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quarta-feira, 9 de abril de 2025

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº 42: A TEMPESTADE TARIFÁRIA, OS MERCADOS E AS ALIANÇAS



Há mercados e mercados. Os mercados bolsistas, sobretudo as ações das empresas mais conhecidas, ou os índices do «S&P 500» ou do «NASDAC», são apenas mercados que interessam aos que investiram nesses ativos, francamente especulativos. Mesmo os «valores seguros», estão sujeitos a grandes perdas, como nos foi dado ver, nestes últimos dias, no crach da libertação a 2 de Abril. Esta mudança tectónica é, no entanto, mais significativa ainda no médio/longo prazo, para os mercados de matérias-primas e produtos manufaturados, ou seja, para a «economia real», a que afeta todas as pessoas, em todos os países.

Não tenho dúvidas de que estamos perante um crash induzido: Os que planearam este crash, no círculo de Trump, sabem perfeitamente que estas modificações bruscas de tarifas alfandegárias têm implicações a vários níveis. Não só afetam os preços das mercadorias ao consumidor, os fluxos das mesmas mercadorias, e - em consequência - os fluxos de capitais. Mas, igualmente jogam com o panorama de alianças no âmbito da IIIª Guerra Mundial.

Estas mudanças estão ainda no começo, embora as novas linhas de fratura já se vislumbrem, pelos discursos e sobretudo, pelos atos concretos dos governos. Os vassalos do império dos EUA, Starmer, Macron, Van der Leyen, etc, estão atónitos: Após a mudança de rumo nos assuntos da guerra Russo-Ucraniana, vem um «segundo punch», que os deixa a cambalear. Estão incapazes de fazer frente à nítida desautorização, pela potência tutelar, que os «protegia».

Mas, a China não se deixou intimidar e respondeu exatamente com as mesmas medidas tarifárias, mas em sentido contrário às dos EUA. Além disso, e muito menos divulgado, decidiu proíbir a exportação de «terras raras» que os EUA precisam para sua indústria de eletrónica, incluindo o fabrico de «microchips» para os jets, mísseis e outras armas sofisticadas.

A China encontra-se, claramente, em vantagem; constatação consensual, qualquer que seja a simpatia ou antipatia dos observadores, em relação ao gigante asiático. Do ponto de vista das alianças, igualmente está a ganhar, com o estreitamento dos laços comerciais e a formação duma «frente comum», com os parceiros da ASEAN. Isto reveste-se de significado estratégico também, pois as (atuais e futuras) sanções ocidentais não a incomodarão; a China terá ainda maior independência comercial, em relação aos EUA e seus vassalos ocidentais. Mesmo os mais fiéis vassalos dos EUA no Extremo-Oriente (Coréia do Sul e Japão), estão dispostos a coordenar ações com a China, para minimizar o efeito do «tornado tarifário Trump» sobre as exportações.

Tudo o que se possa pensar sobre a polaridade globalização/soberanismo, está posto em causa; pois, tradicionalmente, a defesa da globalização capitalista era obra dos EUA e de seus aliados, enquanto as políticas de defesa da soberania, eram protagonizadas pela Rússia, a China e seus aliados nos BRICS...

Hoje em dia, o Mundo descobre que é um perigo bem maior, em termos comerciais e de estabilidade económica, política e geoestratégica, desenvolver laços com os EUA. Estes, serão ainda a potência económica maior em volume de capitais investidos, embora já não em termos de produção de bens industriais.

Pelo contrário, a China é um parceiro confiável: Está sempre atenta aos fatores de estabilidade, predictibilidade e recíprocidade. Por isso, também é vã qualquer tentativa de desacoplar a Rússia, da China: Ambos desenvolvem uma aliança a todos os níveis, desde a defesa ao comércio, da diplomacia à construção de novas rotas terrestres e marítimas (incluindo a rota o Ártico).

Finalmente, o que deveria preocupar mais as pessoas no Ocidente, seria antes a atitude aventureira dos dirigentes, que não sabem como atuar; as suas visões estavam falseadas... mas, falseadas por eles próprios. É um caso de auto-engano, de tomarem seus desejos pela realidade. A sua credibilidade atinge os mínimos mais baixos, nas sondagens de opinião. Estes factos não nos devem tranquilizar, pelo contrário; pois a nossa «democracia», com todas as suas limitações já não é tolerável para os «nossos dirigentes». Eles revelaram-se naquilo que já eram, em segredo; autocratas ao serviço das oligarquias, só interessados retoricamente em afirmar os valores da democracia, «para dar uma imagem», para consumo do povo.

O que fazem, na realidade, é no interesse diametralmente oposto ao dos respetivos povos, das respetivas nações. Mas, com leis produzidas por eles próprios, estão muito ativos a neutralizar - pela censura, processos judiciais, assédio policial - todos os que se atrevam a contestar sua política. Os poderes têm - não apenas difamado, como reprimido manifestantes contra a monstruosidade do genocído dos palestinanos pelos israelitas, em Gaza e na Margem Ocidental. Se isto não é «fascismo em ação», expliquem-me então, o que é...

Tudo aquilo que eu temia no longo prazo, quando falava da destruição de um semblante de legalidade e de Estado de Direito, a propósito da repressão aos dissidentes do COVID e da campanha de «vacinação» forçada, está a ser (re)posto em prática, agora. Existe um centro operacional comum, que coordena ao nível dos países da UE e da OTAN, a resposta à dissidência. É uma contínua guerra contra a cidadania, sem quartel. Os poderes de Estado, violentos, têm as forças repressivas ao seu serviço e os povos estão desarmados: Os tribunais são a maior farsa; as «forças de oposição parlamentar» são impotentes, quando não colaborantes.

O fascismo do século XXI , não só tem avançado (ver artigo de Jonathan Cook), mas já tem o atrevimento de negar, ostensivamente, os valores que enformavam os regimes de «democracia liberal» nos países da OTAN em geral e, em especial, na França, Alemanha e Reino-Unido...

domingo, 6 de abril de 2025

TRUMP, 2 DE ABRIL, EUA: DIA DA LIBERTAÇÃO... PARA QUEM???

