terça-feira, 11 de dezembro de 2018

ENQUANTO A VERDADE É NEGADA, O ESTADO PROFUNDO AVANÇA


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Enquanto a verdade é negada ao público americano e internacional em geral, o «Estado Profundo» da nação que se auto-classifica como «indispensável» continua a manobrar com total impunidade.

Em múltiplas ocasiões verifica-se que Trump foi ultrapassado pelo «Estado profundo», nomeadamente em relação à sua política de apaziguamento com a Rússia, sabotada múltiplas vezes, sendo a última o incidente marítimo no estreito de Kerch, com navios de guerra ucranianos entrando em águas territoriais russas, uma manobra destinada a provocar um aumento de tensão ao nível não apenas local, mas a bloquear qualquer movimento de países europeus e  de  Trump no sentido de aliviar a política de sanções
Estas sanções, como sabemos, têm sido talvez piores para os países europeus e aliados dos EUA, do que para a Rússia propriamente. Esta política tem propiciado que Putin leve a cabo a modernização do arsenal estratégico russo, o aumento da operacionalidade das forças armadas, o reforço da aliança com a China em todos os domínios, incluindo o militar, a aceleração da «desdolarização» da economia russa. 

O incidente com a prisão no Canadá, por pedido expresso dos americanos, sobre a cidadã chinesa, Meng Wanzhou, directora executiva da Huawei, filha do principal accionista da mesma, tem contornos demasiado escabrosos. 
O pretexto de que a Huawei tem relações comerciais com o  Irão, seria risível, se não fosse uma negação patente da lei e direito internacionais. Com efeito, a referida directora da Huawei não cometeu nenhum crime, nem face às leis americana ou canadiana nem face à lei internacional, para ser colocada nesta posição. É, portanto, o equivalente ao nível de Estados de uma tomada de refém por bandidos. Reflecte este acto exactamente aquilo em que se tornaram os EUA, desde que os neocons fazem a lei, ou seja, desde as presidências de Bill Clinton, G. W. Bush, Obama e agora de Trump.

Em termos de lei internacional, os EUA deve ser considerado um «Estado pária», um «rogue State», pois as convenções e regras internacionais, quer as que regem relações ao nível dos Estados, quer de empresas tanto entre elas, como com Estados (direito internacional privado), estão a ser postas em causa flagrantemente pelos EUA, os quais só as invocam quando isso lhes convém para a sua retórica. 
Para cúmulo, também as convenções internacionais que protegem os cidadãos do arbítrio dos Estados, são espezinhadas, agora. 
Com esta política, os Estados-vassalos, particularmente na Europa, terão as maiores dificuldades de se alinharem e mesmo serão forçados a entrar em contradição com a política dos EUA. Já o fizeram em relação à retirada unilateral dos EUA do acordo com o Irão.  

Face a tanta falta de senso político e mesmo de senso comum, há que tentar compreender a razão e lógica subjacentes a isto tudo. Parece-me que o Estado profundo tem forçado Trump a aceitar políticas contrárias às suas crenças e à vontade que exprimiu na campanha eleitoral, que foram uma das razões porque foi eleito, sendo a outra, o facto de uma vasta camada de eleitores estar farta de ser humilhada por uma «elite» bem pensante (liberal de esquerda), que apoiava Clinton. 

Podemos criticar severamente as incoerências das posições e dos actos praticados por Trump, sem dúvida. Sem dúvida, ele tem responsabilidades. 
Mas, parece-me que ele está sujeito a chantagem. Parece-me que muito do que se passa por detrás da cena tem a ver com isso. Parece-me que o «Estado profundo» dispõe de meios eficazes de exercer chantagem. Usou essa chantagem com a pretensa cumplicidade russa na sua campanha e eleição de 2016, quando, na verdade, foram Obama e Hillary que deram aos russos a concessão (perigosa, em termos de defesa dos EUA), o acordo dito do urânio, segundo o qual os russos efectuariam a refinação do combustível nuclear, destinado às centrais nucleares americanas. 
Sabemos que o Estado profundo americano tem no seu passado o assassinato de um presidente (JF Kennedy) e de muitos outros destacados cidadãos (Martin Luther King, Malcolm X, etc, etc), para não falar do golpe de Estado, encoberto de ataque terrorista, do 11 de Setembro de 2001
Este Estado profundo não é «reformável» e nem creio que seja possível aplacá-lo. 
Trump tem sido obrigado a ceder em aspectos vitais da política americana. A própria composição do governo tem sofrido alterações no sentido de colocar homens e mulheres de confiança dos neocons, como John Bolton, enquanto garantes de que as políticas de Trump não tomem caminhos demasiado contrários aos desígnios estratégicos deles. 

