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domingo, 8 de junho de 2025

CORONEL MACGREGOR: «A CREDIBILIDADE DE TRUMP ACABOU»

 


A avaliação do Coronel Doug Mac Gregor do comportamento de Vladimir Zelensky e de Netayahu é de que estes estão apostados em convencer Donald Trump de que existe força militar suficiente nos seus respectivos regimes para fazer mudar decisivamente o destino das guerras que estão levando a cabo, arrastando assim os EUA para uma intervenção direta, quer no Médio-Oriente (Irão), quer na Rússia.

Esta tentativa de envolver de forma mais direta os EUA nos teatros de guerra citados, ou seja, com tropas combatentes, tem a oposição de Trump e certo número de seus conselheiros, mas teria apoio significativo no «Estado profundo», ou seja, no interior da CIA e das outras agências, no Departamento de Estado, no Pentágono...

A minha  impressão é de que o problema é muito grave, se o Coronel Mac Gregor tem razão quando afirma que ninguém liga ao Presidente Trump, e isto no seu próprio «entourage». Isto equivale a dizer que Trump, embora não esteja senil como Biden, pode ser manipulado de forma a que os neocons continuem no seu jogo de provocações contra a Rússia, cada vez mais graves. Esperam assim que o regime de Putin fique desestabilizado, que ele encontre pela frente opositores decididos a afastá-lo do caminho, etc. Em resumo, que se espalhe a dissensão nas fileiras do inimigo, sendo depois mais fácil derrotá-lo no terreno militar. Este «sonho» dos neocons é uma postura das mais perigosas. Aliás, nada indica que tal objetivo pudesse ser viabilizado através de atos terroristas: Até agora, estes atos têm conduzido ao reforço e ao cerrar das fileiras em torno de Putin.  

O perigo maior com estas provocações e com a escalada na gravidade das mesmas, é simplesmente que uma das partes, desesperada, recorra ao armamento nuclear. A partir deste ponto, a escalada para confronto nuclear generalizado estará assegurada. É isso mesmo que têm demonstrado múltiplos jogos de guerra, quer do lado da OTAN, quer do lado Russo. Nestas simulações de conflito usando armas nucleares, começam por ser usadas as de pequena potência e raio de ação (bombas «táticas»), mas rapidamente a parada vai subindo e chega-se, brevemente, ao uso de armas nucleares intecontinentais, ou seja, à destruição total.

O problema não se limita aos EUA e a Trump, pois vários chefes de Estado e de governo do «Ocidente», sobretudo nos países da OTAN, tem-se mostrado  irresponsáveis. No entanto, não seria difícil adoptar uma linha realista, baseada nas posições respectivas, no terreno, dos exércitos em conflito e reconhecendo que a Ucrânia não fará parte da OTAN. Em relação a este último aspecto, há indicações de que os dirigentes da OTAN reconhecem essa impossibilidade, em conversas informais, mas continuam a papaguear para o exterior «que estão abertos à entrada da Ucrânia na OTAN», como forma de motivar o governo ucraniano a continuar esta guerra insana, causando milhões de mortos.  

quinta-feira, 5 de junho de 2025

O OCIDENTE E A SÍNDROMA DE NEGAÇÃO DA REALIDADE

Na guerra híbrida que os países da OTAN têm constantemente levado a cabo contra a Rússia, sobressaem as ações desestabilizadoras nos países  fronteiriços. Esta desestabilização conduziu à situação presente da Ucrânia. Esta ingerência antecedeu de 8  anos, pelo menos, a invasão russa de 2022. Desde o golpe de «Maidan» em 2014 (e até muito antes), a OTAN tem fomentado a guerra contra a Rússia. Não esqueçamos que os países da OTAN promoveram a «revolução colorida» em 2005, a qual levou ao poder Julia Timochenko, chefe do governo mais fanaticamente anti-russa. As raízes deste ódio são complexas e têm que ver com a história conturbada da Ucrânia no século passado. Mas, a situação foi aproveitada por agentes da CIA e do MI6, para a desestabilização deste país, na era pós-soviética. 

Este fanatismo anti-russo não é um mero «nacionalismo», como é designado por muitos, na media corporativa: Tem muita relação com  os elementos «banderitas». Lembremos que Stepan Bandera foi erigido em herói pelo atual regime de Kiev. Durante a IIª Guerra Mundial, o movimento que ele liderou foi aliado das tropas hitlerianas que invadiram a URSS. Ele ordenou chacinas de dezenas de milhares de judeus, polacos e russos. Vários elementos banderitas mantiveram-se ativos, na clandestinidade ou no exílio, durante o período pós IIª Guerra Mundial. Vários trabalharam para a Rádio Voz da América, ou Rádio Liberdade, ou enquanto agentes da CIA. 

O «sonho molhado» dos imperialistas anglo-americanos e dos políticos europeus alinhados com os neoconservadores de Washington, é o de desmebrar a Federação Russa. Supostamente, ela seria uma «ameaça para os ex-Estados soviéticos», que se tornaram independentes após a dissolução da URSS em 1991. Não existe o menor desejo de Putin ou de qualquer força política atual na Rússia, de «reconquista» das ex-repúblicas soviéticas. É mais uma das falsidades repetidas nos media ocidentais apostados em diabolizar o presidente russo e o seu governo. Todos sabem, na Rússia, que uma tal expansão só traria problemas, e sem qualquer vantagem. Mas, pelo contrário, a Rússia está perante uma longa guerra híbrida, levada a cabo pelo Ocidente, de conquista e «balcanização» da Rússia, para se apoderar dos recursos naturais abundantes, que ela encerra. 

Estes políticos do Ocidente estão na origem da guerra russo-ucraniana e do seu prolongamento. Eles servem-se de Zelensky como de um fantoche. Hoje, é claro para todos que a continuação desta guerra não favorece a população ucraniana. Aliás a guerra, desde o início, recebeu o apoio de toda a ordem (financiamento, equipamentos, armas, apoio logístico, treinos, tropas especiais no terreno para operarem mísseis...) dos governos Norte-Americanos e Europeus, da OTAN. 

Mas, estes não souberam avaliar a situação concreta. Talvez tenham acreditado na sua própria propaganda: De que o governo de Putin estava numa situação frágil, que ele iria confrontar-se com o descontentamento popular crescente, perante as dificuldades económicas originadas pelas sanções e guerra económica levadas a cabo pelos países do Ocidente coletivo. 

