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terça-feira, 7 de setembro de 2021

DESTRUIÇÃO SISTEMÁTICA DAS POUPANÇAS, SALÁRIOS E PENSÕES

Quando as pessoas ouvem falar do «Great Reset» ou «Grande Reiniciação», pensam, geralmente, como algo que acontecerá no futuro. Além disso, a média dá notícias, como se incidisse «apenas» sobre os grandes acordos monetários, um «Bretton Woods II», algo que se passaria longe da economia do dia-a-dia, da nossa vida. Mas, na verdade, isto é um truque dos poderosos, com a conivência da média económica.

Vou tentar explicar claramente por que razão...
(a) o «Great Reset» está em curso e em fase adiantada
(b) isso tem tudo a ver com nossas vidas pessoais (pensões, ordenados, poupanças, contas bancárias)
(c) o completar do plano - com a total digitalização das divisas - equivale à nossa transformação em servos da gleba face aos senhores feudais globalistas.

Mas comecemos pelo princípio: O sistema de Bretton Woods, o sistema monetário instaurado em 1944, assumia-se ancorado ao padrão-ouro, mas esse ouro só podia ser remido de um banco central para outro banco central. O dólar US funcionava como moeda de reserva, tendo uma paridade fixa (35 dólares /onça de ouro troy) e todas as restantes divisas iriam ter indiretamente ligação ao ouro, através da cotação ao dólar.

Em 1971, há meio século, Nixon fez uma mudança, instigado pelos seus conselheiros, vendo a dívida dos EUA aumentar, pelo lançamento, alguns anos antes, de ambiciosos programas sociais pela administração Johnson e pela intensificação da guerra do Vietnam, a qual absorvia, além de muitos americanos jovens (criação do serviço militar obrigatório), quantidades enormes de dólares para alimentar a máquina de guerra. Por outro lado, os parceiros dos EUA estavam cada vez mais suspeitosos da sua solvabilidade e da cobertura em ouro do dólar. Eles tinham adotado a prudente estratégia de pedir que os dólares em excesso nos cofres dos seus bancos centrais fossem remidos em ouro. Isso aconteceu, nomeadamente, com a França e com a Grã-Bretanha. A declaração de Nixon, a 15 de Agosto de 1971, decretando a não convertibilidade «provisória» do dólar em ouro, foi de facto, um incumprimento contratual («default») pelo Estado que tinha sido o principal arquiteto (e beneficiário) do sistema instaurado em Bretton Woods.

O resultado deste estado de coisas arrasta-se até hoje, em que não apenas o dólar, como todas as divisas, em todo o mundo, são mantidas numa «paridade flutuante». As cotações são baseadas na «confiança» nos respetivos governos. É o significado do nome latino «fiat». Em bom português, as divisas têm como fundamento o sopro do vento, o ar.

O sistema passou - em 1971 - a ser baseado, exclusivamente, no crédito. Se um determinado governo e, por extensão, o respetivo banco central, «merecem confiança» dos investidores, estes não terão problemas em emprestar-lhes dinheiro (comprando obrigações, ou bilhetes do tesouro). As obrigações do tesouro desse país deveriam teoricamente dar um juro suficiente para atrair os investidores. O juro remunera o tempo em que o título (a obrigação, ou outro instrumento de crédito), está em dívida, para compensar o investidor que emprestou o dinheiro. Porém, se houver desconfiança quanto à solvabilidade daquele Estado, ou sua vontade em restituir o dinheiro emprestado, os juros subirão na proporção dessa desconfiança.

O sistema monetário baseado no crédito tem como pilar fundamental os bancos centrais, que emitem divisas (notas de banco ou equivalente eletrónico), para cobrir as emissões de dívida dos respetivos Estados. Se não houvesse a participação dos bancos centrais nos leilões da dívida dos Estados, esta teria - com certeza - um juro mais alto. Há cerca de dez anos, os leilões de dívida dos «PIIGS» passaram a ser cobertos regularmente pelo Banco Central Europeu, de tal maneira que aqueles têm conseguido colocar a dívida apesar dos juros ridículos, iguais ou mais baixos que as emissões de dívida dos EUA ou doutros Estados, muito mais sólidos que os países do Sul da UE (que essa perceção de solidez seja certa ou errada, não está em discussão, aqui).

A distorção permanente do valor do dinheiro (1), ou seja dos juros da dívida, tem consequências. Note-se que todo o dinheiro é «fiat»: Neste sistema, o dinheiro, não é mais do que dívida.

Uma grave consequência disto, é a perda de poder aquisitivo das pensões. Com efeito, o sistema de pensões está baseado no princípio de se dar na fase ativa profissional, para se reaver através de uma pensão, uma quantia fixa, recebida quando, por idade ou por deficiência, já não se pode trabalhar.

Ora, as pensões são atacadas de duas maneiras: uma, pela perda do poder de compra do dinheiro. Se os objetivos de inflação de 2% anuais do BCE ou da FED fossem cumpridos (2), as pessoas reformadas perderiam em 10 anos, pelo menos 20% ou mais, em poder de compra da sua pensão, o que não é nada trivial. Estas pensões quase nunca são aumentadas e quando o são, os aumentos são tardios e insuficientes para cobrir a perda de poder de compra.
Outra forma de ataque, deve-se ao facto dos fundos de pensões terem dificuldade em obter a rentabilidade mínima para se (auto)sustentarem no longo prazo, devido à descida radical dos juros. Esta descida incita os fundos de pensões a aumentarem, cada vez mais, a proporção de investimentos especulativos (bolsa, etc.), arriscando no casino financeiro as garantias de pagamento das pensões.
Quanto aos salários: Em teoria, os trabalhadores podem, mediante lutas reivindicativas, conquistar melhorias salariais. Isto, porém, não existe hoje, em múltiplas situações, porque as pessoas são sujeitas a emprego precário, a repressão das atividades sindicais é uma realidade e devido a outras circunstâncias, os salários reais (em termos do seu poder de compra) têm diminuído.

Mas, todo o dinheiro é crédito. Quando as pessoas pedem um crédito ao banco, para compra de uma casa, por exemplo, este dinheiro é escriturário: ou seja, o banco inscreve determinada soma na conta bancária do cliente e este fica a dever-lhe prestações mensais mais os juros, durante o tempo do contrato. O dinheiro não existia antes, não foi retirado da conta doutros clientes, ou dum fundo pertencendo ao banco. Foi criado «ex-nihilo». Aliás, a maior parte do dinheiro em circulação é gerado desta forma.
O dinheiro que os devedores do banco pedem emprestado, deve considerar-se uma ficção, em última análise. Mas, TAL NÃO É O CASO do dinheiro gerado pelas atividades económicas dos mesmos clientes. Foram estas atividades que permitiram que eles tivessem um excedente (sobre a satisfação de suas necessidades imediatas) e, com ele, pagassem as prestações. Digo que não é o caso, pois esse dinheiro foi gerado em retribuição de trabalho (e mesmo se foi de rendimentos, indiretamente resulta do trabalho de alguém).
Portanto, o dinheiro real (resultante da atividade económica) serviu para extinguir a dívida contraída junto do banco, mas essa dívida constituiu-se com CAPITAL FICTÍCIO.
Aliás, a prova disso é que quando a dívida se extingue, esse dinheiro também se extingue. No fundo, o que o banco esteve a fazer, foi trazer para o horizonte temporal do presente, a soma necessária ao cliente para obter determinado bem material (uma casa, neste exemplo), sendo essa soma paga num intervalo de tempo, com a taxa de juro calculada, tendo em conta a desvalorização do dinheiro nesse intervalo de tempo, mais a remuneração (lucro) do banco.