Sem dúvida, os EUA são efectivamente um país de «partido único» como diz Chomsky, com duas alas, os Democratas e os Republicanos... Eu acrescentaria que por detrás da cena quem tem realmente a chave do poder nos EUA são os neocons, sendo estes voluntariamente, agentes do complexo militar industrial e securitário, agentes dos lobbies do armamento, da agro-indústria, da indústria farmacêutica e, sobretudo, da grande banca, de «Wall Street», os interesses financeiros, que possuem directa ou indirectamente uma enorme fatia dos EUA.

domingo, 9 de dezembro de 2018

BREXIT, COM OU SEM ACORDO, EIS A QUESTÃO

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Na próxima terça-feira 11 de  Dezembro haverá, em princípio, a votação do acordo negociado por Theresa May com a Comissão Europeia e cuja conclusão originou uma grande celeuma, inclusive nas fileiras do Partido Conservador, causando demissões no próprio gabinete e havendo uma oposição interna nos deputados do partido conservador. 
A votação poderá ser adiada, por manobra dos apoiantes de Theresa May, que assim esperam obter algum semblante de concessão suplementar dos eurocratas de Bruxelas. Mas isto apresenta-se, desde já, como altamente improvável. 
Se não houver adiamento da votação, o mais certo é o acordo ser rejeitado, por votos conjugados da oposição trabalhista, dos deputados Tories rebeldes e do partido unionista (da Irlanda do Norte).  
Com efeito, os trabalhistas terão vantagem em provocar uma eleição geral antecipada, os Tories descontentes não querem arcar com a responsabilidade de um acordo, segundo o qual, muitas prerrogativas do império de Bruxelas e inclusive legislação comunitária, vão continuar por largos anos, na transição... por fim, os unionistas pretendem mostrar que existem e que a fronteira do Ulster será, de novo, a linha de demarcação das duas Irlandas... 

Porém, a conjugação destes interesses parciais está a criar obstáculos à «elite» dos negócios, que se acantona na «City» de Londres, mas com ramificações em todas as praças financeiras da Europa e controlando muitos paraísos fiscais, desde as ilhas do canal (Ilhas Jersey, Man, Wight...), ou Gibraltar, ou ainda, as ilhas e arquipélagos das Caraíbas sob domínio da Coroa Britânica... 
Para esta elite da finança, o fluxo permanente de capital vindo do continente europeu é demasiado importante, vital mesmo. Têm feito tudo o que está em seu poder para conseguirem a manutenção da liberdade total de circulação dos capitais entre a Europa continental e a Grã-Bretanha e todos os seus domínios. 
É este o verdadeiro motivo pelo qual o governo de May se bateu e se bate com tanta energia para fazer aceitar o acordo obtido com a Comissão Europeia. 
Nesta luta há interesses contraditórios, há capitalistas britânicos que pensam que têm mais a perder do que a ganhar, com o arranjo agora conseguido. Haverá forças apostadas num isolacionismo - maior ainda - das ilhas britânicas, convencidos que, havendo uma abertura grande no que toca aos negócios, a Grã-Bretanha terá dificuldade em manter a porta fechada no que respeita à emigração do centro e leste europeu. Não se esqueça ter sido esse o motivo principal pelo qual muitos desses britânicos votaram pelo Brexit. 

Do ponto de vista da estabilidade do poder político, não se poderá esperar uma reviravolta muito ampla, dado que dentro do partido trabalhista existem fortes divisões também e numa eventual eleição antecipada que desse uma maioria ao Labour, haveria forças contraditórias a Jeremy Corbyn, o qual considerou que não se deveria voltar atrás no voto do «Brexit».

Portanto, com ou sem May, a saída da Grã Bretanha será uma realidade, com mais ou menos peripécias de negociação. 

