sexta-feira, 4 de março de 2022

10 CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA, DE QUALQUER GUERRA






- Os povos de ambos os lados atribuem suas perdas ao inimigo. Isto é lógico, mas o que não é lógico é que identificam como inimigo, o outro povo com que lutaram. Em boa lógica, deveria ser considerada como inimiga, a classe dominante nos dois países em conflito, pois foi com manobras deliberadas e intencionais de ambas, que o conflito (em geral, com componentes diversos desde políticos e económicos, a estratégicos), degenerou em conflito armado. Estas classes dirigentes são «competentes» apenas, em extrair o máximo do povo, explorá-lo até ao ponto em que ordenam a sua «sangria», pois assim mantêm os seus privilégios.

- A destruição do capital, seja capital físico, como edifícios, instalações de fábricas, etc, seja capital financeiro, vai oferecer oportunidades, quer aos capitalistas do país derrotado, quer aos do país vencedor, quer aos de países terceiros. Por isso, o grande capital não se importa muito em fazer eclodir uma guerra, por mais paradoxal que nos pareça, a nós simples mortais, pois eles sabem que a ruína de uma economia é a bonança de outra. Se forem realmente globais, como o são hoje os grandes empórios financeiros e industriais, saberão tirar partido desta situação de guerra.

- As pessoas, atemorizadas, irão alinhar-se automaticamente pelos pontos de vista dos seus chefes. A dissidência, em qualquer dos campos, será diabolizada e criminalizada, mesmo que seja ordeira, pacífica. Haverá repressão violenta, brutal e os olhos não irão chorar essas vítimas, mas irão brilhar de alegria, em grande parte das pessoas, tomadas pelo medo e pelo ódio, pelo rancor e pela sede de vingança. Toda a discussão racional fica impossível, torna-se mesmo perigosa, pois haverá imensa probabilidade dum ou outro interveniente se tornar completamente irracional, deixando o campo dos argumentos, para o dos insultos e até, da agressão física.

- A guerra irá empobrecer todos, países vencedores, como vencidos: Mas, os que dominam as sociedades não serão os perdedores. Raramente, grandes financeiros ou industriais são pessoalmente inquietados, presos, julgados e condenados. É muito mais frequente que tal possa acontecer aos generais e políticos, homens de mão de financeiros e industriais. Os líderes políticos e militares irão condensar toda a ira das multidões e o castigo pelas estruturas de poder dos vencedores, disfarçadas em «justiça». 

- Durante séculos, através de uma narrativa viciada dos acontecimentos, vai ser transmitido o ódio e o rancor, nas socidedades herdeiras duma guerra perdida. Muito mais do que a exploração, que poderá ter sido o ponto prévio para essa derrota, muito mais que atos da classe dirigente, que se terá comportado como inimiga do seu próprio povo,  o nacionalismo vai nomear como culpado de tudo, o país e o povo que lhe fizeram a guerra. O país que foi derrotado vai experimentar um renovo do nacionalismo, quaisquer que sejam os governos que aí se instalem.

- Os poderosos veem a guerra como um «baralhar e dar de novo» das cartas, na geopolítica. Não é senão um «jogo», para eles. Esse jogo já era bastante cruel e criminoso, nos séculos passados, em que as armas mais mortíferas eram espingardas e canhões. Mas no presente, é possível (e credível) acontecer uma conflagração nuclear, o que faria do rebentar da guerra, apenas o prelúdio da catástrofe final para a humanidade inteira, que não terá, podemos estar certos, capacidade de se refazer de tal golpe. Isto porque o próprio ecossistema que a suporta, entrará em colapso irreversível e irrecuperável, durante milénios. Os elementos radiativos, resultantes das explosões permanecem radiativos durante milhões de anos, qualquer pessoa, que estudou no ensino secundário, sabe isso.