Visto que tudo funciona com base no crédito, os juros de referência dos bancos centrais tornam-se ainda mais importantes, pois servem para determinar os restantes juros. São também importantes para avaliar a rentabilidade do capital investido.
Ora, a mais ostensiva falsificação do valor do dinheiro «fiat», começa com as catadupas que foram vertidas a partir de 2008 no sistema financeiro, sobretudo nos bancos ditos 'sistémicos', para estes não colapsarem, mas sem qualquer contrapartida. Estes bancos não investiram na economia, não emprestaram para realizar investimentos produtivos, o que teria um efeito multiplicador. Preferiram manter o dinheiro em contas, que eles detêm nos próprios bancos centrais (contas onde guardam os excessos de reservas), recebendo um juro minúsculo, mas seguro. Alternativamente, emprestaram a grandes empresas tecnológicas (Google, IBM, Apple, etc., etc.) e outros gigantes que, por seu turno, usaram este crédito muito barato para auto-compra das ações. Desta forma, aumentam a cotação bolsista das suas próprias empresas e arrastam os especuladores a comprar essas ações.

Na base da bolha enorme, que se observa em todas as grandes bolsas mundiais, estão - sem dúvida - os bancos centrais e sua deliberada estratégia. A teoria (falaciosa) deles, é de que isso dá aos indivíduos uma perceção subjetiva duma economia a funcionar bem, o que os iria encorajar a investir e a consumir.
Esta conversa já não nos deveria enganar, pois:
- Primeiro, muitas pessoas ignoram completamente, ou veem de longe o mercado de ações;
- Segundo, os investidores normais não têm acesso a créditos com juros de favor, que as grandes empresas obtêm para jogar na bolsa. Para o comum dos mortais, as taxas de juro, de empréstimos para estes ou outros fins, estão longe de ser próximas de zero;
- Terceiro, as pessoas (já) não têm capital disponível para investir em bolsa, pelo menos de um modo significativo, pois os salários perderam muito do seu poder de compra, nestes últimos 30 anos. Por esse motivo, aliás, cada vez mais compram a crédito bens de consumo, estudos, ou férias, que dantes pagavam a pronto, ou com as pequenas poupanças que faziam.

A destruição do valor das divisas fiat, é uma estratégia deliberada dos governos e bancos centrais, para minorar a enorme dívida que se acumulou:
Primeiro, houve a crise de 2008, depois a continuidade da economia deficitária, mas convenientemente ocultada e, finalmente, a chamada «crise do COVID», que veio mesmo no tempo exato, ocultar a disfunção no coração do sistema, nomeadamente, o financiamento interbancário (o «Repo market»).
A partir de Março de 2020, os bancos centrais têm vindo a acelerar a impressão monetária, a um ritmo tal, que será impossível qualquer «atenuação». Basta pensar no que aconteceu em dezembro de 2018, após alguns meses de redução (apenas redução!) dessa impressão monetária. A FED teve de inverter completamente a sua política, sob pena duma crise, financeira e monetária, rebentar com efeitos brutais na economia real.
Foi exatamente o que se passou em Março de 2020, mas numa escala ainda maior. O discurso sobre futura redução do caudal («tapering») é para adormecer os incautos e para satisfazer os governos, que também precisam de adormecer seus eleitores.
De facto, os bancos centrais preparam-se para a destruição final do dinheiro «fiat». Estão ativamente a preparar o lançamento de «criptomoedas», centralizadas, por eles produzidas e controladas. Nessa altura, a digitalização do dinheiro será completa. Não será possível comprar um objeto ou serviço, com dinheiro-papel. O dinheiro-papel poderá ficar como objeto de coleção, tal como certas emissões de selos de correio, somente compradas por filatelistas, ou moedas em ouro ou prata, para os numismatas colecionarem.

Interessa à oligarquia e aos governos que as pessoas guardem o dinheiro inteiramente à mercê deles, nas suas contas eletrónicas. Elas não poderão fazer sair esse dinheiro, senão gastando-o. Mas, qualquer gasto terá a «impressão digital» indelével, pelo que tudo o que fizermos estará totalmente sob escrutínio das grandes corporações e dos Estados.

Além disso, podem estes sistemas de dinheiro 100% digital, aumentar a eficácia da coleta de impostos (sobretudo dos nossos, não os dos muito ricos). Não havendo possibilidade de fuga aos impostos, haverá uma punção periódica, calculada em função dos parâmetros do teu rendimento e do teu consumo.
Por fim, os bancos comerciais poderão cobrar taxas sobre os depósitos. Estaremos sujeitos à sua chantagem permanente. Note-se que as pessoas não terão opção: Hoje em dia, podes pagar em dinheiro físico qualquer coisa. Isso não é ilegal, nem sequer é suspeito. De futuro, as possibilidades de fazeres o que entenderes com o teu dinheiro ficarão limitadas. E, não se trata de atividades ilícitas, mas de atividades do dia-a-dia. De futuro, mesmo pequenas despesas deixarão de estar fora do escrutínio dos sistemas de Inteligência Artificial e dos que detêm o controlo sobre os mesmos.

Estamos perante perigos reais para a nossa autodeterminação, privacidade, possibilidades de escolha, para a liberdade dos indivíduos. Além disso, ninguém pode saber em que mãos esses tais sistemas podem ir parar, no futuro. Os sistemas de pagamento digitais centralizados têm demasiados inconvenientes para as pessoas comuns, mas são imensamente úteis para a oligarquia que tudo domina.

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(1) «Os juros negativos são uma aberração. São uma tomada de reféns. Se toda a gente pudesse obter empréstimos com juros negativos, o Euro seria imediatamente destruído.» (da newsletter de Guy de la Fortelle «L'Investisseur Sans Costume»)

(2) Ver inflação real, calculada por John Williams, Shadowstats.com

sexta-feira, 5 de março de 2021

ALGUNS NÚMEROS DO NAUFRÁGIO DA ECONOMIA MUNDIAL


[tradução de parte de artigo de Simon Black, «Sovereign Man», «28 Triliões de Razões Para Ter um Plano B» ] 

Na Segunda-feira, 1º de Março deste ano, há apenas alguns dias, a dívida pública dos EUA atravessou a marca dos 28 triliões de dólares, pela primeira vez na História.
Para irmos até ao cêntimo, aqui fica: a dívida pública atingiu a soma de $28 004 376 276 999.35.