Do lado dos burocratas de Bruxelas, não há dúvida de que querem fazer com que o divórcio seja o mais penoso possível, para dar o exemplo a outras nações tentadas a ir pela mesma via... Mas, no fundo, uma parte deles deve estar muito contente. 
A predominância de Frankfurt como principal praça financeira da Europa, diminuindo o papel da City, será um dos motivos disso. 


sábado, 8 de dezembro de 2018

COLETES AMARELOS: A OLIGARQUIA AMEAÇADA



Por uma vez, as pessoas comuns, do povo, podem afirmar a sua saturação de serem sistematicamente humilhadas, espremidas com taxas e impostos, para que uma classe rica e parasitária continue, mesmo nos momentos de «austeridade», a levar uma vida faustosa. 
Não será este um renovo da grande revolução francesa, de 1789 - 1793 cujos avanços permitiram o Estado moderno? Os valores em que se apoiam - hoje ainda - as constituições, não apenas da França, como em todos os Estados que se dizem democráticos? 
A esta distância histórica da Grande Revolução Francesa, acho que é mais que tempo que estes princípios comecem a ser postos em prática. 
É mais que tempo que a oligarquia que governa nos Estados europeus, ou no mundo inteiro, seja apeada, não para novos chefes emergirem, mas sim para uma nova forma de governo, sem chefes, o que seria afinal o sonho e a forma genuína de poder do povo.
Este movimento dura e aprofunda-se. Dura e alastra. Quem não é da oligarquia dos diversos países não tem nada a temer, antes deve regozijar-se e desejar que esta revolução pacífica alcance o máximo, não apenas em reivindicações materiais, como na verdadeira renovação do «contrato social».

            https://www.youtube.com/watch?v=Skcq-yDca80

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A MAIS BELA CANÇÃO DE TODOS OS TEMPOS PELAS MELHORES CANTORAS

Como sabem, sou absoluta e irremediavelmente romântico. Portanto, não se devem admirar das minhas escolhas.

Eva Cassidy tem intimidade na voz e um arranjo pessoalizado da peça que todos conhecem e que, por isso mesmo, é quase impossível inovar. Pois ela conseguiu esse prodígio; uma verdadeira força da natureza!


                                  Autumn Leaves






                                 
                                    Les Feuilles Mortes

Juliette Gréco é também fenomenal como cantora, tendo tornado bem célebre a canção sobre o poema de Jacques Prévert, escrito em 1945. 
A música foi composta por Joseph Kosma. O seu primeiro interprete foi Yves Montand.
Este sucesso foi depressa traduzido para o inglês sob o título «Autumn Leaves» e tornou-se um clássico, inúmeras vezes gravado, especialmente pelos artistas de jazz.



LES FEUILLES MORTES
(Letra de Jacques Prévert, 1945)
Oh, je voudrais tant que tu te souviennes,
Des jours heureux quand nous étions amis,
Dans ce temps là, la vie était plus belle,
Et le soleil plus brûlant qu'aujourd'hui.

Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Tu vois je n'ai pas oublié.
Les feuilles mortes se ramassent à la pelle,
Les souvenirs et les regrets aussi,

Et le vent du nord les emporte,
Dans la nuit froide de l'oubli.
Tu vois, je n'ai pas oublié,
La chanson que tu me chantais.

C'est une chanson, qui nous ressemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.

Et la vie sépare ceux qui s'aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.
Et la mer efface sur le sable,
Les pas des amants désunis.

Nous vivions, tous les deux ensemble,
Toi qui m'aimais, moi qui t'aimais.
Et la vie sépare ceux qui s'aiment,
Tout doucement, sans faire de bruit.

Et la mer efface sur le sable
Les pas des amants désunis...


quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

UMA REDOMA DE «VERDADES»... QUE SÃO MENTIRAS

Esta é a media que nós temos no «livre» Ocidente. Os órgãos considerados de «esquerda» como o The Guardian (1) a perseguirem com mentiras Julian Assange, as incessantes campanhas governamentais anti-russas (2), apoiadas numa media mais que complacente, um silêncio total na media corporativa sobre os crimes (3) do falecido ex-presidente dos EUA e criminoso de guerra George H W Bush... A lista seria demasiado extensa e tornaria enfadonho este artigo. Mas os leitores podem sempre ver, por eles próprios, e pesquisar. 

Agora, queria colocar uma reflexão pessoal sobre esta situação. Eu sei que uma parte da cidadania está completamente abúlica, indiferente às consequências das políticas internacionais do seu país, principalmente se este for poderoso como os EUA, a Alemanha, o Reino Unido, a França... Outra parte, toma como suas as «verdades» fabricadas pela propaganda de Estado, que são constantemente propaladas, vilificando o «inimigo».  
O que eu queria colocar como questão é a da responsabilidade factual, não apenas moral, de uns e outros. 
Se alguém no vosso entorno se prepara para cometer um crime, se o chega a concretizar, se até o repete e perpetua, o vosso dever é claro: denunciar o crime e o criminoso e de forma a fazer tudo para que não possa continuar esse crime. 
Por que motivo se considera tolerável que em «nosso» nome (não dizem que o povo é «soberano» nas chamadas democracias?) se faça isso mesmo, crimes dos mais horrendos, crimes de guerra, constantemente? 

