sábado, 3 de agosto de 2019

GREAT RESET: OPERAÇÃO ENCOBERTA DOS BANCOS CENTRAIS

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Um longo período da história económica e financeira aproxima-se do fim. Iniciou-se aquando da retirada (em 1971) por Nixon do dólar da janela de convertibilidade com o ouro, a cláusula de Bretton Woods, que ancorava todas as moedas ao dólarmantinha este convertível em ouro. A partir desse momento, as moedas passaram a flutuar, sem âncora, umas em relação às outras e a inflação disparou. 

Quer se meça a inflação actual pelos índices habituais, quer pelo valor do ouro nas várias moedas «fiat» (ou seja, todas, visto que não existem moedas baseadas em metais preciosos), o facto é que a espiral inflacionista já se desencadeou. Pese embora a aversão da media económica mainstream em relação ao ouro, o que mostra a sua subida espectacular em relação a todas as divisas, mesmo as mais «fortes», como o franco suíço, o dólar, ou o euro... é que os mercados já começaram a perceber para onde se dirige o sistema monetário. Agora, já não são apenas os bancos centrais do Oriente (sobretudo Rússia, China, índia, e outros países asiáticos), existem também famosos gestores de «hedge funds» a apelarem aos seus clientes para investir em metais preciosos, detendo uma percentagem deles no seu portefólio.   
De facto, o BIS (Bank of International Settlements), de Basileia, tem estado discretamente a orientar os bancos centrais para uma «reestruturação» ou reset do sistema monetário. 
Há quem pense que este será baseado num cabaz de moedas, os «Direitos de Saque Especiais» (ou SDR em sigla inglesa) do FMI. Porém, este cabaz é, de facto, um cabaz de moedas «fiat» e apenas seria «sol de pouca dura». Pois, o problema com estes arranjos é que, uma vez perdida a confiança, não é fácil captá-la de novo. 

Há quem aposte nas criptomoedas, mas estas estão sujeitas aos mesmos vícios que o dinheiro existente: já são electrónicas, as somas em circulação actualmente nos mercados internacionais. Mesmo na economia corrente, muitas transacções - talvez 70% - são já  com cartões de débito ou de crédito ou por transferências bancárias. Portanto, o público pode ser permeável à modernidade, mas não irá sentir a situação como diferente da habitual. A existência de uma criptomoeda não muda nada de fundamental, seja ela emitida por um banco central (a Rússia, está seriamente estudando essa possibilidade, mas não é a única), seja ela uma criptomoeda descentralizada, como o «bitcoin». 
Para que uma criptomoeda tenha hipótese de se firmar no domínio das trocas do dia-a-dia, ela deverá possuir uma grande estabilidade. Com efeito, as divisas que existem, actualmente, não variam de um dia para o outro, de mais do que uma fracção de 1 por cento; isso significa que, aquele que aceita uma divisa em pagamento, pode confiar, no curto prazo, no valor da mesma. Pelo contrário, instabilidade das criptomoedas, sendo factor que atrai os especuladores, é também o factor que impede que sejam mais do que esporádicos veículos de transferência de dinheiro. Em países, como a China, com controlos de capitais instalados, será bastante interessante para alguém usar criptomoedas, para poder exportar dinheiro para o exterior, sem que as autoridades possam interferir. 