Note que este valor não inclui os 1,9 triliões de dólares do «estímulo Covid», que o Tio Sam está em vias de aprovar, nem o resto dos gastos em défice, com os quais eles estão já a contar, para o ano fiscal corrente.
Pode, portanto, ver como a dívida irá rapidamente disparar para lá dos 30 triliões de dólares, «enquanto o diabo esfrega um olho».
É de notar que foram precisos mais de dois séculos, para os Estados Unidos chegarem ao seu primeiro trilião de dólares de dívida - um marco alcançado a 22 de Outubro de 1981.
Nesses dois séculos (74 984 dias, para ser exacto), os EUA combateram em duas Guerras Mundiais, tiveram a «Gripe Espanhola», atravessaram a Grande Depressão, confrontaram a União Soviética na Guerra Fria, combateram contra si próprios na Guerra Civil, puseram um homem na Lua, etc., antes da sua dívida pública ultrapassar 1 trilião de dólares.
O mais recente trilião de dívida foi acumulado em apenas 152 dias.
Pense nisto: quase 75 000 dias para o primeiro trilião, 152 dias para o último.
Ainda mais abismal: Foi apenas em Setembro de 2017, que a dívida nacional atravessou pela primeira vez o marco dos 20 triliões de dólares.
Então, quando a dívida alcançar fatalmente os 30 triliões, no decorrer dos próximos meses, isto quer dizer que cresceu de 10 triliões, em apenas quatro anos.
Aliás, não existe absolutamente nenhum sinal para o fim disto. O Departamento do Tesouro e a Reserva Federal estão ambos, fanaticamente, marchando a passo cadenciado: não há valor de dívida que seja excessivo, não existe impressão monetária que seja demais.
Eles acham perfeitamente lógico que o governo estrangule largas partes da economia, forneça incentivos financeiros às pessoas, para serem economicamente não-produtivas, mas depois, «remedeiam» com a impressão monetária e vão a fundo na dívida. 
Têm uma preocupação igual a zero em relação às consequências financeiras no longo prazo das suas decisões, como também, em relação aos impactos sociais e psicológicos das mesmas.


Se concorda com esta política, que tem sido a dos EUA e dos outros países ocidentais, de acumulação sem fim de dívida e de expansão da massa monetária, com total boa consciência, está também convencido(a) que nunca haverá consequências, até ao fim dos tempos: então, o melhor é ficar quieto(a).
....

[Esta parte seguinte é minha, de Manuel Banet]

Mas, se eu lhe disser que a destruição da economia e da moeda (não apenas os dólares, como qualquer divisa que possua na sua carteira, ou no banco), terá como consequência: a destruição das suas poupanças, das suas pensões, do seu poder de compra...

- Será que continua a olhar para isto, como se não lhe dissesse respeito, como se nada pudesse fazer, para si e para sua família, para seus amigos... para os cidadãos, em geral? As pessoas vão achar-se numa miséria tão negra, que muitas escolherão pôr termo à vida.

- Não; a sua passividade é o que lhes permite fazer o que estão a fazer. Não o conseguiriam, sem o seu consentimento. Eu sei que é tácito, mas ele é-o na mesma, e isso é que importa. 

Pense nisto e pense no que pode fazer: como pode organizar-se, a si próprio(a) e aos seus entes queridos. É sempre possível trabalhar em sinergia com outras pessoas, determinadas e confiáveis... 

Depois de ter reflectido e debatido, tente acertar numa estratégia de grupo. Procure congregar esforços, não para «salvar o navio», porque já é demasiado tarde, mas para saltar - com outros - para as «balsas salva-vidas» .... 

Esta é a gravidade do momento; não diz apenas respeito à economia americana ou europeia, mas à economia mundial.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

O PARADOXO DO DÓLAR VERSUS VALORAÇÕES BOLSISTAS

 



A FED (Reserva Federal Americana, o banco central dos EUA) tem criado dólares desde Março deste ano, como nunca antes, embora antes fosse já profícua em tal actividade. Esta criação monetária, vai acabar por minar a capacidade do dólar permanecer como moeda de reserva mundial. 

Quando os detentores de dólares exteriores aos EUA - o que inclui os bancos centrais de todos os países do mundo, gostem ou não do governo dos EUA - ficarem convictos de que este já perdeu demasiado valor, que não compensa deter dólares, pois existe cada vez maior desconfiança em relação a esta divisa... então, será o fim da sua hegemonia, quer como valor de reserva, quer no comércio mundial. 

Ora, este momento aproxima-se a grande velocidade, pois existe uma consciência clara de que a FED está apostada em produzir moeda, mesmo com o risco de destruir o seu valor, para «salvar» a economia dos EUA.  

É aqui que reside o paradoxo. 
A FED equaciona - erradamente - a propulsão dos valores bolsistas para alturas estratosféricas, à saúde da economia americana, no seu todo. 
Em resultado da impressão monetária, o dólar vai descendo em termos relativos face a outras moedas, mas também vai perdendo credibilidade no público em geral e nos investidores. Verifica-se já a tendência dele deixar de ser refúgio preferido («safe haven») em tempos de crise.
 
A classe dos multimilionários e bilionários (os 0.01%), está constantemente a ganhar com a situação, visto que os activos bolsistas são parte substancial da sua riqueza total. Note-se que são eles os donos das empresas cotadas em bolsa, ou accionistas de relevo das mesmas. A tabela acima é bem elucidativa sobre o maná que receberam os muito ricos, desde o início da crise «do Covid».
  
Porém, ser-se rico em dólares hoje, pode significar perder-se tudo amanhã, se esta moeda sofrer uma crise hiper-inflacionária. Apostar que isso não ocorrerá jamais, ou que não ocorrerá em vida dos investidores actuais, é uma aposta muito arriscada.

Como referi num artigo publicado recentemente, se grandes países (como a China e a Rússia) decidirem indexar suas moedas respectivas ao ouro, com a garantia do ouro - que possuem em quantidade - isto será o toque de finados do dólar, enquanto moeda de reserva mundial. 

As pessoas e instituições irão optar por algo que possua a sólida garantia do ouro, de preferência a uma moeda sem qualquer esteio sólido, de um país com economia terciarizada e com défice crónico. Não poderão confiar num país assim, ainda por cima, com uma moeda constantemente inflacionada por emissões do banco central, não correspondentes a verdadeira riqueza. 

O «exorbitante privilégio», de que já falava Valéry Giscard D'Estaign, significa que os EUA, pelo facto do dólar ter sido designado «moeda de reserva mundial» nos acordos de Bretton Woods de 1944, está constantemente a ter défices orçamentais e comerciais, sem sofrer qualquer penalização, pois «exporta» a inflação gerada pelo seu próprio banco central. 
Com esses dólares produzidos a partir de nada, compra todo o género de produtos, desde matérias-primas a produtos transformados, que custaram muito a produzir, nos países que os exportam para os EUA. 
Estes produtores, em troca, recebem dólares, que apenas valem enquanto o mundo estiver convencido do seu valor. A partir do momento em que o esquema for claro para muitos, o risco de se possuir dólares será considerável. 

Porque, nessa altura, os dólares, que circulam pelo mundo fora, irão regressar aos EUA, onde produzirão uma hiperinflação e - mesmo - a falência do próprio Estado, visto que o Tesouro não poderá colocar sua dívida, senão a juros tão elevados, que serão impossíveis de suportar pelo Orçamento Federal. Então, será o colapso.

São as consequências deste paradoxo que a classe dos super-ricos quer evitar a todo o custo... mas, através de truques de magia, como o «Great Reset» e o seu cortejo de ideias mal cozinhadas, dos patrões de Davos...