Penso que as pessoas que se acobardam e ficam muito caladinhas para não serem inquietadas, são desprezíveis. Mas, que dizer da postura de pessoas que têm voz activa, nomeadamente, os escribas da media que incitam ao ódio contra outras nações ou contra os seus governantes, os quais foram eleitos livremente e são apoiados pelos seus povos respectivos, conforme tem sido revelado em sondagens não suspeitas de conivência com os ditos governos? 
Note-se que no caso desses «fazedores de opinião», há uma deliberada vontade de manipulação da opinião pública. É um crime «perfeito» na medida em que eles/elas estão exercendo um «direito de opinião» e não serão inquietados pelas consequências -muitas vezes trágicas - das políticas que preconizaram.

Considero que muito do inferno em que se transformou o mundo contemporâneo se baseia da incapacidade das pessoas tomarem responsabilidade pelos seus actos. 
As pessoas, ao delegarem noutras as responsabilidades políticas máximas como, obviamente, a possibilidade de uma nação entrar numa guerra, não estão a aligeirar as suas responsabilidades, mas sim a tornarem-se coniventes com tudo o que seus líderes políticos decidiram em seu nome. 
Antigamente, a decisão de fazer a guerra era acompanhada por uma declaração de guerra, dirigida à potência inimiga. Quando os regimes se tornaram mais «democráticos», foi norma apenas haver declaração de guerra se esta fosse autorizada pelos respectivos parlamentos. 
Porém, a partir de certa altura, as guerras têm sido combatidas por «proxi», ou seja, por outros países ou forças que são treinadas, armadas, equipadas, financiadas por Estados poderosos como acontece, por exemplo, no caso dos grupos jihadistas no Médio Oriente ou em África. Igualmente, têm sido incentivadas guerras civis, como o conflito entre as repúblicas separatistas e o governo de Kiev, na Ucrânia, ou querelas de fronteiras, em inúmeros casos. 
Isto torna essas guerras muito piores e mais difíceis de serem terminadas, pois os que as promovem não estão directamente envolvidos e, portanto, não sofrem em pleno as consequências das mesmas. 
Quando directamente envolvidos, como os EUA e NATO na guerra sem fim do Afeganistão, trata-se de uma obsessão de grande potência e uma forma de manter um grande contingente nesta zona estratégica do mundo, sem a qual guerra, não haveria razões plausíveis para aí manter grandes bases e contingentes militares. 

As guerras são realmente a negação mais completa de todos os direitos humanos; a guerra em si mesma é considerada ilegítima pela ONU, considera-se que iniciar a guerra é - por si só - um crime contra a humanidade. 
Infelizmente, o direito internacional é feito em pedaços justamente pelas potências que teriam os meios e dever de o defenderem. A sua criminalidade é absolutamente evidente, à luz dos próprios tratados e princípios básicos que as mesmas potências instauraram e dizem defender. 
Se a nossa época se caracteriza por uma total dissociação entre princípios proclamados e a prática dos dirigentes, então isso deve-se a uma cidadania abúlica, ou conivente, com os responsáveis políticos. Quanto a estes, são tanto mais responsáveis, quanto mais poder tenham: um dirigente de partido político, um deputado, um membro de governo, têm maior responsabilidade que um simples cidadão. 
Mas os que apoiam activamente esses personagens, como jornalistas e «fazedores de opinião», constantemente presentes nos media, têm também uma larga responsabilidade. 
Os que se deixam embalar pelas suas mentiras e pela sua propaganda, ou que sejam completamente indiferentes, não acreditando, mas também não as denunciando, são coniventes com todos esses crimes.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

ESTUDANTES MARXISTAS NAS UNIVERSIDADES CHINESAS

                 

Pode parecer um pouco estranho que um grupo se denomine de «marxista» e não seja membro do PC Chinês ou das suas diversas organizações de juventude e estudantes, sobretudo num regime que erigiu como doutrina de Estado o marxismo-leninismo interpretado à maneira de Mao. 
Mas é isso que acontece, com um grupo que tem dado que falar e tem incomodado as autoridades académicas e outras. 
Este grupo defende lutas de trabalhadores e põe acima do sucesso nos estudos e da ascensão na carreira, a dedicação à causa do proletariado, como dificilmente conseguimos vislumbrar em qualquer faculdade do «Ocidente», nos dias que correm. Tem denunciado casos de assédio, de corrupção e incompetência, de abusos de poder e portanto, não podem ser «bem vistos» pela hierarquia. 

