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sexta-feira, 20 de agosto de 2021

PROPAGANDA 21 [nº8]: Afeganistão, Ópio e Propaganda de Guerra ...


Mapa do Afeganistão, mostrando alguns dos recursos minerais [Retirado de Preliminary Non-Fuel Mineral Resource Assessment of Afghanistan, by Stephen G. Peters, Stephen D. Ludington, Greta J. Orris, David M. Sutphin, James D. Bliss, James J. Rytuba, and others]


Em baixo, uma excelente conversa de Ben Norton e Max Blumenthal dos «Moderate Rebels» e «Grayzone», com Pepe Escobar .

Se confrontarmos os dados apresentados aqui, com aquilo que o público é «autorizado» a conhecer, através do «establishment», vemos o que é realmente a propaganda de guerra. 

A media, ao serviço dos poderes instalados, encobre muitos dos factos que deveriam ser do conhecimento público e abertamente discutidos, para uma avaliação das realidades no terreno. 

Sobre o Sinquião (Xinjiang), por exemplo, a media corporativa omite ou distorce os dados mais importantes relativos à guerra, sobre os jihadistas do Xinjiang, ex-combatentes na Síria, nas fileiras da ISIS e doutros grupos terroristas.

Esta conversa (ver abaixo), fala da retirada do Afeganistão, da via de escoamento do ópio (pela CIA), do conflito em torno dos oleodutos, das matérias-primas (estimadas em 1 trilião de dólares, no subsolo afegão) e da nova guerra fria.




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PS1: Inicia-se nova era pós- invasão americana do Afeganistão. O estado de espírito dos imperialistas parece ser o que vingança, de querer castigar o povo afegão por ter feito sofrer a humilhante derrota ao poderoso exército e ao complexo militar industrial: https://www.moonofalabama.org/2021/09/why-us-plans-for-revenge-in-afghanistan-may-not-succeed.html#more

terça-feira, 19 de novembro de 2019

MANLIO DINUCCI: A ITÁLIA NA COLIGAÇÃO «ANTITERRORISMO»


Copiado de : https://nowarnonato.blogspot.com/2019/11/pt-manlio-dinucci-arte-da-guerra-italia.html

                             
A Arte da Guerra
A Itália na coligação “antiterrorismo”
Manlio Dinucci

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luigi Di Maio, acolhendo em Roma, os cinco soldados feridos no Iraque, declarou que “o Estado italiano nunca recuará um centímetro diante da ameaça terrorista e reagirá com toda a sua força diante dos que semeiam terror”. Voou, então, para Washington, a fim de participar na reunião de grupo restrito da “Coligação Global contra o Daesh”, do qual fazem parte, sob orientação USA, a Turquia, a Arábia Saudita, o Catar, a Jordânia e outros países que apoiaram o Daesh/ISIS e formações terroristas análogas, fornecendo-lhes armas e treino de combate (conforme documentamos neste jornal).

A Coligação - que inclui a NATO, a União Europeia, a Liga Árabe, a Comunidade dos Estados do Sahel/Sahara e a Interpol, mais 76 Estados individuais - afirma no seu comunicado de 14 de Novembro, “ter libertado o Iraque e o nordeste da Síria” do controlo do Daesh/ISIS», embora seja evidente que as forças da Coligação deixaram, deliberadamente, a mão livre ao Daesh/ISIS.
Esta e outras formações terroristas foram derrotadas apenas, quando a Rússia interveio militarmente em apoio às forças do governo sírio.

A Coligação também reivindica ter “fornecido 20 biliões de dólares em assistência humanitária e para a estabilização do povo iraquiano e sírio, treinado e equipado mais de 220.000 membros das forças de segurança para estabilizar as comunidades locais”. O objectivo desta “assistência” é, na realidade, não a estabilização, mas a contínua desestabilização do Iraque e da Síria, fomentando instrumentalmente, sobretudo, as diversas componentes do independentismo curdo, para desagregar esses Estados nacionais, controlar o seu território e as suas reservas de energia.

Como parte dessa estratégia, a Itália, definida como “um dos maiores contribuintes da Coligação”, está empenhada no Iraque, principalmente, no adestramento das “forças de segurança curdas” (Peshmerga), em particular, no uso de armas anti-tanque, morteiros, artilharia e espingardas de precisão, em cursos especiais para franco-atiradores.