Mas, a realidade é sempre mais forte: 
Se não acreditamos no «movimento perpétuo», nem na «quadratura do círculo», porque havemos de crer que, pelo facto das divisas se tornarem exclusivamente digitais, se resolverão os problemas da economia real, ou seja, a produção e a  justiça da repartição?

domingo, 8 de novembro de 2020

O ESTERTOR FINAL VIRÁ, DISSO PODEMOS ESTAR CERTOS


A impressão monetária, que se desenvolveu ao longo do período «Covid», tanto nos EUA como na Europa, deixou atrás em volume quaisquer outros surtos de QE («quantitative easing», eufemismo para impressão monetária). Nos EUA, a dívida estatal acumulada, desde a independência, nos finais do séc. XVIII até há bem pouco tempo, era de cerca de 3 triliões de dólares. No espaço de um trimestre, esta dívida mais que duplicou, sendo agora de cerca de 7 triliões e irá - com certeza- subir muito mais. 

Na Europa, o ECB imprimiu e emprestou a juro zero aos bancos da zona euro, dinheiro que serviu para eles consolidarem os seus balanços desastrosos, onde certos bancos - não dos menores, como por exemplo Santander - têm uma enorme carga de dívida não paga, de cobrança difícil ou impossível. 

O dinheiro deveria ser visto como um meio de troca de uns valores por outros, mas não como um valor em si. A impressão monetária tem um efeito depressor na economia, contrariamente ao que a escola Neo-keynesiana pretende. Com efeito, a inundação de dinheiro, não correspondente a acréscimo de bens e serviços só pode ter como resultado o aumento da inflação. Esta pode exprimir-se no domínio das bolhas especulativas, bolsas de valores e imobiliário, principalmente; ou poderá exprimir-se pelo aumento dos preços ao consumidor. Esta segunda modalidade já começou a manifestar-se nos bens alimentares, os que afectam mais a população pobre. Ela terá uma aceleração brusca, a partir do momento em que as pessoas percebam que a causa da inflação reside no dinheiro ser demasiado abundante, não nos preços ao consumidor dos produtos (estes são uma consequência). 

Na primeira parte da entrevista de Claudio Grass a Rafi Farber, um economista da Escola Austríaca, o entrevistador colocava a pergunta seguinte (ver abaixo), à qual RF respondeu de maneira brilhante e original. Traduzi aquela resposta, sugerindo aos leitores deste blog que leiam também a entrevista na íntegra. Tem  passagens de grande profundidade e inteligência.

CG: Logo desde o começo da crise do COVID, vimos os bancos centrais e governos tomarem passos inéditos, com medidas fiscais e monetárias extremas. Porém, quando temos em conta a escala de destruição económica, pode ser um desafio determinar-se que força irá prevalecer, por isso se assiste a um vivo debate «inflação vs deflação». Como é que se posiciona neste debate?

RF: Eis uma questão fascinante. Deixe-me responder sinteticamente e depois explicar. Inflação/deflação é uma falsa dicotomia. Inflação é deflação. São a mesma coisa. Dirá, isso é sem-sentido! Como é isso possível? Vou explicá-lo de forma simples.

A produção real mergulhou em todo o Mundo, enquanto a abundância de divisas «fiat» (não sustentadas por valor tangível) cresce numa parábola. Como é que alguém poderá dizer que isto não é inflacionário, quando aquilo que todos os bancos centrais estão fazendo é literalmente inflacionar? A resposta é que, no momento em que as dívidas têm de ser pagas, mas os fluxos de pagamento param, o serviço da dívida não pode ser satisfeito e portanto tem de ser obtido «cash» (dinheiro líquido) por qualquer meio possível para pagamento, ou as obrigações entrariam em incumprimento e o sistema bancário, todo ele cheio de dívida tóxica até ao pescoço, entra em colapso. Eles estão cheios até às goelas com este veneno

No afã de obter «cash» por quaisquer meios, a procura de dinheiro sobe precipitadamente; inversamente, a procura de bens e serviços vai cair nesta emergência, temporariamente puxando o nível dos preços para baixo. Isto é visto como deflação. Acontece que o único propósito de um banco central, a própria razão de sua existência, é manter todo o esquema da dívida a funcionar, de ser o «emprestador de último recurso» e portanto eles não podem deixar que isto aconteça, nunca. Então, em vez de deixar que tudo acabe por deflacionar numa implosão espectacular, em vez de deixar que toda a dívida tóxica seja reduzida ao seu valor intrínseco, que é zero, os bancos centrais simplesmente compram todo o lixo («junk») e entregam «cash», que produzem a partir de nada. Agora, toda a gente está em dívida para com eles, porque eles compraram todas as dívidas com nada.

Num certo momento, muito em breve, os detentores internacionais de dólares vão tomar consciência do que está a acontecer e irão desfazer-se dos dólares e comprar algo tangível, para fazerem face ao que se está a passar. A China já está a fazê-lo com matérias primas agrícolas como trigo e soja. O mesmo se passa com o Egipto e Jordânia, por sinal. Os preços dos bilhetes de avião podem estar em queda, mas apenas porque é impossível voar para qualquer lado sem quarentenas. No entanto, o preço da comida está a subir em todo o lado, e depressa. Uma vez que o dólar seja trocado internacionalmente por bens tangíveis - e isto pode tornar-se muito sério, assim que o novo resgate de multi-triliões de dólares for aprovado – o efeito nos preços ao consumidor nos EUA vai ser drástico e assustador: nesse momento, veremos rapidamente uma hiper inflação nos preços ao consumidor. 

Mas se pensarmos um pouco mais profundamente, o que é realmente a hiper-inflação? É a destruição de toda a dívida, expressa em dinheiro-fiat, de todos os activos em papel, em benefício dos activos tangíveis. A híper inflação é uma completa e manifesta deflação, em termos do ouro e da prata. Em termos de dinheiro real (ouro e prata) os preços literalmente tombam. É verdade que, quem não tem dinheiro real, ouro e prata, ficará desesperadamente pobre, o que é horrível. No entanto, os que têm ouro e prata ficam, de repente, com todo o poder de compra. Na Alemanha de Weimar, em 1923, podia-se comprar uma bela casa no centro de Berlim, apenas com quatro onças de ouro. Só isso. A hiper inflação é apenas hiper deflação, com outro nome. Tudo converge para o mesmo objectivo - o fim da bolha de dinheiro-fiat, que permitiu este crime contra a civilização humana, que está a atingir o pico em mais do que uma maneira. 

Ou a bolha deflaciona, ou hiper- inflaciona e explode. Em ambos os casos, o resultado final é o mesmo.

Murray Rothbard descreve a hiper- inflação no livro « Man Economy and State », não como uma tragédia que deva ser evitada, mas como uma última defesa do povo contra a impressão sistemática de divisas e o correlativo roubo. É apenas uma tragédia, se não se está preparado para isso. Estamos agora no 50º aniversário da monstruosa bolha, que começou em 1971 e que procura desesperadamente deflacionar. E irá fazê-lo. Se a FED não deixar que a dívida tóxica, com juros negativos deflacione completamente e morra, e se deixar que os bancos criminosos sobrevivam, o povo - espontaneamente - irá destruir a bolha por ele próprio, atacando o próprio dólar. A inflação é deflação, em termos de dinheiro real. É a mesma coisa; é para lá que caminhamos.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

É SÓ UMA QUESTÃO DE TEMPO...

