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segunda-feira, 9 de junho de 2025

ALASDAIR MACLEOD: O PLANO DA CHINA ENVOLVENDO OURO, PARA A ERA PÓS-DÓLAR

Alasdair Macleod descreve, com rara clareza, a realidade dos fracassos de Trump no domínio económico e financeiro. 
Anteriormente ao 2º mandato de Trump, o confisco de divisas e de ouro do Banco Central da Rússia, que estavam em contas de bancos ocidentais, no início da invasão da Ucrânia, assim como uma série de «multas» a bancos ocidentais, por terem supostamente transgredido as sanções dos EUA ao Irão e a outros países, mostraram ao mundo que o dólar estava a ser «militarizado»
Esta constatação foi o catalizador para muitos países procurarem alternativas viáveis à utilização do dólar enquanto divisa de reserva e do comércio internacional. 
A imensa quantidade de dólares em «paraísos fiscais» em grandes depósitos inativos, desde as Ilhas Caimão, o Luxemburgo, até à City de Londres, mascara a descida do dólar.
Mas a subida brusca dos juros nas obrigações US soberanas, foi um despertar: Tornou os intervenientes no mercado financeiro conscientes da modificação radical do ciclo mundial do crédito: 
- A dívida dos EUA, atualmente de 37 triliões de dólares e sempre a subir, é o fator principal da subida dos juros. Esta subida torna cada vez menos interessante* conservar «treasuries» e/ou comprar as novas «treasuries» emitidas para cobrir o pagamento de mais de um trilião de juros (no corrente ano). A chamada armadilha do dólar (dollar trap) é um ciclo descendente auto-reforçado. Este processo liquida a confiança no sistema mundial centrado no dólar. O despejar das treasuries em grandes quantidades (de um total da ordem de biliões), pela China e pelo Japão, respectivamente, segundo e primeiro detentores de obrigações do tesouro US, assinalam o fim de uma era.
Para não ser arrastada pela inevitável (auto)destruição do dólar, a China tem de recorrer ao ouro, como âncora do seu sistema monetário. Caso contrário, o Yuan será arrastado na queda do dólar.



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* Uma obrigação é avaliada como valendo MAIS, quanto mais BAIXO for o seu juro; inversamente, valendo MENOS quanto mais ELEVADO for o seu juro 

quarta-feira, 28 de maio de 2025

UMA VISÃO REFRESCANTE SOBRE A EVOLUÇÃO DO MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO COMUNISTA

 


Richard Wolff, prof. universitário nos EUA, tem sido um divulgador do marxismo e das ideias associadas ao socialismo e ao comunismo. Porém, a sua inteligência permite-lhe ver para além das fronteiras ideológicas. A sua análise dos fenómenos económicos, sociais, culturais e políticos nunca é inteiramente conforme com o canon ortodoxo do marxismo-leninismo. Tem um vasto conhecimento da História, não apenas da disciplina de Economia, que lecciona.

Pode-se estar ou não de acordo com as suas posições fundamentais, porém, ele é totalmente sincero e as suas intervenções no Youtube, quer a solo, quer em diálogo, são uma ocasião única de ver a paisagem dum modo diferente da narrativa dominante. 

A transição para um «Estado socialista» na URSS e depois nos sucessivos países que foram (e alguns continuam a ser) designados como «socialistas», não é real. 

A própria visão de Lenine, segundo Richard Wolff, era de que a URSS tinha de construir as bases para o socialismo, através de um regime de «capitalismo de Estado». 

Este, acabou por se transformar num capitalismo de Estado burocrático, onde não havia possibilidade de evoluir para algo que se pudesse chamar de socialismo. Parto do princípio que o socialismo designa um regime onde os trabalhadores têm o controlo do poder de Estado e que - ao nível das empresas - são eles diretamente, ou por delegação, que decidem sobre todos os aspetos da gestão: Neste socialismo (como eu o concebo), não havendo propriedade individual dos meios de produção, também não haveria uma casta (a nomenklatura) que substituísse o patronado, a qual decidiria sobre tudo. 

Deparando-se com um sistema cada vez mais disfuncional, com maior atraso tecnológico em todos os setores produtivos, este causava uma paralisia da própria sociedade. Em vez de vir de baixo, das classes laboriosas, o rumo era traçado autoritariamente pela cúpula do partido comunista (o politburo), sendo depois transmitido por uma cadeia hierárquica de comando, até aos produtores. Estes, tinham de se conformar com as diretivas, por vezes absurdas, que vinham do alto. 

Foi na época de Gorbatchov que estas insanáveis contradições se tornaram demasiado óbvias: Os próprios aparatchiki, a começar por Gorbachov, já não acreditavam no próprio modelo que apregoavam; sabiam, por informações de primeira mão, como o sistema estava pobre e não era «reformável». Tentaram ainda assim uma reforma, porém esta tentativa foi desencadear forças centrífugas demasiado grandes, que derrubaram o «império soviético». 

Foi uma implosão, de que tomou nota a casta dirigente do regime chinês. Este era herdeiro do maoismo, o qual se filiava na vertente  mais chauvinista do comunismo, o estalinismo.

O mecanismo de substituição de um regime de tipo soviético pelo sistema misto de capitalismo de Estado, com uma componente importante de capitalismo privado, não se fez sem sobressaltos. Foi a experiência dolorosa da rebelião da Praça de Tien An Men, que não teve possibilidade de injetar uma dose de democracia nas estruturas «comunistas» burocratizadas. As hierarquias do partido e do exército retomaram o controlo com toda a brutalidade. 

Depois, houve uma fase em que o regime se ofereceu (literalmente) para servir os capitalistas internacionais que quisessem investir e explorar a classe trabalhadora chinesa. Não só esta classe estava destituída de qualquer poder sobre as suas vidas, como nem sequer podia fazer valer os seus direitos.