 


Segundo Peter Schiff, o dia "da libertação " de Donald Trump vai ser o começo  de um período extremamente penoso para os consumidores dos EUA, de aprofundamento da crise de solvência  das contas públicas, de aceleração  da inflação americana e de escassez de bens e matérias-primas no mercado americano. 

Mas não será  necessariamente assim para o resto do mundo. Será fácil para as economias que exportavam para os EUA bens de consumo, reorientarem-se para outros mercados, incluindo os dos países  emergentes. Haverá também  mais capitais disponíveis para investir nestas economias. Se os países emergentes não imitarem os americanos, taxando tudo e todos indiscriminadamente, vão melhorar a sua posição na competição  mundial. Seria irónico  mas muito justo, que - afinal  - este dia (2 de Abril de 2025) da imposição de tarifas alfandegárias pelos EUA, fosse O DIA DA LIBERTAÇÃO DO MUNDO* DA PARASITAGEM DOS ESTADOS UNIDOS SOBRE AS ECONOMIAS DOS PAÍSES  EXPORTADORES.

(*Dentro de um ano, a 02 de Abril de 2026, penso que já estaremos em condições de fazer um primeiro balanço do efeito dessas medidas na economia dos EUA e no Mundo)

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PS1: Prof. Warwick Powell considera aas tarifas uma prenda para a China e os BRICS. Veja AQUI

PS2: Um americano com muita experiência vivida na China explica-nos porque as subidas tarifárias não poderão atingir os objetivos pretendidos por Trump:

https://herecomeschina.substack.com/p/america-underestimates-the-difficulty

domingo, 16 de fevereiro de 2025

ALIANÇAS DE INVESTIGAÇÃO ESPACIAL DA CHINA COM NAÇÕES DE ÁFRICA



Pequim possui 23 acordos espaciais bilaterais com nações africanas, incluindo financiamentos para construção de satélites e instalações terrestres de recolha da imagens e dados. No ano passado o Egípto, a África do Sul e o Senegal decidiram colaborar com a China com vista uma futura base lunar.

Para ler artigo integral consulta REUTERS  

[...]

«Nos arredores do Cairo, um laboratório espacial de última geração destina-se a ser o primeiro em África a produzir satélites localmente construídos.

O primeiro satélite desta fábrica, descrito como o primeiro jamais construído por uma nação africana, foi aí montado e lançado a partir dum aeroporto espacial em Dezembro de 2023.

O laboratório de satélites egípcio é somente parte do programa espacial desenvolvido pela China no estrangeiro. Pequim está a construir alianças espaciais em África, para melhorar a sua rede global de satélites e converter-se assim em potência espacial de primeira grandeza. 
A China anunciou publicamente uma grande parte desta assistência espacial aos países africanos, a qual inclui satélites, telescópios de vigilância espacial e estações terrestres.  Pequim terá acesso aos dados e imagens recolhidos por estes satélites. Haverá continuidade de assistência, por técnicos e cientistas chineses, para lá da entrada em funcionamente das instalações nos arredores do Cairo.
A fábrica de satélites, que començou a operar em 2023, faz parte dum complexo de tecnologia espacial oferecido pela China ao Egipto nos últimos dois anos. Entre as transferências tecnológicas anunciadas publicamente, menciona-se o novo centro de monitização do espaço. Este possui dois telescópios muito poderosos e controla dois satélites de observação terrestre, lançados em 2023. Um destes foi montado no Egípto e o outro fabricado exclusivamente na China. Nesse ano de 2023, terá sido lançado um terceiro satélite de fabrico chinês, capaz de realizar vigilância de nível militar.

As instalações da Space City são a peça central do complexo construído cerca de 30 km a leste do Cairo, próximo da nova capital administrativa, em construção. 
O presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi tem desenvolvido laços com a China nos últimos anos, incluindo acordos sobre infraestruturas e sobre energia no âmbito da Iniciativa Belt and Road.»



Nações Unidas apontam parceria China-África como “um pilar da Cooperação Sul-Sul”




quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DE «DEEPSEEK» O SISTEMA OPEN SOURCE CHINÊS

 O sistema de IA (Inteligência Artificial) chinês ameaça retirar a supremacia dos EUA em tecnologias de informação. Já causou um tombo nas cotações bolsistas de empresas tecnológicas, como NDVIA. O índice de empresas tecnológicas NASDAQ, sofreu uma quebra considerável. 

É uma mudança espectacular, que inaugura uma nova fase da competição tecnológica e económica entre os EUA e a China.

Veja o vídeo falado em francês, que nos permite compreender as características muito especiais do «Deepseek» e o efeito da sua entrada em cena, nos gigantes tecnológicos dos EUA:

                             


                                                   


quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

A GUERRA ECONÓMICA DOS EUA CONTRA OS SEUS «ALIADOS» EUROPEUS

              Aeroporto de Frankfurt, no coração da província europeia do império U.S.


Nos últimos anos, temos vindo a observar a acentuação de uma tendência que, no final da sua vida, o ex-presidente francês François Mitterand nos tinha avisado, numa célebre entrevista: A existência do inimigo não declarado, mas poderoso da Europa, os EUA.