               SSAR Issuer: European Stability Mechanism | IFR

É só uma questão de tempo, não que eu anseie pela chegada desse tempo, mas ele virá tão fatalmente como 2 + 2 = 4. 
Estou a falar do desenvolvimento da grande crise, supostamente causada pelo coronavírus, mas que - na realidade - deriva inteiramente da incrível dívida que se tem vindo a acumular, ao nível mundial. 
São cerca de 4 quadriliões de dólares  de dívidas no total mundial, de Estados, empresas e indivíduos. Um número com 4, seguido de 15 zeros! 
A possibilidade dessa dívida jamais ser cobrada, está para além da mais fantasiosa imaginação. É absolutamente impagável. 
A oligarquia sabe-o e não é de agora; simplesmente, tem aproveitado a situação da melhor forma (para seus interesses), à custa da saúde da economia mundial.
 Desde que Nixon descolou o dólar do ouro em 1971, a «impressão monetária» tem sido o «instrumento de governação financeira nº1» de todos os governos. 
A história não serve de lição aos políticos, nem - tão pouco - aos economistas ao serviço do sistema: Ambos têm sido beneficiados com as migalhas que caem do banquete da oligarquia. 
Mas o crescimento - durante décadas - da dívida, tanto pública como privada, significa que muitas das empresas e não poucos Estados estão na bancarrota, tecnicamente. 
Chegou-se a um ponto em que o serviço da dívida, que inclui juros cada vez mais pesados, é incomportável para o orçamento de cada Estado. 
A maneira de disfarçar isso é de inflacionar. É fazer com que o dinheiro corresponda a cada menos valor, a muito menos poder de compra.  
A explicação que dão os economistas «mainstream» para a suposta necessidade de inflação seria a de um efeito psicológico sobre os consumidores, que assim teriam a sensação de que a economia está «a crescer» e portanto, seriam mais inclinados a gastar dinheiro. Por outro lado, a inflação vai diminuir a carga de juros e de prestações de capital em dívida, se um empréstimo for a taxa fixa, o que - no longo prazo - confere vantagem ao devedor. 
Simplesmente, a economia não se esquematiza da forma simplista como estes economistas «certificados» a entendem. No cômputo geral, deve-se ter em conta o declínio do poder de compra de salários e pensões, tanto maior, quanto maior for a inflação:
Como - infelizmente - nem aos assalariados, nem aos pensionistas lhes é reconhecido o direito de aumento automático na mesma proporção da inflação, eles vão perdendo capacidade aquisitiva à medida que vai passando o tempo, mesmo num contexto de inflação  dita «baixa». 
Chega-se ao ponto de ruptura quando as sociedades, até então usufruindo de bem-estar generalizado, começam a sofrer o empobrecimento rápido das várias camadas laboriosas. Na mesma ocasião, uma minoria ínfima de especuladores consegue acumular e enriquecer muito mais, sem gerar qualquer coisa real, em termos de bens ou serviços.

Na UE, com o pacote decidido recentemente pelos Estados membros, permitindo que as dívidas (sobretudo as do Sul) sejam garantidas pelo Norte, o euro caminha para um processo inflacionário acelerado, mesmo que os míopes declarem que as constantes injecções de biliões de euros, saídos do nada, não terão efeitos na inflação: 
Não apenas terão efeitos visíveis, como desencadear inflação é justamente um dos objectivos dos governos da UE e do Banco Central Europeu (BCE). 
A destruição do valor dos meios de subsistência - que são os salários e as pensões - é sempre passada sob silêncio, como se a economia fosse independente da população.  
Com efeito, se aumenta a massa monetária em circulação, por exemplo, por um factor de 50%,  é inevitável que os preços disparem, porque a quantidade de bens e serviços transaccionáveis irá manter-se sensivelmente a mesma, mas a quantidade de dinheiro disponível para a adquirir, vai aumentar: Se um quilo de laranjas valia 1 euro antes, agora vai valer 1,5 euros. 
Dizem-me que a enorme crise de produção resultou numa escassez de bens e serviços, havendo uma retracção da economia e logo uma severa deflação; dizem-me também que o aumento da massa monetária não irá implicar inflação mais acentuada, porque terá pela frente o fenómeno contrário. Uma situação deflacionária tem toda a probabilidade de se verificar agora, em relação a determinados bens: equipamentos,  automóveis, imobiliário, bens de «prestígio» e de «luxo», etc. 
Mas, pode muito bem ocorrer - em simultâneo e em paralelo - com uma inflação acrescida, incidindo sobre os bens de consumo corrente, como alimentos, transportes públicos e fornecimento de serviços diversos, desde restauração a cabeleireiros. 
Tudo isto é provável que esteja a acontecer, mas é ocultado pela descarada falsificação dos números oficiais da inflação. Com efeito, uma pessoa sente no quotidiano a generalização do aumento dos preços, mas ela deverá ser quantificada pela estatística. 
Em Portugal, a fraca informação, não atempada e claramente distorcida, para favorecer o governo, faz parte da panóplia que permite manter um nível de salários e pensões próximo, ou ao nível da indigência, em muitos casos.
  O disparar da inflação irá ocorrer, inevitavelmente, quer a nível nacional, com a acumulação de divida pelo Estado e particulares, quer na Comunidade Europeia, com os défices crónicos das balanças de pagamentos  de todos os países do Sul. Tristemente, o único remédio que os dirigentes conhecem (ou estão disponíveis para aplicar), face ao crescimento incipiente, ou à estagnação, é a acumulação de mais dívida. 
Por isso, é apenas uma questão de tempo, até a hiperinflação se desencadear. Não será nada bonito de se ver, pois irá acompanhar-se dum imenso sofrimento social. 
Mas, a oligarquia pretende levar as coisas ao extremo, seguindo a estratégia de «choque e pavor», ou de «problema- reacção - solução». Desta forma, pretende perpetuar-se no poder, fazendo o tal «Great Reset» à sua medida, isto é, na forma que permita conservar o essencial dos seus privilégios.


terça-feira, 9 de junho de 2020

GRANDE «RESET» ANUNCIADO PELO FMI


                                         https://www.youtube.com/watch?v=H-ZeCCjrUL0

Charles Sannat (Insolentiae.TV), na sua rubrica semanal, esclarece as questões monetárias, assim como a posição - agora oficial - do FMI sobre o que é preciso fazer para «limpar» o sistema monetário (falado em francês).

Comentário de MB: 
Na realidade, o discurso de Natalina Georgieva, actual presidente do FMI, é mais uma peça de propaganda do que um programa. 
É preciso ler, nas entrelinhas, o que significam para o FMI, as «palavras de ordem» de um novo sistema monetário, que permita uma economia mundial mais «verde», mais «inteligente», com maior «equidade». 
Penso que anúncios como este se destinam a preparar o terreno e a fazer pressão sobre os governos, para discutirem as reformas dentro de determinadas linhas.