- Para a classe dirigente, a guerra torna-se não apenas apelativa, como "a solução", quando a economia está a descarrilar, como é o caso, hoje. A única maneira de desviarem a ira popular da sua gestão desastrosa, é desencadearem uma guerra. Como o fazer, então? O processo usual é de provocar constantemente o adversário, empurrá-lo até ele ficar com as «costas contra a parede», realizando atos de guerra não declarada, como a colocação de sistemas de mísseis, capazes de alcançar o território e a capital do inimigo, por exemplo. Ou ainda, criando pretextos para sanções económicas, formas de punição caracterizadas como «guerra económica» por todos, incluindo os textos oficiais da ONU. 

- Mas, para que a operação de preparação da guerra passe por ser uma tomada de medidas «defensivas» face a um «monstro», causador de todos os males, é preciso atemorizar e condicionar, através da guerra psicológica, o seu próprio povo. O povo de cada país está sujeito à pressão dos media e do governo, dos grandes interesses (os verdadeiros donos de ambos), que estão constantemente a condiciona-lo pelo medo, pelos instintos, pelo sub-consciente, para obterem a sua docilidade e aprovação. Veja-se que, nos países em guerra, geralmente, as taxas de aprovação dos líderes pelo público, costumam subir, pelo menos, nas fases iniciais da guerra. Isto não se deve ao acaso: As pessoas não se tornam - de repente - indiferentes, ou crueis, em relação aos outros seres humanos, sem uma forte «lavagem ao cérebro».

-Durante e depois do conflito armado são ensaiadas novas soluções, quer do ponto de vista da tecnologia militar, quer de outros pontos de vista. Por exemplo, as mais mortíferas armas, as biológicas, poderão ser lançadas, por um ou ambos os campos. Quem o fizer, estará a apostar na diminuição brusca da população do inimigo, sem que haja destruição da sua infraestrutura. Além disso, a «engenharia social» estará a operar em pleno, com «soluções» políticas, económicas e sociais com as quais os mais autoritários apenas sonhavam. Agora, poderão pô-las em prática, as tais «soluções», sem que tenham qualquer oposição, sem serem odiados, mas até serem saudados como os salvadores da pátria. São os coveiros da democracia, mesmo que tenham a boca cheia desta palavra.

- Os custos das guerras não se limitam às áreas em guerra. Irão ser muito ampliados, pelo facto delas serem desencadeadoras e agravadoras duma crise mundial. O globalismo trouxe a interdependência mundial, numa escala nunca antes vista. Por exemplo, as guerras incessantes no território europeu, antes do Século XVI, tiveram poucas consequências diretas e imediatas nos povos doutras regiões do mundo. Mas, as guerras intra-europeias ao longo do século XIX, alargaram-se às colónias e protetorados, nos vários continentes, desencadeando a rivalidade e belicismo, que engendraram a Iª Guerra Mundial. Qualquer país do mundo, onde quer que esteja, sofrerá os efeitos da guerra. Qualquer país, quer seja neutro, ou simpatizante dum dos lados, irá sofrer devido a rupturas no comércio, no investimento, no abastecimento e em tudo.

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https://off-guardian.org/2022/03/03/economic-restructuring-democratic-deficit-and-locking-down-liberty/


 https://www.globalresearch.ca/why-did-us-embassy-official-website-just-remove-all-evidence-ukrainian-bioweapons-labs/5772798


https://www.globaltimes.cn/page/202203/1253776.shtml


https://www.unz.com/pescobar/how-russia-will-counterpunch-the-u-s-eu-declaration-of-war/


https://www.goldmoney.com/research/goldmoney-insights/international-sanctions-on-russia-exacerbate-oil-market-tightness

quarta-feira, 2 de março de 2022

INTERESSES ECONÓMICO-FINANCEIROS NAS REVOLUÇÕES E NAS GUERRAS




                                         Jogadas iniciais no xadrez da  2ª Guerra Fria 

O ambiente de histeria impede muitas pessoas de apreender «the big picture». O vento da propaganda traz o «nevoeiro da guerra», o qual é bastante espesso, agora. Mas, se a memória não me falha, não existiu nenhuma grande guerra, ou revolução, que não tenha tido, por detrás, interesses financeiros muito concretos.