 Desde a invasão russa da Ucrânia, o cenário tornou-se muito mais explícito, tal como o papel das «elites» políticas dos mais fortes países da UE. 
Os EUA revelaram a sua verdeira face, ao destruírem o gazoduto submarino no Mar do Báltico (Nord Stream) e forçando os alemães - e em particular, o governo do Chanceler Olaf Scholtz - a fazer como se não soubesse de nada, como se isso fosse possível; logo, a desacreditar-se completamente perante os seus eleitores. A partir deste ponto, a Alemanha e muitos outros países da UE, não  teriam outra opção viável, senão adquirir o gás americano, comprimido e enviado através do Atlântico em navios especiais e quatro vezes mais caro que o gás natural russo, veículado por uma rede de gazodutos.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (representante da ala mais belicosa da oligarquia), advoga a necessidade do aumento substancial das despesas militares dos países da OTAN; apoiando inclusive a meta irrealista, não de 2% do PIB, mas de 5%. Esta exigência é uma sentença de morte para a capacidade de sobrevivência da UE, enquanto potência económica autónoma. É evidente que este esforço de despesas militares irá ser canalizado - em quase exclusivo - para aquisições em proveniência da indústria armamentista dos EUA, o que os salva da falência. Ou seja, nós vamos à falência, graças à cobardia, subserviência e estupidez dos dirigentes europeus. 
 Para cúmulo, os eurocratas e quase toda a casta política da Europa, estão comprometidos com Washington em impor mais sanções contra a Rússia (ainda mais) e contra a China. Ambos são dos mais importantes parceiros comerciais: A Rússia e China têm sido os melhores mercados para produtos agrícolas e industriais da Europa, além de que temos necessidade - no imediato - de importar destes países produtos que deixámos de fabricar, ou que não fabricamos em quantidade suficiente. 
Nossos «amigos americanos»* têm preparado o terreno para acolher as indústrias (sobretudo, as de ponta) que os capitalistas europeus planeiam deslocalizar para os EUA, onde encontrarão um ambiente fiscal muito mais favorável e com incentivos para a instalação, energia a muito mais baixo preço e um vasto mercado para os produtos.  Quer dizer, os americanos estão a convidar as mais promissoras indústrias europeias a deslocalizarem-se para os EUA e os governos europeus, vassalos, estão dispostos a satisfazer os desejos de seus senhores feudais!

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*Com amigos assim, para que precisamos de inimigos?


quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

BLACK ROCK APROVEITARÁ DA EXPLORAÇÃO (DEPOIS DA GUERRA) DAS RIQUEZAS UCRANIANAS

Gerard Autier diz-nos tudo o que precisamos saber sobre a empresa de gestão de ativos,  com valorização de 150 milhares de milhões de dólares.

BLACK ROCK E OUTRAS GRANDES EMPRESAS OCIDENTAIS POSICIONARAM-SE NO INÍCIO DA GUERRA UCRÂNIA/ RÚSSIA. EM 2022 BLACK ROCK ASSINOU UM ACORDO COM O GOVERNO ZELENSKY, CRIANDO UM «FUNDO PARA A RECONSTRUÇÃO». SERÃO NECESSÁRIOS CERCA DE $ 300 000 000 000 (trezentos milhares de milhões de dólares), PARA ESTE FIM. 
AS GRANDES EMPRESAS - BLACK ROCK E OUTRAS - PODERÃO EXPLORAR AS RIQUEZAS DA UCRÂNIA, PARA APROVEITAREM AS «TERRAS RARAS», O LÍTIO, AS TERRAS AGRÍCOLAS E RECONSTRUÇÃO DE IMOBILIÁRIO E INFRAESTRUTURAS DEPOIS DA GUERRA. 
MAS A UCRÂNIA ESTÁ EM DECLÍNIO POPULACIONAL IRREVERSÍVEL; SÓ SERÁ POSSÍVEL RECONSTRUÍ-LA COM UMA IMPORTAÇÃO MAÇICA DE IMIGRANTES.





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domingo, 12 de janeiro de 2025

DEVEMOS ESTAR PREOCUPADOS COM A INFLUÊNCIA DA CHINA NOS BRICS?

 RETIRADO DE: https://thinkbrics.substack.com/


La influencia de China en los BRICS suscita un debate global: ¿su creciente poder traerá cooperación o dominio? Explore en qué se diferencia el ascenso de China, moldeado por valores culturales únicos, de la hegemonía tradicional.

A medida que la fuerza de China continúa creciendo, especialmente después de su reciente vuelo de prueba del avión de sexta generación, se están extendiendo voces de duda y preocupación en medio del asombro constante ante la fuerza militar y económica de China en el país y en el extranjero.

Estas voces de duda y preocupación no son más que si China, después de un aumento tan enorme de fuerza, mostrará actitudes agresivas en algunas organizaciones de cooperación internacional. Por ejemplo, dentro de la organización BRICS, la enorme fuerza política, económica y militar de China “forzará” a otros países más débiles que China a obedecer sus órdenes.

Semejantes dudas y preocupaciones son comprensibles, porque Estados Unidos, como potencia hegemónica mundial, es bien conocido por sus hábitos imperialistas. Estados Unidos ha utilizado su dominio absoluto en el ejército, la ciencia y la tecnología, la política y la economía para coaccionar a otros países no una o dos veces, sino muchas veces.

No sólo eso, sino que Estados Unidos también ha violado abiertamente el derecho internacional, invadido armadamente otros países y cultivado agentes proestadounidenses en diferentes países. Su comportamiento hegemónico ha hecho sufrir a países de todo el mundo.

Es precisamente debido a la coerción y persecución de países de todo el mundo por parte del imperialismo estadounidense que los países de todo el mundo naturalmente tienen las mismas dudas y preocupaciones ante el ascenso de China. Esto es comprensible.

Desde el estallido de la SMO rusa en Ucrania , la disminución de la influencia global de Estados Unidos y Occidente ha sido un hecho indiscutible. En particular, la flagrante utilización del dólar como arma por parte de Estados Unidos y el congelamiento de las reservas de divisas de Rusia han despertado el resentimiento de países de todo el mundo y desencadenado una ola de desdolarización global. La hegemonía del dólar es la base de la hegemonía estadounidense. Si estos cimientos se tambalean, entonces el hecho de que Estados Unidos está cerca del fracaso total será visiblemente evidente.

El declive de Estados Unidos y el ascenso de China se han convertido en una tendencia irreversible. Es inevitable que China se convierta en la nueva fuerza dominante en el mundo. La pregunta ahora es: ¿Se convertirá China en el segundo Estados Unidos? ¿Utilizará China su posición ventajosa para obligar a otros países a obedecer sus instrucciones, como Estados Unidos?
La respuesta es, por supuesto, no.

Como China no es Estados Unidos, China no aprenderá el comportamiento hegemónico del imperialismo estadounidense. La cultura china siempre ha abogado por la "compatibilidad y aceptación". Bajo la influencia de esta cultura, es imposible que China adopte las mismas prácticas que el imperialismo estadounidense.

Esta cultura enfatiza la tolerancia hacia otras culturas y civilizaciones, así como el bienestar de la promoción común y la prosperidad común, que es fundamentalmente diferente de la hegemonía estadounidense.