De facto, as coisas não se passaram como tinham previsto os atlantistas.  Os governos dos países da OTAN são os máximos responsáveis pelas desgraças do povo ucraniano. São os piores inimigos deste povo. Eles não querem saber do futuro da Ucrânia e da sua população; só lhes interessa que ela desempenhe o papel de «ariete» contra a Rússia, como eles próprios afirmam. Mas, a realidade, queiram ou não, é totalmente outra. 

As referências abaixo, ajudam-nos a compreendeer o enorme atoleiro em que foram metidos os países da OTAN e da U.E. pelos seus belicosos dirigentes.

Leia o artigo abaixo:

https://www.moonofalabama.org/2025/06/the-defeat-of-the-west-and-its-dislocation.html#more 

 E consulte os links com análises por Emmanuel Todd,  John Mearsheimer   Alastair Crooke 



(Caricatura de 1812, ilustrando a retirada da Rússia de Napoleão, em que este dita um boletim completamente fantasista da situação)


PS1: O embaixador Chas Freeman é reformado, mas muito lúcido: infelizmente, o establishment - tanto de Joe Biden , como de Donald Trump - não o ouve, não o compreende. Estamos num momento de «não-diplomacia», na altura mais perigosa das relações internacionais, com um crescendo de risco de deriva nesta IIIª Guerra Mundial. Pode haver uma generalização incluindo a guerra nuclear: https://www.youtube.com/watch?v=9t2zZBKOmcU&t=2421s

segunda-feira, 2 de junho de 2025

COMENTÁRIO AOS ATAQUES COM DRONES UCRANIANOS, A BASES RUSSAS A 01-06-2025


O ataque em massa com drones ucranianos - coordenado a partir de bases da OTAN - atingindo 5 bases russas, muito distantes (algumas a 5000 km!) do teatro de operações, alcançou umas dezenas de bombardeiros que faziam parte do dispositivo de resposta nuclear da força aérea russa. Foi uma operação efetuada dois dias antes da ronda de negociações diretas Rússia-Ucrânia, que se previa iniciar-se hoje 02-06-2025, em Istambul. 


Nada do que se passou pode ter sido decidido por Zelensky e seu Estado-Maior, sem a anuência e mesmo a conivência dos altos comandos da OTAN. Foi uma  «mensagem codificada» da OTAN para o Kremlin.


Analisando de forma mais aprofundada, além do objetivo de criar um incidente que pudesse causar a suspensão das negociações, a OTAN decidiu desencadear mais este ataque a partir de solo ucraniano, por outros motivos.


Foi uma complexa operação, envolvendo drones. Quer drones deste tipo, quer os mísseis, na realidade, precisam de assistência direta de pessoal da OTAN: A sua trajetória é guiada por sistemas de satélites dos EUA (StrarLink). Sem assistência da OTAN, é impossível drones ou mísseis  percorrerem até 5000 km, ou distâncias semelhantes, para alcançar os seus alvos.


Desde há muito tempo, esta guerra envolve pessoal da OTAN para operar estes sistemas. De cada vez que um míssil de médio-longo alcance é disparado a partir do solo ucraniano para o território russo, esse disparo envolve militares da OTAN.


Penso que a Rússia não quer envolver-se diretamente em combates com países da OTAN. Mas, as chefias ocidentais estão a desenvolver uma estratégia de provocações cada vez mais graves,  para forçar a Rússia a contra-atacar: Se ela respondesse, por exemplo, atingindo um centro de comando de drones e mísseis, situado num país da OTAN de onde partem os ataques ao território russo, isso seria legítimo da parte da Rússia. Porém, seria o pretexto para a OTAN entrar em confronto direto com a Rússia.


Este é o jogo perigoso que os chefes militares e políticos da OTAN estão - pelos vistos - dispostos a jogar!


O alargamento oficial desta guerra a membros da OTAN será  fator de sério agravamento, pois pode desencadear a utilização de armas nucleares, ditas «táticas», mas que serão - na verdade - o passo irreversível para a escalada nuclear, culminando num Armagedão planetário. 



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*Parte da operação teria sido a partir da Finlândia e da Noruega, mas não tenho pormenores, de momento.

domingo, 1 de junho de 2025

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL (Nº44): «Morrer duas vezes»

Creio que a Guerra Mundial em curso já é uma evidência para todos. Por isso, hoje não vou dedicar-me a descrever qualquer episódio nesta multifacetada pugna, entre um Mundo agonizante e  outro, que tarda a nascer. Vou antes escrever sobre algo que se encontra presente em cada nação, como também nas próprias cabeças das pessoas. Refiro-me à inteligência. 

A inteligência, no sentido próprio, significa a disposição para aceitar os dados que nos chegam das mais diversas maneiras e construir hipóteses credíveis sobre a sua evolução. Mas, também, significa que, caso tais hipóteses se revelem falsas ou percam sustentação, por não terem as evidências que julgávamos, se deve descartá-las, pô-las no armário, aceitando a evidência dos factos, a sentença das verdades no terreno. 

É aqui, justamente, que se encontra o primeiro paradoxo: Enquanto as potências dos BRICS e da OSX se têm comportado de forma razoavelmente realista nestes últimos anos, do lado «ocidental» noto que, num número de países (que compreende as potências mais fortes do Ocidente, os EUA, a Alemanha, o Reino Unido e a França), seus governos se têm comportado com enorme irresponsabilidade. 

São notórias as mudanças bruscas de políticas, não apenas em relação à guerra na Ucrânia, como em relação à China, ao Médio-Oriente (em particular, a questão Israel/Palestina) e a uma série de outros assuntos.

Pois, a realidade, é como o ar: Se lhe fechas a porta, ela entra pela janela, ou pela chaminé. Não há maneira de impedir a realidade. O delírio dos dirigentes ocidentais começa justamente aqui: Pensam, pelos vistos, que  a realidade no terreno se poderá transformar através da propaganda. Isto é absurdo; porém, é exatamente o que têm feito, sucessivamente, em relação a assuntos mundiais prementes e exigindo uma resposta. 

Como é que a cidadania e os dirigentes do Sul Global vêm os comportamentos duma série de dirigentes das grandes potências ocidentais, tanto em termos económicos como militares? É compreensível que, passado o momento inicial de espanto, eles tivessem feito a sua análise e concluído que tinham de encontrar uma alternativa.  

