Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

PROPAGANDA 21 Nº15: A GRANDE BOLHA MEDIÁTICA QUE TUDO RECOBRE


Nós estamos inseridos numa espécie de «Matrix», ou seja, numa redoma em que o Universo nos aparece através dos filtros cuidadosamente calibrados para que, aquilo que se convenciona ser «a realidade» ou a perceção da mesma, não seja disruptiva, não afete o moral das tropas, não lhes permita ver através duma brecha, algo que não seja conveniente aos nossos Senhores Feudais

Em suma, a nossa capacidade crítica tem de ser completamente anulada ou muito diminuída, incluindo táticas de propaganda de guerra, que antes da era da Internet, eram dirigidas e aplicadas contra os países «inimigos» do nosso. Lembro a enorme máquina de propaganda Ocidental e Americana, que foi montada e desenvolvida para os países de Leste e da URSS, em particular, com «notícias» destinadas a mostrar a sociedade capitalista como infinitamente melhor que as suas, apontando e amplificando os contrastes desfavoráveis para os sistemas ditos de socialismo real. Não está aqui em jogo saber se o socialismo real  era de facto socialismo, ou se era outra coisa. Todas as sociedades têm aspetos negativos e todas têm aspetos positivos também. A propaganda é verdadeiramente uma arma de guerra, como foi  reconhecido por Edward Bernays há um século. Tem sido o principal instrumento de domínio das classes «superiores» sobre as populações, desde então. 

Não admira, portanto, que a «guerra informativa» seja levada a cabo pelo império anglo-americano, contra a Rússia e a China e vários países que se têm oposto à globalização capitalista. Mas, devo sublinhar que num mundo de informação globalizada, necessariamente, a guerra de informação tem de abranger tanto populações «inimigas», como «amigas», tanto um público doméstico, como um estrangeiro. Não pode ser de outro modo, pela natureza global do sistema mediático e pela impossibilidade de se cortar o acesso à Internet de forma demasiado óbvia, devido ao efeito desastroso, que os iria desmascarar. 

Ainda assim, têm feito muito no complexo «militar-industrial-policial-tecnológico-mediático» para o domínio das nossas mentes.  As catadupas de propaganda constante que se apresentam como «notícias», são - na verdade - o modo mais eficaz para distorcer a imagem da realidade no público, sem que este suspeite disso. O público está convencido que pode confiar nos media da sua escolha, da sua confiança política, sejam estes «mainstream», ou «alternativos». A distorção é eficaz, porque deriva da própria parcialidade das pessoas: Todos nós temos preconceitos, sobretudo no que toca a assuntos de política, de sociedade, de valores, de ideologias. 

A «ciência dos media» é uma psicologia aplicada, usa os avanços do saber fundamental em psicologia. Edward Bernays, no princípio do século XX, serviu-se do modelo psicanalítico e adaptou-o à sua teoria das Public Relations. Aliás, ele escreveu o famoso livro «Propaganda»; porém, depois viu que o termo propaganda tinha adquirido conotação negativa, após o III Reich e a IIª Guerra Mundial, e inventou a expressão Public Relations. 

Desde Bernays e desde Freud, muito se descobriu em relação à psicologia, ao estudo do comportamento humano, ao estudo da sociedade, das interações individuais e coletivas, da forma como a mente se apercebe do real, como as memórias se formam, como são modificadas e atualizadas, etc.

Na guerra da informação em curso, não existe um lado «bom» e um lado «mau». Todos os lados fazem a sua propaganda, todos os lados usam e abusam do seu controlo sobre meios de comunicação de massa para manter ou reforçar os preconceitos no público. 

Se existe arte «maquiavélica», é esta da comunicação mediática, acoplada - como gémea siamesa - à política. Se o que parece ser, é... então para que algo se insira nos nossos neurónios cerebrais, é preciso que haja um «efeito de realidade», que as pessoas «aprendam» a ver e interpretar as coisas, tal como os «senhores feudais» querem. Para esse fim, os poderosos dispõem do acesso ilimitado aos media, à máquina administrativa dos Estados, para exporem e defenderem as suas posições, além de poderem anular a informação dissidente através de blackout ou censura (hoje em dia, no Twitter, Facebook, Youtube...) e com a distorção e difamação dos pontos de vista contrários, sem que os atingidos possam defender-se eficazmente.