Por ejemplo, Estados Unidos y los países occidentales han estado acusando a la iniciativa "La Franja y la Ruta" de China de ser una llamada "trampa de la deuda", y su verdadero propósito no es más que desacreditar la iniciativa "La Franja y la Ruta" de China y obligar a otros a países a mantenerse alejados de él. Sin embargo, esto es completamente falso.

Porque la mayoría de las deudas de los países que participan en la Iniciativa de la Franja y la Ruta son deudas privadas no estatales.

Tomemos como ejemplo a Sri Lanka. Según datos del Tesoro de Sri Lanka , a marzo de 2024, Sri Lanka tiene una deuda externa total de 27.600 millones de dólares, de los cuales los acreedores privados representan la mayor proporción, el 53,6%, los acreedores multilaterales representan el 20,7% y China representa el 20,7%. por sólo el 10,9%.


NPC – Club No-París | PC – Club de París


La misma situación ocurrió también en Pakistán. La deuda externa total de Pakistán fue de 125.702 millones de dólares estadounidenses, de los cuales los préstamos de China ascendieron a 20.375 millones de dólares estadounidenses, lo que representa el 16,2% de la deuda externa total de Pakistán.

En cuanto a Kenia, en marzo de 2024 , la deuda externa total de Kenia era de 32.220 millones de dólares, de los cuales el 46,3% procedía de instituciones financieras multilaterales como el Fondo Monetario Internacional y el Banco Mundial, mientras que la deuda de diversas entidades chinas representaba solo el 17,2%.


Según un informe de 2022 del African Policy Institute , desde 2011, alrededor de tres cuartas partes de los reembolsos de la deuda de los países del África subsahariana se han pagado a tenedores de bonos y préstamos comerciales, que son los mayores acreedores de África.

Además, aun así, China no ha escatimado esfuerzos para perdonar las deudas de los países africanos. Incluso los medios estadounidenses y occidentales tienen que admitirlo. Según VOANews , China ha perdonado 23 préstamos en África, lo que también es una poderosa refutación de la "trampa de la deuda" de los países occidentales.

La hegemonía estadounidense se basa en los genes culturales de los anglosajones que, en palabras de Fausto, son "poder, espacio e infinito". Bajo la guía de esta ideología, la hegemonía estadounidense y británica siempre ha utilizado la fuerza y ​​la intimidación para lograr un gobierno de alta presión sobre los asuntos globales y los países de todo el mundo. Éste es el método consistente utilizado por Estados Unidos y Gran Bretaña para gobernar el mundo.

Pero ésta no es la manera china, porque la cultura china enfatiza la inclusión. La propia cultura china es producto de una mezcla de varias culturas extranjeras. Por tanto, China tiene una tolerancia natural hacia las culturas extranjeras. Ésta es también la diferencia esencial entre China, Gran Bretaña y Estados Unidos.

China está abierta al ascenso de cualquier país y nunca ha considerado ni considerará el ascenso de ningún país como una amenaza al dominio de China en el mundo, porque reprimir a otros países no es una forma que los chinos estén dispuestos a tomar. Por el contrario, tolerar y apoyar a otros países es la política nacional que China siempre ha defendido.

Es necesario porque China tolera y apoya el desarrollo y el ascenso de otros países que China haya lanzado el gran proyecto de la "Franja y la Ruta". En el marco de este proyecto, China ha construido una infraestructura bastante completa para muchos países pobres de África y América Latina. Sólo cuando estos países se desarrollen podrá China desarrollar el comercio con ellos. Esto es beneficioso para los países subdesarrollados de Asia, África y América Latina, así como para el propio desarrollo de China. Esta es una verdadera situación en la que todos ganan.

Para desacreditar la política de "la Franja y la Ruta" de China, Estados Unidos y Occidente siempre han difamado el pensamiento de "ganar-ganar" de China calificándolo de "China gana dos veces", lo cual es completamente inconsistente con los hechos. En el marco de "La Franja y la Ruta", los países subdesarrollados de Asia, África y América Latina han obtenido ferrocarriles, aeropuertos, carreteras y otras infraestructuras importantes completas, mientras que China ha ganado canales para abrir los mercados de estos países. El beneficio mutuo es el verdadero beneficio mutuo.

También es por esta razón que la llamada "trampa de Tucídides" no se aplica a China. Si hay un país que puede superar a China en el futuro, entonces China no lo reprimirá como Estados Unidos, porque la cultura china cree que "la gran tendencia del mundo está gobernada por aquellos con virtud".

Si otros países piensan que pueden liderar el mundo con más poder que China, y este país no busca dañar a China, entonces China puede tomar la iniciativa de ceder la posición del máximo liderazgo mundial a este país, y nunca utilizará diversos medios. para reprimir a este país como Estados Unidos. Esto será beneficioso y no perjudicial tanto para la propia China como para la paz mundial y puede evitar una nueva guerra mundial para los máximos dirigentes del mundo.

Porque una vez que este país se fortalezca, China podrá comerciar con él de manera más efectiva. China presta más atención a los beneficios económicos reales y a los logros reales en materia de desarrollo, y no tiene ningún interés en el nombre falso de "los máximos dirigentes del mundo".

Por lo tanto, no hay absolutamente ninguna necesidad de preocuparse por el crecimiento de la fuerza de China. El ascenso de China será una bendición para la humanidad y felicidad para el mundo. Mientras China crezca, el mundo será pacífico, la humanidad se desarrollará, la economía prosperará y el mundo entero estará bañado por la luz de la paz y la prosperidad. No habrá necesidad de preocuparse por guerras y conflictos. Éste es el mayor significado del ascenso de China.


NÃO SERÁ FÁCIL REVERTER A GLOBALIZAÇÃO [Sinobabble]

Os dois vídeos aqui apresentados são uma fonte de informação económica sobre  as relações da China com o resto do Mundo, em especial, com países fornecedores de matérias-primas e com os países «ocidentais» que deslocalizaram a sua produção para a China...

Trump quer desacoplar a economia dos EUA da China, mas isso não é possível e a Comissão Europeia (Úrsula von der Leyen) sabe isso.