Julgo que é completamente claro - agora - que os piores inimigos da globalização, da legalidade internacional, do papel da ONU, do respeito pelos Direitos Humanos, são justamente os que mais enchiam a boca com bombásticas declarações em defesa destes mesmos valores. 

Enquanto serviram para fazer avançar as causas dos tais países ocidentais, estes valores foram invocados insistentemente pelos dirigentes. Mas, logo que as situações concretas os colocaram do outro lado, do lado dos acusados, então as coisas já não eram assim: É o caso do genocídio da população indefesa de Gaza, contemplada friamente pela classe política ocidental quase toda. Mas, esta indiferença, esta conivência com os carniceiros sionistas, torna o seu silêncio a maior evidência acusatória contra eles: Não há nenhum povo ao qual não se apliquem os princípios dos Direitos Humanos, mas é precisamente isto que se infere da atitude dos governos ocidentais, de nada fazerem para defender os direitos vitais do povo palestiniano: para eles, há povos e povos, há direitos humanos que se aplicam mais ou menos, consoante os casos. Seu comportamento chocante tem um inegável relento a racismo, a colonialismo. 

Sinceramente, acho que a civilização Ocidental já está «fora de prazo». Está condenada a desaparecer de um modo, ou de outro. Sob nenhuma forma poderá, nem merece sobreviver enquanto projeto político. O que houve de positivo no passado desta civilização não está em causa. Quanto aos  indivíduos nascidos nestas paragens, não devem ter receio, se se mantiverem numa postura digna. Mas, a classe política, essa, não tem outro destino senão o de regressar ao esgoto de onde saíu e onde deveria ter ficado. Apenas a indiferença e o engano fizeram com que as populações se deixassem iludir e votassem neles. 

A inteligência dos cidadãos tem sido atacada por vários métodos. Um deles, é a utilização da ciência do comportamento com objetivos perversos, contrários ao humanismo. Nesta guerra sem fronteiras e sem limites, existe um departamento especializado na OTAN. Destina-se a desenvolver e pôr em prática a guerra psicológica: Os avanços no estudo da psique humana têm sido desviados dos objetivos de cura, ou tratamento das doenças mentais. Estes centros de investigação militar servem para redesenhar  os comportamentos, através de técnicas de condicionamento. Estes factos tornam as distopias de Aldous Huxley, ou doutros autores de ficção sociológica, tristemente atuais. Aliás, os próprios militares e políticos da OTAN consideram a guerra psicológica como algo que se aplica, não apenas ao «inimigo», como também à população dos países da Aliança, ou de países amigos.

Nestes últimos tempos, entrámos numa fase de involução, no ciclo histórico longo: Muito provavelmente, iremos ver a situação internacional degradar-se mais, antes que venha uma nova fase construtiva, talvez uma nova civilização mundializada, mas totalmente distinta do falido modelo globalista, da ditadura neoliberal imposta pelas oligarquias e executada pelos nossos governos. 

A civilização ocidental atual está a morrer, duas vezes: 

- Uma primeira vez, porque os atos de muitos dos seus governantes a traem, a si própria; os valores afixados são cinicamente negados no quotidiano; o seu próprio legado humanista está a ser insultado pelos dirigentes atuais. 

- E uma segunda vez, porque este mesmo comportamento está sendo repudiado em todo o Globo, pela maioria de países, reunindo a maioria da população mundial. É nesta última parte do Mundo, que se constroem os alicerces duma nova Civilização, composta por todas as etnias e culturas, em pé de igualdade.



quarta-feira, 30 de abril de 2025

NA ALEMANHA E HOLANDA OPOSIÇÃO À GUERRA DA OTAN NA UCRÂNIA + ENTREVISTA A PATRIK BAAB


 

Veja também a extraordinária entrevista que deu Patrik Baab, um veterano jornalista de guerra (que tem feito reportagem nos dois lados do conflito), a Glenn Diesen: «A Propaganda de Guerra Alemã na Guerra da Ucrânia»

                                        

https://youtu.be/9BAY87npgoE?si=BbMG8xPM17515dHZ



sexta-feira, 11 de abril de 2025

Documentando todas as mentiras que nos contaram sobre a Ucrânia [por «O Dissidente»]

 



Nota aos leitores: Com o recente artigo de dez mil palavras do The New York Times expondo algumas das mentiras que nos contaram sobre a Ucrânia, decidi escrever meu próprio artigo de sete mil palavras revisando todas as mentiras que nos contaram sobre a Ucrânia, mas com a possibilidade de acrescentar muitas que o limitado espaço do The New York Times deixou de fora. O artigo a seguir é minha melhor tentativa de fazer uma análise definitiva das mentiras que foram contadas sobre a Ucrânia.
Introdução

Durante anos, governos ocidentais e seus agentes na grande mídia mentiram para o público para fabricar consentimento para a guerra.

Talvez a mais ampla campanha de propaganda pró-guerra da história seja a campanha para fabricar consentimento para a guerra por procuração na Ucrânia e a nova guerra fria com a Rússia.

Noam Chomsky, coautor de Manufacturing Consent, observou que a propaganda sobre a Ucrânia foi a mais extensa de sua vida, dizendo que "a censura nos Estados Unidos" sobre opiniões divergentes sobre a Ucrânia "atingiu um nível que vai além de qualquer coisa em minha vida".

Recentemente, cobri o último artigo do New York Times sobre a Ucrânia, que finalmente admitiu que a guerra foi uma guerra por procuração liderada pelos americanos, que colocava em risco uma Terceira Guerra Mundial e uma guerra nuclear.

O artigo também revelou que o governo Biden e a grande mídia mentiram sobre a guerra o tempo todo. Como o jornalista Matt Taibbi observou em seu artigo sobre o artigo, isso prova que "o público foi enganado continuamente desde o início do conflito" e que "de Joe Biden para baixo, todos mentiram sobre o risco da Terceira Guerra Mundial".

Apesar de o artigo do New York Times ter revelado muitas mentiras sobre a Ucrânia, ele ainda era um ponto de encontro limitado, que só conseguiu descobrir uma pequena fração delas.

Neste artigo, tentarei documentar todas (pelo menos a maioria) das mentiras que nos contaram sobre a Ucrânia, incluindo aquelas incluídas no artigo do New York Times e aquelas omitidas.

Mentira 1: Invasão não provocada (expansão da OTAN, golpe de Maidan, massacre de Maidan e mais provocações)

Talvez a maior mentira contada sobre a guerra na Ucrânia foi a alegação de que a invasão russa em fevereiro de 2022 foi "sem provocação".