Foi assim que se deu a acumulação de riqueza no Estado totalitário chinês, com benefícios miríficos para a classe capitalista internacional. Esta, pôde assim baixar acentuadamente os custos de produção, graças aos salários chineses, dez vezes mais baixos que os equivalentes no «Ocidente».

Agora, o Estado muito repressor, que distribui aos capitalistas locais os «nacos» mais saborosos da exploração do seu próprio povo, não decidiu ainda encerrar muitas das empresas estrangeiras que se instalaram na China, desde há 30 anos. Mas, progressivamente, o capitalismo na China vai ser protagonizado por empresas chinesas, quer sejam estatais, ou de capitalistas locais. Provavelmente, continuará a haver algum capital estrangeiro investido em parcerias com o Estado, visto que  estes acordos são tipicamente de longa duração.

Pessoalmente, não me impressiona muito que a China se tenha erguido durante estes 35 anos ao nível de nº 2 ou mesmo nº1 em certas áreas ao nível mundial. Vendo as coisas com olhos objetivos, desde os anos 50 até 80 sob o comando de Mao e de sua clique,  a China estagnou: Podemos compreender que o pior mal foi feito pela casta dirigente, não obstante o nível muito baixo de que partiu a estrutura produtiva e o facto incontestável da guerra híbrida que o imperialismo dos EUA levou a cabo nestes anos. 

O paradoxo, neste caso, é que a própria direção do Estado e do partido oferecem à classe capitalista internacional (e agora também aos capitalistas nacionais da China) uma enorme oportunidade, com um enorme «bonus», que permitiu que este mesmo capitalismo fizesse a transição de economias industriais, para economias de serviços (financeirização da economia).

A exploração da classe laboriosa chinesa veio beneficiar principalmente a casta dirigente do partido e os capitalistas nacionais e internacionais. O bemestar relativo da classe trabalhadora chinesa é inegável, mas temos de ter em conta que se, nos últimos 30 anos, o nível de remuneração melhorou duas ou três vezes (200 ou 300 %), a produtividade global no setor industrial aumentou cerca de 20 vezes (2000 %)! Era impossível manter a classe  trabalhadora na miséria, pois esta iria virar-se contra o poder e talvez encetar uma revolução proletária a sério. O custo de manter a classe trabalhadora chinesa sossegada, trabalhando com afinco para melhorar a sua condição individual e da sua família, tem sido incrivelmente baixo, dado o diferencial entre o que recebe o povo em salário médio e os lucros obtidos pelos capitalistas.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

PARADOXOS DA GUERRA ECONÓMICA CONTEMPORÂNEA

 

                                                         Foto: Vista de Xangai

Na realidade, são um feixe de contradições que vêm pôr de rastos construções ideológicas, que passaram por ciência económica «bona fide», no passado recente e continuam presentes, quer no discurso político oficial, quer na media mainstream, ou ainda na academia.

A contradição maior é a China, país governado por uma direção comunista, experimentar um desenvolvimento capitalista vigoroso.  Hoje, é inegável a rapidez com que passou a estar no primeiro lugar em domínios de ponta, onde a excelência e a inovação vão de par com uma estrutura industrial em permanente renovação. 

Nestes domínios da «high-tech», os EUA e países ocidentais em geral, já não estão em primeira linha numa série de indústrias, tanto em termos de qualidade, como na cobertura ao nível mundial. 

Um exemplo importante é a rede 5G da telefonia móvel. Esta é dominada pela Huawei, empresa privada chinesa, que - apesar de todo o boicote levado a cabo há anos pelos EUA- está numa posição mundial dianteira. 

Lembram-se do lamentável episódio da vice-presidente da Huawei ter sido presa no aeroporto de Vancouver, quando em trânsito para a China, vinda dum congresso na América Latina? E do tempo que levou libertarem-na, embora inocente de qualquer crime e retida contra todas as normas do direito internacional?

A China de hoje não sofre de atraso em termos tecnológicos, em relação ao Ocidente, antes pelo contrário. Ela tem sido capaz de ultrapassar as dificuldades colocadas  pelos ocidentais à sua importação de componentes estratégicas, sujeitas a sanções pelo Ocidente. A indústria dos «chips» tem avançado depressa na China, embora esta não consiga ainda igualar certos tipos de chips de gama mais alta, fabricados em Taiwan. Pode-se dizer -porém - que não está em situação crítica, neste aspecto. 

Um «teste» que comprova isso, ocorreu recentemente, com os aviões de combate da força aérea do Paquistão de fabrico chinês, que superaram em combate os da força aérea indiana, de fabrico francês (Rafale). Obviamente, os aviões de caça possuem múltiplos sistemas eletrónicos, dos radares de deteção, aos sistemas de assistência  à pilotagem e ao combate. Estes sistemas utilizam os «chips» mais sofisticados. Penso que  a qualidade dos sistemas electrónicos incorporados se reflectiu nas capacidades de combate desses aviões.

A China tem uma economia integrada, mas não demasiado verticalizada, assim conciliando a capacidade em concentrar recursos humanos, financeiros e materiais, em áreas consideradas prioritárias, ao mesmo tempo que - ao nível local, de município ou de província - tem dado livre curso a experiências audaciosas, colocando a iniciativa privada em concorrência. Esta é estimulada, sendo a excelência recompensada. Veja-se o que diz a economista Prof.ª Keyu Jin sobre os pólos de excelência das «Silicon Valleys» chinesas. 

Neste país não há pobreza nas grandes cidades; a população está corretamente vestida; não tem carências alimentares, nem deficiências na saúde. 

Pode-se argumentar como se queira, mas a pobreza é o factor de exclusão maior: Automaticamente, exclui os pobres da participação ativa na vida social e cívica. Além disso, a pobreza tende a perpetuar-se de geração em geração. 