Sobrevoando a Idade Moderna, podemos dizer que  as Guerras de Religião, iniciadas no século XVI com a ruptura teológica entre Lutero e o Papado, foram financiadas por banqueiros, quer do lado católico, quer do lado protestante. Depois, banqueiros judeus ou não, protestantes ou católicos, por igual, foram financiadores de muitas outras guerras: Por exemplo, da guerra de independência dos Estados Unidos. Financeiramente, a França depois de ter ajudado os rebeldes americanos, ficou em situação financeira mais precária. Terá sido um factor relevante para os acontecimentos de 1789? Uma boa pergunta, creio, para os historiadores económicos. Mas, alguns anos depois, a era napoleónica foi bastante ilustrativa da ligação entre grande banca e poder político. O golpe do 18 Brumário 1799, que instalou o Consulado, cujo primeiro-Cônsul era o general Bonaparte, foi levado a cabo com a colaboração de financeiros. Eles garantiram que Bonaparte e seus partidários tivessem pleno sucesso. Não admira que, também nessa época, tenham sido necessárias somas avultadas, para corromper diversos políticos e militares. Mas, pouco tempo depois, com a Europa toda em guerra, os diversos Estados tiveram de pedir emprestado aos banqueiros. A família de banqueiros Rothschild, com sucursais em vários países europeus, teve um sucesso enorme. Eles acabavam sempre por ganhar, quer tivessem apoiado financeiramente o lado ganhador ou o perdedor. Um século depois,  poderosos interesses financeiros (Industrialists Round Table, nomeadamente) jogaram a favor do eclodir da 1ª Guerra Mundial e da entrada dos EUA na mesma. O financiamento e o apoio concreto aos bolcheviks, antes e depois de 1917, por vários capitalistas, está hoje bem estabelecido: Trotsky conseguiu obter fundos e armas, junto de banqueiros e magnates nos EUA e no Canadá. Sem isso, o governo bolchevique talvez não tivesse sobrevivido, durante a longa e cruel gerra cvil.

No Ocidente, o fortalecimento do capital monopolista e da grande finança, colocaram as economias sob controlo dum punhado de ultra-ricos, com capacidade para apoiar a subversão do poder instituído. Tal financiamento e apoio foi sempre favorável aos golpes anti-democráticos, totalitários, sempre ao lado de Mussolini, Salazar ou Hitler. Eles desempenharam um papel-chave no derrube violento de governos legítimos, como o da República Espanhola em 1936

Mas, o pós IIª Guerra Mundial, sobretudo o pós- Guerra Fria nº1, foram momentos de viragem definitiva, de transformação das «democracias liberais» em oligarquias, controladas discretamente por grandes banqueiros e governadas pelos seus homens-de-mão. 

Algumas situações imprevistas e desagradáveis - para a oligarquia - acontecem por vezes, visto que o sistema dito democrático implica a existência de sufrágio universal. Os países onde os resultados das eleições não sejam do agrado da elite, recebem duas formas de tratamento: Ou o golpe de Estado, ou a corrução da classe política

- Assim, no primeiro caso foi o que aconteceu, após a ascenção ao poder de Mossadegh no Irão, num golpe orquestrado pela CIA, e instalção do Xá. O triunfo da Frente Popular no Chile, foi seguido poucos anos depois pelo sangrento golpe de Pinochet. A subversão violenta da democracia ocorreu, também, no golpe do «Euromaidan» em 2013 na Ucrânia, golpe fomentado pelos EUA e pela UE.  

-Alternativamente, os resultados eleitorais são nulificados pela corrupção e pela traição, anteriores às eleições, mas só visíveis passado algum tempo, dos chefes e dos partidos. A corrupção acaba por ser mais poderosa do que as balas, pois há circunstâncias em que «a bala sai pela culatra», ou seja, os resultados esperados pelo fomentar da subversão violenta, falham (veja-se o caso recente do Casaquistão). No caso da subversão por instrumentos financeiros, é quase garantido o seu sucesso e - cinicamente falando - acaba até por ser menos dispendioso. 