Embora fosse certamente ilegal e, a meu ver, injustificada, a guerra foi, sem dúvida, provocada. Como disse Noam Chomsky : "É bastante interessante que, no discurso americano, seja quase obrigatório referir-se à invasão como a invasão não provocada da Ucrânia... É claro que foi provocada. Caso contrário, não se refeririam a ela o tempo todo como uma invasão não provocada".

Nesta seção, vou me concentrar nas duas principais maneiras pelas quais a guerra foi provocada, primeiro observando a expansão da OTAN e, segundo, observando o golpe de Maidan apoiado pelos EUA em 2014.
Provocação da OTAN.

Talvez a maior falha na mentira de que a invasão da Ucrânia pela Rússia foi "sem provocação" seja o fato de que especialistas russos de todo o espectro alertaram que expandir a OTAN para o leste, até as fronteiras da Rússia, provocaria uma resposta da Rússia.

Já em 1997, o veterano diplomata norte-americano Geroge Kennan escreveu que a expansão da OTAN foi “o erro mais fatídico da política americana em toda a era pós-Guerra Fria”.

Ele escreveu que a expansão da OTAN iria


Espera-se que isso inflame as tendências nacionalistas, antiocidentais e militaristas na opinião russa; tenha um efeito adverso no desenvolvimento da democracia russa; restaure a atmosfera da Guerra Fria nas relações Leste-Oeste e impulsione a política externa russa em direções decididamente desfavoráveis. E, por último, mas não menos importante, pode tornar muito mais difícil, senão impossível, garantir a ratificação do acordo Start II pela Duma russa e alcançar novas reduções de armas nucleares.

Kennan escreveu que esta opinião “não era só minha, mas é partilhada por muitos outros com experiência vasta e, na maioria dos casos, mais recente em assuntos russos”.

Apesar disso, a OTAN expandiu-se para a República Tcheca, Hungria e Polônia em 1999 e para Bulgária, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia, Eslováquia e Eslovênia em 2004.

Willian Burns, ex-embaixador dos EUA na Rússia que mais tarde se tornou diretor da CIA de Biden, também alertou sobre as consequências da expansão da OTAN em um memorando de 2008 intitulado “Nyet Means Nyet: Russia's Nato Enlargement Redines”.

No memorando, Burns disse que a expansão da OTAN para a Ucrânia e a Geórgia "não apenas toca num ponto sensível da Rússia, como também gera sérias preocupações sobre as consequências para a estabilidade na região".

Burns alertou que “especialistas nos dizem que a Rússia está particularmente preocupada que as fortes divisões na Ucrânia em relação à adesão à OTAN, com grande parte da comunidade étnica russa contrária à adesão, possam levar a uma grande cisão, envolvendo violência ou, na pior das hipóteses, guerra civil. Nessa eventualidade, a Rússia teria que decidir se interviria; uma decisão que a Rússia não quer ter que enfrentar”.

Burns observou que “Embora a oposição russa à primeira rodada de ampliação da OTAN em meados da década de 1990 tenha sido forte, a Rússia agora se sente capaz de responder com mais firmeza ao que percebe como ações contrárias aos seus interesses nacionais”.

Apesar disso, os Estados Unidos se recusaram a retirar a adesão da Ucrânia à OTAN.

Mesmo antes do início da invasão russa, os Estados Unidos se recusaram a dizer que a OTAN não se expandiria em direção à Ucrânia.

Como Noam Chomsky e Nathan J. Robinson observaram em seu livro O Mito do Idealismo Americano:


Os Estados Unidos... recusaram-se a pressionar por um acordo. Recusaram-se a considerar a revogação do compromisso de admitir a Ucrânia na OTAN. De fato, em dezembro de 2021, a OTAN reafirmou que planejava, em última instância, a integração. Mesmo com os EUA alertando sobre uma invasão iminente, não fizeram nenhum esforço diplomático para influenciar o comportamento da Rússia.

Isso ocorreu apesar do fato de que eles não tinham nenhuma intenção real de permitir a adesão da Ucrânia à OTAN.

O economista e professor da Universidade de Columbia, Jeffery Sachs, testemunhou no Parlamento Europeu que ele "teve uma ligação de uma hora com" o então conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan, onde ele "implorou" para que "evitasse a guerra".

Sachs testemunhou que disse a Sullivan: "Você pode evitar a guerra. Tudo o que os EUA precisam fazer é dizer: a OTAN não expandirá a Ucrânia".

Sachs disse que Sullivan respondeu: "Ah, a OTAN não vai expandir a Ucrânia. Não se preocupe com isso."

Isso mostra que os Estados Unidos não apenas provocaram a invasão russa, mas o fizeram intencionalmente.

Como escreveu o jornal ucraniano Stranaua , “Washington tinha duas maneiras de evitar” a guerra na Ucrânia:



A primeira é concordar com o acordo sobre segurança na Europa proposto por Putin em dezembro de 2021, incluindo o compromisso de não expandir a OTAN e não incluir a Ucrânia na Aliança.


A segunda é deixar claro que, em caso de um ataque russo à Ucrânia, os Estados Unidos entrarão na guerra. E apoiarão isso com ações concretas. Por exemplo, enviando unidades do Exército americano para perto de Kharkov e Kiev.



Mas, como observou o veículo, o governo não escolheu nenhuma das duas opções porque "se imaginaram grandes 'combinadores geopolíticos' e decidiram fazer um 'jogo astuto', pressionando Putin a invadir, esperando que isso levasse ao seu colapso".

Stranaua observou que os Estados Unidos “não fizeram nenhum compromisso com a Federação Russa em relação ao status neutro da Ucrânia” enquanto “por outro lado, repetiam quase diariamente como um mantra que 'os Estados Unidos não entrarão na guerra'”, garantindo que a Rússia invadiria.

Noam Chomsky disse que esta estratégia é paralela à “atitude dos EUA em relação à ocupação soviética do Afeganistão na década de 1980”.

Para contextualizar, o diplomata norte-americano Zbigniew Brzezinski admitiu em uma entrevista que os Estados Unidos deram “ajuda secreta aos oponentes do regime pró-soviético em Cabul”, o que “aumentou conscientemente a probabilidade de” os soviéticos invadirem.

A intenção, segundo Brzezinski, era “atrair os russos para a armadilha afegã”, porque isso lhes daria “a oportunidade de dar à URSS a sua guerra no Vietname”.