É no Ocidente que a pobreza progride. Aí, verifica-se a subida dos índices mais preocupantes, como o da taxa de mortalidade de bébés e infantes, o desemprego em massa dos jovens, o alcoolismo, o consumo de drogas e os suicídios... e tudo isto, enquanto a sociedade do consumo desenfreado continua a segregar a miragem da opulência. Esta miragem faz as pessoas mais pobres do Sul global imigrarem para os países «afortunados», onde  irão encontrar, em vez dum «paraíso», o inferno da exploração!

Porém, é na China que ocorre o  mais dinâmico desenvolvimento capitalista, numa combinação de capitalismo de Estado e de capitalismo privado.  

A República Popular da China declara-se socialista, mas não exclui nem marginaliza o capitalismo privado, enquanto modo de produção. 

Se, de facto, este modelo de socialismo tem tanto sucesso, ele não deveria assustar as pessoas dos países da Europa e América. Deveriam ver quais as vantagens que pode trazer, embora não para lhe copiar mecanicamente as soluções. Estas, podem ser adequadas para a China, mas não para outras paragens. Muitos países do Sul Global estão já a beneficiar da cooperação com a China.

Paradoxalmente, enquanto continua a pregar a «liberdade de concorrência», a «livre iniciativa», etc, o Ocidente mantém uma guerra de retaguarda com o resto do mundo. Claramente, esta destina-se a conservar os privilégios da oligarquia, a qual não tem interesse em desenvolver seus países, no sentido autêntico de emancipação das pessoas, sua maior autonomia, suas melhores condições de vida e uma melhor educação e informação.

Ao fazer esta escolha - pela oligarquia - a casta política europeia está cada vez mais dissociada das necessidades reais da cidadania. Prova clara desta dissociação, é sua opção pelo confronto bélico com a Rússia, indo ao ponto de mostrar-se mais inflexível que os EUA. Esta escolha, acabará por levar a Europa para um plano subalterno, não só no tecido tecno-científico-industrial, mas também ao nível civilizacional

Múltiplos casos históricos de países, mostram que a perda de dinamismo (em particular, no setor produtivo) está na origem da decadência e se não for revertida, desemboca em dependência neo-colonial.    



 

quarta-feira, 30 de abril de 2025

VIRAGEM PARA UMA NOVA ERA

Segundo Lena Petrova, a China sai vencedora do braço-de-ferro, da guerra comercial com os EUA. 

A nova arquitetura mundial vai ser múltipla, com três ou mais grandes blocos económicos, comerciais e estratégicos. Neste contexto, as novas tecnologias (digitalização, blockchain, etc.) permitirão que as trocas internacionais ocorram, utilizando as divisas mais convenientes às partes. Neste novo sistema mundial, os  bancos centrais já não precisarão de acumular uma divisa de reserva. 
Na nova arquitetura, não haverá um «padrão-ouro», mas este metal precioso irá desempenhar o papel de estabilizador do sistema monetário mundial. Ele voltará a ser a principal reserva de valor dos Estados, como foi durante milénios.


 

quarta-feira, 16 de abril de 2025

A GUERRA "TARIFÁRIA" É O PRETEXTO; A CAUSA VERDADEIRA É OUTRA


O anúncio pela administração Trump da subida universal e indiscriminada dos direitos de alfândega, NÃO FOI GENUINAMENTE motivada por uma estratégia destinada a fazer regressar a indústria americana que se expatriou, sobretudo para a Ásia e em particular para a China.
Muitos fatores impedem - na prática - que este retorno tenha lugar.

- Em primeiro lugar, a impreparação do mercado de trabalho americano para sustentar uma produtividade próxima da dos trabalhadores chineses. Um episódio desta guerra industrial é esclarecedor; ele envolve a empresa de semi-condutores (chips) de Taiwan, a TSMC: Há cerca de um ano, decidiram implantar uma fábrica no Texas. Tiveram imensas dificuldades em recrutar pessoal para esta fábrica. A qualidade dos recrutas estava nitidamente abaixo do padrão dos operários chineses, em Taiwan. Tiveram de importar de Taiwan a maior parte dos trabalhadores, para que a fábrica pudesse funcionar.

- Além do fator produtividade, existe o fator salarial; embora o salário médio dos operários na China continental tenha subido bastante - ao ponto de algumas indústrias terem ido para o Vietname e outros países asiáticos, com mão de obra mais barata - este salário ainda é muito mais baixo que o salário médio dos operários nos EUA. Ainda por cima, estas fábricas, para conseguirem reimplantar-se nos EUA, teriam que oferecer salários acima da média e considerados atrentes pelos americanos.

- Outro fator é o enorme volume de negócios das marcas americanas dentro da própria China, desde a Apple, à Tesla: As grandes marcas americanas que fabricam seus produtos na China, também estão muito envolvidas no mercado chinês. A saída das suas fábricas da China seria acompanhada pela sua exclusão deste mercado, o mais promissor. Note-se que a economia chinesa continua a crescer, embora a ritmo mais moderado (de 6% anual), enquanto as economias norte-americana e europeia estagnaram, ou entraram em recessão.

- Finalmente, o que pretende a administração Trump com a manobra de «suspender» as tarifas para os países da UE, mantendo tarifas proibitivas para a China?
Obviamente, pretende separar a Europa da China, isolar a China, excluindo-a do mercado europeu (e vice-versa). Assim, julgavam que conseguiam enfraquecer a China e manter a Europa numa posição subordinada, em termos industriais e estratégicos, em relação aos EUA. Mas, a manobra foi compreendida pela eurocracia. A Comissão Europeia não reagiu de forma «dócil». Ela está a tentar negociar uma aliança com a China neste momento, visto que perdeu toda a confiança na administração Trump, para negociar tarifas e comércio com os seus homólogos europeus.