Mas é melhor ver os dois vídeos abaixo.
A autora dos vídeos diz que isto não é uma crítica, nem uma tomada de posição, mas antes a apresentação dos factos. Tem muito conhecimento, embora possa parecer - ao auditor distraído - que é só «babble» (ou seja, o balbuciar duma criancinha).





                               https://www.youtube.com/watch?v=q4oq8Uwqutk&t=599s



DESACOPLAR DA CHINA? 

VEJA A SEGUNDA PARTE DO SEGUNDO VÍDEO... E TIRE AS SUAS CONCLUSÕES!

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

AUTOMÓVEIS EV: COMO É QUE OS OCIDENTAIS FICARAM PARA TRÁS NA COMPETIÇÃO COM A CHINA

 


O título que dei a este vídeo, prende-se com o último dos 7 pecados mortais da indústria automóvel ocidental :«Alimentando o dragão». 
Esta saga da indústria automóvel no ocidente não é mais do que um exemplo, por muito importante que seja. Toda a transformação que ocorreu a partir da liberalização reaganiana e theacheriana nos anos 80, teve como resultado de que o capitalismo dominante dos EUA (e dos países afluentes da Europa e alguns não-europeus: Japão, Coreia do Sul, Austrália) foi meter-se «nas goelas do dragão». Foi deslocalizar a produção industrial para a China (sobretudo), em busca de menores custos e ambiente favorável para a indústria dita «de ponta», com alta tecnologia incorporada (baixíssimos salários, ausência de estruturas sindicais independentes, poucas restrições ambientais, etc).

Agora, a China está em condições de domínio mundial em muitos sectores industriais, tomando cada vez mais partes de mercado, sobretudo, em países ditos «do Sul global», mas também em países bem do «centro» histórico do capitalismo. A China utilizou de forma criativa as lições que aprendeu sobre o funcionamento da economia capitalista, usando todos os instrumentos à sua disposição para se desenvolver. 
Como não existem «milagres» realmente para o desenvolvimento industrial, a estratégia chinesa pode (e será) aplicada (adaptada) por vários países com problemas crónicos de (sub)desenvolvimento. Para que esta via emancipadora pelo desenvolvimento se estenda o mais possível, neutralizando o papel dos países ex-coloniais e neo-coloniais, a China lançou em 2013 as «Novas Rotas da Seda» e foram forjadas no seio dos BRICS as instituições alternativas das criadas pelo Ocidente após a IIª Guerra Mundial (FMI, Banco Mundial, OCDE, BERD, etc).
As sucessivas mutações que atravessou a indústria automóvel são realmente uma excelente ilustração da evolução do capitalismo industrial, da internacionalização do mesmo (a globalização capitalista) e daquilo a que se pode assistir hoje, a transformação de países antes sujeitos a opressão colonial e neocolonial, em Estados poderosos, capazes de fazer valer a sua soberania. Isso já está a acontecer em larga escala na América Latina, Ásia e África:  desenvolvem-se segundo um modelo «misto» (Estatal/Privado) de capitalismo industrial, que poderá desembocar em sociedades mais ricas, com maiores oportunidades para as suas populações. 
Ao fim e ao cabo, a China e os BRICS, adotaram o que há de positivo nos conceitos liberais clássicos, a liberdade de comércio, a prioridade à iniciativa privada, um mercado com regras (livre, mas sujeito a regulação pelo Estado), etc. 
Os países do Ocidente, pelo contrário, estão a mergulhar no retrocesso a todos os níveis e mesmo na barbárie. As oligarquias e os governos ocidentais só pensam em dominar por todos os meios: em particular pela guerra, a rapina dos recursos naturais e a intensificação da exploração das suas próprias classes trabalhadoras nacionais.
Estes têm sido o métodos utilizados com maior frequência pelos países da órbita americana (países da OTAN e associados na Ásia). Para tal, precisam dum «Estado forte», dum aparato repressivo reforçado, do esvaziamento completo da democracia «representativa» e do reforço da propaganda através do controlo estatal dos media: em suma, estão a transformar- se. em ditaduras.

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domingo, 5 de janeiro de 2025

Profª Keyu Jin: «TRUMP SOBE AS TARIFAS E A CHINA REDU-LAS A ZERO»

 


A Profª Keyu Jin descreve o enorme tiro no pé da promessa de Trump em subir brutalmente as tarifas de importação de comércio em relação à China, mas também em relação à U. E. e aos países que não se conformem com a ditadura do dólar. 
Como já tinha afirmado neste blog, é evidente que quem vai sofrer mais nesta guerra económica, é o povo americano, embora seja também um fator de instabilidade para outros povos. 
É devido à situação de controlo imperial dos EUA que esta ameaça aparenta ser credível. Mas, se examinarmos detalhadamente as suas implicações, vemos que tal subida de tarifas não tem sustentação. É certo que ela iria gravemente afetar a economia dos próprios dos EUA e dos seus vassalos europeus. Portanto, é - na minha opinião - um bluff. Mas senão, seria a medida mais estúpida que um presidente dos EUA poderia jamais tomar.
A China sempre teve uma política de longo prazo: 
Agora, decidiu diminuir, unilateralmente, para zero as tarifas alfandegárias dos países em desenvolvimento. Estes tinham sido sujeitos ao endividamento excessivo, em consequência das políticas neocoloniais dos EUA e de outros países Ocidentais. 

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sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL (Nº36): SÍRIA e COREIA DO SUL







Ben Norton diz-nos aquilo que a media corporativa, as forças políticas pró-OTAN e os governos de nossos países ocidentais nos querem ocultar. As distorções intencionais dos factos, a ocultação e a desinformação desenvoltas, são a «marca de água» deles. Eles também matam, com as suas campanhas de propaganda, proporcionando a guerra económica e o apoio ao terrorismo de Al Quaida. As suas vítimas, desde 2012, são já aos milhões, e não vão parar com certeza, agora com o caos instalado na Síria e a barbárie de um governo fundamentalista salafista do HTS, o sucessor da organização terrorista Al Nusra, ela própria um «rebranding» da Al Quaida na Síria. 