 Porém, há um aspeto não evidente do controlo mediático: A torrente constante de «notícias» triviais, misturadas com assuntos importantes, tem o efeito ao nível subconsciente, de fazer equiparar tudo o que chega ao conhecimento do indivíduo. Não se trata de relativizar a informação, o que seria positivo, mas de menosprezar tudo por igual, o que impede de ver o que é importante. Este efeito de «overflow» anula a possibilidade da construção de uma visão pessoal do mundo e do real. As pessoas das sociedades híper-conectadas mostram uma surpreendente ausência de «Weltansschauung». Para muitas, as coisas acontecem «por acaso», ou sem existir relação de umas com as outras. Para esta incapacidade de compreender o mundo, contribui o caos propositado dos fluxos contínuos de notícias. Em consequência, a lógica da narrativa dos media sobre um dado assunto é (inconscientemente) apreendida como correta, também porque é reproduzida pelas inúmeras bocas da hidra mediática.


Reflexão: Às vezes, sonho com o desaparecimento da Internet e das formas de informação de cima para baixo, que veiculam uma certa imagem do Mundo, como a televisão, a rádio, os grandes jornais, a escola, etc. Mas, isso não teria só lados positivos, com certeza. Muito mais realista será encontrar maneira de viver com estes meios, sabendo que não são neutros, que nunca o foram, que estão intrinsecamente ligados ao modo como é exercido o poder. Por outro lado, se a nossa mente está aberta e crítica, conseguimos nutri-la com informação consistente e com pensamentos originais, criativos. Para não «deitarmos fora o bebé com a água do banho», é preciso nos (auto) educarmos no domínio da comunicação, recorrendo a ciências tão variadas como a psicologia social, a neurologia, a etologia comparada, a evolução biológica.

NOTA: Gostaria que o modesto contributo desta série «PROPAGANDA 21», fosse o de chamar a atenção dos leitores para a importância da comunicação de massas. O exame crítico da informação que nos envolve é o meu objetivo, não é inculcar-vos qualquer  ponto de vista sobre estes assuntos.

PS1: Veja este vídeo com excertos de conversas de Andrew Tate (a partir dos 29 min.) e veja a razão real porque foi banido da Internet. Eles usam a falsa acusação de misoginia, como cobertura para a descarada censura política que fazem.

9 comentários:

Manuel Baptista disse...

Provas claras de censura política pelo google, twiter, instagram, facebook

https://www.youtube.com/watch?v=4HnqhjfGSVc

Não deixe de ver!

Manuel Baptista disse...

Algumas fontes alternativas mostram aquilo que a media mainstream esconde:
https://www.youtube.com/watch?v=TL1slB2bzdE

Manuel Baptista disse...

A simples explicação para a «necessidade» dos muito ricos continuarem a acumular riqueza:
https://consortiumnews.com/2022/08/25/caitlin-johnstone-if-everyone-is-king-no-one-is/

Manuel Baptista disse...

Quem quiser um apanhado não partidário sobre a Ucrânia e o Mundo, poderá ouvir a crónica de Alexander Mercouris no Rumble: https://rumble.com/search/video?q=Alexander%20Mercouris

Manuel Baptista disse...

https://consortiumnews.com/2022/08/26/caitlin-johnstone-fbis-muting-of-hunter-biden-story/

Continuem a usar o Twitter e Facebook... Terão os vossos dados armazenados e analisados pelas agências CIA e NSA.

Manuel Baptista disse...

Um caso extremo de persistente má-fé jornalística: Scott Ritter analisa as peças produzidas por um jornalista sénior da revista Newsweek, para mostrar como a informação está transformada em instrumento de propaganda, sem qualquer preocupação com a verdade dos factos:
https://consortiumnews.com/2022/09/01/scott-ritter-getting-it-wrong-on-ukraine/

Manuel Baptista disse...

Também na Europa, a media convencional tem tido um papel de pura propaganda, em vez de esclarecer, promove uma imagem fictícia da situação:

youtube.com/watch?v=HFysYExapo4

Manuel Baptista disse...

https://off-guardian.org/2022/09/23/deafening-silences-propaganda-through-censorship-smearing-and-coercion/

Manuel Baptista disse...

O autor do artigo teoriza sobre os instrumentos de coerção mental de hoje e do século passado:
https://www.gatestoneinstitute.org/19237/eight-billion-minds