- No imediato, o mundo ocidental encontra-se à beira de um novo colapso financeiro. É provável que a administração Trump faça este jogo perigoso, usando tarifas alfandegárias como «ariete» para demolir a globalização neoliberal e a OMC [*]. Como anti-globalistas, isto faz parte do seu programa. Eles pensam que, face à subida doutras potências globais, só assim poderão manter um certo número de países na sua órbita, forçando-os a escolher o seu campo.

Se esta interpretação vos parecer pouco plausível, tenham em conta os factos seguintes:
1) O império do dólar tem estado a perder terreno no comércio internacional
2) O anúncio da divisa dos BRICS, que funcionará numa primeira fase como intermediário contabilístico nas trocas entre membros dos BRICS,  está para breve
3) A China lançou o sistema de pagamentos internacionais (homólogo do SWIFT, controlado pelos EUA), com uma eficiência superior à do seu concorrente.
4) A Arábia Saudita e a China acabaram de «enterrar» o petrodólar, com um acordo onde estão explícitas a compra de crude saudita em Yuan e a venda de material militar sofisticado chinês às forças armadas sauditas.

Devido a uma media mainstream completamente comprada, poucas pessoas no Ocidente têm a noção exata deste e doutros processos. Mas, o facto de que o grande público seja mantido ignorante, não vai impedir a decadência, nem a paralisia estratégica dos EUA face a um mundo cada vez mais multipolar.

O pânico dos governos, tanto europeus como americano, tem-se traduzido numa série de medidas histéricas e contraditórias, mostrando a sua desorientação completa, face a cenários cuja evolução é muito diferente da que eles sonharam: Primeiro, foi a derrota da OTAN no terreno ucraniano face à Rússia, fracasso estrondoso dos ocidentais. Agora, veio a manobra trumpiana de quebrar a globalização usando a guerra tarifária como pretexto.

Não será difícil para os países agrupados nos BRICS tirarem o maior partido do fracasso destas manobras aventureiras e desestabilizadoras. Será até muito fácil, pois basta que continuem a fazer o que têm feito, serenamente, sem se deixarem invadir pelo pânico e histeria reinantes nas sedes do poder ocidentais**.


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*NB1: O que me parece certo é que o efeito desta profusão de «tarifas» (taxas aduaneiras) é apenas o de quebrar a globalização neoliberal, acabar com o comércio internacional baseado no Direito. Em vez disso, instaura-se a força, a pressão, a chantagem, como normas nas relações internacionais, como no passado, durante milénios. A liberdade de comerciar e a existência de regras do comércio internacional estavam a dificultar o domínio direto dos oligarcas sobre os países/mercados.

**NB2: Veja o balanço destas últimas duas semanas de guerra comercial entre os EUA e a China, com Ben Norton, no programa de Danny Haiphong: 





NA CHINA, CENTENAS, MILHARES DE SILICON VALLEYS ESTÃO A NASCER

O que poucas pessoas no Ocidente realizam é que, embora a China seja um sistema politicamente muito centralizado, não o é economicamente: 
Ao nível regional, existem muitas iniciativas, ensaiam-se reformas, há competição, há desejo de atrair cientistas, empresários...
É preciso ouvir a Profª. Keyu Jin, da London School of Economics.
Esta professora de economia e autora viveu na China e tem conhecimento profundo deste país. Ela explica o «modelo de presidentes da câmara» e sua expansão em direção à automatização e a outras modificações do tecido produtivo. Fala também da diferença fundamental da nova geração, em relação à dos seus pais.
 

 

quarta-feira, 9 de abril de 2025

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº 42: A TEMPESTADE TARIFÁRIA, OS MERCADOS E AS ALIANÇAS


Há mercados e mercados. Os mercados bolsistas, mesmo as ações das empresas mais conhecidas, ou os índices do «S&P 500» ou do «NASDAQ», apenas afetam diretamente os que investiram nesses ativos. Mesmo os «valores seguros», estão sujeitos a grandes perdas, como nos foi dado ver, nestes últimos dias, no crash da libertação a 2 de Abril

O S&P perdeu 11.5% em 3 dias, e o juro das obrigações do Tesouro a 10 anos [ 10Y UST ] situa-se agora a 4.38%. As «treasuries» dos EUA  já não podem servir como  tradicional «porto refúgio» dos capitais.

Esta mudança tectónica é, no entanto, mais significativa ainda no médio/longo prazo para os mercados de matérias-primas e produtos manufaturados, ou seja, para a «economia real», a qual afeta todas as pessoas, em todos os países.

Não tenho dúvidas de que estamos perante um crash induzido: Os que planearam este crash, no círculo de Trump, sabem perfeitamente que estas modificações bruscas de tarifas alfandegárias têm implicações a vários níveis. Não só afetam os preços das mercadorias ao consumidor, os fluxos das mesmas mercadorias, e - em consequência - os fluxos de capitais. Mas, igualmente jogam com o panorama de alianças no âmbito da IIIª Guerra Mundial.

Estas mudanças estão ainda no começo, embora as novas linhas de fratura já se vislumbrem, pelos discursos e sobretudo, pelos atos concretos dos governos. Os vassalos do império dos EUA, Starmer, Macron, Van der Leyen, etc, estão atónitos: Após a mudança de rumo nos assuntos da guerra Russo-Ucraniana, vem um «segundo punch», que os deixa a cambalear. Estão incapazes de fazer frente à nítida desautorização, pela potência tutelar que os «protegia».

Mas, a China não se deixou intimidar e respondeu exatamente com as mesmas medidas tarifárias, mas em sentido contrário às dos EUA. Além disso, e muito menos divulgado, decidiu proíbir a exportação de «terras raras» que os EUA precisam para sua indústria de eletrónica, incluindo o fabrico de «microchips» para os jets, mísseis e outras armas sofisticadas.