Operam, actualmente, no Iraque, cerca de 1.100 soldados italianos, divididos em diversas ‘task force’/grupos de trabalho, em vários lugares, equipados com mais de 300 veículos terrestres e 12 meios aéreos, com uma despesa, em 2019, de 166 milhões de euro.
A força do Iraque está apoiada por uma componente aérea italiana no Kuwait, com 4 caças-bombardeiros Typhoon, 3 drones Predator e um avião-tanque para reabastecimento em voo.
Com toda a probabilidade, as forças especiais italianas, às quais pertencem os cinco feridos, participam em acções de combate, mesmo que a sua tarefa oficial seja só de treino. O emprego de forças especiais é em si, secreto. Agora, torna-se ainda mais secreto porque o seu comando, o COMFOSE, foi transferido do quartel Folgore, em Pisa, para a área vizinha da base de Camp Darby, o maior arsenal USA fora da pátria, onde também são realizadas actividades de treino.

Na Coligação, a Itália também tem a tarefa de co-dirigir o “Grupo financeiro de combate ao “ISIS”, juntamente com a Arábia Saudita e os Estados Unidos, ou seja, aqueles que financiaram e organizaram o armamento das forças do ISIS e de outras formações terroristas (ver a pesquisa do New York Times, em 2013).

Fortalecido com todos estes méritos, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Di Maio, apresentou em Washington a proposta, imediatamente aceite, de que seja a Itália a acolher a reunião plenária da Coligação, em 2020. Assim, a Itália terá a honra de receber oponentes infatigáveis do terrorismo como a Arábia Saudita que, depois de financiar o ISIS, agora gasta os seus petrodólares para financiar a sua guerra terrorista, no Iémene.

il manifesto, 18 Novembro 2019



DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATO
DANSK DEUTSCH ENGLISH ESPAÑOL FRANÇAIS ITALIANO NEDERLANDS
PORTUGUÊS ROMÎNA SLOVENSKÝ SVENSKA TÜRKÇE РУССКИЙ


Manlio DinucciGeógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

terça-feira, 29 de outubro de 2019

«O CALIFA, FILME CIA ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE»


POR Manlio Dinucci -- A Arte da Guerra 
TRADUÇÃO DE : Maria Luísa de Vasconcellos





ITALIANO PORTUGUÊS

“Foi como assistir a um filme”, disse o Presidente Trump, depois de testemunhar a eliminação de Abu Bakr al Baghdadi, o Califa, Chefe do ISIS, transmitido na Situation Room da Casa Branca. Aqui, em 2011, o Presidente Obama assistia à eliminação do então inimigo número um, Osama Bin Laden, Chefe da Al Qaeda. O mesmo argumento: os serviços secretos dos EUA tinham localizado,há muito tempo, o inimigo; este não é capturado, mas eliminado: Bin Laden é morto; al Baghdadi suicida-se ou é “suicidado”; o corpo desaparece: o de Bin Laden é sepultado no mar,os restos de al Baghdadi, desintegrados pelo cinto de explosivos,também esses são espalhados no mar. O mesmo produtor do filme: a Comunidade de Inteligência, formada por 17 organizações federais. Além da CIA (Agência Central de Inteligência), existe a DIA (Agência de Inteligência de Defesa), mas cada sector das Forças Armadas, bem como o Departamento de Estado e o Departamento de Segurança Interna, têm o seu próprio serviço secreto.


Para as acções militares, a Comunidade de Inteligência usa o Comando das Forças Especiais, instalado em, pelo menos, 75 países, cuja missão oficial compreende, além da “acção directa para eliminar ou capturar inimigos”, a “guerra não convencional conduzida por forças externas, treinadas e organizadas pelo Comando ". É, exactamente, o que começou na Síria, em 2011, no mesmo ano em que a guerra USA/NATO destrói a Líbia. Demonstram-no as provas documentadas, já publicadas em ‘il manifesto’.

- Por exemplo, em Março de 2013, o New York Times publicou uma pesquisa detalhada sobre a rede da CIA, através da qual chegam à Turquia e à Jordânia, com o financiamento da Arábia Saudita e de outras monarquias do Golfo, rios de armas para os militantes islâmicos treinados pelo Comando de Forças Especiais USA, antes de serem infiltradas na Síria. 

- Em Maio de 2013, um mês após ter fundado o ISIS, al Baghdadi, encontra na Síria uma delegação do Senado dos Estados Unidos chefiada por John McCain na Síria, como mostra a documentação fotográfica. 


