terça-feira, 23 de agosto de 2022
HOMENAGEM A DARIA DOUGUINA, VÍTIMA DO TERRORISMO
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
PROPAGANDA 21 Nº15: A GRANDE BOLHA MEDIÁTICA QUE TUDO RECOBRE
Nós estamos inseridos numa espécie de «Matrix», ou seja, numa redoma em que o Universo nos aparece através dos filtros cuidadosamente calibrados para que, aquilo que se convenciona ser «a realidade» ou a perceção da mesma, não seja disruptiva, não afete o moral das tropas, não lhes permita ver através duma brecha, algo que não seja conveniente aos nossos Senhores Feudais.
Em suma, a nossa capacidade crítica tem de ser completamente anulada ou muito diminuída, incluindo táticas de propaganda de guerra, que antes da era da Internet, eram dirigidas e aplicadas contra os países «inimigos» do nosso. Lembro a enorme máquina de propaganda Ocidental e Americana, que foi montada e desenvolvida para os países de Leste e da URSS, em particular, com «notícias» destinadas a mostrar a sociedade capitalista como infinitamente melhor que as suas, apontando e amplificando os contrastes desfavoráveis para os sistemas ditos de socialismo real. Não está aqui em jogo saber se o socialismo real era de facto socialismo, ou se era outra coisa. Todas as sociedades têm aspetos negativos e todas têm aspetos positivos também. A propaganda é verdadeiramente uma arma de guerra, como foi reconhecido por Edward Bernays há um século. Tem sido o principal instrumento de domínio das classes «superiores» sobre as populações, desde então.
Não admira, portanto, que a «guerra informativa» seja levada a cabo pelo império anglo-americano, contra a Rússia e a China e vários países que se têm oposto à globalização capitalista. Mas, devo sublinhar que num mundo de informação globalizada, necessariamente, a guerra de informação tem de abranger tanto populações «inimigas», como «amigas», tanto um público doméstico, como um estrangeiro. Não pode ser de outro modo, pela natureza global do sistema mediático e pela impossibilidade de se cortar o acesso à Internet de forma demasiado óbvia, devido ao efeito desastroso, que os iria desmascarar.
Ainda assim, têm feito muito no complexo «militar-industrial-policial-tecnológico-mediático» para o domínio das nossas mentes. As catadupas de propaganda constante que se apresentam como «notícias», são - na verdade - o modo mais eficaz para distorcer a imagem da realidade no público, sem que este suspeite disso. O público está convencido que pode confiar nos media da sua escolha, da sua confiança política, sejam estes «mainstream», ou «alternativos». A distorção é eficaz, porque deriva da própria parcialidade das pessoas: Todos nós temos preconceitos, sobretudo no que toca a assuntos de política, de sociedade, de valores, de ideologias.
A «ciência dos media» é uma psicologia aplicada, usa os avanços do saber fundamental em psicologia. Edward Bernays, no princípio do século XX, serviu-se do modelo psicanalítico e adaptou-o à sua teoria das Public Relations. Aliás, ele escreveu o famoso livro «Propaganda»; porém, depois viu que o termo propaganda tinha adquirido conotação negativa, após o III Reich e a IIª Guerra Mundial, e inventou a expressão Public Relations.
Desde Bernays e desde Freud, muito se descobriu em relação à psicologia, ao estudo do comportamento humano, ao estudo da sociedade, das interações individuais e coletivas, da forma como a mente se apercebe do real, como as memórias se formam, como são modificadas e atualizadas, etc.
Na guerra da informação em curso, não existe um lado «bom» e um lado «mau». Todos os lados fazem a sua propaganda, todos os lados usam e abusam do seu controlo sobre meios de comunicação de massa para manter ou reforçar os preconceitos no público.
Se existe arte «maquiavélica», é esta da comunicação mediática, acoplada - como gémea siamesa - à política. Se o que parece ser, é... então para que algo se insira nos nossos neurónios cerebrais, é preciso que haja um «efeito de realidade», que as pessoas «aprendam» a ver e interpretar as coisas, tal como os «senhores feudais» querem. Para esse fim, os poderosos dispõem do acesso ilimitado aos media, à máquina administrativa dos Estados, para exporem e defenderem as suas posições, além de poderem anular a informação dissidente através de blackout ou censura (hoje em dia, no Twitter, Facebook, Youtube...) e com a distorção e difamação dos pontos de vista contrários, sem que os atingidos possam defender-se eficazmente.