Tive conhecimento de que este grupo sofreu repressão e - por isso - penso ser importante divulgar estas notícias. Com efeito, duas destacadas activistas foram «desaparecidas»(*) e ninguém - nem os colegas, nem a família - sabem do seu paradeiro. 

                            

É preciso não esquecer que a maior concentração de riqueza  - colectivamente - são as famílias dos altos dignitários do regime. Muitos deles netos e bisnetos de líderes da época «heróica», são como uma espécie de aristocracia nascente, a qual controla sectores inteiros de indústria, tendo também fortunas no exterior da China, espalhadas por inúmeros activos - imobiliários e outros - como é do conhecimento geral. 
Por isso, não será fácil propagar e fazer sua a causa da emancipação do proletariado, nas condições reais, materiais, do regime chinês. Há muitas contradições entre o poder que se estabeleceu e a generalidade do povo trabalhador. O resultado disso, a mais breve ou longo trecho, será uma revolução, quando se tornar impossível continuar uma expansão (capitalista) da economia chinesa, tal qual tem ocorrido nestes três últimos decénios. 

Gostaria que as pessoas com ilusões sobre a China, enquanto sociedade socialista, como existem muitas em Portugal nas fileiras de partidos de esquerda e extrema-esquerda, se dessem ao trabalho de ver a realidade para lá dos slogans. 
Temos - enquanto país - todas as vantagens em ter um bom relacionamento com a República Popular da China, disso não tenho dúvidas. Porém, também me parece evidente a necessidade de um olhar crítico sobre o que se passa nesse imenso país. 

(*) Segundo as informações do artigo de «supchina» as militantes do grupo Yue e Gu continuavam desaparecidas à data da sua publicação, 15 de Novembro deste ano.

domingo, 2 de dezembro de 2018

LISBOA- PEQUIM: OS NÚMEROS DAS RELAÇÕES BILATERAIS


                       

Xi Jin Pin visita Portugal, a partir de dia 4 de Dezembro. Esta visita será ocasião para a assinatura de importantes acordos. Para melhor se avaliar a realidade das relações presentes entre Pequim e Lisboa, decidi reproduzir alguns números fornecidos pela agência Lusa:

3.393 milhões - Valor em dólares do saldo da balança comercial entre Portugal e a China, entre janeiro e julho deste ano. Durante aquele período, Portugal comprou ao país asiático bens no valor conjunto de 2.099 milhões de dólares (+1,43%, em termos homólogos), e vendeu mercadorias num total de 1.294 milhões de dólares (+16,87%).

13.º - A China era, em julho deste ano, o 13.º cliente de Portugal e o seu sexto fornecedor.

10.000 milhões de euros - Montante investido em Portugal pela China, desde que, em 2012, a China Three Gorges (CTG) comprou uma participação de 21,35% no capital da EDP.

256.735 - Turistas chineses que visitaram Portugal, em 2017, um acréscimo de 40,7%, face ao ano anterior.

130 milhões - Montante em euros gasto pelos turistas chineses durante a sua estada em Portugal, no ano passado

27.854 - Vistos emitidos pelas secções consulares portuguesas na China continental (exclui Macau e Hong Kong), em 2017. A China é o segundo país onde Portugal mais emite vistos, a seguir a Angola.

15 - Centros de vistos que Portugal tem na China, a cargo do grupo privado VFS Global.

3.952 - Cidadãos chineses que obtiveram a Autorização de Residência para a atividade de Investimento (ARI), os chamados vistos 'gold', desde que o programa entrou em vigor, em outubro de 2012.

1.110 - Portugueses que residiam na China continental, em 2016.

100 - Treinadores portugueses de futebol a trabalhar na China. O 'desporto-rei' será a área que mais portugueses emprega no país, reflectindo a ambição de Pequim de elevar a selecção chinesa ao estatuto de grande potência.

25 - Universidades da China continental com licenciatura em língua portuguesa.

- Número de universidades portuguesas - Aveiro, Coimbra, Lisboa e Minho - onde o Instituto Confúcio, organismo patrocinado por Pequim para assegurar o ensino da língua e cultura chinesas, está já implantado.