segunda-feira, 11 de novembro de 2024

PLANO DRAGHI: SUPER ESTADO EUROPEU

 

Numa recente reunião de chefes de Estado e de governo da UE, Mário Draghi expôs o seu plano de revitalização da economia da Europa, tendo insistido no completar do mercado único, que implica uma planificação comum, uma integração total e uma centralização, que fariam da UE não mais a união de Estados independentes mas um super Estado

Esta ideia de que, face a dificuldades, se deva acentuar o caráter centralista, irá favorecer o domínio - a todos os níveis - das partes mais fortes, as principais economias. A Alemanha, a França, a Itália e a Holanda ficarão ao leme, com as restantes nações ainda mais dependentes. 

No fundo, trata-se de um modelo neocolonial e não federal ou confederal. 

 Macron e Van der Leyen têm pressionado fortemente para que tal plano seja implementado após "discussão" no parlamento europeu. Esta fuga para a frente foi justificada, como era de esperar, com "ameaças " externas: A eleição de Trump, a Rússia de Putin e os BRICS+ .

Parece loucura querer reformar profundamente a estrutura económica, financeira e política da UE, no momento presente; mas tem sido este o comportamento das forças dominantes, ao longo da história da UE: Veja-se o lamentável caso da constituição europeia, rejeitada em referendo pela França e a Holanda, reintroduzida - com outro nome - enquanto «Tratado de Lisboa».

 Porém, as condições para realizar esta centralização, já seriam difíceis, mesmo num contexto bem menos tenso. A subida contínua de correntes do euro-cepticismo, relaciona-se de perto com a profunda crise económica associada à destruição do Estado Social durante mais de três décadas, com a imposição aos países mais fracos da moeda única e favorecendo as economias do Norte (Alemanha, Holanda e Escandinávia), o sobre-endividamento, a manutenção da política de "austeridade", mas só para as classes trabalhadoras.

Esta tentativa de consolidar o "barco" da UE, através de mais centralização, mais burocracia e maiores assimetrias sociais e regionais, vai ter um dos dois desfechos seguintes: 

- Ou falha, logo à partida, porque não obtem apoio suficiente para ser implementada;

- Ou, caso seja implementada, vai ser mais um fator de discórdia, precipitando a saída de vários países e a explosão social nos outros.

Até agora, as populações dos países mais poderosos não sofriam, de forma acentuada, com as crises económicas. Mas, já se vê que estes povos estão a ser fortemente atingidos pela crise mundial económica e financeira que já começou.

 As pessoas mais revoltadas são - em geral - as que possuíam algum bem-estar, que perdem o seu emprego. São as classes trabalhadora e média, reduzidas à pobreza, que irão revoltar-se contra os governos que elas apoiaram, ativa ou passivamente.

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Relacionado:

 https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2024/09/draghi-propoe-mutualizacao-da-divida-da.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/02/o-colete-de-forcas-da-uniao-europeia.html

sábado, 9 de novembro de 2024

TRÊS RAGAS POR RAVI SHANKAR (PARA O AMANHECER)


 


Citando a British Encyclopaedia: « raga (o termo provém do sânscrito, significando «cor» ou «paixão»), na música clássica da Índia, Bangladesh, e Paquistão é uma base melódica para improvisação e composição. 
Uma raga baseia-se numa escala com determinada composição de notas, numa ordem típica em que estas aparecem nas melodias e nos motivos musicais característicos.  As componentes básicas da raga podem ser transcritas sob forma de escala (nalguns casos, os movimentos ascendente e descendente diferem). O uso exclusivo destas notas, o acentuar de certas notas da escala e a progressão de uma nota para a outra, são características através das quais o executante da raga pode criar um estado ou atmosfera (rasa) que é exclusiva para a raga em questão. Existem muitas centenas de ragas utilizadas no presente e milhares são possíveis em teoria.» (ler artigo completo em https://www.britannica.com/art/raga ).