Com efeito, a ruptura da vida política dum país, implica fazer correr sangue - embora os financeiros se importem pouco ou nada - mas também, a ruptura do tecido económico. Mas, a gravidade e extensão dessa ruptura é imprevisível. Por isso, o derrube violento do governo às vezes implica que as destruições são tais - pensem no Iraque, na Líbia, no Iémen e noutros Estados - que os golpes deixam de ser «rentáveis»: A economia desse pais deixa de estar em condições de fornecer os rendimentos esperados pelos financiadores do golpe para pagar os custos da operação.  

Um efeito da guerra mista que estamos a presenciar, com suas frentes militar e económica, assim como a da  informação ou propaganda, tem como resultado evidente, desde logo, que todos os intervenientes perdem. 

Basta pensarmos um pouco e observarmos a realidade: Portanto, podemos esperar perdas no domínio económico e financeiro, nos países mais envolvidos do lado Ocidental, nos países da NATO. Claro que a Rússia também irá sofrer perdas severas, mas as sanções possiveis foram, com certeza, avaliadas e foram tomadas as devidas precauções, com muita antecedência.  

De momento, é a China que está a «ganhar nos vários tabuleiros»: 

- Diplomático: Irá ajudar nas negociações entre as partes em conflito. Isto é uma vitória diplomática importante para a China, pelo facto de ser chamada para ajudar a resolver um conflito na Europa

- Economia e geoestratégia: A China fica com a Rússia (muito mais) dependente dela. Note-se que, antes, a Rússia podia equilibrar a influência ao nível comercial e económico, do grande parceiro do Oriente, com os parceiros do Ocidente. Agora, há um fosso profundo entre a Rússia e o Ocidente, que dificultará a retoma de relações económicas, mesmo depois desta crise passar. 

- Finalmente, os EUA, os inimigos principais da China que, aliás não o escondem,  saem diminuídos e desprestigiados. Depois de terem empurrado a Ucrânia, país seu aliado, para uma guerra, faltaram às suas promessas. Portanto, muitos países olham agora com maior prudência as alianças com o Tio Sam.  Mesmo os governos dos países europeus, por mais vassalizados que estejam, irão questionar-se: Vão entregar sua defesa coletiva à NATO, recheada de políticos e generais atlantistas, vassalos dos americanos, agressivos e incompetentes? Não seria melhor uma verdadeira estrutura de defesa europeia? Esta hipótese tem sido periodicamente levantada por europeus, desde os anos 1990, pelo menos, mas tem ficado «no papel», pois temem desagradar ao «Big Brother» Yankee.

NB: Alguns links para artigos recentes, abaixo, mostram como a oligarquia, as grandes corporações e bancos influem, discretamente, nos acontecimentos políticos, diplomáticos e militares. 

https://www.unz.com/article/jewish-subtexts-in-ukraine/

https://www.zerohedge.com/energy/big-oil-turning-its-back-russia

https://www.armstrongeconomics.com/international-news/politics/war-and-inflation-to-impact-us-midterm-elections/

https://www.zerohedge.com/news/2022-03-06/ukraine-and-ngo-archipelago


PS1: Neste momento (03/03/2022), quem deseja a paz e quem deseja a CONTINUAÇÃO da guerra?
Os primeiros são o povo ucraniano, incluindo as forças armadas; os segundos são os imperialistas americanos, os seus vassalos mais abjetos na Europa (como U. Van der Leyen) e sobretudo o capital financeiro, que cada dia que passa, tira mais vantagens e lucros, em resultado da especulação sobre os mercados, sobretudo, os mercados de capitais. Os russos estão numa situação paradoxal, cumprindo os objetivos do ponto de vista militar, mas isolados, com sanções económicas e fraco apoio diplomático. Mesmo a China não está a apoiá-los «de corpo e alma», mostra reticências muito evidentes quanto à fatídica decisão de invadir a Ucrânia. Acredito que os russos preferem um cessar-fogo, agora, que estão em boa posição no plano militar. Poderiam fazer mais pressão a favor da solução que eles pretendem alcançar com a guerra. Sei que o que escrevi acima, é muito evidente; apenas quero enfatizar que há demasiada propaganda nos media, fazem guerra psicológica, mas não ao povo russo, antes ao seu próprio povo!