Porém, há um aspeto não evidente do controlo mediático: A torrente constante de «notícias» triviais, misturadas com assuntos importantes, tem o efeito ao nível subconsciente, de fazer equiparar tudo o que chega ao conhecimento do indivíduo. Não se trata de relativizar a informação, o que seria positivo, mas de menosprezar tudo por igual, o que impede de ver o que é importante. Este efeito de «overflow» anula a possibilidade da construção de uma visão pessoal do mundo e do real. As pessoas das sociedades híper-conectadas mostram uma surpreendente ausência de «Weltansschauung». Para muitas, as coisas acontecem «por acaso», ou sem existir relação de umas com as outras. Para esta incapacidade de compreender o mundo, contribui o caos propositado dos fluxos contínuos de notícias. Em consequência, a lógica da narrativa dos media sobre um dado assunto é (inconscientemente) apreendida como correta, também porque é reproduzida pelas inúmeras bocas da hidra mediática.
NOTA: Gostaria que o modesto contributo desta série «PROPAGANDA 21», fosse o de chamar a atenção dos leitores para a importância da comunicação de massas. O exame crítico da informação que nos envolve é o meu objetivo, não é inculcar-vos qualquer ponto de vista sobre estes assuntos.
PS1: Veja este vídeo com excertos de conversas de Andrew Tate (a partir dos 29 min.) e veja a razão real porque foi banido da Internet. Eles usam a falsa acusação de misoginia, como cobertura para a descarada censura política que fazem.
JAPÃO: A GERAÇÃO PERDIDA
THE ANIMALS E OS ANOS 60
Os britânicos «The Animals» são um marco inesquecível dos anos 60. Em homenagem ao grupo e seus membros, deixo aqui 40 canções:
https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IORf7pGl2Et34u40666iOQs
Nestes anos, os jovens eram revolucionários: Ocuparam fábricas e faculdades, puseram em cheque as políticas repressivas, não tiveram medo de enfrentar tanto a repressão policial, como a repressão burocrática.
Nos anos 60 passaram-se muitas coisas que eu não imagino possíveis na atualidade. Pelo menos, nos países ditos «ocidentais».
Era assim, nos anos 60, à beira da revolução que acabou por não acontecer no plano político, mas foi bem sucedida na sociedade civil:
LIBERTAÇÃO SEXUAL, LUTA AUTÓNOMA DAS MINORIAS OPRIMIDAS, LUTA ANTI-COLONIAL E ANTI-IMPERIALISTA, SOCIALISMO NÃO-BUROCRÁTICO.
https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IORf7pGl2Et34u40666iOQs
domingo, 21 de agosto de 2022
A JANELA DE OVERTON E A ILUSÃO DA DEMOCRACIA
Neste país à beira-mar plantado, todo ele com os pés na areia e o sol a queimar-lhes os miolos, seria milagre que aqui alguém prestasse atenção ao que escrevo. Como não acredito em milagres, tenho realmente pouca convicção de que alguém, neste soporífero país, veja e explore as pistas de reflexão que lhes apresento. Mas, o Mundo é vasto e a Internet também. De facto, mais de meio milhar de seguidores anónimos consultam este blog diariamente, da Austrália ao Canadá, da Rússia ao Reino Unido.
Para meu público anónimo, quero apresentar um autor de vídeos de Youtube, que descobri muito recentemente: Não me identifico com algumas opiniões dele, ou com certas formulações nalgumas questões. E depois? O essencial é saber se o sumo do que ele expõe tem conteúdo, tem informação; se o discurso do autor é coerente e nos provoca. Sem nos confrontarmos ao outro, como diz Byung-Chul Han, não existe discursividade; e sem ela, a democracia fica - no mínimo - castrada, torna-se uma farsa, um jogo sem conteúdo. Creio que foi George Orwell (Eric Blair) quem definiu melhor a democracia, como «quando podes dizer aquilo que os outros NÃO gostam de ouvir».
Regalem-se pois, com o vídeo abaixo (podem ativar legendas automáticas, em espanhol):
Cómo convencer a la masa: La ventana de Overton -- Los engranajes de Occidente 1
sábado, 20 de agosto de 2022
quinta-feira, 18 de agosto de 2022
PUTIN, DISCIPULO DE MACKINDER NO SÉCULO XXI
Nota prévia: Tenho a maior consideração pela capacidade e honestidade de Alasdair Mcleod, um conservador britânico, que não cede face a quaisquer seduções de expressar simpatias ou antipatias ideológicas. Sei que ele não gosta de Putin e do regime instituído na Rússia, mas como bom analista em geoestratégia, é realista. Construiu (clicar no título abaixo) uma peça notável de análise geoestratégica, embora os seus domínios de especialidade sejam as relações monetárias e os metais preciosos.
Geopolitics: the world is splitting into twoA EVIDÊNCIA mostra que a volatilidade das matérias-primas está nas divisas nas quais são pagas, não nas próprias matérias-primas. A figura abaixo mostra esta relação comparando o preço do petróleo em Euros (curva a cinzento) e o preço do mesmo combustível, expresso em ouro (curva a amarelo)