A China encontra-se, claramente, em vantagem; constatação consensual, qualquer que seja a simpatia ou antipatia dos observadores, em relação ao gigante asiático. Do ponto de vista das alianças, igualmente está a ganhar, com o estreitamento dos laços comerciais e a formação duma «frente comum», com os parceiros da ASEAN. Isto reveste-se de significado estratégico também, pois as (atuais e futuras) sanções ocidentais não a incomodarão; a China terá ainda maior independência comercial, em relação aos EUA e seus vassalos ocidentais. Mesmo os mais fiéis vassalos dos EUA no Extremo-Oriente (Coréia do Sul e Japão), estão dispostos a coordenar ações com a China, para minimizar o efeito do «tornado tarifário Trump» sobre as exportações.

Tudo o que se possa pensar sobre a polaridade globalização/soberanismo, está posto em causa; pois, tradicionalmente, a defesa da globalização capitalista era obra dos EUA e de seus aliados, enquanto as políticas de defesa da soberania, eram protagonizadas pela Rússia, a China e seus aliados nos BRICS...

Hoje em dia, o Mundo descobre que é um perigo bem maior, em termos comerciais e de estabilidade económica, política e geoestratégica, desenvolver laços com os EUA. Estes, serão ainda a potência económica maior em volume de capitais investidos, embora já não em termos de produção de bens industriais.

Pelo contrário, a China é um parceiro confiável: Está sempre atenta aos fatores de estabilidade, predictibilidade e recíprocidade. 
Por isso, também, é vã a tentativa de desacoplar a Rússia, da China: Estão envolvidos numa aliança a vários níveis, da defesa ao comércio, da diplomacia à construção de novas rotas terrestres e marítimas (incluindo a rota o Ártico).

Finalmente, o que deveria preocupar mais as pessoas no Ocidente, seria antes a atitude aventureira dos dirigentes, que não sabem como atuar; as suas visões estavam falseadas... mas, falseadas por eles próprios. É um caso de auto-engano, de tomarem seus desejos pela realidade. A sua credibilidade atinge mínimos, nas sondagens de opinião. Estes factos não nos devem tranquilizar, pelo contrário; pois a nossa «democracia», com todas as suas limitações já não é tolerável para os «nossos dirigentes». Eles revelaram-se naquilo que já eram, em segredo: Autocratas ao serviço das oligarquias, interessados apenas retoricamente em afirmar os valores da democracia «para dar uma imagem», para consumo do povo.
O que fazem, na realidade, é no interesse diametralmente oposto ao dos respetivos povos, das respetivas nações. 
Com leis absurdas, produzidas por eles próprios, estão muito atarefados a neutralizar  (pela censura, por processos judiciais e pelo assédio policial) todos aqueles que se atrevem a contestar a sua política. 
Os poderes têm não apenas difamado, como reprimido,  manifestantes contra a monstruosidade do genocído dos palestinianos pelos israelitas, em Gaza e na Margem Ocidental. Se isto não é fascismo em ação, expliquem-me então, o que é...

Tudo aquilo que eu temia, quando falava da destruição de um semblante de legalidade e do Estado de Direito, a propósito da repressão aos dissidentes do COVID e da campanha de «vacinação» forçada, está a ser (re)posto em prática, agora. Existe um centro operacional comum, que coordena ao nível dos países da UE e da OTAN, a repressão da dissidência. É uma contínua guerra contra a cidadania, silenciosa mas sem quartel. 
 Os poderes de Estado, violentos, têm as forças repressivas ao seu serviço e os povos estão desarmados: Os tribunais são a maior farsa e as forças de oposição parlamentar têm sido impotentes, quando não colaborantes.

O fascismo do século XXI , não só tem avançado (ver artigo de Jonathan Cook), mas já tem o atrevimento de negar, ostensivamente, os valores que enformavam a «democracia liberal» nos países da OTAN em geral e, em especial, na França, Alemanha e Reino-Unido...

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PS1: OS BRICS e a multipolaridade são fatores decisivos, que modificam qualitativamente as relações do «Sul global» com o «Ocidente global».

PS2: Veja o que tem acontecido com as compras de ouro pelo banco central da China (a azul) e com as compras/vendas de Obrigações do Tesouro US (a vermelho): O PBOC tem um meio eficaz de pressão sobre o dólar e tem exercido essa pressão, de forma consistente.


domingo, 6 de abril de 2025

TRUMP, 2 DE ABRIL, EUA: DIA DA LIBERTAÇÃO... PARA QUEM???

 


Segundo Peter Schiff, o dia "da libertação " de Donald Trump vai ser o começo  de um período extremamente penoso para os consumidores dos EUA, de aprofundamento da crise de solvência  das contas públicas, de aceleração  da inflação americana e de escassez de bens e matérias-primas no mercado americano. 

Mas não será  necessariamente assim para o resto do mundo. Será fácil para as economias que exportavam para os EUA bens de consumo, reorientarem-se para outros mercados, incluindo os dos países  emergentes. Haverá também  mais capitais disponíveis para investir nestas economias. Se os países emergentes não imitarem os americanos, taxando tudo e todos indiscriminadamente, vão melhorar a sua posição na competição  mundial. Seria irónico  mas muito justo, que - afinal  - este dia (2 de Abril de 2025) da imposição de tarifas alfandegárias pelos EUA, fosse O DIA DA LIBERTAÇÃO DO MUNDO* DA PARASITAGEM DOS ESTADOS UNIDOS SOBRE AS ECONOMIAS DOS PAÍSES  EXPORTADORES.

(*Dentro de um ano, a 02 de Abril de 2026, penso que já estaremos em condições de fazer um primeiro balanço do efeito dessas medidas na economia dos EUA e no Mundo)

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PS1: Prof. Warwick Powell considera aas tarifas uma prenda para a China e os BRICS. Veja AQUI

PS2: Um americano com muita experiência vivida na China explica-nos porque as subidas tarifárias não poderão atingir os objetivos pretendidos por Trump:

https://herecomeschina.substack.com/p/america-underestimates-the-difficulty

domingo, 16 de fevereiro de 2025

ALIANÇAS DE INVESTIGAÇÃO ESPACIAL DA CHINA COM NAÇÕES DE ÁFRICA



Pequim possui 23 acordos espaciais bilaterais com nações africanas, incluindo financiamentos para construção de satélites e instalações terrestres de recolha da imagens e dados. No ano passado o Egípto, a África do Sul e o Senegal decidiram colaborar com a China com vista uma futura base lunar.

