sexta-feira, 31 de outubro de 2025
Ascensão do nacionalismo na ex- Jugoslávia e no Mundo
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
Venezuela auxiliada pela Rússia perante ameaça de agressão dos EUA
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
PODER HIERÁRQUICO E BOM SENSO FUNDAMENTAL
A humanidade tem progredido - sobretudo - em complexidade material, quer dizer, através de tecnologias cada vez mais sofisticadas. Porém, existe também a complexidade organizacional, que não é realmente explorada como deveria ser, apesar dos muitos críticos da «burocracia».
É a complexidade organizacional que implica uma hierarquia das relações ou, pelo contrário, uma hierarquia das relações que implica uma complexidade organizacional?
-Esta questão deve ser desmembrada para se extrair daí uma nova maneira de ver o problema:
-Muitas pessoas pensam a complexidade segundo níveis hierárquicos. Dirão que essa hierarquia é «natural», que ela é observada em todas as sociedades humanas e que se observa também na natureza, nas sociedades animais.
Esta forma de encarar a complexidade não tem em conta que - por norma - as estruturas do mesmo nível de complexidade se organizam de forma «não-hierárquica»: uma colónia de seres unicelulares, é constituída por muitos milhares ou milhões de indivíduos, cada um deles capaz de vida independente. Um tecido, num organismo animal ou vegetal, é formado por células idênticas na sua função, às quais se somam, frequentemente, células especializadas. No tecido animal ou vegetal, a função é desempenhada por este todo. De tal maneira esta função coletiva é de importância primordial, que existem em reserva células não-especializadas, embrionárias (células-tronco) que se poderão diferenciar e substituir as células danificadas, no conjunto das células tissulares.
Portanto, contrariamente à visão estrictamente hierárquica, no nível mais baixo de funcionamento dos sistemas complexos, devemos antes ver que tais seres complexos são organismos, isto é, uma federação de células, umas idênticas, outras diferenciadas, mas todas desempenhando a(s) função(ões) conjuntamente.
E ao nível de conjuntos de indivíduos, ao nível das populações?
- Embora uma versão ideológica, ultra-simplificada do darwinismo (a vulgata «neoliberal») nos tenha induzido a ver como predominantes as relações de competição entre os indivíduos, o facto é que a estabilidade dos grupos, das populações, depende da cooperação muito enraízada, ao ponto de se considerar que alguns dos comportamentos cooperativos observados são transmitidos pelos genes e não pela aprendizagem.
Além das relações intra-específicas, existem muitas outras que se estabelecem de forma estável, ou transitória, entre seres de espécie diferente. As relações de simbiose potenciam as capacidades de seres de duas espécies diferentes, ao ponto da vida (ou a reprodução) dum dos simbiontes ser inviável, sem a colaboração do outro simbionte. Por exemplo, há espécies de plantas que têm uma anatomia da flor tal que apenas uma espécie de insecto consegue alcançar o néctar e carregar (ou descarregar) o pólen para fertilizar a planta; se desaparece o insecto, a planta rapidamente desaparece também, visto que não se pode mais reproduzir; se for a planta a desaparecer primeiro, a tal espécie de insecto desaparece logo de seguida visto que, não havendo a espécie vegetal, o insecto morre, não consegue adaptar-se instantaneamente a nenhuma outra espécie.
As interações entre plantas, animais e microorganismos são de grande importância nos ecossistemas. Um ecossistema pode entrar em desequilibrio e acabar por ser destruído, apenas pela remoção de uma ou muito poucas de suas espécies. Com efeito, é o que se tem observado em situações onde a floresta (ecossistema complexo) é substituída por plantações; mesmo que permaneçam alguns restos da floresta original na periferia, ou «ilhéus» da mesma, no meio das terras cultivadas. Como tais restos de floresta deixaram de ter a sua capacidade auto-reprodutora, as diferentes espécies ou desaparecem ou diminuem rapidamente. Surgem então as espécies oportunistas, que tomam o lugar. Elas, muitas vezes, são pragas que fazem diminuir o rendimento das explorações.
Estes exemplos acima mostram como as relações naturais são de complexidade muito maior, do que imaginadas pelos humanos, ao longo da História. O ser humano tem sido frequentemente perturbador dos delicados equilíbrios naturais. Os cientistas do ambiente têm experimentado recuperar ecossistemas, devolvendo-os ao seu estado primitivo, em diversidade de espécies e em produtividade de biomassa. Infelizmente, têm tido muitos os fracassos e poucos os sucessos.
