sábado, 24 de fevereiro de 2024

OS RISCOS DA «INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL» DAS EMPRESAS TECNOLÓGICAS [WHITNEY WEBB]


 Whitney Webb tem razão ao chamar-nos a atenção dos riscos de programas usando Inteligência Artificial («AI» em inglês) pelas grandes empresas tecnológicas. Elas vão criar ainda mais dependências no usuário. O resultado pode ser uma espécie de «Admirável Mundo Novo» de Huxley, mas onde em vez da droga da «felicidade» do romance de ficção científica, será antes o envolvimento permanente numa identidade fictícia, completamente manipulável pelas empresas e pelo Estado.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

ARTE, NEGÓCIO, RUSSOFOBIA E ... PALHAS

 Um dos mais interessantes fenómenos na arte, é quando ela se autonomiza dos chamados «mercados», que apenas são a ditadura dos marchands e das casas de leilões mais afamadas, para venderem, seja o que for!

Monet e os montes de palha no meio dos campos, ou a arte de impressionistas russos seus contemporâneos, aproveitando o mesmo tema, são obras com mais de um século. 

A arte russa, no entanto, está sendo excluída dos circuitos do mercado internacional de Arte, pois vários intervenientes querem destruir tudo o que existe da cultura russa, uma parte integrante da civilização europeia (quer queiram, quer não!), com o seu «ódio de Putin». 

Fui buscar as imagens ao excelente blog DANCE WITH BEARS, do veterano correspondente em Moscovo, John Helmer (de nacionalidade australiana).

O que me interessa realmente é a beleza. É compreender a estética e o espírito das obras: O valor intrínseco e imaterial destas obras. Os «críticos de arte» que se deixam tomar pela paixão do momento, são «moscas» que pousam sobre um quadro, uma gravura, uma escultura... enxotem tais moscas, não deixem que elas pousem e depositem seus fétidos ovos de ódio, nas obras e nos olhares inocentes! 


Claude Monet: Monte de Palha em Giverny
Foi dos primeiros quadros de Monet representando montes de palha. Foi adquirido por Sergei Shchukin para sua coleção em Moscovo; encontra-se agora no Hermitage, em São Petersburgo.



Alexei Savrasov: Fim do Verão na região do Volga, 1873 (Galeria Tretyakov, Moscovo)



Levitan:  Montes de palha - acima á  esquerda, 1894; acima á direita, 1899.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Presidente Lula : Netanyahu e seu governo cometem crimes semelhantes aos dos nazis

[Israel bem pode declarar Lula da Silva «persona non grata»; eu e todos os lusófonos estamos gratos ao presidente do país irmão do Brasil, por dizer a verdade sem rodeios]




Transcrevo artigo de Lucas Leiroz:

Brasil e Israel vivem fortes tensões diplomáticas. Numa declaração recente durante uma visita à África, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva comparou as práticas de Israel em Gaza ao Holocausto contra os judeus cometido pela Alemanha Nazista. As suas palavras foram extremamente reprovadas pelo Estado Sionista e pelo Ocidente Coletivo, levando a uma crise diplomática.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou Lula persona non grata e convocou o embaixador brasileiro em Israel para esclarecimentos. Então, o governo brasileiro reagiu chamando de volta seu embaixador, deixando o Brasil sem representação diplomática em Tel Aviv.

O chefe da diplomacia israelense, Frederico Meyer, acusou Lula de cometer um grave “ataque antissemita” e prometeu “não perdoar nem esquecer” a declaração do político brasileiro. Muitos especialistas acreditam que a crise poderá culminar na ruptura total das relações diplomáticas entre Brasília e Tel Aviv.

Obviamente, o Brasil não está sozinho nas críticas a Israel. Vários países foram ainda mais duros contra Tel Aviv, chegando a uma ruptura completa. Contudo, o valor político da declaração de Lula é notório. Fundador dos BRICS e cumprindo seu terceiro mandato como Presidente do Brasil, Lula é atualmente um dos líderes mais respeitados do mundo, por isso o valor de seus posicionamentos é alto e relevante.