- Em Maio de 2015, um documento do Pentágono datado de 12 de Agosto de 2012 é desclassificado pela Judicial Watch, no qual se afirma que há “a possibilidade de estabelecer um principado salafita na Síria oriental, e é exactamente o que os países ocidentais desejam, os Estados do Golfo e a Turquia, que apoiam a oposição”. 

- Em Julho de 2016, é desclassificado pelo Wikileaks um email de 2012 no qual a Secretária de Estado, Hillary Clinton, escreve que, dada a relação Irão-Síria, “a destituição de Assad constituiria um imenso benefício para Israel, diminuindo o medo de perder o monopólio nuclear.” Isso explica por que motivo, não obstante os EUA e os seus aliados iniciarem, em 2014, a campanha militar contra o ISIS, as forças do ISIS podem avançar sem perturbações em espaços abertos, com longas colunas de veículos armados.


A intervenção militar russa em 2015, de apoio às forças de Damasco, reverte o destino do conflito. O objectivo estratégico de Moscovo é impedir a demolição do estado sírio, que provocaria um caos do tipo líbio, vantajoso para os USA e para a NATO, para atacar o Irão e cercar a Rússia.


Os Estados Unidos, irracionais, continuam a jogar a cartada da fragmentação da Síria, apoiando os independentistas curdos e depois abandonando-os para não perder a Turquia, posto avançado da NATO na região.


Neste contexto, compreende-se por que al Baghdadi, como Bin Laden (anteriormente aliado dos USA contra a Rússia, na guerra do Afeganistão), não podia ser capturado para ser processado publicamente, mas que devia desaparecer fisicamente para fazer desaparecer as provas do seu verdadeiro papel na estratégia USA. Por isso, a Trump agradou tanto o filme com um final feliz.


il manifesto, 29 de Outubro de 2019

terça-feira, 11 de setembro de 2018

AS RAZÕES PARA A INTERVENÇÃO AMERICANA NA SÍRIA

               

Os esforços para a paz na Síria e a limpeza dos terroristas do ISIS e do ramo local da AL QUAIDA em Idlib, estão a ser abertamente sabotados pelos EUA e por suas forças militares, que continuam ocupando ilegalmente partes do território sírio
Para compreender a razão disto, vale a pena visionar o video abaixo. Ele aponta o verdadeiro motivo e alcance das manobras dos EUA e de Israel nesta região.

https://www.youtube.com/watch?v=605G8FMeO6Y



sábado, 20 de janeiro de 2018

ESTADO ISLÂMICO, INSTRUMENTO DE TERROR IMPERIAL


                     US Gambling on the Islamic State to Undermine China and Russia’s Position in Africa