terça-feira, 1 de março de 2022

«LE DÉSERTEUR» DE BORIS VIAN // QUANDO A MÚSICA DÓI



Aqui, uma das músicas que nos encheram o espírito e o coração, nos idos anos sessenta do século passado. Ou foi há vinte séculos???
Elas estão mais esquecidas porque raramente são evocadas ou retomadas, ao contrário das produções do showbiz, a máquina do espetáculo. Não é por acaso que existe - vemos à nossa volta, agora mesmo - uma sociedade sem memória coletiva, sem conhecimento da história, descerebrada. 
Infelizmente, eu terei de ser um desertor, se isto continua a ir de mal para pior. Demasiados sinais vão nesse sentido.
Não compreendo bem como as pessoas se deixam tomar pela paixão a favor da guerra, mas penso que esteja relacionado com a manipulação dos instintos profundos de sobrevivência, do medo da morte e de serem ostracizadas. Poucos são os homens e mulheres que têm a coragem (sim, hoje em dia é precisa) de pensarem por si próprios/as e, igualmente, de serem coerentes consigo próprios/as. 
Apesar do meu ceticismo, apelo ao bom-senso, à humanidade, ao sentido de responsabilidade de todos/as que me leem:
Não vamos, intencionalmente ou não, assoprar os ventos da guerra. Agora, do lado dos poderes, há um desencadear de furacões e tornados. 
Se queres a paz, trabalha pela paz!
Uma paz dentro de ti, com os outros, com aqueles/as com quem te sentes em dissonância, especialmente. 
Este Mundo é para ser partilhado por todo o género humano, por todas as culturas e países. 
A guerra, seja a que nível for, é sempre uma má solução; ou melhor, não é realmente uma solução. 
Tudo o que deixa, é desespero, destruição, amargor e desejo de vingança, nos que a sofrem. Em geral, sofrem muito também os que não têm um mínimo de participação na loucura coletiva. 

O meu coração não pode ter sentimentos antagónicos contra os povos, sejam eles quais forem... Os povos ucraniano, russo, da União Europeia, britânico, dos EUA... Não tenho nada contra eles (e os restantes)! 
Mas, tenho contra os dirigentes, os líderes que, ao longo de décadas, nos têm coletivamente levado para o abismo, passo ante passo, falhando redondamente na promessa (explícita ou implícita) de criar condições de segurança coletiva, para as nossas sociedades, para o Mundo.

O que parece extremo, de minha parte, não o é, afinal. Sempre foi a mensagem do humanismo, da filosofia, da espiritualidade. Se procurarem, verão que temos exemplos claros disso, no presente e nas tradições dos diversos países, que estão agora tão apartados. 
Neste contexto, é preciso evitar o mal que consiste em diabolizar o outro, em colocá-lo (explícita ou implicitamente) num plano de «não humano». 

A propaganda apoderou-se da media, sobretudo a media com meios mais poderosos de difusão. Em simultâneo, são censuradas informações e opiniões, que se afastem da ortodoxia ditada pelos poderes, nesta Guerra Global em que nos encontramos mergulhados. Estes mecanismos acabam por anular qualquer réstia de liberdade. Eles tendem a extravasar para aquelas áreas e assuntos que os poderes decidam que são «tabu». Porque, sem liberdade de informação e de opinião, não se pode manter nenhuma liberdade verdadeira.

Será que a humanidade se vai deixar levar - mais uma vez - ao matadouro? Desta vez, seria a vez definitiva; se houver vida, não haverá nada que valha a pena viver, no seguimento duma guerra nuclear. Note-se que é impossível haver uma guerra nuclear limitada. Nas circunstâncias atuais, há a certeza de que um primeiro golpe nuclear, por um dos adversários, não vai impedir que o outro conserve várias possibilidades de contra-ataque nuclear. 
Mesmo que não houvesse uma tal riposta, o «inverno nuclear», isto é, o arrefecimento brusco do clima e a diminuição duradoira da fotossíntese, devido às partículas de poeira radiativa em suspensão depois das explosões,  causaria o definhar lento, horrível e definitivo da espécie humana. 
Querem isso ... Ou preferem acordar da ilusão e do condicionamento e agir responsavelmente, como humanos? 