Para ler artigo integral consulta REUTERS  

[...]

«Nos arredores do Cairo, um laboratório espacial de última geração destina-se a ser o primeiro em África a produzir satélites localmente construídos.

O primeiro satélite desta fábrica, descrito como o primeiro jamais construído por uma nação africana, foi aí montado e lançado a partir dum aeroporto espacial em Dezembro de 2023.

O laboratório de satélites egípcio é somente parte do programa espacial desenvolvido pela China no estrangeiro. Pequim está a construir alianças espaciais em África, para melhorar a sua rede global de satélites e converter-se assim em potência espacial de primeira grandeza. 
A China anunciou publicamente uma grande parte desta assistência espacial aos países africanos, a qual inclui satélites, telescópios de vigilância espacial e estações terrestres.  Pequim terá acesso aos dados e imagens recolhidos por estes satélites. Haverá continuidade de assistência, por técnicos e cientistas chineses, para lá da entrada em funcionamente das instalações nos arredores do Cairo.
A fábrica de satélites, que començou a operar em 2023, faz parte dum complexo de tecnologia espacial oferecido pela China ao Egipto nos últimos dois anos. Entre as transferências tecnológicas anunciadas publicamente, menciona-se o novo centro de monitização do espaço. Este possui dois telescópios muito poderosos e controla dois satélites de observação terrestre, lançados em 2023. Um destes foi montado no Egípto e o outro fabricado exclusivamente na China. Nesse ano de 2023, terá sido lançado um terceiro satélite de fabrico chinês, capaz de realizar vigilância de nível militar.

As instalações da Space City são a peça central do complexo construído cerca de 30 km a leste do Cairo, próximo da nova capital administrativa, em construção. 
O presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi tem desenvolvido laços com a China nos últimos anos, incluindo acordos sobre infraestruturas e sobre energia no âmbito da Iniciativa Belt and Road.»



Nações Unidas apontam parceria China-África como “um pilar da Cooperação Sul-Sul”




quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DE «DEEPSEEK» O SISTEMA OPEN SOURCE CHINÊS

 O sistema de IA (Inteligência Artificial) chinês ameaça retirar a supremacia dos EUA em tecnologias de informação. Já causou um tombo nas cotações bolsistas de empresas tecnológicas, como NDVIA. O índice de empresas tecnológicas NASDAQ, sofreu uma quebra considerável. 

É uma mudança espectacular, que inaugura uma nova fase da competição tecnológica e económica entre os EUA e a China.

Veja o vídeo falado em francês, que nos permite compreender as características muito especiais do «Deepseek» e o efeito da sua entrada em cena, nos gigantes tecnológicos dos EUA:

                             


                                                   


quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

A GUERRA ECONÓMICA DOS EUA CONTRA OS SEUS «ALIADOS» EUROPEUS

              Aeroporto de Frankfurt, no coração da província europeia do império U.S.


Nos últimos anos, temos vindo a observar a acentuação de uma tendência que, no final da sua vida, o ex-presidente francês François Mitterand nos tinha avisado, numa célebre entrevista: A existência do inimigo não declarado, mas poderoso da Europa, os EUA.

 Desde a invasão russa da Ucrânia, o cenário tornou-se muito mais explícito, tal como o papel das «elites» políticas dos mais fortes países da UE. 
Os EUA revelaram a sua verdeira face, ao destruírem o gazoduto submarino no Mar do Báltico (Nord Stream) e forçando os alemães - e em particular, o governo do Chanceler Olaf Scholtz - a fazer como se não soubesse de nada, como se isso fosse possível; logo, a desacreditar-se completamente perante os seus eleitores. A partir deste ponto, a Alemanha e muitos outros países da UE, não  teriam outra opção viável, senão adquirir o gás americano, comprimido e enviado através do Atlântico em navios especiais e quatro vezes mais caro que o gás natural russo, veículado por uma rede de gazodutos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (representante da ala mais belicosa da oligarquia), advoga a necessidade do aumento substancial das despesas militares dos países da OTAN; apoiando inclusive a meta irrealista, não de 2% do PIB, mas de 5%. Esta exigência é uma sentença de morte para a capacidade de sobrevivência da UE, enquanto potência económica autónoma. É evidente que este esforço de despesas militares irá ser canalizado - em quase exclusivo - para aquisições em proveniência da indústria armamentista dos EUA, o que os salva da falência. Ou seja, nós vamos à falência, graças à cobardia, subserviência e estupidez dos dirigentes europeus. 
 Para cúmulo, os eurocratas e quase toda a casta política da Europa, estão comprometidos com Washington em impor mais sanções contra a Rússia (ainda mais) e contra a China. Ambos são dos mais importantes parceiros comerciais: A Rússia e China têm sido os melhores mercados para produtos agrícolas e industriais da Europa, além de que temos necessidade - no imediato - de importar destes países produtos que deixámos de fabricar, ou que não fabricamos em quantidade suficiente. 
Nossos «amigos americanos»* têm preparado o terreno para acolher as indústrias (sobretudo, as de ponta) que os capitalistas europeus planeiam deslocalizar para os EUA, onde encontrarão um ambiente fiscal muito mais favorável e com incentivos para a instalação, energia a muito mais baixo preço e um vasto mercado para os produtos.  Quer dizer, os americanos estão a convidar as mais promissoras indústrias europeias a deslocalizarem-se para os EUA e os governos europeus, vassalos, estão dispostos a satisfazer os desejos de seus senhores feudais!