A guerra dita contra o «terror» foi um instrumento de dominação, planeado e executado pelos neocons, no aparelho de Estado (o chamado «Estado profundo») dos EUA. 
Mas, a partir da década de 2010, essa guerra «contra o terror» já estava claramente perdida com as derrotas humilhantes no Afeganistão e no Iraque, da maior superpotência que jamais infectou o planeta.
Assim, as «luminárias» da administração Obama, aproveitando a onda de contestação nos países árabes da orla do Mediterrâneo (Tunísia, Egipto, etc) produzida por um empobrecimento das pessoas e a manutenção de regimes corruptos e autoritários, desencadeia a operação chamada «primavera árabe».
Esta consistia em utilizar, nestes países, os elementos radicais islamitas, em geral de obediência sunita, onde a sociedade secreta, a Fraternidade Muçulmana, tinha muita força. 
F. W. Engdahl descreveu tal jogada, ocorrida durante a passagem de Hilary Clinton pelo Departamento de Estado dos EUA, pelo que não irei aqui desenvolver o assunto. 
Basta recordar que, muito antes de Trump, por volta de 2014, já era completamente claro o papel desastroso que esta política representava para o conjunto das nações do Médio Oriente. 
Com efeito, esta política, começada com a guerra terrorista contra a Líbia, continuou com a exportação dos Jihadistas usados como elementos no derrube do regime de Kadafi (em particular em Benghazi)  para a guerra «civil» Síria. 
Esta guerra «civil» foi claramente insuflada do exterior, numa coligação operacional que envolvia Israel, a Arábia Saudita e os Emiratos (nomeadamente o Quatar, proprietário da cadeia de tv internacional Al Jeezira), assim como os aliados / súbditos da NATO (Turquia, França, Alemanha, Grã Bretanha...). 
Mas esta guerra «civil» também não estava a correr bem: 
O regime de Damasco, em vez de ser derrubado, estava-se consolidando e começou a ser apoiado militarmente pela Rússia. Esta decidiu ir em socorro do seu aliado sírio, para contrariar estrategicamente a expansão da «Jihad» no seu território. Lembremos as Repúblicas de maioria muçulmana, da Federação Russa no Cáucaso, não apenas a Chéchénia, e das minorias muçulmanas presentes em muitas outras partes da Federação Russa.
Para contrariar a influência russa no Médio Oriente, o presidente Obama e seus conselheiros arriscaram montar uma «Segunda Al Quaida». A primeira, com Osama Bin Laden, foi também organizada pelos serviços secretos americanos, durante a luta contra a URSS, no Afeganistão. O resultado fatal e trágico é que, tal como os monstros do tipo «Frankenstein», estas organizações terroristas sempre escapam ao seu criador.  
A segunda Al Quaida foi baptizada ISIS (mas este nome não era conveniente, pois idêntico ao acrónimo oficial, em inglês, dos serviços secretos de Israel). Depois, o seu nome foi resumido para «IS» (Islamic State) ou Estado Islâmico (ou Daech).
Esta força consistia numa reunião heterogénea de mercenários jihadistas, equipados, treinados e financiados pelos serviços secretos dos EUA e diversos Estados vassalos (Turquia, Arábia Saudita, Quatar, Jordânia...).
Esta coligação manteve, durante algum tempo, o jogo duplo, de combater formalmente o Daesh, enquanto lhes fornecia equipamento e abastecimento necessários para a continuidade da guerra contra Assad, na Síria, o regime que o «Ocidente» queria a todo o custo derrubar. 
Cabe aqui reflectir no que seria hoje em dia o Médio Oriente, se estas ambições dos imperialistas se tivessem concretizado: 
- Estaríamos perante um Califado, a estender-se desde Bagdad até a Damasco. Este Califado seria de obediência fundamentalista islâmica. As minorias, árabes ou não, muçulmanas, cristãs, ou outras, seriam impiedosamente sujeitas a «limpeza étnica» (exactamente como fizeram no Kosovo com a minoria sérvia ortodoxa). Mesmo os muçulmanos não sunitas radicais (existem grandes minorias Chiitas, Alauitas, etc.) seriam submetidos, num reino de terror, como aconteceu nas zonas e cidades (Mossul, Raqqa, etc,) sob controlo do ISIS.
 Não se deve esquecer que sejam eles designados por Al Quaida, Estado Islâmico, etc. são fundamentalmente a mesma coisa: 
- uma organização de mercenários, fanatizados na versão  mais fundamentalista do Islão.

Apesar da aparente modificação (apenas retórica?) da doutrina oficial de «defesa» nacional dos EUA da era Trump, o facto é que estes continuam a apoiar estes grupos e agora planeiam usá-los* de modo encoberto, nas repúblicas (ex-soviéticas) da Ásia Central, que têm fronteiras com a Rússia e a China, com o claro propósito de colocar em cheque a Nova Rota da Seda. Desestabilizando estes vastos territórios, tanto no interior da China e Rússia, como nos Estados fronteiriços, os imperialistas continuam a apostar na política de guerra-fria, afinal mais e sempre mais guerra. 
Além do sofrimento das populações destas regiões, tais políticas podem desencadear uma guerra mundial entre superpotências. 

(*) 


terça-feira, 28 de novembro de 2017

CAMPANHA CONTRA A RÚSSIA ASSEMELHA-SE ÀS CAMPANHAS DE REGIMES FASCISTAS

Não só a célebre frase de Karl Marx de que «na História, as tragédias se repetem como farsas» é adequada ao contexto presente, mas chega a impressionar pela sua justeza.
Com efeito, o processo típico das ditaduras fascistas, da identificação do «inimigo»,  como sendo o comunismo ou os «vermelhos», como pretexto conveniente para desviar a atenção das massas, foi retirado do armário bafiento do MacCartismo... mas desta vez para «justificar» a completa falência da política, da diplomacia e até do uso da força pelo Império.