Le Déserteur

Le déserteur
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Qu'elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer

 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

UMA IMAGEM VALE MIL PALAVRAS...MAS AS PALAVRAS DE DAVID STOCKMAN SÃO INDISPENSÁVEIS





                                    williambanzai7

???? QUEM É QUE DISSE: «FUCK THE EU!» ????

https://www.zerohedge.com/news/2022-02-26/picture-worth-1000-words


Em complemento, leia o artigo de David Stockman: The Land Where History Died, Part 1a


Os que hoje se indignam com os russos e Putin são os que encobriram, quando não aplaudiram, as barbaridades dos nazis ucranianos durante estes oito anos.

PS1: As palavras de Edward Curtin também são sensatas, oxalá que não sejam proféticas. Leia AQUI.



domingo, 27 de fevereiro de 2022

QUAL É REALMENTE A ESTRATÉGIA DAS FORÇAS RUSSAS NA UCRÂNIA?






 Uma testemunha no terreno, explica (para o público americano) o que é que se está a passar realmente (ele está agora em Kiev), o que ele explica tem toda a lógica e mostra como a propaganda ocidental é absolutamente estúpida. Acrescento que ele não me parece ser um entusiasta dos russos ou de Putin.

[Charles Hugh Smith] SISTEMA FINANCEIRO ESTÁ OTIMIZADO PARA OS SOCIOPATAS E A EXPLORAÇÃO

 




https://www.financialsense.com/contributors/charles-hugh-smith

Designemos este sistema financeiro por aquilo que ele realmente é: Metaperverso, um mundo construído por trapaceiros auto- remunerados.

           

