apenas teve uma resposta negativa de seus aliados (Grã Bretanha, França e Alemanha) também signatários do acordo, como colocou o regime iraniano numa posição em que pode legitimamente tomar medidas que aproximam o Irão da possibilidade de obter a arma nuclear, sem no entanto, ir contra a letra do acordo. 
Além disso, os europeus, com a sua cobarde atitude de recusar sair do acordo por um lado, mas por outro, vindo com exigências de que a re-negociação futura do mesmo deveria incluir os mísseis iranianos (não nucleares, que nunca estiveram em causa durante as negociações para este acordo) levaram imediatamente uma recusa peremptória do regime dos ayatollahs. 
Tudo isto, resume a incapacidade do Ocidente em definir uma estratégia, que não seja a da ameaça constante e do bullying, para com uma potência dispondo de uma capacidade militar dissuasiva de uma invasão terrestre e com algum potencial de retaliação também, caso Israel se lembre de efectuar um ataque aéreo «punitivo». 
No fundo, é apenas esta capacidade do Irão, que enfurece Natanyahu e todos os sionistas. Eles desejam continuar suas campanhas contra a Síria e o Líbano, com total impunidade. Desejam anular o Irão como poderoso inimigo e aliado do regime Sírio e do Hesbollah do Líbano (parceiro da coligação governamental). 
Os lacaios dos sionistas, sejam eles europeus ou americanos, estão assim a diminuir as garantias e compromissos mútuos, que permitiram baixar o nível de tensão e afastar o perigo de confronto nuclear no médio-oriente. 
Haverá algum propósito, alguma lógica nisto? A única «razão» para tais comportamentos ocidentais será o facto de que os poderosos lóbis pró-Israel e da indústria armamentista terão feito uma enorme pressão no sentido de fazer tudo voltar à estaca zero. 
Ao terem de novo o Irão como inimigo nº1 oficial, estão a deixar Israel com as mãos livres para qualquer ataque aéreo que  queira efectuar, além de criarem uma justificação «plausível» para a necessidade de mais despesas com armamento.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

quarta-feira, 2 de maio de 2018

O MUNDO, NA ENCRUZILHADA ENTRE A PAZ E A GUERRA

                            Iran's supreme leader Ayatollah Ali Khamenei meets with Russian president Vladimir Putin in Tehran on November 1, 2017. Photo: AFP/Iranian Supreme Leader's website
                  [Putin e o Ayatollah Khamenei]

Peter Lavelle, o animador do popular programa da RT, «Cross Talk» entrevista ao vivo, em simultâneo, quatro individualidades sobre assuntos de política internacional. 
Neste programa, há umas semanas atrás, tive ocasião de ouvir um «falcão» de Washington defender o «direito» dos EUA intervirem no Médio Oriente. Um dos argumentos que usou foi que Damasco tem sido apoiado pelo Irão. Peter Lavelle, oportunamente, perguntou-lhe se um país soberano (a Síria) não tinha o direito de ter relações com outros regimes, de estabelecer laços e de pedir ajuda, inclusive militar, com quem entendesse. O entrevistado, para não ter de concordar com o óbvio, meteu-se a justificar que o Irão, não apenas tinha mantido Assad no poder, como sobretudo constituía o elo principal dum arco (Irão, Síria, Líbano) de forças ameaçando os «nossos» amigos de Israel. 
Israel tornou-se um Estado completamente fora da Lei internacional. Não cumpre as múltiplas resoluções das Nações Unidas, tem um comportamento odioso,  genocida mesmo, em relação ao povo palestiniano, etc. Pois é esse regime, que possui ogivas nucleares, que está constantemente a acicatar Washington para entrar em guerra com o Irão. 
O regime de Washington está dominado pelo lobby mais poderoso que é o lobby pró-Israel, pois inclui riquíssimos membros na AIPAC (associação de amizade americana-israelita), a grande media corporativa, assim como de toda a indústria do armamento, que movimenta biliões. Além disso, grande parte do «Deep State», do Estado profundo, que é formado por aqueles funcionários não eleitos, nas agências de espionagem, nas forças armadas, no Departamento de Estado, etc, que se esmeram em barrar qualquer veleidade de um político de Washington, incluindo o próprio Presidente, de sair fora do que eles consideram ser a política correcta e o «interesse nacional». Pois é este conjunto de interesses que teleguia a política de Washington, nomeadamente em relação ao Médio Oriente. É uma relação de tipo parasitário, pois o hóspede (os EUA) é muito mais poderoso e fornece o «sangue» (os biliões de dólares anuais em «ajuda» ao aliado de Israel anualmente votados pelo Congresso) para o parasita, que morreria se não fosse constantemente nutrido pelos EUA.