Os neocons, dominando grande parte do complexo de «espionagem-militar-industrial», viram que o logro do «islamismo radical» já não pegava, que a história do ISIL= ISIS=EI estava basicamente desmascarada. Foi a partir daí que começaram a socorrer-se do velho reflexo «anti-Rússia» criado e acarinhado durante as décadas de guerra-fria, em que a Rússia (soviética, claro) representava o «mal», o «inimigo». 

Poucas pessoas - no Ocidente - têm a coragem de dizer as coisas tal como elas são, um dos quais é o autor do blog «The Saker», outro o Dr. Paul Craig Roberts
Nem um nem outro, são ou foram jamais o que se poderá classificar como «esquerdistas» ou «de esquerda»; são conservadores e afirmam-no sem disfarce. 
Mas esta sua posição de denúncia da guerra de propaganda que - em geral - antecede uma guerra a quente, deveria ser escutada, pelas pessoas de todos os quadrantes, com a máxima atenção... 

Encontram-se na propaganda actual muitos traços típicos da propaganda de Hitler e de seus congéneres: esta propaganda era criminosa, sabemos nós, com efeitos devastadores. 
O tomar uma etnia inteira, uma nação, como «culpada» do mal, deslegitimar sistematicamente actos democráticos como a votação para retorno à Rússia da Crimeia (província russa, desde o século XVIII, tendo sido «dada» à Ucrânia, um dos Estados da URSS, por Nikita Krutchov, num acto perfeitamente arbitrário, em 1954) e ainda por cima usá-los como pretexto para um cerco e um bloqueio são acções propriamente de regimes fascistas. Mas não são menos a repressão do movimento democrático de independência da Catalunha, pelo governo de Madrid. Isso, não só não fez pestanejar a oligarquia de Bruxelas, como até mereceu os mais rasgados elogios destes e dos seus homólogos da UE! 
Atribuir os males, os falhanços nacionais à «conspiração» pró-russa, foi o meio que a oligarquia encontrou para aligeirar e distrair o eleitorado das pesadas responsabilidades de Hillary, no governo de Obama, o qual foi o mais belicoso presidente dos EUA de que há memória, por detrás do discurso de bem-sonante «pacifismo» (suficiente (!) para justificar um Nobel da Paz). Muitos consideravam que Hitler era o salvador da paz, após a conferência de Munique, pouco antes do mesmo ordenar a invasão da Polónia, que deu início à IIª Guerra Mundial.
As atitudes hostis por parte da NATO ou de forças dos EUA são quotidianas, mas têm a protegê-las um ecrã de fumo de propaganda, que não permite ao grosso das pessoas ver a realidade. As provocações junto das fronteiras russas são constantes e quotidianas. 
Fazem exercícios extremamente agressivos, tanto nestas fronteiras, como nas do seu aliado, a China.  Esperam que exista um deslize, uma falha, um erro, técnico ou humano: são abutres que esperam apenas por isso para a grande carnificina... e tudo isto, porquê?
Porque já estão esgotados os recursos para manter em funcionamento o capitalismo mais predador e mais ineficaz que jamais existiu. Cedo ou tarde, sem uma guerra mundial, os oprimidos irão exigir que a oligarquia preste contas: como eles não poderão mais proteger-se com as costumeiras mentiras, terão de inventar (antes que isso aconteça) uma monstruosa operação de falsa bandeira, mais monstruosa que a de 11 de Setembro de 2001.
É importante que as pessoas mais esclarecidas esclareçam as outras e ajudem assim a tornar a cidadania mais lúcida, em especial nos países onde estão situados os centros de decisão de onde têm partido as provocações com vista a acções belicistas.



terça-feira, 26 de setembro de 2017

JOGO DÚBIO E CRIMINOSO NA SÍRIA

Conforme tinha esclarecido, em artigo anterior, a situação na zona de Deir Ezzor está muito volátil e foi aproveitada pelos «terroristas moderados» para um ataque certeiro que atingiu mortalmente três militares russos de alta patente. Como diz o blog «Moon of Alabama»...
« durante 3 anos o ISIS cercou as tropas sírias na cidade e no aeroporto de Deir Ezzor. Nunca ele conseguiu atacar com sucesso o quartel-general sírio e matar militares de alta patente. Agora, quando forças aliadas dos EUA, «aconselhadas» por forças especiais de comandos dos EUA, tomaram posições ao norte de Deir Ezzor, o ISIS tem de repente dados de espionagem e capacidade de tiro certeiro com morteiros, capaz de matar um grupo de oficiais russos em visita?» 