Os jogos de poder nas sociedades humanas são, por vezes, equiparados aos atos de predação de animais no estado selvagem. Este tipo de comparação não tem nada de científico; mostra a ignorância de quem usa estes exemplos («o leão e a gazela», etc...). Com efeito, a predação é um processo complexo de interação entre a espécie-presa e a predadora. Os predadores têm tendência a atacar os mais fracos, devido à idade, a ferimentos ou doença. Este facto de predação preferencial, favorece as presas mais robustas, mais saudáveis, tendo portanto o efeito de apurar, constante e espontaneamente, suas capacidades físicas e - em especial - as suas capacidades em escapar aos predadores. O simétrico também é verdadeiro, pois as espécies-presa - ao serem difíceis da capturar - exercem uma pressão sobre a população dos predadores, seleccionando aqueles mais capazes de levar a cabo a caça.
Aliás, é bem conhecido e observado o comportamento de que os predadores não atacam suas presas, quando têm a barriga cheia. A predação natural, em circunstâncias não falseadas pela intervenção humana, parece-se mais com um «podar as hastes e ramos duma árvore».
Embora estejam sempre a extinguir-se espécies, mesmo sem a intervenção direta ou indireta dos humanos, estas espécies são geralmente substituídas por outras, que aproveitam a oportunidade para se expandir ou diferenciar. O homem, pelo contrário, nos espaços que domina - ecossistema urbano, ecossistema agrícola - arrasa tudo o que não lhe convém e, muitas vezes, importa plantas e animais doutros ecossistemas, que podem ter efeitos devastadores nas floras e faunas autóctones (vejam-se os casos da colonização da Austrália e de muitas ilhas).
A ideia bíblica da humanidade que recebeu este planeta de Deus, tendo que cumprir o seu dever de guardião das espécies, com prudência e respeito, foi completamente subvertida. A partir da era industrial, foi substituída pela depredação pura e simples, baseada na ideia de que a propriedade da terra seria um bem «absoluto» e que o seu proprietário podia fazer dela o que bem entendesse.
O estímulo para se ser «empreendedor» tem vigorado como parte da ideologia que minimiza ou anula as obrigações do indivíduo para com a coletividade e isto, sem contrapeso. Com efeito, têm-se descurado os deveres públicos de ordenação, planificação e fiscalização (os quais, quando existem, muitas vezes são infestados por corrupção). Esta estranha «moda» tem como efeito difundir um ideal de triunfo do indivíduo sobre a sociedade e portanto, de destruição da própria sociedade.
RELACIONADO: Documentário sobre a cooperação ao nível dos seres celulares há biliões de anos.
terça-feira, 28 de outubro de 2025
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
TERÁ BACH COMPOSTO PARA O ALAÚDE? (segundas-f. musicais nº 37 )
sábado, 25 de outubro de 2025
MEARSHEIMER: PAZ SABOTADA PELOS GOVERNOS OCIDENTAIS
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
ÁFRICA, DISTORCIDA NAS NOSSAS IMAGINAÇÕES
África e a Projecção de Mercator [*]
Durante mais de 450 anos, a nossa visão do mundo tem sido moldada por um mapa que é enganador. Na realidade poderíamos encaixar os EUA, a China, a Índia, o Japão e muito da Europa, dentro de África, que ainda ficariam espaços de terra restantes...
Analogamente, a Gronelândia parece semelhante em tamanho à África, em muitos mapas, quando de facto, a África é 14 vezes maior. O Alasca parece ter o mesmo tamanho que a Austrália, embora a Austrália seja 4,5 maior.
A causa destas distorções, reside na projecção de Mercator, que aumenta as massas terrestres tanto mais, quanto estas estiverem distantes do equador. Em consequência, regiões como a Gronelândia ou a Antártida parecem muito maiores do que seu verdadeiro tamanho, enquanto as terras equatoriais ficam diminuídas em tamanho.
[ * Traduzido a partir de https://www.james-lucas.com/ ]
quinta-feira, 23 de outubro de 2025
JOHN MEARSHEIMER ANALISA A GUERRA UCRÂNIA-RÚSSIA [CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº50]
quarta-feira, 22 de outubro de 2025
ROUBO DE JÓIAS DO MUSEU DO LOUVRE COLOCA MÚLTIPLAS QUESTÕES
MUSEU DO LOUVRE, 19 -10- 2025
O roubo, efetuado com grande profissionalismo e à luz do dia, mostra até que ponto as peças mais valiosas dos museus estão sujeitas a roubos.