Na prática, isto poderá significar o início de uma nova onda entre as nações emergentes. A posição do Brasil poderia encorajar mais países a endurecerem as suas críticas a Israel, o que seria desastroso para a diplomacia sionista e minaria a influência ocidental no Sul Global. Não por acaso, a condenação a Lula tem sido forte entre os países ocidentais – e conta com o apoio das alas mais reacionárias e pró-Israel da política interna brasileira.

Na verdade, esta não é a primeira vez que o Brasil desafia Israel. Na década de 1970, durante o Regime Militar brasileiro, houve um impasse entre os dois países. Na época, sob o governo do general Ernesto Geisel, o Brasil planejava se tornar uma potência-chave entre os chamados “países não alinhados”, razão pela qual o Brasil assumiu uma postura cética em relação ao Ocidente, chegando a votar na ONU pelo reconhecimento da ideologia sionista como forma de racismo, manifestando apoio ao povo árabe na luta contra a ocupação israelense.

Há muitas suspeitas de que Israel tenha reagido às iniciativas brasileiras da época com operações complexas de espionagem e inteligência, incluindo sabotagem industrial e até suposto envolvimento no assassinato de José Alberto Albano do Amarante, então chefe do programa nuclear brasileiro. Nesse sentido, há temores de que Tel Aviv possa voltar a lançar uma campanha de “guerra secreta” contra o Brasil, mobilizando o seu aparato de inteligência para prejudicar setores estratégicos brasileiros.

Nos últimos anos, especialmente após a ascensão do ex-presidente direitista, Jair Messias Bolsonaro, o Brasil passou por um processo de profunda reaproximação com Israel, revertendo sua histórica política soberanista. Mesmo o próprio Lula até então estava sendo “bem equilibrado” em suas ações e pronunciamentos sobre a crise no Oriente Médio. Por exemplo, ele chegou a condenar a Operação Dilúvio Al Aqsa como um “ataque terrorista”, sendo fortemente criticado pela comunidade árabe no Brasil por tal posição.

No entanto, o agravamento da crise humanitária em Gaza impossibilitou que o Brasil continuasse neutro. Brasília tem uma tradição de política externa baseada na defesa da paz, dos direitos humanos e do direito internacional. Todos estes princípios elementares foram fortemente violados por Israel na sua campanha de agressão contra Gaza. O Brasil foi então forçado pelas circunstâncias a endurecer a sua posição e formalizar uma condenação aos crimes de Israel.

Com isso, Lula dá um passo importante para restabelecer a tradição diplomática brasileira, além de incentivar mais países emergentes a condenarem Israel. Porém, o presidente brasileiro precisa estar ciente das consequências que isso trará ao seu governo. Além das manobras secretas de inteligência por parte de Israel, o Ocidente Coletivo poderá reagir impondo sanções ao Brasil. O governo Lula deve ser forte o suficiente para administrar a situação e sobreviver às pressões externas.

Políticas de reindustrialização são vitais para que o Brasil supere, internamente, os desafios que virão sem enfrentar grandes problemas econômicos. No mesmo sentido, é necessária uma postura mais sólida do Brasil na política externa. O país tem hesitado muito entre posições pró-multipolares e pró-Ocidente. É preciso dar um “passo adiante” e colocar definitivamente o Brasil como um Estado interessado na transição geopolítica multipolar, consolidando um eixo de resistência contra o Ocidente ao lado de parceiros dos BRICS como Rússia, China e Irã.

Só assim será possível angariar apoio internacional suficiente para superar a pressão imposta sobre Brasília.

GENERAL ALEMÃO CRITICA WASHINGTON E OTAN FACE À GUERRA RUSSO-UCRANIANA

General na Reforma Harald Kujat: 



Uma excelente conferência, falada em alemão e dobrada em inglês.

PS: Oiça a dobragem em espanhol, da conferência do general, AQUI

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

EGON VON GREYERZ AVISA: ESTAMOS EM VÉSPERA DE UM ENORME COLAPSO

 

Figura 1: Dívida pública dos EUA (retirado do artigo de Egon von Greyerz https://vongreyerz.gold/war-inflation-gold )


Não pensem que Egon Von Greyerz é um dos «especialistas» que enxameiam a Internet com os seus prognósticos catastróficos. Como gerente de uma das maiores empresas de armazenamento de metais preciosos do mundo, tem de ter uma atitude responsável. 