O acordo nuclear com o Irão - que envolveu cinco potências - é o pretexto falacioso de uma crise, agora que o exército de mercenários pró-EUA ficou desmascarado e derrotado militarmente por Damasco e seus aliados. 
Com efeito, não é o mentiroso Netanyahu, que possui credibilidade e legitimidade para «denunciar» um suposto programa secreto de nuclear bélico do Irão. Todos sabem que é a agência atómica mundial, sob a égide da ONU, que tem essa incumbência.

                      Israel cancels US-based test of its Arrow-3 missile defense system until ‘maximum readiness’ ensured
                         [mísseis de Israel, que podem ser portadores de ogivas nucleares]

Para se ver como as regras do direito internacional são desprezadas pelos mesmos poderosos que, no Ocidente, posam como seus guardiões, estamos agora a assistir a mais um episódio da farsa, farsa cruel e perigosa, deles fingirem que acreditam que a propaganda de Natanyahu se baseia em argumentos sólidos... 

A inspecção da agência internacional que monitoriza as armas químicas demonstrou  num relatório recente não haver quaisquer evidências de ataque com armas químicas em Ghouta, mas as chancelarias «ocidentais», a começar pela representante dos EUA na ONU (a mais fanática, belicista e anti-diplomática embaixadora que jamais existiu!) não abrem o bico, agora. Teriam de indemnizar e pedir desculpas oficiais ao regime e ao povo sírio, pelo ilegal e imoral ataque com mísseis, coisa que na sua arrogância de «Senhores do Mundo» nunca fariam.

                        
                                                  [ataque contra a Síria]

A enorme falha da cidadania, nomeadamente europeia, em se organizar de forma autónoma, independente, num movimento cívico anti-guerra, afirmando os valores essenciais dos princípios da ONU, nomeadamente, que proíbem o recurso a meios militares, incluindo as operações ditas de «prevenção» de um ataque inimigo, além de que não se ouvem «piar» os supostos defensores dos trabalhadores e desapossados, pelo fim da corrida aos armamentos, que tem constituído globalmente uma drenagem de recursos que, de outro modo, seriam  investidos quer em infraestruturas úteis, quer em investimentos (pacíficos) produtivos, melhorando o bem-estar daqueles que trabalham.
É à luz desse vergonhoso descomprometimento, desse cobarde encolher de ombros, dessa hipocrisia em apenas reagir às violações dos direitos humanos, quando supostamente são oriundas de determinados actores, mas não de outros, que aquilo a que se assiste é possível na cena internacional. É graças à cobardia desses sectores que os governos, que agem em nosso nome, se podem mover à vontade, com impunidade, com aplauso!
Leiam o artigo (em inglês) de Pepe Escobar, do Asia Times: EURÁSIA, ENTRE A PAZ E A GUERRA
Leiam e divulguem sobre a próxima investida contra o Irão, que afinal é uma agressão despudorada do Império em decadência e que finge acreditar num primeiro-ministro de Israel, mentiroso sem pudor e descarado, para salvar-se dos escândalos que ameaçam obrigá-lo a sair do cargo.