Ninguém acredita na versão de que o ataque foi efectivamente perpetrado pelo ISIS. Os russos fingem acreditar que foi assim, mas não deixam de mostrar por vários canais o que foi registado em fotos de satélite, que mostram as forças de comandos dos EUA e das SDF entrarem em território até agora controlado pelo ISIS, ao norte de Deir Ezzor, mas sem preocupação especial de cobertura ou escolta, como se esse território fosse seguro para elas.

                     

Como eu previra, os militares envolvidos no «Estado profundo», uma coligação entre forças «neo-conservadoras» poderosas, com ramificações em todo o aparelho de segurança, CIA, NSA, etc... assim como no Pentágono, estão a criar as condições para permanência, no longo prazo, de forças militares de elite americanas. Esta é a lógica por detrás destas provocações: manterem focos de instabilidade a todo o custo e propiciarem incidentes diversos, envolvendo forças sírias e agora também russas, na esperança de manterem um semblante de «justificação» para a presença ilegal de bases americanas «clandestinas» no leste e norte da Síria, cujo governo legítimo nunca autorizou.

Confirma-se, como para o caso da crise com a Coreia do Norte, que as lideranças dos EUA, dominadas pelas facções mais belicistas pensam que as soluções militares são de facto eficazes. Ou, embora reconheçam que as intervenções militares não chegam por si só, são essenciais para manter sob tensão os inimigos, ou seja os russos, os chineses e seus aliados.  
As elites do poder - o Pentágono, das diversas agências de espionagem, as facções mais conservadoras da políticas (como o senador MacCain, por exemplo) - escolhem o caminho do confronto e do caos. 

Sempre o mesmo modelo de geoestratégia, inspirado de Mac Kinder e de Brezinzky: não permitir, ou contrariar, a aliança entre as principais potências do continente euro-asiático e fomentar guerras e toda a espécie de operações secretas de desestabilização em territórios dessas mesmas potências  ou de seus aliados, na esperança de poder «dar cartas» num jogo, afinal, onde os americanos não têm nenhuma legitimidade para participar.  
  

terça-feira, 12 de setembro de 2017

A LUTA PELA AUTONOMIA NO CURDISTÃO SÍRIO

                         
Em 2014, quando os exércitos do Iraque e da Síria foram derrotados por uma repentina ofensiva do ISIS, algo muito particular surgiu no território Sírio, perto da fronteira com a Turquia, na região de Kobane. 
Milícias curdas de auto-defesa (YPG) ergueram-se para defender Kobane, a cidade onde predominava esta etnia, para que ela não caísse nas mãos dos djihadistas salafistas financiados pelas monarquias do Golfo, em especial pela Arábia Saudita, com a bênção e apoio logístico, em segredo, dos americanos. Nesta ocasião formou-se um movimento de solidariedade com os defensores de Kobane, tidos como próximos do partido curdo irmão do PKK.
O PKK, por sua vez, depois da prisão do seu líder Oçalan, numa ilha turca,  tinha sofrido uma mutação tanto estratégica quanto ideológica. O seu líder prisioneiro, tinha estudado com muito interesse Murray Bookchin e tinha chegado à conclusão de que o seu movimento se deveria inspirar pelo Municipalismo Libertário para construir a nova entidade, nas zonas libertadas. Assim, Kobane foi o primeiro laboratório em «escala real» de um movimento de guerrilha, que adotou princípios de horizontalismo, assembleísmo e de total igualdade entre homens e mulheres. Se tal postura já era por si só revolucionária em qualquer parte do mundo, em especial o seria frente a uma ofensiva dos ultra-conservadores, inspirados na interpretação mais obscurantista e fundamentalista do Corão: o Waabismo.
Porém, não devemos embandeirar em arco, pois as forças nas quais se integram os contingentes curdos sírios, as SDF (Sirian Democratic Forces) são largamente controladas, financiadas e equipadas pelos EUA. Estes, não querem perder o controlo estratégico do leste da Síria, onde se situa o petróleo e onde podem exercer vigilância sobre o Irão, sobretudo pretendem manter as bases ilegalmente aí implantadas, sob o pretexto de combater o Estado Islâmico (uma criação deles, da Mossad, dos sauditas, dos quataris, da Al Quaida, etc.) . 
Agora, com Dar-el-Zor prestes a ser libertada do cerco de anos pelas forças do Estado Islâmico, desenvolve-se uma corrida de velocidade para controlar esta região, rica em petróleo, entre as forças governamentais sírias, apoiadas pela Rússia, e as forças de SDF, apoiadas pelos EUA. 
O que deveria prevalecer seria um acordo para que não houvesse incidentes entre forças que, nominalmente, combatem o mesmo inimigo... mas sabemos que tem havido uma constante sabotagem disso, pelo Estado Profundo dos EUA, que já vem do tempo da presidência Obama. Não esqueçamos que um acordo de troca de informações entre forças dos EUA e Russas foi sabotado horas depois de concluído, pelo bombardeamento «por engano» de uma coluna do  exército sírio, causando mais de 60 mortes do lado sírio, na altura em que estes estavam a repelir o Estado Islâmico na zona de fronteira sírio-iraquiana.   
Vamos ver o que traz a queda da província de Dar-el-Zor