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*Com amigos assim, para que precisamos de inimigos?


quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

BLACK ROCK APROVEITARÁ DA EXPLORAÇÃO (DEPOIS DA GUERRA) DAS RIQUEZAS UCRANIANAS

Gerard Autier diz-nos tudo o que precisamos saber sobre a empresa de gestão de ativos,  com valorização de 150 milhares de milhões de dólares.

BLACK ROCK E OUTRAS GRANDES EMPRESAS OCIDENTAIS POSICIONARAM-SE NO INÍCIO DA GUERRA UCRÂNIA/ RÚSSIA. EM 2022 BLACK ROCK ASSINOU UM ACORDO COM O GOVERNO ZELENSKY, CRIANDO UM «FUNDO PARA A RECONSTRUÇÃO». SERÃO NECESSÁRIOS CERCA DE $ 300 000 000 000 (trezentos milhares de milhões de dólares), PARA ESTE FIM. 
AS GRANDES EMPRESAS - BLACK ROCK E OUTRAS - PODERÃO EXPLORAR AS RIQUEZAS DA UCRÂNIA, PARA APROVEITAREM AS «TERRAS RARAS», O LÍTIO, AS TERRAS AGRÍCOLAS E RECONSTRUÇÃO DE IMOBILIÁRIO E INFRAESTRUTURAS DEPOIS DA GUERRA. 
MAS A UCRÂNIA ESTÁ EM DECLÍNIO POPULACIONAL IRREVERSÍVEL; SÓ SERÁ POSSÍVEL RECONSTRUÍ-LA COM UMA IMPORTAÇÃO MAÇICA DE IMIGRANTES.





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domingo, 12 de janeiro de 2025

DEVEMOS ESTAR PREOCUPADOS COM A INFLUÊNCIA DA CHINA NOS BRICS?

 RETIRADO DE: https://thinkbrics.substack.com/


La influencia de China en los BRICS suscita un debate global: ¿su creciente poder traerá cooperación o dominio? Explore en qué se diferencia el ascenso de China, moldeado por valores culturales únicos, de la hegemonía tradicional.

A medida que la fuerza de China continúa creciendo, especialmente después de su reciente vuelo de prueba del avión de sexta generación, se están extendiendo voces de duda y preocupación en medio del asombro constante ante la fuerza militar y económica de China en el país y en el extranjero.

Estas voces de duda y preocupación no son más que si China, después de un aumento tan enorme de fuerza, mostrará actitudes agresivas en algunas organizaciones de cooperación internacional. Por ejemplo, dentro de la organización BRICS, la enorme fuerza política, económica y militar de China “forzará” a otros países más débiles que China a obedecer sus órdenes.

Semejantes dudas y preocupaciones son comprensibles, porque Estados Unidos, como potencia hegemónica mundial, es bien conocido por sus hábitos imperialistas. Estados Unidos ha utilizado su dominio absoluto en el ejército, la ciencia y la tecnología, la política y la economía para coaccionar a otros países no una o dos veces, sino muchas veces.

No sólo eso, sino que Estados Unidos también ha violado abiertamente el derecho internacional, invadido armadamente otros países y cultivado agentes proestadounidenses en diferentes países. Su comportamiento hegemónico ha hecho sufrir a países de todo el mundo.

Es precisamente debido a la coerción y persecución de países de todo el mundo por parte del imperialismo estadounidense que los países de todo el mundo naturalmente tienen las mismas dudas y preocupaciones ante el ascenso de China. Esto es comprensible.

Desde el estallido de la SMO rusa en Ucrania , la disminución de la influencia global de Estados Unidos y Occidente ha sido un hecho indiscutible. En particular, la flagrante utilización del dólar como arma por parte de Estados Unidos y el congelamiento de las reservas de divisas de Rusia han despertado el resentimiento de países de todo el mundo y desencadenado una ola de desdolarización global. La hegemonía del dólar es la base de la hegemonía estadounidense. Si estos cimientos se tambalean, entonces el hecho de que Estados Unidos está cerca del fracaso total será visiblemente evidente.

El declive de Estados Unidos y el ascenso de China se han convertido en una tendencia irreversible. Es inevitable que China se convierta en la nueva fuerza dominante en el mundo. La pregunta ahora es: ¿Se convertirá China en el segundo Estados Unidos? ¿Utilizará China su posición ventajosa para obligar a otros países a obedecer sus instrucciones, como Estados Unidos?
La respuesta es, por supuesto, no.

Como China no es Estados Unidos, China no aprenderá el comportamiento hegemónico del imperialismo estadounidense. La cultura china siempre ha abogado por la "compatibilidad y aceptación". Bajo la influencia de esta cultura, es imposible que China adopte las mismas prácticas que el imperialismo estadounidense.

Esta cultura enfatiza la tolerancia hacia otras culturas y civilizaciones, así como el bienestar de la promoción común y la prosperidad común, que es fundamentalmente diferente de la hegemonía estadounidense.

Por ejemplo, Estados Unidos y los países occidentales han estado acusando a la iniciativa "La Franja y la Ruta" de China de ser una llamada "trampa de la deuda", y su verdadero propósito no es más que desacreditar la iniciativa "La Franja y la Ruta" de China y obligar a otros a países a mantenerse alejados de él. Sin embargo, esto es completamente falso.

Porque la mayoría de las deudas de los países que participan en la Iniciativa de la Franja y la Ruta son deudas privadas no estatales.

Tomemos como ejemplo a Sri Lanka. Según datos del Tesoro de Sri Lanka , a marzo de 2024, Sri Lanka tiene una deuda externa total de 27.600 millones de dólares, de los cuales los acreedores privados representan la mayor proporción, el 53,6%, los acreedores multilaterales representan el 20,7% y China representa el 20,7%. por sólo el 10,9%.