Restam portanto os metais preciosos, o ouro e a prata, que foram dinheiro durante um período de cerca de 6000 anos. A sua inter-conversão com moeda de papel pode fazer-se pelo simples cálculo da soma total de moeda-papel em circulação (incluindo a moeda electrónica, claro) dividido pelo ouro existente em todos os bancos centrais. O ouro teria de subir dos 1450 dólares a onça, actualmente, para cerca de 10 mil dólares a onça. Talvez isso seja possível em etapas, neste período de transição em que já estamos: o tal «reset». 
Remonetizar o ouro equivale a tornar possível que a moeda-papel seja trocada por ouro a uma taxa fixa, ou com uma flutuação mínima. Isso iria estabilizar o valor do dinheiro, manteria os preços, minimizava a inflação. A economia - em geral - iria beneficiar com isso.  
O efeito da desmonetização do ouro - um fenómeno recente, em termos históricos -  não foi benéfico para as economias. Os Estados endividaram-se sem restrições. A dívida pública, das empresas e das famílias, todas elas cresceram de forma exponencial, neste período de menos de meio século. 
Hoje, as moedas em circulação devem ter perdido 97%, no mínimo, do seu valor, relativamente a 1971, sendo esta a percentagem da perda do dólar: a principal moeda de reserva é, com certeza, das mais fortes, em termos relativos. As outras serão ainda mais fracas que o dólar.
O que os economistas da treta não dizem (mesmo quando o praticam em segredo) é que a garantia da conservação do valor - para o pobre, o rico e o remediado - é ter uma parte dos activos em moedas/barras de ouro e/ou prata. 
Assim, no momento em que houver um colapso financeiro, com uma situação de híper-inflação, não só não ficarão seus activos financeiros destruídos, como poderão ver o seu capital aumentar, em termos relativos. 
Quem se mantiver exclusivamente na economia de casino das bolsas, jogando em acções, obrigações, derivados (ETFs, etc.) está condenado (condena-se a si próprio) a ficar com o valor dos investimentos reduzido a quase nada
O imobiliário está muito inflacionado também, em todos os países. Não é uma boa forma de preservar capital, investir nele agora: não faz sentido comprar, com preços inflacionados, antes da bolha ter rebentado. Dentro de pouco tempo, como já se verifica nos mercados do imobiliário do outro lado do Atlântico, os preços irão descer, tão vertiginosamente como subiram. 
Depois da fase de transição, em que nos encontramos, quem tiver maior quantidade de capital disponível, poderá comprar activos muito abaixo do seu valor real, em consequência da crise profunda que se avizinha. É uma questão de aproveitar as oportunidades, que surgem sempre. 

O capital, que não é equivalente a dinheiro, permanece, globalmente. 
O capital é criado pelo trabalho; uma crise, não o destrói, mas é transferido de uns actores para outros.

terça-feira, 30 de julho de 2019

VERÃO ALENTEJANO 2019

                 

Uma curta estadia de 3 dias, nos finais de Julho de 2019, numa região do nosso país que ainda não está desfigurada pelo turismo. A maioria das fotos foi tirada no Cabo Sardão.

segunda-feira, 29 de julho de 2019

O IMPÉRIO ESCONDIDO

Os EUA são um conglomerado de territórios, alguns em continuidade, outros distantes de milhares de quilómetros, com múltiplas bases, em vários pontos do globo, as quais são propriamente postos avançados do império.
Este historiador repõe os factos históricos, obrigando a que o público cultivado nos próprios EUA olhe para a sua pátria e território com outros olhos. 



Abby Martin entrevista o Prof. de História Daniel Immerwahr sobre o seu novo livro 'Como esconder um Império', onde documenta a história dos «Estados Unidos Alargados».

domingo, 28 de julho de 2019

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE III)

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Para ver a parte 1 , ir para aqui
Para ver a parte 2, ir para aqui