No caso da Ucrânia, os Estados Unidos e a OTAN continuaram a expandir a OTAN e a sinalizar apoio à adesão da Ucrânia à OTAN — apesar do fato de que praticamente todos os especialistas em Rússia alertaram que isso levaria a uma invasão russa — a fim de criar uma "armadilha para a Ucrânia" para que pudessem usar a Ucrânia para enfraquecer a Rússia .

O Golpe de Maidan

A outra maneira pela qual os Estados Unidos provocaram massivamente a guerra na Ucrânia foi apoiando um golpe contra o governo democraticamente eleito da Ucrânia e instalando um governo mais favorável aos EUA.

A grande mídia ignorou completamente esse fato para sustentar sua mentira de que a guerra não foi provocada.

O New York Times chegou a difamar o jornalista Benjamin Norton como um “teórico da conspiração” por afirmar esse fato.

A grande mídia e os governos ocidentais alegaram que o presidente democraticamente eleito da Ucrânia, Viktor Yanukovych, foi removido em 2014, apenas devido a esforços populares que não tiveram apoio dos EUA.

Embora certamente tenha havido manifestantes na Ucrânia em 2014 com queixas legítimas contra Yanukovych, os EUA estavam inegavelmente envolvidos.

Como o jornalista Mark Ames descobriu , a New Citizen, a organização que o Financial Times disse que "desempenhou um grande papel em fazer o protesto acontecer", recebeu "centenas de milhares de dólares" do governo dos EUA por meio da USAID e da NED.

Carl Gershman, ex-chefe do National Endowment for Democracy, órgão da CIA , até admitiu isso em setembro de 2013, alguns meses antes de os EUA financiarem os protestos de Maidan.

Em um artigo de opinião no Washington Post, Gershman escreveu que “os Estados Unidos precisam se envolver com os governos e com a sociedade civil na Ucrânia, Geórgia e Moldávia” para empurrá-los em uma direção mais pró-Ocidente, afirmando que “as oportunidades são consideráveis ​​e há maneiras importantes pelas quais Washington poderia ajudar” e que “a Ucrânia é o maior prêmio”.

Depois que Yannakovitch foi deposto, o já mencionado Jeffery Sachs foi convidado à Ucrânia para aconselhar o novo governo e disse que autoridades dos Estados Unidos se gabavam dessa estratégia.

Em entrevista ao programa “Breaking Points” , Sachs disse:


“Voei para lá (para a Ucrânia)… e quando cheguei lá, alguém representando uma ONG americana… alguém me explicou quanto dinheiro americano tinha sido investido na preparação do Maidan (golpe). Eu vi (os americanos disseram): demos 50 mil para este (think tank), 5 milhões para este, 5 mil para este e assim por diante.”

Assim que os protestos financiados pelos EUA começaram a acontecer, eles começaram a ser liderados por alguns grupos mais violentos de extrema direita.

O jornalista Branko Marcetic relatou na revista Jacobin que a violência que levou à expulsão de Yannakocitch foi perpetrada principalmente por "membros do partido de extrema direita Svoboda — cujo líder certa vez reclamou que a Ucrânia era governada por uma 'máfia moscovita-judaica' e que inclui um político que admira Joseph Goebbels" e "Setor Direito, um grupo de ativistas de extrema direita cuja linhagem remonta a colaboradores nazistas genocidas".

Apesar disso, autoridades do governo americano continuaram a apoiar os manifestantes.

Os senadores americanos John McCain e Chris Murphy foram até a Ucrânia e ficaram ao lado de Oleh Tyahnybok — o líder do já mencionado partido de extrema direita Svoboda — enquanto ele pedia a derrubada do governo Yanukovych.

Chris Hayes, da MSNBC, que relatou esta história na época, disse :


Quando o senador John McCain e o senador Chris Murphy foram se juntar a esses manifestantes em dezembro, eles ficaram ao lado desse sujeito, que é um líder da oposição e que também lidera o partido nacionalista de direita da Ucrânia, o Svoboda. Eles também foram registrados inicialmente como um partido neonazista e estão nas ruas agora mesmo atirando na polícia.

Sabe o que poderia ser considerado ingênuo? Subir ao palco de um comício da oposição ucraniana e não perceber que está ao lado de um homem que lidera o partido nacionalista de direita da Ucrânia, um partido que foi inicialmente registrado como neonazista, exatamente o que John McCain fez em dezembro, ao se posicionar ao lado de Oleh Tiahnybok, líder do Partido Svoboda da Ucrânia, cujas raízes, segundo o "The New York Times", remontam ao exército guerrilheiro ucraniano da Segunda Guerra Mundial, que era vagamente aliado à Alemanha nazista.

Depois que Yanukovych foi deposto em um golpe violento, Chris Murphy chegou a ir à TV e se gabar de que os Estados Unidos estavam por trás disso.

Em uma entrevista à C-Span, Murphy disse :


Em relação à Ucrânia, nós (o governo dos EUA) estivemos muito envolvidos, temos membros do senado que estiveram lá, membros do Departamento de Estado que estiveram na praça.

Murphy continuou dizendo que “foi o nosso papel, incluindo sanções e ameaças de sanções, que forçou, em parte, Yanukovych a deixar o cargo” e que o envolvimento dos Estados Unidos “ajudou a levar a essa mudança de regime”.

Os Estados Unidos também estavam profundamente envolvidos na escolha de quem entraria e sairia do novo governo ucraniano após a remoção de Yanukovych.

Victoria Nuland, que na época era a ultra-harmônica secretária de Estado assistente dos Estados Unidos, foi gravada em uma ligação telefônica com o embaixador dos Estados Unidos na Ucrânia, Jeffery Pyatt, escolhendo quem formaria o novo governo.

Na ligação, Nuland diz:


Acho que Yats é o cara que tem experiência econômica, experiência de governo. Ele é... o que ele precisa é de Klitsch e Tyahnybok do lado de fora. Ele precisa conversar com eles quatro vezes por semana, sabe? Eu só acho que o Klitsch entrando... ele vai estar nesse nível trabalhando para Yatseniuk, mas simplesmente não vai funcionar.

Pyatt respondeu a Nuland dizendo: “queremos tentar fazer com que alguém com personalidade internacional venha aqui e ajude a resolver esse problema”.

“Yats” se referia a Arseniy Yatseniuk, um dos três principais líderes da oposição na Ucrânia na época, ao lado de Vitaly Klitschko e Oleh Tyahnybok.