Não há dúvida que o Museu do Louvre é um dos mais bem dotados, não apenas em financiamento estatal, como também por doadores privados. Logo, coloca-se a questão de saber porque motivo os museus com as peças mais representativas e valiosas do património nacional têm uma segurança bastante deficiente. Parece ser mais precária - a sua segurança - que a dos grandes bancos.
Basta ler o artigo «How The Louvre 'Heist Of The Century' Unfolded» para se compreender que os assaltos a museus e, em particular, a grandes museus como o Louvre, são frequentes. Por outro lado, a probabilidade de recuperar as peças roubadas é baixa, quer se trate de quadros, de objetos de arte ou de jóias.
As peças agora roubadas provavelmente nunca serão de novo vistas (*). Os profissionais, não apenas desmontam, como retalham as pedras preciosas, de modo que estas não possam ser detetadas.
Outro fator muito desfavorável para a eventual recuperação do produto dos roubos, é a facilidade em transaccionar com criptodivisas. Estes podem atingir enormes cifras, movimentadas de modo que é muito difícil identificar os intervenientes na transação.
No passado, na lavagem do dinheiro destas operações, usava-se «cash»; esta lavagem era mais difícil e arriscada para os ladrões de obras de arte e seus clientes. Com efeito, o mercado de obras de arte estava sempre estreitamente vigiado, havendo probabilidade de detecção das quantias avultadas.
Hoje, devido aos movimentos de dinheiro não passarem por sistemas bancários e devido à total confidencialidade das transações com criptodivisas, os pagamentos tornaram-se mais seguros para os ladrões, os receptadores e os clientes finais.
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terça-feira, 21 de outubro de 2025
COMO VIVERMOS NUM TEMPO DE CRISE
HAVERÁ UMA FATALIDADE PARA O COLAPSO DE «DIVISAS DE RESERVA» ?
segunda-feira, 20 de outubro de 2025
UM RABI EXPLICA O QUE É E COMO NASCEU O SIONISMO
domingo, 19 de outubro de 2025
INICIAÇÃO - poema de Fernando Pessoa
INICIAÇÃO
Não dormes sob os ciprestes
Pois não há sono no mundo.
..........................
O corpo é a sombra das vestes
Que encobrem teu ser profundo.
Vem a noite, que é a morte,
E a sombra acabou sem ser,
Vais na noite só recorte,
Igual a ti sem querer.
Mas na Estalagem do Assombro
Tiram-te os Anjos a capa.
Segues sem capa no ombro,
Com o pouco que te tapa.
Então Arcanjos da Estrada
Despem-te e deixam-te nu.
Não tens vestes, não tens nada:
Tens só teu corpo, que és tu.
Por fim, na funda caverna,
Os Deuses despem-te mais.
Teu corpo cessa, alma externa,
Mas vês que são teus iguais.
.........................
A sombra das tuas vestes
Ficou entre nós na Sorte.
Não estás morto, entre ciprestes.
.........................
Neófito, não há morte.
(Presença, nº 35, Maio de 1932)
sábado, 18 de outubro de 2025
VENEZUELA - NOBEL DA «PAZ» E «FRUTO PENDENTE*»
*Nota: A tradução mais comum para "hanging fruit" é «oportunidade fácil» ou «resultado fácil de alcançar». No entanto, preferi usar uma expressão mais literal, como "fruto pendente", pois esta é compreensivel no contexto deste artigo.
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O presidente Trump deve ter feito uma grande pressão para que o elegessem prémio Nobel da Paz. O juri do Nobel deve ter sentido alguns pruridos de consciência e decidiu antes escolher uma venezuelana, líder de oposição anti chavista e grande amiga dos EUA. Maria Corina Machado, eleita prémio Nobel da Paz, "não é nenhuma flor pacifista":
- Internamente, não cessou de fazer apelos incendiários à sublevação contra o regime de Maduro.
- Em relação ao estrangeiro, convidou os «pacíficos» Netanyahu e Trump, a invadirem o país, com a garantia de que, se o fizessem e a pusessem na presidência, teriam garantido o petróleo venezuelano e tudo o mais.
Não creio que estas tomadas de posição públicas sejam adequadas para quem está comprometida num caminho de paz e de oposição não violenta!
No entanto, a Venezuela tem forças militares e populares que não seria prudente ignorar. Se houvesse invasão pelos EUA ou forças mercenárias, a tarefa não seria fácil. Além disso, a Venezuela está hoje de boas relações com as potências mais significativas do ponto de vista económico e militar dos BRICS, a China e a Rússia. Tanto os chineses como os russos já deram discretos sinais de que não irão ficar passivos perante uma eventual tentativa de derrube do regime venezuelano.