Sem quaisquer pretensões em profetizar seja o que for, tenho de dizer - com toda a sinceridade - que fico surpreendido com a justeza e precisão das minhas previsões. Por exemplo, nunca duvidei que as divisas em papel (ditas «fiat») iriam sofrer uma erosão, tanto maior quanto o «quantative easing» e os juros zero ou negativos viessem distorcer os mercados, implicando que as pessoas, os negócios, os próprios Estados, já não poderiam - de todo - confiar no valor do dinheiro.
Perante a crise da dívida, o elefante na loja de porcelanas que tudo quebra, as entidades ditas «reguladoras», os bancos centrais, apenas têm duas «balas» para carregar a sua pistola: 
- uma delas, é a impressão ilimitada de divisas e sua distribuição aos bancos comerciais (o «quantitative easing»); ora, esta tendência é retomada após um interregno breve, menos de dois anos, pela FED (Reserva Federal Americana, o banco central, privado, dos EUA) e não tendo verdadeiramente parado, nos casos do ECB (Banco Central Europeu, emissor do Euro) e do BOJ (Banco central do Japão). 
- a outra, é a manutenção dos juros (das obrigações soberanas, isto é emitidas pelos Estados), a níveis que seriam «estimulantes» da economia. 
Embora estes juros não permitam qualquer investimento racional em poupança, por parte dos agentes económicos, visto que, em vários casos, já sejam negativos (os bancos cobram ao fim de um ano, uma quantia, em vez de dar um juro ao depositante), eles são defendidos pelos economistas ao serviço dos poderes, por duas razões: 
- são encorajadores do consumo, visto que muitas compras actualmente são feitas a crédito [argumento válido, em princípio, mas que implicaria que os salários tivessem uma subida moderada e real, pelo menos acompanhando a inflação, ora os salários não sobem, estagnam... em termos reais, o poder de compra das pessoas diminui]
- vão embaratecer a liquidação das dívidas, sobretudo dos Estados e grandes instituições privadas (banca e grandes empresas). Este argumento não é produzido frequentemente na imprensa mainstream, pois é realmente muito desfavorável à imagem dos poderes do dinheiro e dos Estados. É um facto que o pagamento dos compromissos, desde pensões de reforma, até aos empréstimos (as emissões de obrigações do tesouro, a dez, vinte, trinta ou mais anos) fica muito mais fácil, se o quantitativo dos ditos compromissos (o montante em dívida) ficar praticamente idêntico e a inflação tiver diminuído o valor real do dinheiro: com uma inflação de 2% anual, ao fim de 10 anos, uma pensão de reforma que se tenha mantido sem actualização (é exactamente o que acontece, em muitos países)  terá um poder de compra real de menos 20%... Se a inflação real não for de 2%, mas sim muito maior, de 10% (bem mais próximo da realidade, num país como Portugal) ao fim de 10 anos, a mesma pensão valerá cerca de 10 % apenas do valor inicial em termos de poder de compra, ou seja, a partir duma soma aceitável, passa-se para a indigência! 
Torna-se evidente que os bancos centrais e os governos, apenas querem safar-se, o melhor possível, da montanha de dívidas que foram fazendo nestes anos e que acelerou após a grande crise de 2007-2008. 
Como medidas de «combate» à crise, apenas fizeram uso das «duas balas» acima descritas e mesmo estas, usaram-nas somente para favorecer os já muito privilegiados (os 0,01%), que tinham a possibilidade de obter empréstimos tão baratos, quase gratuitos, não para favorecer a economia real, onde intervêm pequenos empresários, trabalhadores e suas famílias. O efeito foi que se formaram enormes bolhas nos mercados financeiros - acções e obrigações - acrescidas da bolha no imobiliário, que teve efeitos devastadores na gentrificação dos centros urbanos em todo o mundo, colocando a aquisição dum andar de preço médio, fora do alcance das famílias da classe média, seja em Londres, Paris, ou Nova York ...
Penso que a «elite» que nos desgoverna não vai evitar a crise que aí vem, a qual será com certeza de uma ordem de magnitude maior que a de 2008: a que rebentou há pouco mais de dez anos tinha como epicentro as hipotecas sobre imobiliário feitas a pessoas que não tinham as condições necessárias para as obterem («sub-prime» quer dizer isso). A crise que se desencadeou quase causou a derrocada do edifício bancário mundial e apenas foi «estancada» com a oferta de 26 triliões de dólares (ou o equivalente, noutras divisas) para que os bancos não ficassem a descoberto. Estas enormes somas não foram reabsorvidas, mas antes reforçadas com o constante fluxo de dinheiro (é isso o «quantitive easing»), dirigido às mesmas entidades bancárias. Entretanto, sabendo estas que «tinham as costas quentes» graças aos bancos centrais, em vez de emprestar aos empresários e às famílias, puseram uma parte destas quantias em reserva nos próprios bancos centrais, com um juro quase nulo, mas sem risco; a parte restante, serviu para jogos de auto-compra de acções nas bolsas, destinadas a fazer subir artificialmente as cotações das próprias acções... o que - por sua vez - ia aumentar os bónus que os administradores desses bancos recebiam!
Face a esta situação, pode-se afirmar que estamos pior, a nível do «Ocidente» pelo menos, relativamente à véspera da falência do Lehman Brothers, em Setembro de 2008. 
A «resposta» das elites do dinheiro e do poder foi a mais medíocre que se possa imaginar. Não admira que estejam somente a adiar o estoiro final dos vários esquemas de Ponzi (*), que eles próprios instauraram.