Depois que Yanukovych foi deposto, Arseniy Yatsenyuk, sem surpresa, tornou-se o primeiro-ministro interino da Ucrânia.

A revista Forbes informou que a razão pela qual os Estados Unidos instalaram os “Yats” foi porque “Yanukovych resistiu à demanda do Fundo Monetário Internacional de aumentar impostos e desvalorizar a moeda”, enquanto “Yatsenyuk não se importa”.

A mentira do massacre de Maidan.

Por fim, toda a justificativa para o golpe revelou-se uma mentira.

A justificativa oficial para isso foi a alegação de que Yanukovych ordenou um massacre de manifestantes do Maidan na “praça Maidan”, que matou 48 manifestantes e feriu centenas.

Este massacre foi usado pelos Estados Unidos para tirar Yanukovych do poder. Como escreveu o professor ucraniano-canadense de ciência política da Universidade de Ottawa, Ivan Katchanovski, em seu artigo recente sobre o massacre:


O então vice-presidente dos EUA, Biden, revelou em suas memórias que, durante o massacre de Maidan, ele ligou para Yanukovych e lhe disse que "estava tudo acabado; era hora de ele chamar seus atiradores e ir embora" e que "ele não deveria esperar que seus amigos russos o resgatassem desse desastre".

No entanto, uma extensa pesquisa de Katchanovski prova que esse massacre não foi realizado por Yanukovych e foi, na verdade, uma falsa bandeira perpetrada pelo grupo paramilitar de extrema direita Setor Direito, que estava tentando derrubá-lo.

Katchanovski analisou cuidadosamente as imagens de um julgamento na Ucrânia sobre este massacre e descobriu que a maioria dos depoimentos dos sobreviventes dizia que "eles tinham sido baleados por atiradores de elite de prédios ou áreas controladas pelo Maidan, tinham testemunhado atiradores ali ou tinham sido informados por outros manifestantes do Maidan sobre tais atiradores".

A perícia do julgamento também descobriu que “40 dos 48 manifestantes mortos foram baleados de um ângulo alto” em um momento em que as forças de Yanukovych eram “filmadas no chão”.

O laudo forense mostrou que as vítimas tinham “ferimentos de entrada profundos, consistentes com a teoria de que foram baleadas por atiradores em prédios controlados pelo Maidan”.

Apesar das evidências forenses esmagadoras e depoimentos de testemunhas mostrando que o massacre do atirador foi realizado por grupos de extrema direita pró-Maidan, a grande mídia ignorou completamente essas revelações.

Fora de uma única frase de um artigo recente em “The Hill” que diz :


como documentado recentemente por evidências forenses esmagadoras, e afirmado até mesmo por um tribunal de Kiev, foram militantes de direita ucranianos que iniciaram a violência em 2014 que provocou a invasão inicial da Rússia no sudeste do país, incluindo a Crimeia.

a grande mídia ignorou completamente essa pesquisa.

O New York Times chegou a publicar um relatório forense falso usando “modelagem 3D” para tentar provar que Yanukovych estava por trás do massacre.

Ivan Katchanovski revelou que os advogados do julgamento que pagaram pelo estudo “não apresentaram o modelo SITU 3D durante o julgamento, mesmo depois de desperdiçarem o tempo do tribunal e do júri ao apresentá-lo”.

Isso ocorreu porque “o modelo não era confiável, tendo sido baseado em uma fraude primitiva na qual a localização dos ferimentos das vítimas, que de fato correspondiam à direção dos tiros vindos dos prédios controlados pelo Maidan, foram alterados para corresponder às posições do Berkut no terreno”.

O objetivo deste estudo fraudulento foi usado “para propagar desinformação em artigos publicados no New York Times e em outras mídias ocidentais e ucranianas”.

Consequências do Golpe de Maidan

O golpe na Ucrânia também causou uma guerra civil no leste da Ucrânia (exatamente como William Burns previu).

Pouco depois do golpe, apoiadores do Maidan entraram em confronto com ativistas ucranianos pró-Rússia em Odessa, Ucrânia, o que fez com que os ativistas pró-Maidan prendessem os apoiadores russos no prédio do sindicato em chamas, o que resultou na morte de 42 deles.

O Tribunal Europeu de Direitos Humanos concluiu recentemente que o novo governo golpista na Ucrânia permitiu intencionalmente que esse massacre acontecesse, decidindo que "as autoridades relevantes não fizeram tudo o que era razoavelmente possível para impedir a violência, para pará-la após seu início e para garantir medidas de resgate oportunas para aqueles presos no incêndio no Edifício do Sindicato".

O tribunal chegou a concluir que “o deslocamento dos carros de bombeiros para o local do incêndio foi deliberadamente atrasado em 40 minutos, e a polícia não interveio para ajudar a evacuar as pessoas do prédio com rapidez e segurança. Portanto, o Estado não garantiu medidas de resgate em tempo hábil”.

Esses confrontos acabaram levando a uma guerra civil em larga escala entre os ucranianos pró-Rússia na região de Donbass, no leste da Ucrânia — apoiados pelo governo russo — e o governo ucraniano pró-Ocidente — apoiado pelo Ocidente.

Enquanto Obama se recusou a enviar armas letais ao governo ucraniano enquanto isso acontecia, o governo Trump o fez ao aprovar a venda de armas letais em 2017 e 2019 .

Essas vendas de armas levaram a um aumento de vítimas civis no lado alinhado à Rússia no conflito da Ucrânia.

As Nações Unidas descobriram que, entre 2018 e 2021, 81% das vítimas civis do conflito aconteceram no lado pró-Rússia.

O golpe também interligou ainda mais a inteligência americana na Ucrânia.

O New York Times informou que, após o golpe, a CIA começou a usar a inteligência ucraniana para seus próprios objetivos.

O artigo observa que a CIA “apoiou uma rede de bases de espionagem (na Ucrânia) construída nos últimos oito anos, que inclui 12 locais secretos ao longo da fronteira russa”.

O artigo também descobriu que “Por volta de 2016, a CIA começou a treinar uma força de comando de elite ucraniana — conhecida como Unidade 2245 — que capturou drones e equipamentos de comunicação russos para que os técnicos da CIA pudessem fazer engenharia reversa e quebrar os sistemas de criptografia de Moscou”. E que “a CIA também ajudou a treinar uma nova geração de espiões ucranianos que operavam dentro da Rússia, por toda a Europa, em Cuba e outros lugares onde os russos têm grande presença”.