Um império em decadência acelerada já não mete tanto medo, sobretudo após os fiascos militares deste século XXI: Afeganistão, Iraque, Líbia, assim como outras situações em que os americanos foram obrigados a recuar. Na verdade, as " guerras sem fim" que eles vão criando - incluindo a Ucrânia - são apenas causadoras de morte, destruição e dívidas colossais, além de criarem animosidade em muitos povos e governos diversos. Alienaram laços fortes com a Arábia Saudita, Indonésia e vários países africanos ou latino-americanos. O apoio incondicional ao governo de Israel, nestes dois anos de matança de civis indefesos em Gaza, também contribuiu para que muitos perdessem a ilusão sobre as intenções humanitárias e benévolas de Washington.
Maduro, vendo as provocações constantes, o assassinato dos tripulantes de lanchas, supostamente transportando droga para os EUA (creio que já afundaram 4 desses barcos), percebeu que as forças militares dos EUA se preparavam para uma invasão da Venezuela. Estas brutais execuções extra-judiciais de pessoas que os americanos nem sabiam ao certo quem eram, são mais uma prova da hipocrisia do poder imperial. Mas, sobretudo, revelam o intuito de criar o pretexto da agressão («casus belli») e derrube do governo de Maduro.
O fruto pendente das enormes reservas de petróleo e das minas de ouro da Venezuela, devem ter feito salivar os "neocons". Wolfowitz, um destacado neocon conselheiro de George W. Bush, argumentava (em 2003) que a invasão do Iraque "se pagaria a si própria" com as enormes somas obtidas na venda de petróleo deste país. Sabemos que não foi assim, mas também sabemos que pessoas gananciosas e estúpidas são capazes de cair duas vezes no mesmo erro.
De qualquer maneira, se houver guerra, não é a oligarquia dos EUA que irá pagar a fatura. São os pobres, que irão mais uma vez servir como carne para canhão em guerras do Império Ianque...
A CHINA TERÁ DEZ VEZES MAIS OURO DO QUE RECONHECIDO OFICIALMENTE
sexta-feira, 17 de outubro de 2025
GROUND em DÓ MENOR por William Croft
No caso do Ground, trata-se de variações baseadas sobre um baixo repetitivo (Ostinato), sobre o qual o tema melódico é tratado de várias maneiras: A variação pode incidir sobre os aspectos melódico, rítmico ou modal.
Desde os inícios da polifonia (Séc. XII-XIII), que um dos processos mais usados na composição, é o da construção a partir de um baixo. Deste baixo, o compositor extraía a textura harmónica, ou seja, a sequência de acordes. A partir do baixo e da voz mais aguda - portadora, em geral, da melodia - procedia-se ao «enchimento», ou seja, compunham-se as vozes intermédias. Estas deslocavam-se em movimento paralelo ou contrário ao da melodia. Esta «receita» para a construção duma peça musical tornou-se muito utilizada desde a época renascentista e dominou a escrita musical no Barroco. Note-se que muitas peças onde não figura explicitamente o termo «variação» no título, são - apesar disso - construídas sobre o referido princípio.
Na música posterior, seja ela Clássica, Romântica, Pós-romântica ou Contemporânea, continuou a ser aplicado o princípio da variação, em múltiplas peças vocais e instrumentais.
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- EXEMPLOS DE OBRAS BASEADAS NO PRINCÍPIO DA VARIAÇÃO:
AS FOLIAS, DO FOLCLORE AOS MEIOS ARISTOCRÁTICOS
Ária com variações, dita «A Frescobaldina»
FANDANGO- FLAMENCO - FOLIA - PASACALLES - CHACONA
Louis Couperin, «Pasacalle em sol menor»
quinta-feira, 16 de outubro de 2025
APOSTILA: SABEREI... [OBRAS DE MANUEL BANET]
Saberei eu... sorrir?
Quando, vestidos de branco
Partilharmos instantes
Poucos, dum último olhar
Saberemos nós guardar
Intimidade num hospital
Indústria de morte asseptizada
Que nos vê como corpos?
Saberei eu ... no momento
Da separação, que seja
Realmente a nova etapa
De nosso amor?
Amor, que seja eu
O primeiro a partir.
Deixa-me adormecer
Sob teu carinhoso olhar
Não consigo viver sem ti
Não por ter necessidades
De qualquer espécie
No vazio da tua ausência
Mas, não saberei
Viver sem ti
Tão simples como isso;
Sem ti, nada faz sentido
Eu não temo a morte,
Mas tua ausência
Porque, agora sei,
És meu fluído vital
Deixa-me crer que a morte
Seja, afinal, a transição.