Entretanto, vão acelerando a corrida aos armamentos, com a estúpida e perigosa fantasia do «keynesanismo militar» uma teoria que aproveita a ideia de Keynes de que o Estado deve entrar em despesa para ajudar a arrancar a economia do marasmo, mas com a variante «militar», trata-se de despesa não-reprodutora de capital e logo dissipadora de riqueza, não criadora. Pois o armamento e despesas conexas, jamais poderão constituir uma base para enriquecimento global: o destino do armamento, ou é ser armazenado (o armazenamento tem custos); caso não seja usado, fica caduco e será preciso mais dinheiro para construir novas armas; ou, se for utilizado, significa destruição de pessoas e bens. Numa economia globalizada, a miséria dos vencidos também acaba por bater à porta dos «vencedores».
Para convencerem os cidadãos dos seus países de que é preciso acelerar a corrida aos armamentos, recorrem ao medo, ao papão da «ameaça» russa ou chinesa. Eles precisam de tornar a ameaça credível; então, inventam mil e uma situações de potencial conflito. Os estados maiores anglo-americanos tornaram-se especialistas em gerar e gerir o atrito em várias frentes: o Irão e estreito de Ormuz, mas também o Mar da China e as fronteiras russo-bálticas. 
Em todos os casos, estão a «brincar com o fogo», pois as provocações podem, num dado momento, ser confundidas com o desencadear duma ofensiva e, por sua vez, suscitarem contra-ataques, ou pode até haver respostas não desejadas pelos comandos superiores, causadas por subordinados demasiado enervados com estas danças e contra-danças. 
A criminalidade da NATO, dos governos dos países que dela fazem parte e de todas as hierarquias de altas patentes militares, é por demais evidente. 
A necessidade de se encarar esta organização como o factor de desestabilização nº1, em todo o mundo, não é exagerada da minha parte. Basta ver o que diz sobre o assunto Paul Craig Roberts, um ex-subsecretário de Ronald Reagan, que  preparou o terreno para o final da Guerra-Fria, por Reagan e Gorbatchov.   
Relativamente a tudo o que ouvimos e lemos nestes dias na media corporativa, aquilo que incide sobre reais questões candentes da actualidade, é muito pouco. A media continua a fazer seu papel ao atulhar os olhos e ouvidos das pessoas com «notícias» irrelevantes, satisfazendo a gula que muitas pessoas têm pelo sórdido, pelo escabroso, pelo indecente...  
As verdadeiras notícias, no melhor dos casos, são servidas descontextualizadas. Só os especialistas as compreendem realmente e colocam-nas no devido contexto. Outras vezes, são distorcidas e apresentadas de modo falsamente objectivo, são «fake news» produzidas pelas grandes organizações de media (CNN, BBC, NYT, The Guardian, Libération, Le Monde ...). Note-se que muitos títulos com passado glorioso, foram capturados pelo «politicamente correcto» e pela narrativa obsessiva, que coloca sempre os «outros» como «Império do Mal», não importando que seja em resultado de análises completamente distorcidas e dando crédito a «fontes» muito dúbias. Eles estão cumprindo o papel de instrumentos de propaganda, que lhes foi destinado, dentro do grande esquema da 3ª Guerra Mundial. 
Esta 3ª Guerra Mundial, já tem anos. Começou com o gigantesco ataque de falsa bandeira às Torres Gémeas e ao Pentágono, no dia 11 de Setembro de 2001. Desde então, não parou - não houve nenhum ano decorrido, sem acções militares desencadeadas pelos EUA sozinhos, ou com aliados seus da NATO. 
Por isso, é que temos a realidade que temos. 

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(*) Esquema de Ponzi: um especulador que inventou uma burla nos anos 1920 para captar incautos; dava juros altos, com os novos capitais que - entretanto- vinham afluindo.
  

NEOCOLONIALISMO EUROPEU. UMA LANÇA EM ÁFRICA


                                  

ARTIGO DE OPINIÃO DE ANTÓNIO PEREIRA


Um considerável contingente militar europeu tem vindo a ser concentrado nos últimos anos no Mali. Este enorme país africano, sem saída para o mar, faz fronteira com sete países vizinhos e tem uma posição geoestratégica privilegiada no acesso ao deserto do Sahara, uma das principais rotas migratórias da África subsariana e possui também importantes jazidas de ouro e urânio. Ultimamente vieram a público notícias sobre as intenções da União Europeia de reforçar ainda mais, o seu já enorme contingente militar na região.

Os britânicos anunciaram pela voz da primeira-ministra Teresa May que vão reforçar e prolongar a sua missão no território com novos meios aéreos. Os britânicos têm apoiado, desde 2014, os franceses nas operações militares Barkhane e Aconit. A França, antiga potência colonial, mantêm desde esta altura cerca de 3000 militares estacionados em N’Djamena, a capital do vizinho Chade e importantes meios militares na sua principal base em Gao, no centro do Mali. Os alemães além de estarem presentes no Mali inauguraram recentemente uma base militar no Niger.
Aos enormes contingentes já presentes no terreno, vêm agora juntar-se ainda mais militares da Estónia, da Dinamarca, da Irlanda e até de Portugal

Aparentemente estas operações militares estão em preparação há já algum tempo. Importa recordar que a União Europeia tinha já anunciado em 2018 a intenção de gastar 10.5 milhões de euros em equipamento militar e armas nesta região, que se somam aos 50 milhões de euros anunciados em 2017.