O Times relatou que “o relacionamento está tão arraigado que os agentes da CIA permaneceram em um local remoto no oeste da Ucrânia quando o governo Biden evacuou o pessoal dos EUA nas semanas anteriores à invasão da Rússia em fevereiro de 2022”.

Esse “relacionamento”, de acordo com o Times, “pode ser rastreado até dois telefonemas na noite de 24 de fevereiro de 2014, oito anos antes da invasão em larga escala da Rússia”.

O Times observou que isso ocorreu depois que “milhões de ucranianos acabaram de invadir o governo pró-Kremlin do país e o presidente, Viktor Yanukovych, e seus chefes de espionagem fugiram para a Rússia”.

Provocado

Ao contrário da alegação de que a invasão russa da Ucrânia foi "não provocada", a realidade é que os Estados Unidos e o Ocidente provocaram a guerra, repetidamente, inclusive expandindo a OTAN e ameaçando trazer a Ucrânia para a OTAN, apesar de terem sido repetidamente alertados por especialistas russos de que isso desencadearia uma guerra, e apoiando um golpe em 2014 que levou a mais violência contra russos étnicos na Ucrânia e permitiu que a inteligência dos EUA usasse a Ucrânia para monitorar a Rússia.

Mentira 2: Não há nazistas na Ucrânia.

Outra grande mentira da grande mídia foi que a Ucrânia não tinha problemas com a extrema direita e os neonazistas e que essa alegação era "propaganda russa".

Embora seja verdade que a Rússia exagerou nessa questão para justificar sua invasão da Ucrânia, e também seja verdade que o governo russo tenha laços com grupos de extrema direita, como o grupo mercenário Wagner, não há como negar que há um problema neonazista na Ucrânia.

Como dito acima, grupos de extrema direita, como o Setor Direita e o partido Svoboda, desempenharam um papel importante na violência que levou ao golpe de 2014.

Infelizmente, isso fez com que esses grupos tivessem muito mais influência no governo e na sociedade ucranianos.

Na época, a revista Foreign Policy observou que “A verdade incômoda é que uma parcela considerável do atual governo de Kiev — e os manifestantes que o levaram ao poder — são, de fato, fascistas”.

A revista relatou que o partido Svoboda, que era "indiscutivelmente o movimento de extrema direita mais influente da Europa atualmente", "detém uma parcela maior dos ministérios de seu país" após o golpe de Maidan.

O canal de notícias Channel 4 do Reino Unido informou na época que “a extrema-direita assumiu os cargos mais altos no vácuo de poder da Ucrânia” após o golpe.

O canal informou que “o homem que enfrenta a agressão de Putin como secretário do Conselho de Segurança Nacional e Defesa da Ucrânia é Andriy Parubiy, o fundador do Partido Social-Nacional da Ucrânia, um partido fascista inspirado nos nazistas de Hitler, com filiação restrita a ucranianos étnicos”.

O canal também informou que:


Supervisionando as forças armadas ao lado de Parubiy como Secretário Adjunto de Segurança Nacional está Dmytro Yarosh, o líder do Setor Direito - um grupo de combatentes de rua nacionalistas de linha dura, que anteriormente se gabavam de estar prontos para a luta armada para libertar a Ucrânia.

e isso

O novo vice-primeiro-ministro Oleksandr Sych é membro do partido de extrema direita Svoboda, que o Congresso Judaico Mundial pediu que a UE considerasse proibir no ano passado, juntamente com o Aurora Dourada da Grécia.

O golpe de Maidan também levou à criação do “Batalhão Azov”, um grupo de bandidos neonazistas que formou uma organização paramilitar e lutou no conflito do Leste da Ucrânia como parte oficial do exército ucraniano.

O grupo era tão predominante que, em 2018, os EUA incluíram uma disposição no projeto de lei de gastos da Câmara daquele ano proibindo o envio de armas americanas para o grupo.

Reportando-se à disposição, o jornal Hill escreveu que “o Batalhão Azov foi fundado em 2014, e seu primeiro comandante foi Andriy Biletsky, que anteriormente chefiou o grupo neonazista Patriota da Ucrânia. Vários membros da milícia, que foi integrada à Guarda Nacional Ucraniana, são neonazistas declarados.”

O representante democrata Ro Khanna, que liderou a provisão na época, disse: "A supremacia branca e o neonazismo são inaceitáveis ​​e não têm lugar em nosso mundo. Estou muito satisfeito que a recente aprovação do acordo impede os EUA de fornecer armas e assistência de treinamento ao Batalhão Azov neonazista que luta na Ucrânia".

No entanto, era improvável que a legislação realmente impedisse o envio de armas americanas para Azov. Como Stephen F. Cohen escreveu na época no The Nation :


A legislação do Congresso proibiu recentemente o Azov de receber qualquer ajuda militar dos EUA, mas é provável que ele obtenha algumas das novas armas enviadas recentemente a Kiev pelo governo Trump devido à rede desenfreada de corrupção e mercado negro do país.

Embora os neonazistas certamente representem uma parcela muito pequena da população ucraniana, eles são super-representados em termos de influência.

O exemplo mais consequente disto é quando eles conseguiram bloquear a implementação dos “acordos de Minsk 2”, um plano de paz que teria encerrado os combates no leste da Ucrânia.

Para contextualizar, Volodymyr Zelenskyy fez campanha e foi eleito em 2019 com a plataforma de implementar totalmente os Acordos de Minsk e acabar com a guerra.

No entanto, como relatou a ONG Finnish Peace Defender :


Enquanto o presidente Zelensky tenta cumprir os compromissos assumidos com seu eleitorado e as obrigações internacionais na implementação dos Acordos de Minsk, ele precisa superar obstáculos colocados por grupos armados irregulares que se identificam como patriotas da Ucrânia.

Em 7 de outubro, o Exército Ucraniano deveria ter se retirado dos assentamentos na linha de frente, Zolote e Katerynivka, na região de Luhansk. A 72ª Brigada Mecanizada, atualmente destacada para a área, deveria ter recebido a ordem na manhã daquele dia. O mesmo deveria ter sido feito pelas unidades do lado oposto que controlavam parte dos vilarejos. A SMM da OSCE deveria ter supervisionado a retirada.

Isso não aconteceu devido às ameaças e chantagens abertas dos círculos militares de extrema direita na Ucrânia, incluindo o Corpo Nacional liderado por Andrii Biletski.