Vivemos num momento particular da história, em que a verdade foi banida, como ameaça à maximização do lucro privado, ou seja, a híper-procura do interesse egoístico. As provas que apoiam uma cadeia causal foram substituídas por factos escolhidos a preceito, que apoiam a narrativa auto- justificadora: quer as provas, quer a narrativa, são construídas para servirem os interesses da pequena minoria à custa da imensa maioria.
Neste momento da história, as evidências são facilmente contestadas, porque o processo de fabricar provas auto- justificativas tem sido aperfeiçoado. As provas auto- justificativas são, agora, um produto que se pode comprar a preceito: Falseie o tamanho da amostra, manipule os dados com estatística, evoque um contexto para enquadrar as evidências de modo a que se incline para um dos lados (o seu), omita as evidências desinteressadas e polvilhe com matemáticas obscuras, e aí tem... As evidências e as narrativas são apresentadas como «factos», em vez do que realmente são, a trapaça elaborada, bem encenada, construída para maximizar os ganhos privados da ínfima minoria e explorar a imensa maioria.
Para que todo o sistema esteja ao serviço da ganância patológica duns poucos, o melhor é desvalorizar a verdade, relegá-la a uma mera opinião entre outras e as cadeias causais, a meras narrativas. Neste momento da História, a verdade foi rebaixada a simples quimera; existe apenas opinião e todas as opiniões são iguais. Todas as opiniões se reduzem a crenças e todas as crenças são iguais. Todas as narrativas se valem. Todas as questões se reduzem a valores: os valores são todos igualmente desenraizados, flutuando livremente, e valem todos o mesmo: zero.
Esta trapaça atingiu a perfeição no sistema financeiro, que está agora otimizado para a exploração em benefício dos sociopatas. Como explicou Nassim Taleb (com referência a Adam Smith), os mercados só funcionam se existirem regras, impostas por igual a todos os participantes. No presente sistema, há dois conjuntos de regras: um, que se pode resumir a «vale tudo» para os super-ricos e bem relacionados, e outro para todos os restantes.
Tosquie biliões às ovelhas, pagará uma multa modesta e, se todas as suas apostas saírem furadas, será resgatado porque o seu negócio é demasiado importante para falir. Desvie uma pequena soma dum banco, ou agência financeira e vai parar à prisão. Venda um produto financeiro que foi desenhado para fracassar , como se fosse de baixo risco. E então?! O cliente que tomasse mais atenção! Afinal, isto é o livre mercado a operar. Venda uma pequena quantidade de droga e vai parar ao inferno prisional.
- Dois conjuntos de regras: um simulacro de regras para os ricos - mais outra trapaça - e regras punitivas para todos os outros.
Visto que as evidências, as cadeias causais e os valores foram desprezados, já não existe o reconhecimento de que o desejo do ganho (a ganância) tanto pode desencadear exploração, como ser benéfica para o coletivo. Se o vosso desejo de ganhar leva a que façais um produto que é melhor, mais depressa, mais barato, com maior durabilidade e eficiência do que os produtos concorrentes disponíveis, o vosso ganho é o resultado de um avanço, que também serve os interesses da grande maioria.
Se o vosso desejo de ganho vos leva a construir algo - um objeto, ou um produto financeiro - defeituoso, desenhado para falhar (como as hipotecas fraudulentas ou os produtos-lixo que se destinam a encher os aterros), ou se subir o preço, simplesmente porque pode fazê-lo, a vossa ganância serve apenas os vossos interesses, à custa da maioria. Isto é a combinação perfeita da exploração. Cleptocratas e sociopatas, rejubilam neste ambiente!
Este sistema está otimizado para a exploração, pois os exploradores podem explorar as pessoas comuns, sem que elas percebam que foram saqueadas. Já não temos os meios para distinguir a fraude do facto, nem a exploração, de mercados baseados em regras.
Ezste contexto de generalizada exploração e degradação é o "Céu na Terra" para os sociopatas que não veem qualquer diferença entre ganhos obtidos esbulhando o próximo e obtidos por fornecer um produto/serviço de melhor qualidade. Eles prosperam, explorando o sistema e os seus participantes: assalariados, sócios, fornecedores, depositantes, devedores, credores e clientes.
Mas, na desoladora paisagem causada pela exploração e supremacia do interesse egoístico, algumas coisas continuam a ser verdadeiras e outras falsas. Algumas verdades permanecem evidentes por si próprias. Tal como tenho mostrado muitas vezes, podemos ver o salário/horário e o custo dos produtos e serviços essenciais em 1980, 1990, 2000, 2010 e no presente e fazer um cálculo de quantas horas de trabalho foram necessárias para pagar as despesas essenciais, como aluguer, cuidados de saúde, custos de educação das crianças, transportes, etc. Estes cálculos revelam que a capacidade aquisitiva dos salários tem vindo a descer durante as últimas décadas. Esta evidência não pode ser nulificada com declarações de que seja opinião, crença ou «um conjunto diferente de valores» --porque é um facto.
Se nós medirmos prosperidade pelo trabalho necessário para comprar as coisas básicas, todos, exceto os do topo da escala salarial, são menos prósperos hoje. Estes factos e esta cadeia causal são evidentes, por si próprios. Alguns dos que recolheram os ganhos produzidos na economia pelo trabalho da grande maioria, conseguem comprar a comunicação social mercenária, para manufaturar a ilusão de que a maioria está melhor, mas estas ditas «notícias» e «análises», só servem para nos distrair dos mecanismos de extorsão que operam "24/ 7".
Chamemos a este sistema financeiro aquilo que é, na realidade: O Metaperverso, a construção de um mundo de trapaças em benefício dos próprios, otimizado para a exploração, a perversão da justiça, o esbulhar dos muitos em benefício dos poucos, tudo isso protegido e ocultado por uma nuvem de confusão, onde tudo se equivale, na ausência de valor e onde a verdade já não existe. Tudo o que resta, são as baboseiras dos trapaceiros a competirem entre si.



sábado, 26 de fevereiro de 2022

[WorldBeyondWar] DEBATE: PODE A GUERRA JAMAIS SER JUSTIFICADA?




                                            https://www.youtube.com/watch?v=Npc47OEM76w
                                                               Realizado em 23_02-2022