É caso para perguntar: o que se esconde por detrás desta guerra, que se vai intensificar a curto prazo? Até porque para combater grupos terroristas não são necessários meios desta envergadura.  
  
António Pereira


sábado, 27 de julho de 2019

O COLAPSO JÁ COMEÇOU

                                      https://www.youtube.com/watch?v=4jc_aJdx7_w
Através de uma demonstração clara e rigorosa, Charles Sannat explica-nos que o colapso poderia ser apenas uma hipótese, porém tal não acontece, porque ele já está aqui. 
Evidentemente, tal afirmação parece artificial e puxada pelos cabelos, à primeira vista, tendo ele a inteligência de antecipar as críticas e objecções, com respostas breves mas convincentes, que permitem olhar estas realidades da economia com olhos de ver. Trata-se de escolher a realidade (a «pílula azul» da Matrix) e não ingerir a «pílula vermelha» do sonho, ou da falsa realidade, como no célebre romance de ficção-científica «Matrix». 
O que me separa de Sannat não é pouco. É mesmo uma perspectiva distinta, pelo menos, à partida. Porém, o ponto de chegada é praticamente igual. Por isso mesmo, deviam as pessoas que seguem o meu blog estar alerta a partir deste vídeo e deste artigo, se não é o caso de que estejam já. 
Tenho feito repetidas chamadas de atenção não apenas para a insustentabilidade da economia pós-falência de Lehman Brothers (Set. 2008), como para a utilização da guerra como forma de adiamento do inevitável colapso final.
Escrevi em 24 de Agosto de 2018, num ensaio intitulado 
...
Praticamente, os analistas (mesmo de esquerda) não arriscam ver o fim do capitalismo, enquanto sistema de domínio mundial, tendo o imperialismo como suporte de poder, essencial para o sistema. 
Porém, as condições de funcionamento do capitalismo deterioram-se, a capacidade de arrancar lucro é cada vez menor, esse lucro é sempre feito à custa de um maior sofrimento das populações e do ambiente. 
Em suma, é um capitalismo depredatório numa escala global, que pretende sempre mais e mais crescimento, o que não é compatível com um mundo finito e cujo funcionamento saudável depende de subtis equilíbrios ecológicos, os quais estão a ser gravemente postos em causa.

Como resultado deste caminhar pelos labirintos da realidade económica e geo-política, as pessoas, por mais diversas que sejam as ideologias à partida, acabam por se pôr de acordo quanto à realidade e quanto a uma leitura da mesma.

Neste blog tenho repetidas vezes dado a conhecer sinais do que se passa, do que está a passar-se sob os nossos olhos, o que realmente tem ocorrido. 
Tem sido difícil, apesar das quase 70  mil leituras, deste blog, desde a sua fundação em 2016: As pessoas simplesmente estão anestesiadas pelo preconceito do passado, os anglo-saxónicos chamam a isso «normalcy bias», ou seja, a crença de que o amanhã será como hoje, visto que o dia de hoje foi como ontem. 
Por outras palavras, as pessoas teimam acreditar que está tudo «normal», porque o mundo aparenta estar normal.
A minha esperança é que muitas cabeças, que não renunciaram a pensar, a inquirir, comecem a tomar a verdadeira medida das coisas. 
Quanto mais amplo for esse despertar, os que já estão a trabalhar no domínio da realidade serão reforçados por amigos e companheiros, que compreendem a não-contradição entre o interesse individual e o colectivo. 
Esse movimento, aliás, já começou, em muitos países; ele é destinado a salvaguardar as pessoas, o seu património, a sua cultura e agricultura. 
Todas as outras pessoas foram hipnotizadas, zombificadas, por tecnologias digitais e sobretudo, por uma ideologia totalitária matreira, que se apresenta com as vestes «liberais». Pode-se falar com propriedade de «totalitarismo digital», para caracterizar o fenómeno. 
Serão essas que serão mais facilmente engolidas na imensa onda do tsunami económico, da catástrofe global em curso. 

Não estou a referir-me a mais uma crise do capitalismo. Estou a falar do fim do capitalismo. Mas, não é razão para os anti-capitalistas se alegrarem pois, em substituição do odiado capitalismo, não virá uma qualquer nova forma de socialismo, de maior justiça social e económica. 
Será antes uma retoma do feudalismo, mas agora numa escala global; um neo-feudalismo, ou seja, um sistema mundial controlado por uma dúzia de imensas fortunas, que tratarão os Estados como súbditos...