A «demolição controlada» da economia mundial, sob pretexto de Coronavírus, foi a saída encontrada pelos globalistas para um colapso que  estava em marcha, de qualquer maneira
O sistema mundial entrou em colapso em 2008, mas foi mantido artificialmente, com uma aparência de vida, durante estes 12 anos que seguiram. 
O que havia de valioso dentro do sistema, foi então esvaziado,  sistematicamente, pelos que ditam as políticas aos Estados e às instituições internacionais: houve uma maciça transferência de riqueza do domínio público para o domínio privado. 
- Os grandes bancos e instituições financeiras despejaram as perdas (activos arriscados, tóxicos, os derivados...) nos bancos centrais. Chamaram a estas operações «quantitive easing» e «estímulo da economia»... Assim, as perdas das especulações e má gestão são assumidas - em última análise - pelos Estados. 
- O «bail out», ou resgate dos bancos falidos - um pouco por todo o lado - fez-se à custa de dinheiro público, subtraído ao erário público, aos orçamentos dos Estados. 
- Nestas últimas duas décadas, a desvalorização das diversas moedas causou inflação - disfarçada por uma estatística falsificada dos índices - e foi destruindo o valor real dos salários, pensões, etc. ... mas, de tal maneira que o público -em geral- não se apercebe e não compreende o mecanismo. 
- No mesmo intervalo de tempo, as grandes fortunas foram aumentando sua riqueza patrimonial. Foram despejando os activos bolsistas e financeiros, transformando-os em activos não financeiros, evitando assim a erosão da sua riqueza.
- O golpe, em Março de 2020 (o início, numa grande parte do Mundo, dos confinamentos / prisões domiciliárias, falências provocadas das economias) correspondeu ao capítulo final da transferência maciça de riqueza: «socialismo para os ricos e capitalismo para a plebe».
Penso que a grande finança dos países ocidentais irá tentar negociar, com a China e a Rússia, um novo compromisso, ou seja, um novo sistema monetário mundial. Um novo «Bretton Woods» será negociado entre as grandes potências, tendo os restantes países como figurantes.  

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

MERCADO DE OBRIGAÇÕES SOBERANAS = ESQUEMA DE PONZI PLANETÁRIO

                

Para as pessoas não embrenhadas nas subtilezas dos mercados financeiros mundiais, a diminuição constante das taxas de juro das obrigações, nomeadamente as que são emitidas pelos Estados (obrigações «soberanas» ou «do tesouro»), pode parecer misteriosa(*). De facto, a media convencional faz tudo para ocultar a realidade, admitindo que os jornalistas económicos tenham um acesso, pelo menos igual ao meu, à informação sobre estas questões.



A explicação que é dada - normalmente - prende-se com o «relançar da economia». Com efeito, segundo o esquema clássico, um investimento em obrigações (a taxa fixa durante um certo número de anos) terá um retorno inferior ao investimento do capital num mercado mais dinâmico, como o das acções cotadas em bolsa. Em termos de rendibilidade /segurança, os investidores que tiverem um apetite maior para o risco, irão escolher investimentos com maior rendibilidade (as acções), em detrimento dos que ofereçam maior segurança (as obrigações). Se o ambiente económico geral é de optimismo, haverá maior tendência para os investimentos com maior risco, o inverso se passando quando se entra em recessão, ou quando a economia abranda e se perfila uma recessão no horizonte.