PS1: Paul Craig Roberts faz uma avaliação pessimista da situação no Médio Oriente e da Síria, pós-queda do regime de Assad.

PS2: Terá Netanyahu realizado o seu sonho de liquidação do mundo árabe? Pergunta Mike Whitney, no artigo seguinte:




A tentativa de golpe de Estado levada a cabo pelo próprio presidente e outros elementos de extrema-direita na Coreia do Sul, foi  derrotada graças à coragem do povo Sul Coreano, que foi para as ruas para obrigar os militares a deixar o cerco ao parlamento. Na confusão do momento, um número suficiente de deputados conseguiu reunir-se no interior do parlamento e votou o levantamento da Lei Marcial. 
O candidato a ditador Yon - o mais impopular presidente da Coreia do Sul, mesmo antes desta tentativa falhada de golpe - ainda não foi demitido. Só conta com o apoio de uma minoria de políticos de extrema-direita e dos EUA, cujas forças militares estão estacionadas na Coreia do Sul, cerca de 30 000 homens, distribuídos por várias bases.

Veja a entrevista em The Burning Archive com KJ Noh sobre a tentativa de golpe na Coreia do Sul.


 

A agressividade do imperialismo, usando os seus «proxi» para levar a cabo agressões contra os povos - supostamente para preservar os países do Ocidente de uma ameaça «comunista» - seria risível, se não fosse uma parte dos planos elaborados pelos estrategas do Pentágono (EUA):
1-  domínio direto do Médio Oriente pelo império, impedindo assim acesso ao petróleo, a países considerados hostis ou que não se vergam ao super-imperialismo dos EUA.
2- em paralelo, a criação duma OTAN do Extremo-Oriente com o Japão, a Coreia do Sul, as Filipinas e Austrália, aliança bélica dirigida contra a China. Este plano foi elaborado durante  a presidência Obama e continuado pelos seus sucessores: é portanto um plano estratégico, apoiado pelos partidos Democrata e Republicano que se alternam no poder. O essencial deste plano consiste em levar a cabo uma guerra de cerco (económico e militar), enfraquecendo a China e, finalmente, a sua destruição. São estas as forças que dominam hoje, em Washington. Os outros países, por mais fortes economicamente que sejam, são meros vassalos. 

PS.1: A OFENSIVA GERAL DO IMPÉRIO DO DÓLAR, PRIMEIRO NO EXTREMO-ORIENTE, SEGUIDA imediatamente pela «BLITZ KRIEG» DE INVASÃO DA SÍRIA. FORAM OPERAÇÕES LONGAMENTE PROGRAMADAS E COORDENADAS... 
A IIIª Guerra Mundial está a «aquecer» e alargar-se rapidamente aos pontos de fricção, onde ainda não havia operações militares, propriamente ditas. 
Próxima etapa: haverá um ataque de «falsa bandeira» para desencadear a ofensiva contra a China, pela «defesa» de Taiwan? Até onde? https://www.voltairenet.org/article221591.html
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PARA LER AS CRÓNICAS ANTERIORES, CONSULTAR: 

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/cronicas-da-iii-guerra-mundial.html

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL (Nº35): A MEMÓRIA DURADOIRA DOS POVOS DO ORIENTE

 Estas crónicas, com periodicidade irregular, destinam-se a ajudar na compreensão do que vem acontecendo no Mundo, partindo do ponto de vista de que estamos numa nova Guerra Mundial, a 3ª. 

Esta guerra mundial começou - segundo a minha visão da História contemporânea - desde o momento em que a OTAN desencadeou uma guerra não provocada, com os bombardeamentos aéros à Sérvia. Quis esta aliança bélica (não defensiva) mostrar ser capaz de arrasar um Estado europeu, ou qualquer outro que estivesse em contradição com as doutrinas neoliberais e a hegemonia dos EUA. 

Desde 24 de Fevereiro de 2022, a «operação militar especial» foi desencadeada pela Rússia em defesa das populações russófonas do Don e enquanto resposta às sérias ameaças de genocídio pelo exército ucraniano, numa sucessão de crimes de guerra (cerca de 15.000 mortes civis) desde o golpe de Maidan em 2014, até ao início de 2022. 

Esta situação de guerra no solo ucraniano está longe de ser o primeiro sinal de que o Mundo se encaminha para uma ruptura completa entre o «Oriente» e o «Ocidente»: Desde os inícios do Século XXI que se multiplicaram estes sinais,  à medida que o Ocidente ia perdendo dominância económica, tecnológica e nos mercados internacionais. Com a criação e expansão dos BRICS, aumentava em paralelo a retórica belicista ocidental. Mas também no terreno geoestratégico e militar a OTAN ia incorporando várias nações, previamente integradas no Pacto de Varsóvia, tendo como consequência ser cada vez mais difícil a defesa do território da Rússia. 

Esta agressividade do «Ocidente» - EUA, países da OTAN e  não-ocidentais como o Japão, a Coreia do Sul e Austrália - não se ficava pela Europa do Leste. Tinha muitos outros teatros, onde estava ativa:

- Na Ásia Ocidental, os sionistas e seu exército esmagavam impunemente as populações palestinas nos Territórios sob ocupação (Gaza, Cisjordânia, Jerusalém oriental). Frequentemente, faziam incursões militares destruidoras em países vizinhos, em particular, no Líbano e na Síria. 

- No Irão, raids aéreos israelitas bombardeavam instalações nucleares civis. Israel levou a cabo numerosos atentados terroristas no Irão, assassinando cientistas e militares de alta patente, com o auxílio ou aprovação tácita dos EUA, sob pretexto de eliminar «o perigo da república islâmica se dotar de armas nucleares».  

- No Extremo Oriente, as ameaças militares contra regimes considerados hostis ao «Ocidente», também iam crescendo. A Coreia do Norte continuava sujeita a um embargo brutal, incluindo bens essenciais à sobrevivência do seu povo (incluido alimentos e medicamentos). Se não houvesse a assistência solidária da China e da Rússia, os guerreiros «humanitários» ocidentais teriam conseguido vergar o regime de Piong Yang através da fome do povo norte-coreano.  Mas isto não era de molde a impressionar os falcões das sucessivas administrações de Washington: Os Presidentes G. W. Bush, Barack Obama, D. Trump ou Joe Biden eram defensores da visão neo-conservadora, da manutenção da dominância hegemónica mundial dos EUA. 