sexta-feira, 8 de novembro de 2024

OPUS VOL.III Nº29: DESALMADA



 Caminha pela rua, bamboleia-se 

Ao ritmo da música dos auscultadores

Imagina-se a deslizar numa onda, 

Surfando sobre a música, quase voando

Voando pelos ares irradiando energia

Não vê nada além do sonho

O sonho sem os limites do mundo


Tudo o que tem de fazer

É mover o corpo, esse avatar

Obedecendo ao ritmo 

Que se desprende incessante

Obsessivo, hipnótico

E, muito mais que isso,

Um espesso vidro, inquebrável


Vive no simulacro do corpo

Mas habitado pelo som 

Em todas as moléculas

Vibra e ondeia no espaço

No interior/exterior

Da sua fantasia


Evolui em espirais

Pelo espaço-tempo

Ao ponto muito elevado

De onde observa a rua

Com a sua banalidade


E as pessoas cansadas

Ou vagarosas, distraídas

Ou pensativas, raivosas

Ou sorridentes, enfim

Se elas soubessem 

Se elas acordassem

Se elas escapassem

Coitadas...

Só que nunca o fazem!


Um vulto no passeio

Avança com passos

Cadenciados gestos

Nos dedos e nas mãos

Trejeitos na boca

Oscilando a cabeça

Possuído pela música

Indiferente ao resto 





 

Apelo internacional de 1100 escritores para boicote das editoras de Israel

 Notícia de 28 de Outubro 2024, de que praticamente não se fala em Portugal e na União Europeia. Quem quiser estar informado, tem de obter informações de fontes estrangeiras, não censuradas. 

Denúncia internacional do genocídio em Gaza

Apelo de mais de 1100 autores de todo o mundo.

Muitos dos signatários do apelo são autores bem conhecidos nos países ocidentais. 

Eles recusam ser cúmplices pelo silêncio com as atrocidades cometidas pelo regime de Natanyahou, o contínuo genocídio da população de Gaza, a limpeza étnica dos palestinianos da Cisjordânia com vista à anexação de seus territórios, a guerra de agressão contra o Líbano.



terça-feira, 5 de novembro de 2024

ESTAMOS NUMA SITUAÇÃO MUNDIAL INÉDITA; O QUE DEVEMOS SABER.

A hipótese do ouro, junto com outros metais e matérias primas associados, participar numa divisa sintética, destinada ao comércio entre os BRICS foi excluída, por enquanto.

Porém, a visão de que o ouro é realmente dinheiro, pois conserva o seu valor, mantém-se e reforça-se. A capacidade duma certa quantidade de ouro ser trocada por mercadorias, sejam alqueires de trigo ou barris de petróleo, etc. mantém-se e reforça-se. 


SIGNIFICADO DA ACUMULAÇÃO DE OURO EM BANCOS CENTRAIS

Portanto, indiretamente, os países que possuírem muito ouro nos seus bancos centrais estão mais precavidos aquando de crises financeiras, que os que têm exclusivamente ou sobretudo, uma ou várias divisas de reserva (o dólar, o yen, a libra, o euro, o yuan...). 

Entretanto, grandes quantidades de ouro vão sendo compradas pelos bancos centrais no mundo inteiro. Este movimento não é exclusivo de países dos BRICS, que olham com desconfiança o dólar, visto que este tem servido para fazer chantagem, permitindo que as sanções (ilegais, todas elas, face à lei internacional) decretadas pelos EUA acabam por ser adotadas por países terceiros, sob pena de retaliações e multas.  Muitos bancos centrais de países do Ocidente, ou de aliados do Ocidente, têm comprado muito ouro, ultimamente.

Evidentemente, o reino do dólar está a chegar ao fim. A sua ascensão a moeda de reserva mundial deu-se no rescaldo da IIª Guerra Mundial, em que os EUA eram a única potência que tinha ficado intacta, na sua estrutura e na sua capacidade industrial. Todas as potências europeias beligerantes estavam de rastos, quer fossem do campo dos vencedores, quer fossem dos vencidos. 