Se aceitamos a lógica tradicional, então esta descida constante das taxas de juro das obrigações soberanas, em paralelo com a subida das bolsas, seria sinal de que «tudo vai pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis».
Porém, o mercado das obrigações soberanas, como todos os mercados financeiros hoje em dia, sofre distorções, está viciado, é um jogo em que Estados, os bancos centrais e a grande banca exercem uma pressão constante.
Hoje sabemos que os bancos centrais de muitos países (cerca de 30), retomaram o caminho de «quantitive easing», ou seja, de fornecer dinheiro (aos bancos comerciais) em grande quantidade.
O banco central americano - a «FED» - tem estado ultimamente a fornecer 60 a 75 biliões (segundo Jeff Berwick, o montante diário é de $160 biliões) aos bancos comerciais, para que não «seque» o mercado inter-bancário de empréstimos a curto prazo («overnight lending»).
Este afluxo de dinheiro fresco é obtido pela compra de activos financeiros, que os bancos possuem em reserva, nomeadamente obrigações do tesouro desses mesmos países. Os bancos dos EUA terão uma grande quantidade de reservas sob forma de obrigações do tesouro americano, o banco central europeu e os bancos comerciais da zona-euro, têm uma percentagem elevada de obrigações do tesouro dos países membros da zona-euro, etc. Portanto, havendo procura elevada, mantida pela compra constante dos bancos centrais destas obrigações, os respectivos juros vão diminuir. Isto deve-se ao facto dos portadores de obrigações ficarem com uma maior garantia de que conseguirão facilmente vendê-las, havendo sempre compradores, quanto mais não seja, os bancos centrais.
Chega-se a um ponto em que a procura de obrigações soberanas aumenta, por parte de investidores particulares e institucionais, devido às incertezas da economia.
Nesta altura, aquelas obrigações são percebidas como investimento-refúgio, não são adquiridas com o objectivo de obter lucro, mas de garantir o capital. As obrigações começam a ter uma remuneração muito baixa, abaixo da taxa de inflação do país de emissão, para atingir, depois, uma taxa negativa: ou seja, chega-se à situação dos investidores comprarem obrigações, por exemplo, 1000 euros a dez anos, com a certeza de que, após dez anos, irão recuperar 998 euros.
Em artigo anterior, já tinha explicado como é que o mecanismo destas obrigações com juros negativos, se instalou: a incerteza dos actores institucionais, em relação aos mercados, a incerteza quanto à continuidade no longo prazo do Euro, tem levado a que as obrigações soberanas alemãs (e outras) sejam compradas com taxas de juro negativas. Com efeito, o marco alemão, no qual seria pago de volta o capital investido nas obrigações, no caso dum rebentamento da zona euro, seria cotado - segundo várias estimativas - muito acima (cerca de 20% acima, segundo alguns) do valor do euro, nessa altura.
Mas o investidor particular, que faz o cálculo e avaliação acima descritos, não pode ser responsável exclusivo da enorme quantidade de dinheiro aplicado em obrigações com rendimento negativo que existem hoje, ao nível mundial (cerca de 14 triliões de dólares).
Os diversos investidores institucionais são obrigados, pelas regras em vigor dos seus países, no que respeita à estrutura das suas reservas, a deter significativa percentagem de activos em «valores seguros».
Nestes, estão incluídas as obrigações do tesouro, nomeadamente, dos países onde estas instituições estejam sediadas. Tais imposições legais na estrutura dos activos detidos em reserva, dizem respeito a bancos comerciais, a fundos de pensões, a fundos das seguradoras, etc.
Nos EUA e noutros países, os governos têm estado cronicamente a pedir emprestado mais do que recebem sob forma de impostos. O resultado, é um crescimento da dívida soberana, ao longo dos anos. Com o aumento da dívida, dá-se o aumento dos juros da mesma, que tem de estar incluído nas contas dos orçamentos dos respectivos Estados. Se parte significativa do orçamento é destinada a pagar juros, estas somas não vão ser canalizadas para outros fins, investimentos - directa ou indirectamente - produtivos (e, portanto, não poderão gerar receitas de impostos).
Esta espiral descendente não pode prosseguir de modo indefinido: o dinheiro que é necessário subtrair para pagar os juros da dívida torna-se incomportável para a economia desses países.
Os Estados têm interesse em que baixem os juros da sua dívida soberana, pois assim podem liquidar com dinheiro recém-emprestado, as dívidas antigas, pagando juros mais elevados: por exemplo, se obtiverem um novo empréstimo com juro de 2%, poderão, com esse dinheiro, liquidar dívida que tinha um juro de 4%.
Mas, se este movimento descendente dos juros alivia as contas dos Estados, do ponto de vista da poupança, ele é lesivo. As taxas de juro dos depósitos e dos fundos de poupança estão indexadas à taxa de juro das obrigações soberanas. Se o juro da dívida pública diminui, a remuneração do dinheiro, mantido nas contas a prazo, irá diminuir, mais ou menos na mesma proporção. Os particulares e os investidores institucionais são induzidos a procurar maior rendibilidade do capital, investindo em fundos especulativos, portanto com muito maior risco associado.
Mas, o pior de tudo é o comportamento de risco, induzido nos investidores institucionais: observa-se o aumento do risco, na procura de maior rendimento na Segurança Social pública, ou nos fundos de pensões privados, pois estas instituições têm uma pressão muito grande pelo aumento de pessoas que atingem a idade da reforma, enquanto devido ao desemprego elevado e à baixa natalidade, há cada vez menos pessoas a descontar para estes fundos. Isto significa que a bolsa e os mercados de derivados vão ser áreas financeiras com maior peso destes grandes investidores, como forma de manterem os pagamentos das reformas presentes e futuras, a que estão obrigados.
Devido a isto, quer os fundos de pensões públicos, quer os privados, estão demasiado expostos; corre-se o risco das pensões não serem pagas, por falência. Já ocorreram situações destas em fundos de empresas (privados) e públicos (fundos municipais e outros) nos EUA. Numa eventualidade de crise severa, os sistemas público e privado de pensões irão à falência, nos países de economia de mercado.
A diminuição das taxas de juro da dívida pública, sendo um «alívio» para as finanças públicas, por um lado, por outro é uma catástrofe em perspectiva (cuja dimensão se vai avolumando com o tempo) para as instituições que são garantes das nossas pensões ...
Existe portanto uma contradição insanável entre o interesse da generalidade das pessoas (os pensionistas de hoje e os de amanhã) e o interesse dos que governam os Estados. Estes, são entidades orientadas pela classe política, essencialmente, para ela própria se manter no poder. «Custe o que custar» e «depois de mim, venha o dilúvio» são estes os motes que norteiam a classe política. Evidentemente, ela não diz isso ao seu eleitor!
O esquema de redução da dívida, por redução das taxas de juro das obrigações soberanas, tem sido praticado por todos os Estados europeus sobre-endividados graças ao BCE. São realmente muito poucos, os que não têm precisado de pedir dinheiro emprestado.
Se os empréstimos fossem destinados ao investimento produtivo, o lançamento de dívida pública não seria um problema, desde que a rendibilidade dos investimentos públicos fosse garantida, dentro de um certo prazo. Neste caso, as dívidas contraídas seriam pagas pelo acréscimo de receitas em impostos, em consequência do maior desenvolvimento económico. Porém, não é nada disto que se passa, na generalidade dos casos.
- Em muitos casos, trata-se de cobrir despesas do próprio serviço da dívida, os juros e o capital em dívida, com o novo empréstimo contraído, o que significa - ao fim de certo tempo - uma acumulação incomportável de dívida e de juros.
- Muitos governos lançam programas ambiciosos, mas sem sustentabilidade, para agradar aos eleitores. Depois, têm de cobrir os défices do orçamento com mais empréstimos.
- Noutros casos, «têm de» socorrer instituições bancárias ou outras, que entram em incumprimento. Os governos preferem ter perdas severas, a terem de gerir a situação de bancarrota de um banco, causando pânico generalizado. Por exemplo, tal foi o caso em Portugal, com a falência do BES [Banco Espírito Santo] e de vários outros bancos...
Quando as dívidas públicas e privadas se acumulam de forma exponencial, os Estados e respectivos bancos centrais emitem mais moeda, para «pagar» a dívida, arriscando deste modo fazer disparar a espiral da inflação. Desta maneira, estão a diluir o poder de compra da divisa, ou seja, o seu valor real. É assim que ocorre a perda do poder de compra dos salários, das pensões, das poupanças. Em suma: rouba-se os pobres. É este o caminho que os Estados do Ocidente, mesmo os mais poderosos, têm trilhado, após a crise de 2008.
Agora, nos EUA, na UE, na China, foi retomado ou ampliado o «quantitive easing» (ou seja, impressão monetária, use-se este ou outro eufemismo!). Esta impressão monetária destemperada não é uma escolha dos bancos centrais. Estão encurralados a fazer isso, pois a alternativa era deixar o sistema evoluir sem intervenção. Eles temem que, se não houver intervenção, os valores inflacionados desçam bruscamente, desencadeando um crash e uma brutal recessão mundial. Como se vê, estes banqueiros centrais e governos, entalaram-se a si próprios, colocaram-se a si próprios num beco sem saída.
Globalmente, este estado de coisas é insustentável e a próxima recessão não vai ser suave e passageira, mas antes uma longa depressão, em que muito vão sofrer as classes menos abonadas. Mesmo uma fatia significativa das classes médias será duramente afectada.

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(*) NOTA: Pode-se pensar que o aumento da dívida vá fazer subir as taxas de juro. Porém, é exactamente o contrário. 
Harry Dent, cita o economista Lacy Hunt, que explica o fenómeno:
 https://www.silverdoctors.com/headlines/world-news/harvard-trained-economist-what-higher-debts-do-to-bond-rates/

sábado, 14 de setembro de 2019

HARLEY SCHLANGER: GLOBALISTAS E BANQUEIROS QUEREM DOMÍNIO HEGEMÓNICO


Enquanto, em Biarritz (França), o G7 mostrava a sua impotência, em Jackson Hole, nos EUA, banqueiros centrais desenhavam um plano para tomada de controlo, não só da emissão da massa monetária, mas também a utilização desta... controlo total.

sábado, 3 de agosto de 2019

GREAT RESET: OPERAÇÃO ENCOBERTA DOS BANCOS CENTRAIS

                                  Resultado de imagem para bank for international settlements (bis)

Um longo período da história económica e financeira aproxima-se do fim. Iniciou-se aquando da retirada (em 1971) por Nixon do dólar da janela de convertibilidade com o ouro, a cláusula de Bretton Woods, que ancorava todas as moedas ao dólarmantinha este convertível em ouro. A partir desse momento, as moedas passaram a flutuar, sem âncora, umas em relação às outras e a inflação disparou. 

Quer se meça a inflação actual pelos índices habituais, quer pelo valor do ouro nas várias moedas «fiat» (ou seja, todas, visto que não existem moedas baseadas em metais preciosos), o facto é que a espiral inflacionista já se desencadeou. Pese embora a aversão da media económica mainstream em relação ao ouro, o que mostra a sua subida espectacular em relação a todas as divisas, mesmo as mais «fortes», como o franco suíço, o dólar, ou o euro... é que os mercados já começaram a perceber para onde se dirige o sistema monetário. Agora, já não são apenas os bancos centrais do Oriente (sobretudo Rússia, China, índia, e outros países asiáticos), existem também famosos gestores de «hedge funds» a apelarem aos seus clientes para investir em metais preciosos, detendo uma percentagem deles no seu portefólio.   
De facto, o BIS (Bank of International Settlements), de Basileia, tem estado discretamente a orientar os bancos centrais para uma «reestruturação» ou reset do sistema monetário. 
Há quem pense que este será baseado num cabaz de moedas, os «Direitos de Saque Especiais» (ou SDR em sigla inglesa) do FMI. Porém, este cabaz é, de facto, um cabaz de moedas «fiat» e apenas seria «sol de pouca dura». Pois, o problema com estes arranjos é que, uma vez perdida a confiança, não é fácil captá-la de novo. 

