No chamado mundo «Ocidental», os media corporativos estão todos basicamente sob controlo, no mais completo sentido da expressão: financeiro, ideológico, de propaganda... Todos eles se põem em bicos dos pés para reproduzir a visão completamente distorcida do que são, hoje em dia, a Rússia e China, assim como outros países que se têm aliado em vários continentes a estas duas potências.
O mais grotesco nestes media é que eles se assumem como cães de fila dos globalistas ocidentais, acusando quaisquer indivíduos ou organizações de «fazerem o jogo» dos russos. Antes, era a mesma coisa, na era do Maccartismo, quem fosse acusado de ter simpatias pela «Rússia soviética» era logo banido e excluído. Assim, um número enorme de jornalistas, actores, professores, investigadores, ou outros profissionais, tiveram as suas carreiras completamente destruídas, quando não mesmo as suas vidas, pois muitos se suicidaram.
Hoje em dia, está-se a criar um mito de que pessoas dissidentes do globalismo capitalista ocidental, ao terem uma análise que coincide com a posição da Rússia ou da China sobre determinado assunto, estão necessariamente «a soldo» destas potências.
Esta «presunção de culpa» é grave, na medida em que, não apenas atacam de forma vil e falsa muitas pessoas pelas suas opiniões (perfeitamente legítimas), como instituem uma forma de exclusão, de censura, de toda uma parte do espectro político ideológico, que eu situo sobretudo na esquerda não capitulacionista, na esquerda que não foi comprada pelos Soros e Cia. Alguns elementos conservadores, curiosamente, também se têm posicionado de forma muito crítica ao imperialismo americano e à vassalagem dos países da NATO.
Compreendo que o controlo da narrativa se revista de importância estratégica para os defensores do Império. Sem dúvida, existe uma lógica subjacente a isso: evitar que surja e se afirme uma corrente forte na opinião pública, que não se deixe manipular pela propaganda corporativa.
Compreendo que o controlo da narrativa se revista de importância estratégica para os defensores do Império. Sem dúvida, existe uma lógica subjacente a isso: evitar que surja e se afirme uma corrente forte na opinião pública, que não se deixe manipular pela propaganda corporativa.
Tal como a criança, que no conto de Andersen, gritou «o Rei vai nu», aquelas personalidades podem ter um papel catalizador e clarificador das consciências confusas, adormecidas. Daí que os media ao serviço do Império façam «black-out» de tudo o que lhes diga respeito, ou deformem até à caricatura suas posições e pontos de vista. Isto está a tornar-se, nos últimos anos, um processo corriqueiro dentro do «mainstream».
Acredito que apesar das suas técnicas sofisticadas de guerra psicológica, eles não possam moldar as consciências totalmente (embora o desejassem): é que a realidade encarrega-se de contradizer, mais e mais, essas construções ideológicas.
As mulheres e os homens inteligentes vêem as contradições e adoptam uma postura crítica.