Poderíamos continuar com a África e a América Latina: Nomeadamente, as guerras locais e os sucessivos golpes de Estado, as chacinas por islamitas a soldo do império (como «Boko Haram»), os embargos e bloqueios ilegais e criminosos à luz do Direito Internacional e destinados a causar revolta das populações esfaimadas contra os governos respectivos (casos de Cuba e da Venezuela, entre outros).

Somente devido à constante propaganda disfarçada de informação nos órgãos de comunicação social controlados pelo grande capital (a média «mainstream»), é  que muitas pessoas não se aperceberam que a IIIª Guerra Mundial estava em curso ... há muito tempo. 

Sem dúvida, não é uma guerra «clássica», mas uma guerra híbrida, com episódios de guerra «acesa», em territórios específicos, enquanto noutros a guerra assume a forma de subversão dos regimes considerados hostis ao Ocidente. 

As armas económicas - as sanções, os embargos, os bloqueios causadores de escassez artificial - têm sido usadas sistematicamente, pelo super-imperialismo americano, como forma de «torcer o braço» (expressão de Barack Obama), a regimes recalcitrantes, que não se enquadravam na nova ordem globalista, ditada pelos EUA.

Mas, os povos não são entidades abstratas, criadas em jogos computorizados simulando guerras. Igualmente, os dirigentes destes povos, não são estúpidos, nem ingénuos. Eles compreendem que a sua sobrevivência está ligada estrictamente à defesa dos seus países. 

Os povos do Oriente Extremo (China, Coreia, Indochina), sofreram as agruras do imperialismo japonês, antes e durante a IIª Guerra Mundial. Logo a seguir, em imediata sucessão, tiveram de lutar contra o imperialismo dos EUA e seus aliados no pós-guerra. Note-se que o imediato pós-guerra, em vários países do Extremo Oriente, consistiu em manter a tutela colonial, da parte das potências ocidentais (britânicos e franceses). Quando esta tutela foi sacudida, foram desencadeadas guerras (ditas «proxi wars»), tendo como protagonistas as facções nestes países, apoiadas pelas superpotências antagónicas: Os EUA e seus satélites, por um lado; a URSS e a China, por outro.

A memória histórica de tudo isto permanece bem viva nas populações oprimidas ou recém libertadas, pelo que a sua simpatia vai naturalmente para aqueles que contribuíram para a sua libertação: A Rússia, a China e o Irão, são dos que mais têm, ao longo das décadas, dado apoio aos movimentos de resistência. Por isso mesmo, estes países são tão difamados pelos lacaios que se arvoram em intelectuais e enxameiam a média corporativa, além dos governos ocidentais, os barões do império, que repetem a propaganda originada nos «think tanks» da sede imperial. 

Algumas exceções, registadas nestas crónicas, são as dos jornalistas e intelectuais sem vínculo ao poder do capital, que nos trazem dados e análises que, de outro modo, não poderíamos conhecer. 

É o caso de Thierry Meyssan (Voltairenet.org): As suas análises sobre a guerra na Ucrânia ou em Israel/Palestina, possuem a contextualização histórica indispensável para nos situarmos. Leia o seu artigo de 26 de Novembro de 2024, em tradução portuguesa:

A Rússia prepara-se para responder ao Armagedão que a Administração Biden deseja , Thierry Meyssan



quinta-feira, 17 de outubro de 2024

SERÁ QUE O CAPITALISMO ESTÁ A MORRER?




Ouvem-se vozes anunciando a morte próxima do capitalismo. Mas, o que entendem por "capitalismo"?

Do meu ponto de vista, o capitalismo não é uma "forma de economia" somente, é sobretudo um "modo de produção". É o capitalismo, enquanto modo de produção, que estabelece a relação dos homens com as mercadorias e define as relações hierárquicas entre eles, decorrentes da posição de cada um no processo de produção das referidas mercadorias. A detenção privada dos meios de produção não pode ser critério suficiente para caracterizar o modo capitalista de produção. Basta ver que, nos modos de produção esclavagista e feudal, as respetivas classes dominantes possuíam a quase totalidade dos meios produtivos.

Uma das notáveis características do capitalismo, é que os que detêm a propriedade dos meios e controlam a produção, acumulam poder sob forma de dinheiro. O dinheiro e a inteira panóplia dos veículos financeiros, deixaram de ser apenas meios auxiliares nas trocas, passaram a ser a forma preferida de acumulação de capital. Preferida, em relação às propriedades fundiária, imobiliária, ou industrial ... O próprio capital financeiro passou a controlar as outras formas de capital.
O trabalho assalariado, historicamente, veio substituir outras formas de exploração. Mas, anteriormente, as classes dominantes exploravam o trabalho do escravo e depois, do servo. Também, através de rendas, em produtos ou em dinheiro, beneficiavam dos frutos do trabalho do camponês, do artesão e do comerciante.
Dizer que a instauração do salariato foi um progresso, ou até, um passo para a emancipação do trabalho, é uma falácia: A relação salarial foi sempre fortemente assimétrica, até aos dias de hoje. Proporciona um controlo quase absoluto do trabalhador assalariado pelo empregador.
Se certas formas de exploração do trabalho se encontram hoje em declínio, suplantadas por outras, isto tem relação direta com mutações nos processos produtivos, e não com o suposto "fim" do sistema capitalista.

A derrocada do capitalismo pode advir de muitas maneiras, numa forma ou noutra de autodestruição: Por exemplo, pela externalização dos custos ambientais, causando irreversível degradação do ambiente em todo o planeta; pode resultar de uma guerra nuclear generalizada; pode advir de confrontos no seio das sociedades, sem que ocorra revolução: Uma série de revoltas, guerras civis, golpes de Estado, terminam, geralmente, em maior repressão pelas polícias e forças armadas e pela conversão das democracias formais em regimes autoritários.
Tudo isto tem possibilidade de ocorrer. Pode acontecer em várias combinações, ou em simultâneo. Mas, a «Grande Revolução», nos moldes em que os românticos revolucionários imaginam ... só acontecerá nas suas cabeças, impregnadas de narrativas fantasiadas do passado.