O presidente da Ucrânia (Zelensky) foi até a linha de frente em Donbass para convencer pessoalmente membros da formação militar de extrema direita, supostamente do regimento Azov liderado pelos neonazistas, a pararem de bloquear a implementação do acordo de Minsk para retirar tropas junto com os militantes das entidades autoproclamadas.

Andrii Biletsky supostamente continua ameaçando o presidente com milhares de voluntários envolvidos na "defesa do último posto de controle" de Zolote se o presidente prosseguir com o plano de retirada.

Ivan Katchanovski observou na época que “Isso mostra que alguns milhares de neonazistas não só têm poder para bloquear o acordo crucial para a paz em Donbass, mas que o presidente não tem poder nem vontade para dissolvê-los e prendê-los, tendo que interceder pessoalmente com eles”. Ele disse que isso “é mais uma manifestação do poder real da extrema direita na Ucrânia”.

Isso foi até reconhecido pelo ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em uma entrevista de podcast .

Na entrevista, ele disse: “Zelensky não é um cara irracional, ele foi eleito como um pacifista, em 2019 ele tentou fazer um acordo com Putin, pelo que me lembro seu problema básico era que os nacionalistas ucranianos (ou seja, neonazistas) não conseguiam aceitar o acordo”.

Por causa desses fatos, o problema neonazista da Ucrânia foi amplamente reconhecido antes da invasão da Rússia em fevereiro de 2022, até mesmo por veículos de comunicação alinhados ao governo dos EUA, como o Atlantic Council e o Bellingcat .

Entretanto, depois que a guerra começou, o Ocidente e os Estados Unidos — em parceria com a grande mídia — fizeram uma grande campanha de propaganda para encobrir esse fato.

Quando o DHS de Biden criou temporariamente um "conselho de governança de desinformação", sua chefe - Nina Jankowitz - tinha um longo histórico de branqueamento de neonazistas na Ucrânia.

O jornalista ucraniano-americano Lev Golinkin relatou no The Nation que Jankowitz defendeu anteriormente "Aidar, Dnipro-1, Donbass e Azov", quatro grupos que têm "um histórico documentado de crimes de guerra, enquanto o Azov é um grupo neonazista declarado", enquanto ela trabalhava para o think tank ucraniano "Stop-Fake".

Em um artigo separado, Golinkin descobriu que meios de comunicação ocidentais como BBC, The Guardian e Deutsche Welle publicaram artigos encobrindo as bem documentadas afiliações neonazistas de Azovs depois do início da guerra na Ucrânia.

Isso também se aplicava à mídia americana, como o New York Times. Em um artigo de 2015, o Times descreveu o Azov como "abertamente neonazista, usando o símbolo do "gancho de lobo" associado à SS". Em 2019, o jornal voltou a descrever o grupo como "uma organização paramilitar neonazista ucraniana".

No entanto, em 2022, o New York Times jogou esse fato no lixo e começou a publicar artigos descrevendo o grupo como "o célebre Batalhão Azov da Ucrânia", sem mencionar os laços neonazistas.

Essa campanha de propaganda acabou levando o governo Biden a suspender a proibição de 2018 de armas dos EUA enviadas ao Batalhão Azov em 2024, permitindo assim que armas dos EUA fluam diretamente para um grupo paramilitar neonazista.


Mentira 3: Não foi possível negociar com a Rússia.

Outra grande mentira do governo ocidental e da grande mídia foi a alegação de que a Rússia não estava disposta a negociar o fim da guerra.

Na realidade, a Rússia estava disposta a negociar desde o início e, na verdade, era o Ocidente que não estava aberto à paz.

Como relatou o lendário jornalista John Pilger , a Rússia, na ONU, listou diversas exigências ao Ocidente para não invadir a Ucrânia antes do início da guerra. Elas eram:

A OTAN garante que não implantará mísseis em países que fazem fronteira com a Rússia. (Eles já estão instalados da Eslovênia à Romênia, com a Polônia a seguir)


A OTAN interromperá exercícios militares e navais em países e mares que fazem fronteira com a Rússia.


A Ucrânia não se tornará membro da OTAN.


o Ocidente e a Rússia para assinar um pacto de segurança vinculativo entre o Leste e o Oeste.


– o tratado histórico entre os EUA e a Rússia que abrange armas nucleares de médio alcance a ser restaurado. (Os EUA o abandonaram em 2019)

O Ocidente se recusou a negociar uma única dessas demandas, em vez disso, pressionou intencionalmente a Rússia a invadir, como descrito acima.

Além disso, o Ocidente bloqueou ativamente um acordo de paz que poderia ter encerrado a guerra dois meses depois.

Para contextualizar, a Rússia e a Ucrânia estavam perto de negociar um acordo de paz em Istambul, Turquia, em abril de 2022.

O jornal ucraniano Pravda informou que o acordo fracassou porque o ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson voou para Kiev e disse aos ucranianos que "Putin é um criminoso de guerra, ele deve ser pressionado, não negociado" e que "mesmo que a Ucrânia esteja pronta para assinar alguns acordos de garantias com Putin, eles (o Ocidente) não estão".

O jornal observou que:


A posição de Johnson era que o Ocidente coletivo, que em fevereiro havia sugerido que Zelensky deveria se render e fugir, agora sentia que Putin não era tão poderoso quanto eles imaginavam anteriormente e que havia uma chance de pressioná-lo.

Três dias depois de Johnson partir para a Grã-Bretanha, Putin veio a público e disse que as negociações com a Ucrânia "haviam se tornado um beco sem saída".

Esta história foi confirmada pelo ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett, que participou das negociações de paz e disse que achava que “ambos os lados queriam muito um cessar-fogo”, mas o Ocidente “o impediu”.

Mevlüt Çavuşoğlu, o ministro das Relações Exteriores turco que participou das negociações, também disse que "não achava que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia continuaria por muito mais tempo após as negociações de paz em Istambul", mas que depois de "acompanhar os ministros das Relações Exteriores da OTAN", ele "teve a impressão de que há aqueles dentro dos estados-membros da OTAN que querem que a guerra continue" porque "eles querem que a Rússia fique mais fraca".

Isso também foi reconhecido por diversas autoridades ucranianas.

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[texto em inglês, continuação em: ]

Documenting All The Lies We Were Told About Ukraine

A Comprehensive list of (most) of the lies we were told about Ukraine.