NPC – Club No-París | PC – Club de París


La misma situación ocurrió también en Pakistán. La deuda externa total de Pakistán fue de 125.702 millones de dólares estadounidenses, de los cuales los préstamos de China ascendieron a 20.375 millones de dólares estadounidenses, lo que representa el 16,2% de la deuda externa total de Pakistán.

En cuanto a Kenia, en marzo de 2024 , la deuda externa total de Kenia era de 32.220 millones de dólares, de los cuales el 46,3% procedía de instituciones financieras multilaterales como el Fondo Monetario Internacional y el Banco Mundial, mientras que la deuda de diversas entidades chinas representaba solo el 17,2%.


Según un informe de 2022 del African Policy Institute , desde 2011, alrededor de tres cuartas partes de los reembolsos de la deuda de los países del África subsahariana se han pagado a tenedores de bonos y préstamos comerciales, que son los mayores acreedores de África.

Además, aun así, China no ha escatimado esfuerzos para perdonar las deudas de los países africanos. Incluso los medios estadounidenses y occidentales tienen que admitirlo. Según VOANews , China ha perdonado 23 préstamos en África, lo que también es una poderosa refutación de la "trampa de la deuda" de los países occidentales.

La hegemonía estadounidense se basa en los genes culturales de los anglosajones que, en palabras de Fausto, son "poder, espacio e infinito". Bajo la guía de esta ideología, la hegemonía estadounidense y británica siempre ha utilizado la fuerza y ​​la intimidación para lograr un gobierno de alta presión sobre los asuntos globales y los países de todo el mundo. Éste es el método consistente utilizado por Estados Unidos y Gran Bretaña para gobernar el mundo.

Pero ésta no es la manera china, porque la cultura china enfatiza la inclusión. La propia cultura china es producto de una mezcla de varias culturas extranjeras. Por tanto, China tiene una tolerancia natural hacia las culturas extranjeras. Ésta es también la diferencia esencial entre China, Gran Bretaña y Estados Unidos.

China está abierta al ascenso de cualquier país y nunca ha considerado ni considerará el ascenso de ningún país como una amenaza al dominio de China en el mundo, porque reprimir a otros países no es una forma que los chinos estén dispuestos a tomar. Por el contrario, tolerar y apoyar a otros países es la política nacional que China siempre ha defendido.

Es necesario porque China tolera y apoya el desarrollo y el ascenso de otros países que China haya lanzado el gran proyecto de la "Franja y la Ruta". En el marco de este proyecto, China ha construido una infraestructura bastante completa para muchos países pobres de África y América Latina. Sólo cuando estos países se desarrollen podrá China desarrollar el comercio con ellos. Esto es beneficioso para los países subdesarrollados de Asia, África y América Latina, así como para el propio desarrollo de China. Esta es una verdadera situación en la que todos ganan.

Para desacreditar la política de "la Franja y la Ruta" de China, Estados Unidos y Occidente siempre han difamado el pensamiento de "ganar-ganar" de China calificándolo de "China gana dos veces", lo cual es completamente inconsistente con los hechos. En el marco de "La Franja y la Ruta", los países subdesarrollados de Asia, África y América Latina han obtenido ferrocarriles, aeropuertos, carreteras y otras infraestructuras importantes completas, mientras que China ha ganado canales para abrir los mercados de estos países. El beneficio mutuo es el verdadero beneficio mutuo.

También es por esta razón que la llamada "trampa de Tucídides" no se aplica a China. Si hay un país que puede superar a China en el futuro, entonces China no lo reprimirá como Estados Unidos, porque la cultura china cree que "la gran tendencia del mundo está gobernada por aquellos con virtud".

Si otros países piensan que pueden liderar el mundo con más poder que China, y este país no busca dañar a China, entonces China puede tomar la iniciativa de ceder la posición del máximo liderazgo mundial a este país, y nunca utilizará diversos medios. para reprimir a este país como Estados Unidos. Esto será beneficioso y no perjudicial tanto para la propia China como para la paz mundial y puede evitar una nueva guerra mundial para los máximos dirigentes del mundo.

Porque una vez que este país se fortalezca, China podrá comerciar con él de manera más efectiva. China presta más atención a los beneficios económicos reales y a los logros reales en materia de desarrollo, y no tiene ningún interés en el nombre falso de "los máximos dirigentes del mundo".

Por lo tanto, no hay absolutamente ninguna necesidad de preocuparse por el crecimiento de la fuerza de China. El ascenso de China será una bendición para la humanidad y felicidad para el mundo. Mientras China crezca, el mundo será pacífico, la humanidad se desarrollará, la economía prosperará y el mundo entero estará bañado por la luz de la paz y la prosperidad. No habrá necesidad de preocuparse por guerras y conflictos. Éste es el mayor significado del ascenso de China.


NÃO SERÁ FÁCIL REVERTER A GLOBALIZAÇÃO [Sinobabble]

Os dois vídeos aqui apresentados são uma fonte de informação económica sobre  as relações da China com o resto do Mundo, em especial, com países fornecedores de matérias-primas e com os países «ocidentais» que deslocalizaram a sua produção para a China...

Trump quer desacoplar a economia dos EUA da China, mas isso não é possível e a Comissão Europeia (Úrsula von der Leyen) sabe isso.

Mas é melhor ver os dois vídeos abaixo.
A autora dos vídeos diz que isto não é uma crítica, nem uma tomada de posição, mas antes a apresentação dos factos. Tem muito conhecimento, embora possa parecer - ao auditor distraído - que é só «babble» (ou seja, o balbuciar duma criancinha).





                               https://www.youtube.com/watch?v=q4oq8Uwqutk&t=599s



DESACOPLAR DA CHINA? 

VEJA A SEGUNDA PARTE DO SEGUNDO VÍDEO... E TIRE AS SUAS CONCLUSÕES!