Ninguém pode assumir que ele seja anticapitalista, nem remotamente. O que me estarrece é que, tanto anticapitalistas como pró-capitalistas, estão a ignorar os avisos deste homem, há uma data de anos, assim como os de um Alasdair Mcleod , entre outros. 

A maior parte das pessoas não percebe o que lhes vai cair em cima, porque não consegue fazer a diferença entre a verborreia alarmista destinada a  arrebanhar «clicks», e a avaliação realista e fundamentada dos riscos, em particular, dos riscos geopolíticos, assim como os económicos/financeiros, os quais vão de par, evidentemente. 

As pessoas estão habituadas a raciocinar, a ver as coisas no curto prazo. Este comportamento pode ter pouca importância nos indivíduos, numa economia que esteja mais ou menos «normal», ou seja, com expansão moderada do PIB, com oportunidades de realizar lucro em várias áreas, de obter dividendos, etc., por cima da taxa de inflação, geralmente baixa, ou, até, muito baixa. 

É este cenário no qual os investidores do Ocidente estão habituados a moverem-se, pelo menos, desde o resgate dos grandes bancos e negócios, no rescaldo da última grande crise do capital, em 2008. 

As pessoas e organizações, que tenham uma visão mais alargada, serão as que ficarão de pé, depois do «tufão» da próxima grande crise, que se desenha.

 No imediato, todos serão severamente afetados. Mas, sobreviverão os que diversificaram seus investimentos para bens sem contrapartidas*, ou seja, bens que não sejam «colateral» duma instituição (banco, fundo de investimento...), que ninguém os tenha na sua custódia**. 

Os outros, ou seja, os detentores de ativos financeiros (ações, obrigações, derivados e «cash», todos estes possuem contrapartidas) serão varridos pela onda de falências em série e pela inflação não controlada, que irá desembocar num paroxismo de hiperinflação

Aliás, este fenómeno de sobre-endividamento das economias não é raro: Há exemplos numerosos, sendo eles causa e consequência de guerras, de ruturas do tecido social, de mudanças tectónicas na distribuição mundial do poder. Quem não percebe isto, é ignorante da História. Há ignorâncias que são fatais. 

O pior, é quando pessoas incompetentes, seja qual for a sua tendência política e ideológica, estão ao leme de grandes instituições, de países, ou de organismos supranacionais. 

Face ao panorama atual, considero que os BRICS alargados já ganharam, não porque sejam perfeitos, mas porque os dirigentes do «Ocidente coletivo» são de uma incompetência inimaginável, juntamente com sua arrogância, apanágio de imbecis e ignorantes. 

Como as sociedades são governadas de cima para baixo, o que se espera de países tão mal governados é apenas o agravamento constante das condições de vida, numa espiral descendente, até se chegar a uma nova «Idade das Trevas» ... 

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*Contrapartidas: um ativo dado em garantia, uma hipoteca, um contrato em que uma das partes  pode tomar o ativo dado em garantia, caso haja incumprimento.

** A este propósito, veja o documentário de David Webb: https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2023/12/the-great-taking-grande-tomada.html

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

ASSANGE E APOIANTES LUTAM PARA EVITAR EXTRADIÇÃO PARA OS EUA


                                           Filmagem em direto no exterior do tribunal onde está a decorrer o julgamento de extradição de Julian Assange

Chris Hedges explica a importância deste recurso final de Assange, junto do tribunal britânico:

MÚSICA ALHAMBRA : EVOCAÇÃO

                         
 Juan Martin «De Damasco a Córdova» 

Uma peça plena de subtileza  e de força, que nos vem lembrar a enorme dívida da música ibérica e europeia à herança árabe. Este entrecruzar de várias tradições e o diálogo entre elas, são a nossa maior esperança de um futuro melhor.

                        (veja AQUI sobre mesquita/catedral de Córdoba)