O capitalismo não está moribundo; porém está em crise. Reconhecer-se isto, não equivale a dizer que esta crise seja a derradeira. 
Uma característica do modo de produção capitalista, é de se autodestruir parcialmente e periodicamente para, num novo ciclo de crescimento, aproveitar as dinâmicas de reconstrução: Isto traduz-se por lucros, resultantes da intensificada exploração dos humanos e dos recursos naturais, por um lado; e por outro, por maior controlo exercido pela classe dirigente, sobre as restantes classes.

Qual é o país onde o capital está a fazer maiores lucros?
- Todos sabemos que é a China. O facto de uma casta controlar este país com mão-de-ferro, não significará que ela própria beneficia, direta e indiretamente, dos privilégios do poder? - Se assim não fosse, seria caso inédito em toda a História! - Não, o que acontece é que ela está adiantada, em relação às oligarquias do Ocidente, nomeadamente, nos métodos de controlo social.
A experiência em grande escala do COVID, serviu para o poder - na China e depois, no resto do mundo - testar sua capacidade em submeter as massas. 
Os processos de controlo social ultimamente postos em prática em países de "democracia liberal", foram copiados da China, onde já estavam sendo praticados.
Pode-se argumentar, sem sofisma, que a organização do capitalismo na China atingiu um nível superior de eficiência. Esta eficiência permitiu que haja uma real melhoria no nível de vida das massas laboriosas chinesas, não há dúvida sobre isso. 
De certa maneira, ocorreu algo semelhante nos EUA, durante a transição do séc. XIX para o séc. XX; e na Europa Ocidental, nos 30 anos após a IIª Guerra Mundial.
Observa-se hoje, na China, a vigorosa expressão da nova forma* de capitalismo: Nesta, a sociedade é dirigida por um coletivo autoritário, que decide sobre todos os domínios, desde os setores exportadores, até às indústrias de defesa. Quanto aos capitalistas, se eles quiserem prosperar, terão de obedecer às diretrizes estatais e receberão proteção e favorecimento do Estado, controlado pela casta no poder. 
Na China de hoje, não apenas cerca de 800 milhões de pessoas saíram da pobreza absoluta; também se regista o maior crescimento em novos multimilionários, anualmente.
Curiosamente, a China começou a desenvolver-se, quando deixou de praticar a ortodoxia marxista-leninista (e maoista) e iniciou a construção dum capitalismo industrial, moderno e eficaz, com total pragmatismo. Aproveitou os capitais e o «know-how» das grandes firmas capitalistas ocidentais, que deslocaram para a China parte das suas instalações fabris. 
É escusado dizer, a China «comunista» soube tirar partido da mão-de-obra. Foi graças à sua elevada produtividade, que se acumulou uma imensa riqueza nas mãos dos dignitários do regime, dos grandes capitalistas seus protegidos e das empresas multinacionais.
Na China, a extração de lucro pelos capitalistas (nacionais ou estrangeiros) está garantida pelo aparelho administrativo e político do Estado. Por outro lado, a classe operária tem aceitado esta situação, pois seu bem-estar tem melhorado de ano para ano.
A força deste sistema produtivo, que não tem nada de socialismo senão a retórica, advém de fatores como a importação de capitais, o facto de ter ignorado o direito de patentes na fase inicial da industrialização, a penetração nos mercados mundiais graças a preços imbatíveis, os quais foram possíveis, tanto pelos baixos salários praticados, como pelo efeito de  escala. O tamanho do território chinês e da sua população, permitem produzir grandes quantidades de bens, com menor custo que noutros  países competidores.
Existem, porém, fragilidades: Se houver marasmo ou menor crescimento económico, é impossível satisfazer a expectativa da população em melhorar suas condições de vida. Por isso, os dirigentes chineses têm grande preocupação em manter satisfeita a sua classe operária.
O sistema dito "misto" chinês, é tão capitalista como o capitalismo histórico, ou seja, como o capitalismo industrial que se desenvolveu, dos meados do século XIX até princípios do Séc. XX, na Europa e na América do Norte, principalmente.
O regime chinês, não é análogo das «democracias liberais» do Ocidente.  Porém, não se pode classificar a China como "socialista", ou como em "transição para o socialismo". Entendo por «socialismo», a sociedade onde os meios de produção, o poder político e a organização da sociedade em geral, estão sob o controlo da classe trabalhadora.

Mas, o desenvolvimento pujante da China levou a que ela já seja hoje a maior potência económica. Sem dúvida que estes resultados se devem à política industrial, dirigida de forma inteligente pela elite do Estado, utilizando as potencialidades do imenso país e com seu povo, disciplinado  e diligente. 
Não sei se o socialismo virá para a China na segunda metade do presente século. Mas, se assim for,  terá que ser um socialismo da abundância** e não da escassez. Este socialismo da escassez - repetidas vezes - teve resultados desastrosos em todo o mundo (incluindo na China da época de Mao). 
Entretanto, a China, apesar de todos os problemas internos por resolver e de todos os perigos globais que a poderão ameaçar, está já em primeiro lugar como potência económica mundial, se a avaliarmos em paridade de poder de compra, o que me parece a forma justa de comparar os desempenhos económicos entre países.   

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*A «fusão do Estado com as corporações», é a fórmula pela qual Mussolini definiu o fascismo. Também se aplica ao capitalismo de Estado, que surgiu nas democracias liberais após a IIª Guerra Mundial e aos capitalismos de Estado «comunistas», soviéticos ou de inspiração soviética.

**Um socialismo da abundância, não significa um esbanjar de recursos, nem um consumo desenfreado. Antes, que todas as pessoas têm um mínimo garantido, seja qual for o seu trabalho ou situação. Uma repartição equitativa dos bens sociais e de consumo será realizável no concreto.  Um fator importante para isso, será o constante melhoramento dos processos produtivos, o que irá libertar os humanos de grande parte das tarefas penosas e insalubres. Os robots serão utilizados para isso; não para potenciar os lucros e fazer pressão sobre o mercado de trabalho, como agora.