Há quem aposte nas criptomoedas, mas estas estão sujeitas aos mesmos vícios que o dinheiro existente: já são electrónicas, as somas em circulação actualmente nos mercados internacionais. Mesmo na economia corrente, muitas transacções - talvez 70% - são já  com cartões de débito ou de crédito ou por transferências bancárias. Portanto, o público pode ser permeável à modernidade, mas não irá sentir a situação como diferente da habitual. A existência de uma criptomoeda não muda nada de fundamental, seja ela emitida por um banco central (a Rússia, está seriamente estudando essa possibilidade, mas não é a única), seja ela uma criptomoeda descentralizada, como o «bitcoin». 
Para que uma criptomoeda tenha hipótese de se firmar no domínio das trocas do dia-a-dia, ela deverá possuir uma grande estabilidade. Com efeito, as divisas que existem, actualmente, não variam de um dia para o outro, de mais do que uma fracção de 1 por cento; isso significa que, aquele que aceita uma divisa em pagamento, pode confiar, no curto prazo, no valor da mesma. Pelo contrário, instabilidade das criptomoedas, sendo factor que atrai os especuladores, é também o factor que impede que sejam mais do que esporádicos veículos de transferência de dinheiro. Em países, como a China, com controlos de capitais instalados, será bastante interessante para alguém usar criptomoedas, para poder exportar dinheiro para o exterior, sem que as autoridades possam interferir. 

Restam portanto os metais preciosos, o ouro e a prata, que foram dinheiro durante um período de cerca de 6000 anos. A sua inter-conversão com moeda de papel pode fazer-se pelo simples cálculo da soma total de moeda-papel em circulação (incluindo a moeda electrónica, claro) dividido pelo ouro existente em todos os bancos centrais. O ouro teria de subir dos 1450 dólares a onça, actualmente, para cerca de 10 mil dólares a onça. Talvez isso seja possível em etapas, neste período de transição em que já estamos: o tal «reset». 
Remonetizar o ouro equivale a tornar possível que a moeda-papel seja trocada por ouro a uma taxa fixa, ou com uma flutuação mínima. Isso iria estabilizar o valor do dinheiro, manteria os preços, minimizava a inflação. A economia - em geral - iria beneficiar com isso.  
O efeito da desmonetização do ouro - um fenómeno recente, em termos históricos -  não foi benéfico para as economias. Os Estados endividaram-se sem restrições. A dívida pública, das empresas e das famílias, todas elas cresceram de forma exponencial, neste período de menos de meio século. 
Hoje, as moedas em circulação devem ter perdido 97%, no mínimo, do seu valor, relativamente a 1971, sendo esta a percentagem da perda do dólar: a principal moeda de reserva é, com certeza, das mais fortes, em termos relativos. As outras serão ainda mais fracas que o dólar.
O que os economistas da treta não dizem (mesmo quando o praticam em segredo) é que a garantia da conservação do valor - para o pobre, o rico e o remediado - é ter uma parte dos activos em moedas/barras de ouro e/ou prata. 
Assim, no momento em que houver um colapso financeiro, com uma situação de híper-inflação, não só não ficarão seus activos financeiros destruídos, como poderão ver o seu capital aumentar, em termos relativos. 
Quem se mantiver exclusivamente na economia de casino das bolsas, jogando em acções, obrigações, derivados (ETFs, etc.) está condenado (condena-se a si próprio) a ficar com o valor dos investimentos reduzido a quase nada
O imobiliário está muito inflacionado também, em todos os países. Não é uma boa forma de preservar capital, investir nele agora: não faz sentido comprar, com preços inflacionados, antes da bolha ter rebentado. Dentro de pouco tempo, como já se verifica nos mercados do imobiliário do outro lado do Atlântico, os preços irão descer, tão vertiginosamente como subiram. 
Depois da fase de transição, em que nos encontramos, quem tiver maior quantidade de capital disponível, poderá comprar activos muito abaixo do seu valor real, em consequência da crise profunda que se avizinha. É uma questão de aproveitar as oportunidades, que surgem sempre. 

O capital, que não é equivalente a dinheiro, permanece, globalmente. 
O capital é criado pelo trabalho; uma crise, não o destrói, mas é transferido de uns actores para outros.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

DESFAVORÁVEL PARA A ECONOMIA / FAVORÁVEL PARA O OURO

                              


Numa situação política e estratégica internacional de grande tensão, com os preços do petróleo a dispararem, com a  guerra comercial aberta dos EUA com a China a atingir o comércio internacional e não apenas as trocas bilaterais, com a aposta cada vez mais clara dos bancos centrais em comprar ouro e despejar o dólar o mais depressa possível, e com a Reserva Federal (Banco Central dos EUA) a dar sinais claros de inversão para breve da sua política de subida das taxas de juro... todos estes  factores fazem com que a subida do ouro seja muito acelerada e esteja a atingir um novo máximo.

A noção clara de que a situação da dívida, mesmo nos países afluentes, está num ponto crítico e de que - a todo o momento - se pode desencadear um «crack» nas acções e nas obrigações, sem outro possível refúgio senão os metais preciosos, é agora lugar comum nos meios financeiros. A crise económica continuou pós 2008, até hoje, apenas disfarçada por medidas cosméticas, mas estas estão a desfazer-se claramente. 
Porém, as pessoas comuns são mantidas no escuro por uma média vendida aos poderes, pois só assim é que conseguem evitar, por enquanto, corridas aos bancos para levantamento dos depósitos. A confiança do público é mantida através da ilusão sobre o estado verdadeiro da economia.
Os poderes - estatais e outros - estão a jogar na ilusão de que possuem o controlo da situação, quando a verdade é que ninguém a pode controlar. 
O melhor que se pode fazer, ao nível individual, é seguir a estratégia dos bancos centrais; estes compram ouro em quantidades significativas. São toneladas de ouro que são adicionadas mensalmente aos cofres de bancos centrais, em quase todo o mundo. Este sector do mercado é responsável pela subida espectacular: em Setembro de 2018 o ouro estava a cerca de 33 euros/grama. Agora (Junho de 2019), está praticamente a 40, em dez meses subiu 21%.


                           

Quando as coisas na economia real vão mal, o ouro e os outros metais preciosos sobem espectacularmente: é sinal de que os investidores (sobretudo, os grandes) estão descrentes da economia real e se refugiam nos metais preciosos, como salvaguarda num contexto de crise. 
Muitas pessoas comuns são apanhadas de surpresa e ficam arruinadas: muitas, estão a comprar casa, ou outros bens, a crédito. Ficam com uma sobrecarga de dívida no pior momento, no pressuposto - errado - de que tudo irá correr normalmente.

Vejam no link seguinte: