quarta-feira, 22 de outubro de 2025

ROUBO DE JÓIAS DO MUSEU DO LOUVRE, 19 -10- 2025, COLOCA MÚLTIPLAS QUESTÕES

 


O roubo, efetuado com grande profissionalismo e à luz do dia, mostra até que ponto as peças mais valiosas dos museus estão sujeitas a roubos.

Não há dúvida que o Museu do Louvre é um dos mais bem dotados não apenas em financiamento estatal, como também por doadores privados. Logo, coloca-se a questão de saber porque os museus com peças mais representativas e valiosas do património nacional têm uma segurança bastante deficiente. Parece ser mais precária - a sua segurança - que a dos grandes bancos.

Basta ler o artigo «How The Louvre 'Heist Of The Century' Unfolded» para se compreender que os assaltos a museus e, em particular, a grandes museus como o Louvre, são frequentes. Por outro lado, a probabilidade de recuperar as peças roubadas é baixa, quer se trate de  quadros, de objetos de arte ou de jóias. 

As peças agora roubadas provavelmente nunca serão de novo vistas (*). Os profissionais, não apenas desmontam, como retalham as pedras preciosas, de modo que estas não possam ser detetadas. 

Outro fator muito desfavorável para a eventual recuperação do produto dos roubos, é a facilidade em transaccionar com criptodivisas. Os montantes podem atingir enormes cifras, movimentadas de modo que é muito difícil identificar os intervenientes na transação.

 No passado, na lavagem do dinheiro destas operações, usava-se «cash»; esta lavagem era mais difícil e arriscada para os ladrões de obras de arte e seus clientes. Com efeito, o mercado de obras de arte estava sempre estreitamente vigiado, havendo probabilidade de detecção das quantias avultadas. 

Hoje, devido aos movimentos de dinheiro não passarem por sistemas bancários e devido à total confidencialidade das transações com criptodivisas, os pagamentos tornaram-se mais seguros para  os ladrões,  os receptadores e os clientes finais.


--------------------------------------------------



(*) Excerto do artigo acima:

Tobias Kormind, managing director of 77 Diamonds, told The Associated Press: “It’s unlikely these jewels will ever be seen again. Professional crews often break down and re-cut large, recognizable stones to evade detection, effectively erasing their provenance.”

There has been speculation that cryptocurrency could play a part in the crime. British private detective John Eastham said that art-crime investigators are seeing a sharp pivot from cash-based laundering to crypto-based liquidity when stolen goods are difficult to sell openly.

“When a theft involves extraordinary value—particularly heritage items—the real question isn’t just what was taken, it’s how will it be monetized? You can’t simply walk into a bank with millions in notes or diamonds. Crypto offers speed, anonymity, and international reach in a way cash no longer can,” Eastham said in an emailed statement.

“It’s highly likely that whoever is behind the Louvre theft already had a digital exit plan—either melting down components and selling through private networks or using high-value NFTs (Non-Fungible Tokens) or stablecoins to launder the funds.”

Sem comentários: