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quarta-feira, 19 de novembro de 2025

BEN NORTON: O motivo real para o apoio dos EUA a Israel e o falso «cessar-fogo»



Donald Trump prometeu «tomar conta» e «possuir» Gaza. O governo dos EUA planeia dividir o Território Palestiniano numa «zona verde» administrada, por aliados ocidentais, enquanto os cidadãos de Gaza ficarão entalados uma «zona vermelha», que não será reconstruída. Os EUA esperam que os investidores ganhem centenas de milhares de milhões de dólares.
Ben Norton noticia sobre a o esquema colonial.


Topics 0:00 Colonial US-Israeli plan for Gaza 1:29 Israel's fake Gaza "ceasefire" 4:27 Trump vows to "take over" Gaza 4:49 (CLIP) Trump: USA will "own" Gaza 5:04 Plan to divide Gaza 6:00 Map of Gaza divisions 6:50 European troops will occupy Gaza 8:04 "Green Zone" in Iraq War 9:38 Leaked blueprint for Gaza 10:38 Benjamin Netanyahu 11:34 Colonial plan for Gaza 12:32 IMEC: India-Middle East-Europe Corridor 13:07 China's Belt and Road Initiative (BRI) 14:21 Gaza plan 14:54 "Investment" in Gaza 16:05 Colonialism 16:29 Geopolitical strategy 17:33 US vision of West Asia (Middle East) 18:18 Trump Gaza Riviera & Elon Musk zone 19:02 Corporations exploit low-paid Palestinian workers 19:57 Gaza's offshore natural gas fields 20:43 Colonial-style land leases 22:27 Tokenization scheme 23:07 "Voluntary relocation" of Palestinians 25:22 Jared Kushner is US "mediator" with Israel 26:10 (CLIP) Kushner on Gaza "waterfront property" 26:22 Western colonialism in Palestine 28:04 Outro || Geopolitical Economy Report ||
 

sábado, 18 de outubro de 2025

VENEZUELA - NOBEL DA «PAZ» E «FRUTO PENDENTE*»

*Nota: A tradução mais comum para "hanging fruit" é «oportunidade fácil» ou «resultado fácil de alcançar». No entanto, preferi usar uma expressão mais literal, como "fruto pendente", pois esta é compreensivel no contexto deste artigo.

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 O presidente  Trump deve ter feito uma grande pressão para que o elegessem prémio  Nobel da Paz. O juri do Nobel deve ter sentido alguns pruridos de consciência  e decidiu antes escolher uma venezuelana, líder  de oposição  anti chavista e grande amiga dos EUA.  Maria Corina Machado, eleita prémio Nobel da Paz, "não é nenhuma flor pacifista":

- Internamente, não cessou de fazer apelos incendiários à sublevação contra o regime de Maduro.

- Em relação  ao estrangeiro, convidou os «pacíficos»  Netanyahu e Trump, a invadirem o país, com a garantia de que, se o fizessem e a pusessem na presidência, teriam garantido o petróleo venezuelano e tudo o mais. 

Não  creio que estas tomadas de posição públicas sejam adequadas para quem está comprometida num caminho de paz e de oposição não  violenta!



No entanto, a Venezuela tem forças militares e populares que não seria prudente ignorar. Se houvesse invasão pelos EUA ou forças mercenárias, a tarefa não seria fácil. Além disso, a Venezuela está hoje de boas relações com as potências mais significativas do ponto de vista económico e militar dos BRICS, a China e a Rússia. Tanto os chineses como os russos já  deram discretos sinais de que não irão ficar passivos perante uma eventual tentativa de derrube do regime venezuelano.

Um império em decadência acelerada já não mete tanto medo, sobretudo após os fiascos militares deste século XXI: Afeganistão, Iraque, Líbia, assim como outras situações em que os americanos foram obrigados a recuar.  Na verdade, as " guerras sem fim" que eles vão criando - incluindo a Ucrânia  - são apenas causadoras  de morte, destruição e dívidas colossais, além de criarem animosidade em muitos povos e governos diversos. Alienaram laços  fortes com a Arábia Saudita, Indonésia e vários países africanos ou latino-americanos. O apoio incondicional ao governo de Israel, nestes dois anos de matança de civis indefesos em Gaza, também contribuiu para que muitos perdessem a ilusão sobre as intenções humanitárias e benévolas de Washington.

Maduro, vendo as provocações constantes, o assassinato dos tripulantes de lanchas, supostamente transportando droga para os EUA (creio que já afundaram 4 desses barcos), percebeu que as forças militares dos EUA se preparavam para  uma invasão da Venezuela. Estas brutais execuções  extra-judiciais de pessoas que os americanos nem sabiam ao certo quem eram, são mais uma prova da hipocrisia do poder imperial. Mas, sobretudo, revelam o intuito de criar o pretexto da agressão («casus belli») e derrube do governo de Maduro.

O fruto pendente das enormes reservas de petróleo e das minas de ouro da Venezuela, devem ter feito salivar os "neocons".  Wolfowitz, um destacado neocon conselheiro de George W. Bush, argumentava (em 2003) que a invasão do Iraque "se pagaria a si própria"  com as enormes somas obtidas na venda de petróleo deste país. Sabemos que não foi assim, mas também sabemos que pessoas gananciosas e estúpidas são capazes de cair duas vezes no mesmo erro. 

De qualquer maneira, se houver guerra, não é  a oligarquia dos EUA que irá pagar a fatura. São os pobres, que irão mais uma vez servir como carne para canhão em guerras do Império Ianque...

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

A MORTE DE JEFFREY EPSTEIN NÃO IMPEDIU A REVELAÇÃO DOS CRIMES SEXUAIS DOS PODEROSOS

 



Neste país - os Estados Unidos da América- corroído por inúmeros atropelos à legalidade e um grau de brutalidade criminosa único, e que faz (ou incita seus aliados a fazerem) as guerras mais crueís desde o fim da IIª Guerra Mundial, denota-se um puritanismo hipócrita. As pessoas fiquam muito escandalizadas pela conduta sexual da classe política, mas são indiferentes, quando não aprovadoras, numa parte do público, perante os crimes de agressão militar e de conivência com o genocídio em relação aos palestinianos, em Gaza, no presente e no passado.

Não quero com isto afirmar que os referidos crimes sexuais não sejam graves. São-no de facto, além de brutais e repelentes. Quero antes sublinhar que o comportamento destes predadores sexuais e o encobrimento destes pelo sistema, estão em coerência com a total indiferença ao sofrimento humano, causado globalmente pelas suas políticas.

Oxalá, que a revelação completa do caso Jeffry Epstein/ Ghislaine Maxwell e dos escândalos e crimes continuados associados, sirva para acordar as pessoas: Que lhes permita descolar da ideia de que os líderes são essencialmente bons e que desejam o bem do seu povo.  

domingo, 20 de julho de 2025

A CIMEIRA DOS BRICS NO RIO FOI UM SUCESSO; SAIBA AQUI PORQUÊ

 Muitos comentaristas ocidentais aventaram que haveria uma espécie de desinteresse da China, pelo facto de Xi Jin Ping não ter estado presente. Esta especulação, que foi espelhada por órgãos de «media» ocidentais, simplesmente é destituída de qualquer fundamento. Ben Norton (no 1º vídeo) explica isso em pormenor e muito mais.

Não há memória de que um presidente, mesmo dos EUA, faça ameaças com tarifas e sanções, só porque outros países soberanos decidem levar a cabo suas relações comerciais do modo que consideram mais vantajoso, reciprocamente. 

A ameaça - porém - saíu pela culatra ao presidente dos EUA, pois o Presidente Lula da Silva disse muito diretamente a Donald Trump que as suas ameaças não impressionam, nem Brasil, nem os outros BRICS. E disse, além disso, que não é próprio de Chefe de Estado fazer estas ameaças sem qualquer fundamento, em público e através de redes sociais. 

O presidente Trump e seu Secretário Marco Rubio pensam que é inerente aos EUA, serem «ad eternum» os emissores da divisa de reserva mundial e de comércio internacional.  Atribuem-se o «direito» de declarar uma guerra de tarifas e de sanções contra os países que não se dobrem à hegemonia do dólar. 

É patético ver Rúbio (2º vídeo, de Cyrus Janssen), falar como se fossem os donos do mundo, quando estão muito enfraquecidos. 

A desorientação dos governantes dos EUA é total. Ao insistirem na via da intimidação, do bulling, é exatamente o que tem levado ao sucesso - em grande parte - dos BRICS. Juntos, estes países poderão aguentar e resistir melhor a estas práticas de que os EUA usam e abusam: 60 % dos países do planeta têm sanções impostas (unilateralmente) pelos EUA. 

Note-se que em termos de legalidade internacional, só existe uma circunstância em que sanções são consideradas legais: No caso de serem votadas e aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU. Em todos os outros casos, as sanções são consideradas ilegais e uma forma de guerra económica.








CONFIRMAÇÃO DO SUCESSO DA CIMEIRA DO RIO:

domingo, 8 de junho de 2025

CORONEL MACGREGOR: «A CREDIBILIDADE DE TRUMP ACABOU»

 


A avaliação do Coronel Doug Mac Gregor do comportamento de Vladimir Zelensky e de Netayahu é de que estes estão apostados em convencer Donald Trump de que existe força militar suficiente nos seus respectivos regimes para fazer mudar decisivamente o destino das guerras que estão levando a cabo, arrastando assim os EUA para uma intervenção direta, quer no Médio-Oriente (Irão), quer na Rússia.

Esta tentativa de envolver de forma mais direta os EUA nos teatros de guerra citados, ou seja, com tropas combatentes, tem a oposição de Trump e certo número de seus conselheiros, mas teria apoio significativo no «Estado profundo», ou seja, no interior da CIA e das outras agências, no Departamento de Estado, no Pentágono...

A minha  impressão é de que o problema é muito grave, se o Coronel Mac Gregor tem razão quando afirma que ninguém liga ao Presidente Trump, e isto no seu próprio «entourage». Isto equivale a dizer que Trump, embora não esteja senil como Biden, pode ser manipulado de forma a que os neocons continuem no seu jogo de provocações contra a Rússia, cada vez mais graves. Esperam assim que o regime de Putin fique desestabilizado, que ele encontre pela frente opositores decididos a afastá-lo do caminho, etc. Em resumo, que se espalhe a dissensão nas fileiras do inimigo, sendo depois mais fácil derrotá-lo no terreno militar. Este «sonho» dos neocons é uma postura das mais perigosas. Aliás, nada indica que tal objetivo pudesse ser viabilizado através de atos terroristas: Até agora, estes atos têm conduzido ao reforço e ao cerrar das fileiras em torno de Putin.  

O perigo maior com estas provocações e com a escalada na gravidade das mesmas, é simplesmente que uma das partes, desesperada, recorra ao armamento nuclear. A partir deste ponto, a escalada para confronto nuclear generalizado estará assegurada. É isso mesmo que têm demonstrado múltiplos jogos de guerra, quer do lado da OTAN, quer do lado Russo. Nestas simulações de conflito usando armas nucleares, começam por ser usadas as de pequena potência e raio de ação (bombas «táticas»), mas rapidamente a parada vai subindo e chega-se, brevemente, ao uso de armas nucleares intecontinentais, ou seja, à destruição total.

O problema não se limita aos EUA e a Trump, pois vários chefes de Estado e de governo do «Ocidente», sobretudo nos países da OTAN, tem-se mostrado  irresponsáveis. No entanto, não seria difícil adoptar uma linha realista, baseada nas posições respectivas, no terreno, dos exércitos em conflito e reconhecendo que a Ucrânia não fará parte da OTAN. Em relação a este último aspecto, há indicações de que os dirigentes da OTAN reconhecem essa impossibilidade, em conversas informais, mas continuam a papaguear para o exterior «que estão abertos à entrada da Ucrânia na OTAN», como forma de motivar o governo ucraniano a continuar esta guerra insana, causando milhões de mortos.  

terça-feira, 22 de abril de 2025

QUANDO A ÁRVORE ESCONDE A FLORESTA



 Desde o famoso dia «da libertação» de 2 de Abril, decretado pelo Presidente Trump, todo o mundo tem estado em sobressalto com a «guerra tarifária». O que não faltam são análises sobre a iniquidade destas tarifas alfandegárias, a sua inadequação, o modo grotesco como são calculados os desequilíbrios comerciais entre os vários países e os EUA. 

Também se tem denunciado (com total razão, aliás) a falácia de que um défice comercial revelaria uma «exploração» do país comercialmente deficitário, exercida pelo que tem um superávit. Tudo isto se discutiu até à exaustão.

Porém, as subidas unilaterais das tarifas são uma «enorme bomba malcheirosa», deitada no meio das relações  económicas internacionais pela potência em declínio. Os EUA ficaram claramente ultrapassados, em termos de mercado mundial, nas mais diversas categorias de mercadorias, mas sobretudo nas que significam domínio em áreas de ponta:

- Os micro-processadores (os microchips que equipam tudo desde máquinas de lavar a mísseis superssónicos)

- A "IA"(tendo uma pequena empresa chinesa, demonstrado obter sistemas com mais eficiência e com um  custo da ordem do centésimo dos americanos),

- A construção de veículos EV (ao nível mundial, as marcas chinesas são as maiores vendedoras no Sul global, embora lhes tenham sido quase barrados - desde antes desta onda de tarifas - os mercados norte-americano e da UE) 

- Até mesmo os avanços da Internet de 5ª geração, têm sido protagonizados pela HUAWEI, empresa excluída do mundo ocidental, sob pretextos falaciosos (nunca provados) de servir para espionagem electrónica chinesa (curiosamente, foi a NSA americana que   espiou os smartphones de vários  dirigentes europeus, incluindo a Chanceler alemã Angela Merkel). 

- As chamadas terras raras, são extraídas, refinadas e exportadas pela China, que detém 90% do mercado mundial. Nenhum país tem igual peritagem, nem meios técnicos e industriais montados para realizar isso. Estes elementos são essenciais para incorporar nos chips ou ligas metálicas, funções insubstituíveis, cujo embargo de exportação (pela China) deixa os EUA numa situação desesperada para fabrico dos componentes electrónicos (estes são indispensáveis para as armas mais sofisticadas, mísseis por exemplo).

Á medida que o tempo passa, a dependência da China em relação às exportações para os EUA diminui acentuadamente, assim como diminui o peso relativo no PIB chinês, da contribuição destas exportações. Com cerca de 14 % das exportações, o comércio chinês com os EUA é facilmente substituível pelos chineses, o que não é verdade na recíproca. Enquanto a China fornece items indispensáveis à economia dos EUA, os EUA têm, como principais items de exportação para a China, o petróleo e a soja. Estes podem ser fornecidos por muitos  outros países,  em parcerias comerciais com a China.

Se nós acreditamos que nossos opositores são «estúpidos», nós é que estamos a ser estúpidos. É evidente que a Administração Trump possui um plano; e que este plano é muito mais vasto e profundo que a «guerra das tarifas». Eu diria mesmo que, se falamos de guerra económica, devemos perguntar-nos qual tem sido o mais precioso trunfo dos americanos?

Desde Bretton Woods - claramente - tem sido «o exorbitante» privilégio do dólar como moeda de reserva mundial e como principal moeda nas trocas comerciais; não esqueçamos que desde 1973 (O pacto entre Nixon/ Kissinger e o Rei da Arábia Saudita) o mundo vive num sistema monetário de divisas flutuantes, em que o dólar se tem mantido através  da obrigatoriedade de todos comprarem petróleo  em dólares,  exclusivamente. O PETRODÓLAR foi rei  durante todos estes anos, somente agora estando a ser destronado .

Ora, a subida dos BRICS, o seu alargamento, estão  na origem da crescente onda de trocas comerciais bilaterais (muitas, e em grandes volumes) não envolvendo o dólar, mas só as divisas dos respectivos países: Verifica-se a diminuição da utilização global do dólar. Há 25 anos, cerca de 70% das trocas comerciais eram feitas em dólares; esta percentagem desceu para cerca de 57%, no presente, segundo os números a que tive acesso. 

Além disso, existe a monstruosa dívida, com um total de 37 triliões de dólares. São dívidas públicas, de Estado, pelas quais o Tesouro americano emitiu obrigações e outros títulos de dívida correspondentes a diversas maturidades. Esta dívida atingiu um nível totalmente fora de controle: Ela perfaz, hoje, cerca de 104 % do PIB dos EUA; apenas os pagamentos de juros, alcançam mais de um trilião de dólares, este ano; a dívida que tem de ser «rolada», neste ano, é de 7 triliões. Isto significa que o Tesouro dos EUA terá de encontrar compradores para este montante. Ora, para já, os juros dispararam, ou seja, não podem os EUA encontrar tomadores dessa dívida, senão com remuneração mais alta, da ordem de 4.3 % para as obrigações do Tesouro a prazo de dez anos.

Embora poucas pessoas  saibam destes números catastróficos, reina um grande nervosismo nos investidores tradicionais   na dívida americana, que são: Estados, grande banca, grandes fundos de investimento e grupos económicos, sobretudo no exterior dos EUA. 

Sem dúvida, o efeito da "onda tarifária" será o de acentuar a recessão em muitos países e o abrandamento do crescimento em todo o Mundo, mesmo nos países com economias mais sustentáveis. Isto significa que a economia mundial será incapaz de satisfazer as exigências de empréstimos sem limites, do colosso americano.Que consequências isso vai trazer?

Os EUA terão um custo acrescido da sua dívida, não só quanto aos juros, como no seu montante total. 

Não creio que eles vão deliberadamente provocar o colapso da sua economia e da economia mundial. A fação que apoia  financeiramente Trump é constituída por oligarcas. Eles pretendem efetuar um «Great Reset» que lhes seja favorável pessoalmente. Querem ver consolidado o seu domínio monopolístico de ramos inteiros de indústria. Mas, provavelmente, compreendem que a ambição dos neocons duma hegemonia global, não tem qualquer hipótese de se realizar.

Trump e sua Administração ficaram encarregues de salvar aquilo que pode ser salvo do império americano. Por de trás das fanfarronadas do chefe, trata-se de fazer um recuo estratégico, salvando o papel do dólar, já não como a divisa de reserva mundial, mas capaz de assegurar um domínio hegemónico dentro da sua esfera de interesse. Seguindo esta lógica, coloco como hipótese que o plano de Trump e do seu governo, seja o seguinte :

- Aliviar a dívida pela desvalorização forçada do dólar. Com efeito, o dólar está nitidamente hipervalorizado, como vos dirão economistas das mais diversas tendências. Isso deriva do facto de ter sido a moeda de reserva dos bancos centrais em todo mundo e a principal divisa no comércio internacional, pelo que teve sempre uma procura condicionada por isso e não pela produção de bens para exportação ou por investimento direto em países estrangeiros. Seria razoável prever que uma diminuição de procura da dívida soberana dos EUA, no contexto que delineei acima, fosse causadora de um valor mais baixo do dólar, relativamente às outras divisas. Portanto, também irá diminuir o valor global da dívida dos EUA, denominada em dólares, embora ela nominalmente permaneça a mesma. 

- Estratégia de concorrência para os produtos americanos. Pode-se prever a contração da área de influência dos EUA, para uma zona onde conseguirão manter a hegemonia, já que não o conseguem ao nível mundial (objetivo dos neocons). No continente americano e na Europa ocidental e central, poderão esperar conservar e reforçar o seu controlo, sua liderança de facto. Para que o dólar continue como moeda preferencial neste espaço económico, convém que seja suficientemente baixo para tornar competitivos os produtos industriais americanos. Estes seriam - a  prazo - mais diversificados do que no presente. Atualmente, os produtos industriais de exportação dos EUA, são poucos: As armas, os aviões comerciais e a indústria do «entertainement». Num universo multipolar, o sucesso  na competição vai se exprimir pela capacidade de colocação no mercado internacional de produtos industriais a preços  baixos. Uma maneira frequente dos países tornarem os seus produtos de exportação mais competitivos é de baixarem o valor da sua moeda.

O que escrevi acima não é mais do que uma hipótese de trabalho, sujeita a confirmação ou invalidação. Não pretendo compreender o «alfa e ómega» da política económica externa dos EUA. Porém, neste curto texto de análise, procurei mostrar que Trump e os que o apoiam, têm objetivos concretos, que onde fazem mais barulho não  é  sempre o principal motivo da sua intervenção e que, para apreender as linhas de força da sua estratégia, temos de colocar  -como elemento central - a mudança do sistema monetário  internacional e a concomitante reforma das instâncias reguladoras internacionais. 


 

PS1: Como suplemento,  veja este vídeo que explica em pormenor a situação  do dólar:      https://youtu.be/06mdHuuUhdI?si=kRpLiXJDIECQ_ykQ

 


domingo, 6 de abril de 2025

TRUMP, 2 DE ABRIL, EUA: DIA DA LIBERTAÇÃO... PARA QUEM???

 


Segundo Peter Schiff, o dia "da libertação " de Donald Trump vai ser o começo  de um período extremamente penoso para os consumidores dos EUA, de aprofundamento da crise de solvência  das contas públicas, de aceleração  da inflação americana e de escassez de bens e matérias-primas no mercado americano. 

Mas não será  necessariamente assim para o resto do mundo. Será fácil para as economias que exportavam para os EUA bens de consumo, reorientarem-se para outros mercados, incluindo os dos países  emergentes. Haverá também  mais capitais disponíveis para investir nestas economias. Se os países emergentes não imitarem os americanos, taxando tudo e todos indiscriminadamente, vão melhorar a sua posição na competição  mundial. Seria irónico  mas muito justo, que - afinal  - este dia (2 de Abril de 2025) da imposição de tarifas alfandegárias pelos EUA, fosse O DIA DA LIBERTAÇÃO DO MUNDO* DA PARASITAGEM DOS ESTADOS UNIDOS SOBRE AS ECONOMIAS DOS PAÍSES  EXPORTADORES.

(*Dentro de um ano, a 02 de Abril de 2026, penso que já estaremos em condições de fazer um primeiro balanço do efeito dessas medidas na economia dos EUA e no Mundo)

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PS1: Prof. Warwick Powell considera aas tarifas uma prenda para a China e os BRICS. Veja AQUI

PS2: Um americano com muita experiência vivida na China explica-nos porque as subidas tarifárias não poderão atingir os objetivos pretendidos por Trump:

https://herecomeschina.substack.com/p/america-underestimates-the-difficulty

domingo, 30 de março de 2025

COMO A RECÉM- ELEITA PRESIDENTE MEXICANA MANTEVE EM RESPEITO DONALD TRUMP

 

Claudia Sheinbaum mostrou grande maturidade e soube fazer valer os interesses vitais do México face ao vizinho poderoso no Norte. Não se sabe se a situação vai evoluir para uma melhoria das relações ou se vai haver guerra comercial, a partir de 2 de Abril. O que é certo é que não haverá «capitulação» do lado mexicano. Veja o vídeo abaixo: 




domingo, 9 de março de 2025

JONATHAN COOK: REFÉNS ISRAELENSES E CESSAR-FOGO

Jonathan Cook: Reféns israelenses e o cessar-fogo



Há uma razão premente para manter nossa atenção focada na diretiva Hannibal, escreve Jonathan Cook. Ela se relaciona com o que está acontecendo agora.

Palestinos em Gaza em 29 de janeiro, após o cessar-fogo anunciado no início do mês. (Jaber Jehad Badwan, Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0)

Por Jonathan Cook
Jonathan-Cook.net

Aqueles de nós que continuamos falando sobre o uso que Israel fez da chamada diretiva Hannibal em 7 de outubro de 2023 — na qual Israel matou seus próprios cidadãos para impedir que fossem capturados pelo Hamas — fomos difamados por desculpar os crimes do Hamas naquele dia.

Não é por isso que sinalizamos o problema.

Em parte, isso se deve ao fato de que algumas das imagens mais horripilantes de 7 de outubro, de corpos carbonizados e carros e casas destruídos em Israel — apresentadas como evidência de uma barbárie especial que é supostamente típica dos palestinos — foram quase certamente causadas por Israel invocando sua diretiva de terra arrasada naquele dia.

Essas imagens se tornaram centrais na onda de propaganda lançada por Israel e seus apologistas para justificar o massacre em massa de crianças de Gaza nos 17 meses seguintes.

Mas há também uma razão muito mais urgente e premente para manter nossa atenção focada no papel da diretiva de Hannibal. E ela se relaciona com o que está acontecendo agora.  

[O presidente Donald Trump emitiu ameaças militares sobre as consequências de não entregar reféns israelenses que, segundo o Hamas, se forem realizadas, violariam os termos do cessar-fogo .]

Israel e os EUA ainda estão aplicando a diretiva de Hannibal — contra os prisioneiros israelenses mantidos em Gaza. 

O ponto da diretiva sempre foi impedir que o inimigo pudesse usar reféns israelenses como alavanca para atrair Israel para negociações — principalmente para pressioná-lo a entregar qualquer um dos milhares de reféns palestinos que mantém em seus campos de prisão e tortura . Muitos deles nunca foram acusados ​​ou julgados.

Israel e os EUA nos dizem que precisam bombardear Gaza — no que equivale a um genocídio "plausível", de acordo com a mais alta corte do mundo — para forçar o Hamas a devolver os prisioneiros israelenses. Mas, na verdade, Israel e os EUA estão matando imprudentemente esses mesmos prisioneiros por meio de suas ações.

Why? So they don’t have to negotiate over a ceasefire. So they can carry on with the genocide, without pressure to deal with the fate of the Israelis held in Gaza.

“Bring Them Home” — a giant lights sign by artist Nadav Barnea at Charles Bronfman Auditorium, Heichal Hatarbut, Tel Aviv, Jan. 3, 2024. (Yossipik, Wikimedia Commons, CC BY-SA 4.0)

It was exactly the same reckless approach on Oct. 7, when Israel showed it was indifferent as to whether Israelis lived or died so long as they weren’t taken captive.

[See: What We’re Not Hearing About Oct 7]

That’s why — in one instance we know about — the Israeli military fired into a home in Kibbutz Be’eri, knowing that there were a dozen or more Israelis inside, including children.

The army was completely indifferent as to whether those Israelis would be killed as a result. All but two were. Those witnesses are the main reason we know what really happened.

That’s why Israel’s Apache helicopters recklessly fired on hundreds of cars fleeing the Nova music festival, indifferent to whether the cars contained Hamas fighters or Israeli citizens.

Even the former defence minister, Yoav Gallant, admits the directive was invoked that day.

We’ll never know how many Israelis were killed – in part because Israel will never let us know. It’s even buried many of the destroyed cars to stop a forensic investigation.

But what we do know with certainty is that the Israeli military killed many Israelis on Oct. 7.

Western media have studiously refused to report on the issue of the Hannibal directive, even though it is all over the Israeli media. (See hereherehere and here.)

That is more than just a failure by Western media outlets. It is a crime against journalism — if not complicity in the genocide itself.

Western publics need to know that the Hannibal directive was invoked for a very simple reason: It is a crucial piece of information for assessing the credibility of Israeli and U.S. claims that they are trying to get the Israeli captives back alive and to properly weigh Israel’s motives in returning to the genocide in Gaza.

Notice how, in Trump’s latest deranged tweet, he accuses Hamas of “murdering” the Israelis held in Gaza. That’s pure, Israeli-inspired disinformation.

It is clear that most, if not all, of the dead captives were killed not by their Hamas captors but by Israel’s massive, reckless 15-month bombardment of the tiny territory of Gaza. That same bombardment, the equivalent of six Hiroshimas, has leveled Gaza and killed many tens of thousands — maybe hundreds of thousands — of Palestinians.

Why is Trump so eager to misdirect us?

Because he wants to win our support for Israel’s continuation of its slaughter of the people of Gaza and justify his own decision to supply, as his predecessor did, the weapons needed to continue that genocide.

After all, Trump makes his own genocidal intent expressly clear in addressing “the people of Gaza” and telling them that they will all be “DEAD” if the Israeli captives aren’t handed over. Yet “the people of Gaza” have no control over whether the captives are released.


Notice too that Trump calls Hamas “sick and twisted” for holding on to the bodies of dead Israeli captives, even though it is Israel that is violating the ceasefire agreement that would see those bodies returned.

This has become a further rationalisation by Israel and the U.S. for killing “the people of Gaza.” But Hamas learnt the value of using dead bodies as bargaining chips directly from Israel.

For years, the Israeli government has had a policy of refusing to return to their families the corpses of those Palestinians it has killed, including while in its torture camps. This violation of international law long predates Oct. 7. The Israeli courts have repeatedly approved the policy, accepting the government’s view that the bodies should be held as “bargaining chips.” It gave its backing again in January.

So if Hamas is “sick and twisted,” it is only because Israel is even more sick and twisted. If Trump thinks the people of Gaza deserve a genocide because of their leaders’ “sick and twisted” decisions, should he not be consistent and argue that the people of Israel deserve a similar fate for their own leaders’ “sick and twisted” decisions?

A campaign of lies and disinformation have helped to shred international law over the past year and half. And one of the biggest lies is the pretence that, in slaughtering Gaza’s children, Israel has been acting in the interests of Israelis held in the enclave.

Jonathan Cook is an award-winning British journalist. He was based in Nazareth, Israel, for 20 years. He returned to the U.K. in 2021. He is the author of three books on the Israel-Palestine conflict: Blood and Religion: The Unmasking of the Jewish State (2006), Israel and the Clash of Civilisations: Iraq, Iran and the Plan to Remake the Middle East (2008) and Disappearing Palestine: Israel’s Experiments in Human Despair (2008). If you appreciate his articles, please consider offering your financial support

This article is from the author’s blog, Jonathan Cook.net.

The views expressed are solely those of the author and may or may not reflect those of Consortium News.