                             
                              
O que os EUA tentam cozinhar é claramente a construção de um mini-estado tampão, usando os curdos (tal como o fizeram, várias vezes, com os curdos iraquianos) para depois poderem se implantar permanentemente nessa zona do mundo, onde estritamente não têm absolutamente lugar nenhum, mas onde eles pretendem estar presentes, para controlo das rotas do petróleo, do gás e mantendo e acirrando rivalidades e conflitos entre povos, única coisa na qual eles são exímios! 

No meio disto, os militantes revolucionários vão ser - mais uma vez - «deitados para debaixo do autocarro», caso continuem a fazer a escolha errada e «apanhem o isco» de criar um mini estado Curdo, sem viabilidade e apenas baseado no apoio americano.

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

AGENTE DA CIA EXPÕE A EXTENSÃO E PODER DO ESTADO PROFUNDO


Este vídeo, pela sua clareza, dispensa comentário. Tenho pena de não dispor de uma tradução em português. Encorajo os leitores do blog a divulgarem ao máximo, pois estas verdades, ditas por alguém «de dentro», têm muito mais impacto.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

«ESTADO PROFUNDO» NOS EUA, POLÍTICA EXTERNA E GUERRA

               Ever Closer to War
Desde há alguns dias, vimos a assistir a uma escalada; as provocações sucedem-se. 
Primeiro, o abate de um avião da força aérea síria, por avião dos EUA no espaço aéreo sírio e com o fim de impedir (em vão) que caísse um bastião dos terroristas islâmicos do ISIS. 
Nas últimas horas, uma série de incidentes nas proximidades da fronteira russo-báltica... incluindo uma aproximação de um avião da NATO, próximo de avião transportando um ministro russo e que obrigou a que caças russos interviessem para afastar os intrusos.
O Estado profundo, nos EUA, dominado pelos neocons continua as fazer das suas. 
Admitindo que Trump não fosse o candidato preferido dessa perigosa fação, quererá isso dizer afinal que ele não tem verdadeiramente mão neles, está à mercê de todas as sabotagens dos seus esforços de apaziguamento com a Rússia? 
Alternativamente, pode-se imaginar que o presidente, vendo que eles eram demasiado poderosos e que as ameaças contra ele eram para tomar a sério, acobardou-se e decidiu jogar o seu jogo. 
Penso que ambos os cenários são de uma gravidade extrema, pois -pelos seus efeitos - nos colocam à beira da IIIª Guerra Mundial, a qual inevitavelmente, se transformará em guerra nuclear TOTAL. 
É essa a aposta louca dos neocons, mas parece que muito poucos vejam os perigos... a media ocidental, os próprios governos da NATO «aliados» dos EUA parecem jogar o jogo letal, sem consciência de que é um risco demasiado alto para se tomar, seja qual for o prémio. 
Os gregos designavam pelo termo HUBRIS a cegueira e inebriamento do poder vitorioso dos chefes. Porém,  o povo não poderá senão sofrer caso continue adormecido. Aliás, nem mesmo essa oligarquia, que terá bunkers anti-nucleares para aguentar durante algum tempo (6 meses, um ano?) poderá viver numa Terra onde todas as formas de vida que os poderiam sustentar ficaram extintas. 
É esse o grau de loucura dos neo-cons
Tenho acompanhado a brilhante carreira de ensaísta político de Dmitri Orlov. Na entrevista dada a Chris Marteson ele explica com meridiana clareza os riscos que corremos todos. A transcrição da mesma pode ser lida aqui.