HAVERÁ NECESSIDADE DE DIVISA MUNDIAL DE RESERVA?

Na realidade, com o desenvolvimento da digitalização do dinheiro, as trocas entre países podem muito facilmente ser feitas usando as respetivas divisas nacionais. Isto não coloca problema a nível de trocas comerciais ou financeiras de grande volume. Também a nível de retalho, ou para viajantes ou turistas, não deveria ser problema trocar em divisas do país visitado, as divisas que transportasse o visitante. 

A necessidade de «inventar» um «repositório de valor», universalmente reconhecido (é este o papel de uma divisa de reserva mundial - o dólar), não existe na verdade. Aliás, o ouro preenche muito bem essa função, caso se considere que tem de haver algo que funcione como uma reserva de valor no mundo financeiro e que seja um ativo tangível, com valor reconhecido em todos os cantos do Globo. O desenvolvimento das tecnologias informáticas e de telecomunicações veio tornar supérflua a existência de uma moeda de reserva mundial. Aliás, está claro para todos que as divisas que usamos no dia-a-dia já estão largamente digitalizadas. O papel moeda é ainda usado, mesmo nas economias mais desenvolvidas, mas em percentagem cada vez mais modesta nas atividades comerciais. Não há razão prática nenhuma para forçar a digitalização a 100% das nossas economias. Esta tentativa mascara o desejo do controlo totalitário sobre os cidadãos: Uma divisa assim, torna toda a troca envolvendo esta divisa digital completamente transparente para o banco central respetivo. Este poderá monitorizar as transações, manipular as pessoas a consumirem mais disto e menos daquilo ou mesmo, interditar certas pessoas de usarem a divisa digital.


O RESULTADO DA CRISE SERÁ IMPREVISÍVEL & IRREVERSÍVEL

Nesta época de transição para um mundo muito mais incerto, com guerras acesas que poderão alastrar, com crises económicas e financeiras que atingem o coração do sistema capitalista internacional, temos de saber como nos comportar, em relação às poupanças e aos investimentos. 

O mundo capitalista está na véspera de um colapso muito maior do que o de 2008, pois desta vez, nem os governos, nem os bancos centrais, poderão salvar da bancarrota inúmeras empresas. Os próprios Estados estão sobre endividados num ponto jamais visto no passado. A guerras híbridas multiplicam-se, sendo as armas económicas e  financeiras parte importante da panóplia: sanções económicas, bloqueios, tarifas alfandegárias, embargos, exclusões. Nisto, os cidadãos dos países são envolvidos contra a sua vontade: somos os danos colaterais das guerras económicas, assim como os mortos e feridos civis, o são de conflitos bélicos com mísseis e canhões.

Não dou conselhos de investimento ou outros, mas penso que há duas coisas que temos de saber:

- Triar a informação, separando-a da propaganda. Saber analisar os factos, tentando ver como se movem os grandes atores; não como eles falam, mas como agem.

- Garantir a satisfação das necessidades imediatas, mas tendo em conta a possibilidade de cenários catastróficos. Portanto, dar preferência à resiliência sobre os ganhos, por mais apetecíveis que pareçam. 

O futuro coletivo depende de haver suficientes indivíduos que consigam superar a grande crise e reconstruir aquilo que foi destruído. 

Por isso, estou interessado em salvaguardar a minha família e eu próprio, mas também, que o mesmo aconteça a muitas pessoas da classe trabalhadora e da classe média. 

 

ESTRATÉGIA DE GUERRA DOS EUA CONTRA A EUROPA [Jean-Loup Izambert]

 

Nº3 Espectrografias: MARSHALL MCLUHAN & o medium é a mensagem

 

sábado, 2 de novembro de 2024

Nº0 «ESPECTROGRAFIAS» (APRESENTAÇÃO)

 NA IDADE DOS ENTES ESPECTRAIS


Estamos na idade em que se sobrepõe, na consciência de biliões de indivíduos, a imagem, o espectro, o ícone, o símbolo, à realidade. 