Pois, Amor, se assim for
Não terei queixumes
Não precisarei de nada
Sabendo que nos veremos
De novo noutra dimensão
As almas emparelhadas
SINDICATO DO CRIME U.S.A.
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Saga dos neandertais na Ibéria e sua hibridação com H. sapiens
A imagem popular dos Neandertais como bestas possantes, resistentes a condições adversas, mas de pouca inteligência, veio «explicar» durante decénios a extinção deste grupo de humanos arcaicos, à medida que se espalhava a população dos "Cro Magnon"* que são nossos ancestrais diretos, humanos anatomicamente modernos.
Porém, desde cedo, a imagem de brutamontes dos Neandertais estava posta em causa, pelo facto de existirem várias evidências de importações de tecnologias de talhe da pedra, oriundas dos Homo sapiens, pois estão já presentes em África, antes da última onda migratória para a Europa*. No entanto, essas técnicas foram copiadas e adaptadas por neandertais. As técnicas de talhe «Levallois» são tipicamente de transição entre a cultura Musteriense (típica de neandertais) e de «Homo sapiens sapiens».
Antes de estarem disponíveis as técnicas de análise de ADN antigo, João Zilhão e equipa (1998) levantaram a hipótese de que o Menino de Lapedo (ver vídeo abaixo), possuía inegáveis traços anatómicos de neandertal, embora fosse um «humano moderno». Zilhão interpreta este hibridismo como sinal de que havia - disseminados na população a que pertencia o menino de Lapedo - genes originários dos neandertais. Tal como acontece com a nossa herança de genes neandertais, os cruzamentos na origem do hibridismo do Menino de Lapedo tiveram lugar muito tempo antes (milhares de anos).
No âmbito da genética das populações é sabido que os genes podem persistir ou desaparecer numa população ao longo das gerações, devido aos efeitos da selecção (selecção «darwiniana»), ou devido ao acaso. Sabemos que quanto mais distantes no tempo forem os acontecimentos de hibridação inter- específica,mais os genes importados estarão diluídos nas gerações subsequentes.
Observou-se uma percentagem maior de genes de origem neandertal em populações atuais da Ibéria, em comparação com a percentagem em populações da Europa Oriental ou Asiáticas. Este facto reforça um conjunto de evidências de que a extinção dos neandertais foi muito mais tardia na Ibéria, em relação a outras zonas que eles povoaram.
Os documentários abaixo são interessantes. Em certos pontos, avançam com teorias ou hipóteses, para as quais não existe acordo na comunidade científica. Isso é o normal na ciência, que precisa do confronto de posições para o avanço nas pesquisas, nas investigações no terreno, nos debates teóricos...
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* Os primeiros humanos modernos (chamados de Cro-Magnon) chegaram à Europa há cerca de 45.000 anos.
Neandertais SOBREVIVERAM ATÉ 25.000 ANOS ATRÁS
segunda-feira, 13 de outubro de 2025
PRIMEIRO REACTOR NUCLEAR A TÓRIO (NA CHINA, DESERTO DE GOBI) FUNCIONA EM CONTÍNUO
Esta tecnologia usa matéria-prima abundante (o Tório), largamente distribuída no planeta, ao contrário do isótopo de urânio utilizado nas centrais atuais.
A quantidade de Tório disponível no território da China, é suficiente para fornecer eletricidade a toda a sociedade chinesa durante 20 000 anos.
Será uma energia praticamente ilimitada.
domingo, 12 de outubro de 2025
APOSTILA: O Remanescente são Palavras [OBRAS DE MANUEL BANET]
Deixa a ridícula miragem
De sermos perpétuos, eternos
Não desprezes um suspiro
Um olhar, ou gesto inacabado
Sermos aquilo que somos
Parece o mais difícil, afinal:
Neste mundo, enganados somos
Pelos espelhos da nossa vaidade
Afinal, a felicidade está no instante,
No efémero, no real ao nosso alcance;
Nesta curvatura do espaço-tempo
Onde cegos e surdos caminhamos
Mas ouvir os sons naturais,
Apreciar uma paisagem intacta
Sem «monumentos» que plantaram
Os humanos na sua ébria vaidade
Colher tais impressões não cansa:
Levo-as para casa, nelas renovo
A misteriosa e potente força
Que a Vida nos oferece
Fecho os olhos e vejo a realidade
Transmutada em sonho único
Que nenhum artifício captaria
Porque o sonho é meu guia