Assim, as pessoas estão, cada vez mais, sujeitas a uma dupla ditadura: 

- A ditadura da necessidade, da dura lei da escravidão assalariada, ou da falsa liberdade do trabalhador «por conta própria». A ausência da consciência deste facto elementar, é (em si mesma) uma alienação que torna possíveis todas a outras. 

- A ditadura dos espectros, ídolos reinantes no subconsciente, no nosso cérebro, que nos puxam para a conformidade ao paradigma dominante e que acabam por determinar os afetos e a vivência social.


Muitos filósofos e pensadores do século XX e do século XXI, analisaram esta mudança. Ela corresponde, na sua essência, à transformação da sociedade capitalista industrial clássica, na sociedade de consumo, ou seja, como eu prefiro chamar-lhe, na sociedade da mercantilização de tudo. Não apenas mercantilização dos objetos em  mercadorias; também do tempo, do espaço, da natureza, dos corpos humanos e das mentes. Através da grelha de leitura acima e tendo em conta os factos da mutação do sistema capitalista, as ideologias revelam-se como projeções, conscientes ou inconscientes, da  mercantilização universal.

Irei apresentar alguns materiais, nos próximos tempos, de pensadores que estabeleceram as bases para uma crítica radical da sociedade capitalista contemporânea, a sociedade da mercantilização generalizada. 

Com a sua especial capacidade crítica, eles puderam escalpelizar o funcionamento dos media: Qual o seu papel na sociedade do espetáculo, a sua relação com a fabricação da ilusão de democracia, como se desenvolveram as formas atuais e perversas de censura, de controlo da informação e das ideias, em suma o novo totalitarismo.   

Serão evocadas obras de nomes célebres, como Marshall Mcluhan, Guy Debord, Noam Chomsky, e outros. 

Espero, seja uma descoberta , tanto para mim como para vós, de importantes autores e dos seus contributos, que nos poderão ajudar a «sair da matrix». 

Por outras palavras: Espero que nos ajudem a nos emancipar da sociedade formatadora na qual estamos enredados.



PS: Alguns artigos sobre o tema, neste blog. 

[PROPAGANDA 21] (DO Nº1 AO 22. ARTIGOS EM QUE FACTOS DE PROPAGANDA, NO SÉC. 21, SÃO POSTOS EM EVIDÊNCIA)

EDWARD BERNAYS

FALSIFICAÇÃO DO REAL ENQUANTO ESTRATÉGIA


sexta-feira, 1 de novembro de 2024

HÁ DEMASIADAS EVIDÊNCIAS DE GENOCÍDIO DOS PALESTINOS POR ISRAEL

 
   Holocausto palestiniano, na indiferença cúmplice do «Ocidente»


Excertos de artigo de Caitlin Johnstone:

A equipa legal da África do Sul apresentou ao tribunal de Haia centenas de documentos contendo o que designa por "provas irrecusáveis" enquanto parte do processo contra o Estado de Israel sobre o genocídio em curso,  com o representante em Haia da África do Sul dizendo a Al Jazeera que «o problema que temos é de que possuímos demasiadas provas»

....


O jornal Haaretz tem sido muito mais crítico das ações de Israel, que a media ocidental. 

Recentemente publicou um editorial intitulado: If It Looks Like Ethnic Cleansing, It Probably Is”. O diretor de Haaretz, Amos Schocken defende agora, publicamente, sanções internacionais contra o Estado de Israel pelo seu apartheid e sua oposição a um Estado palestino, desencadeando uma resposta irada do regime de Netanyahu.

[Ler o artigo na íntegra AQUI]


LEIA A NEWSLETTER  DE CAITLIN JOHNSTONE