terça-feira, 8 de julho de 2025

ESCOLHAS POÉTICAS: «O Barco Encalhado» [OBRAS DE MANUEL BANET](*)


Navegando ao longo de costa rochosa, avistei um dia os escombros dum barco encalhado.

Perguntei ao piloto do meu navio se tivera notícia dalgum naufrágio, nos tempos mais recentes.

Ao que ele me respondeu: "Não, Senhor. Este deve ter encalhado há bastante tempo."

O casco de madeira apodrecida, negra, era colonizado por lapas e mexilhões; carangejos pequenos corriam à superfície.

A carcaça em decomposição ainda exibia, no centro, um fragmento de mastro; como um braço erguido para o céu .

A vida borbulhava nos seus destroços, como num cadáver de cetáceo morto que dera à costa.

Este, lentamente, é descarnado pelas brigadas de criaturas oceânicas até nada mais restar senão o esqueleto.

A visão daquele esquife imóvel no meio de rochedos bravios, lentamente devorado pelo exército voraz dos mares...

Fez-me pensar...

A cena apareceu-me como perfeita analogia das construções intelectuais que navegam na sociedade, como navios nos oceanos.

As construções defeituosas não vogam até muito longe. As correntes arrastam-nas, metem água e acabam por naufragar!

Depois, seus destroços presos nos rochedos, sob as furiosas vagas, ficam desconjuntados, irreconhecíveis.

Por fim, o que resta do navio, desfaz-se; só alguns pedaços a boiar, ou nem isso. O que sobra, vai para as profundezas.

Ninguém advinha que ali se ergueu um orgulhoso navio. Da praia ao horizonte, o mar permanece tão vazio como no começo do Mundo.

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(*) Ao meu amigo, Maximiano Gonçalves e, geralmente, a todos os outros amigos.  Com eles, consigo melhor enfrentar as realidades mutáveis do presente.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Concerto de Vivaldi transcrito por J. S. Bach

J. S. Bach compôs esta adaptação do concerto para violino de Vivaldi (RV 813) entre 1713 - 1714.




Nesta gravação, a transcrição de Bach é executada no piano-forte. Embora já existissem estes instrumentos no tempo de Bach, é mais provável que esta e outras transcrições tivessem sido executadas no cravo, por Bach e seus discípulos.

I. Allegro (0:00)
II. Adagio (1:24)
III. Allegro (2:12)
IV. Andante (5:09)
V. Adagio (6:17)
VI. Allegro (7:05)

Transcribed c.1713-14? Manuscript by Johann Bernhard Bach dated 1739 Source: D-B Mus.ms. Bach P 280 ‘Transcriptions of concertos after Vivaldi and others’ Ivo Janssen, pianoforte VOID Classics VOID9813

AS GRANDES INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS PREPARAM-SE PARA O «RESET» MONETÁRIO


 Numa linguagem acessível, Clayton Morris explica qual o papel do ouro, que agora é comprado às centenas de toneladas pelas grandes empresas financeiras, os bancos sistémicos, os fundos de investimento e empresas globais, como a Blackrock. 
Trata-se - para eles - de tomar posição, para serem «emprestadores de último recurso», em relação a todos os outros (bancos, sociedades financeiras, etc.), aquando do colapso que se aproxima.

 

sábado, 5 de julho de 2025

AS SANÇÕES COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA DE REGIME [por The Dissident]

 


Trump Levantou as Sanções Contra a Síria Porque Estas Realizaram o Objectivo da Mudança de Regime


Donald Trump, recentemente, levantou as sanções económicas dos EUA sobre a Síria - um gesto positivo dado que estas sanções tinham um claro objetivo, o de fazer a vida miserável para a população síria, embora não tivessem real impacto nos poderosos.

No entanto, o levantamento destas sanções não se deve a qualquer preocupação com o bem-estar dos sírios, mas porque os EUA conseguiram levar a cabo com sucesso o seu objetivo de mudança de regime.

As sanções mais brutais dos EUA contra a Síria, foram assinadas por decreto de Trump em 2020implementadas sob a justificação de «promover a responsabilização pelas atrocidades do regime de Assad».

O seu nome vem dum conjunto de fotos obtidas, designadas por «Fotos César», as quais documentariam, segundo o governo dos EUA, «torturas nas prisões de Assad».

Embora autênticas, metade das fotos referidas mostravam isso, enquanto a outra metade mostrava os massacres cometidos por «grupos rebeldes» na Síria, que tinham sido armados e treinados pela CIA, a partir de 2012-2017.

Segundo a organização Human Rights Watch, “investigadores analisaram a colecção «César» de 28 707 fotos mostrando detidos que morreram em detenção pelo governo sírio, assim como algumas das 24 568 fotos mostrando soldados governamentais mortos e cenas de crimes violentos (incluindo incidentes de terrorismo, fogos, explosões e bombas em carros).”

Bashar Al-Assad foi certamente brutal com os seus dissidentes políticos, durante o seu governo, mas seria difícil de argumentar que a situação dos direitos humanos tivesse, de algum modo, melhorado sob o novo ditador da Síria, ligado à Al Quaida, Ahmed al-Sharaa.

Uma investigação recente pela Reuters encontrou que, “cerca de 1 500 alauitas sírios [a minoria étnica à qual pertencia a família de Assad] foram mortos”, tendo a agência noticiosa retraçado a “cadeia de comando levando desde os atacantes, diretamente, aos homens que estão ao serviço dos novos líderes em Damasco”.

A agência revelou que "Pelo menos uma dúzia de facções, agora sob comando do governo, incluindo estrangeiros, participou nas Marchas da Morte»".

[Artigo completo no Substack no LINK AQUI]


Concerto in due Cori con Violino scordato | RV 583 in B♭ major de Vivaldi



Esta obra excepcional - estimada como de época tardia na obra de Vivaldi - combina vários traços originais:
Os dois «coros» (conjuntos) orquestrais, o violino solista sendo afinado em tom diverso do habitual, e finalmente a longa cadenza, inteiramente escrita; na época, o próprio Vivaldi e seus contempoâneos, deixavam ao critério do solista a improvisação da cadenza.
Este concerto é um exemplo de obra que sai fora do molde vivaldiano habitual, das convenções de escrita na maioria dos concertos presentes nas recolhas publicadas em vida do compositor.
A estrutura geral do concerto e seu belíssimo Andante, de beleza rara, excepcional, não apenas na obra de Vivaldi, como na literatura barroca para o violino, permitem-nos afirmar ser esta uma obra-prima do célebre Padre Ruivo veneziano.


 I. Largo e spiccato — Presto — Allegro non molto (0:00)

II. Andante (5:29) III. Allegro (10:33)

sexta-feira, 4 de julho de 2025

COMO AS GRANDES EMPRESAS DE TECNOLOGIA SE APROVEITAM DO GENOCÍDIO EM GAZA

 



Os crimes e atrocidades que o exército de Israel está cometendo quotidianamente sobre as populações palestinianas indefesas de Gaza e da Margem Ocidental, são de todos conhecidos. Não serve de nada fingir que se ignora. 

Mas, o genocídio não é apenas perpetrado pelo exército e pelo governo de Israel. Existem conivências e apoios objetivos, que vão desde uma maioria da população civil israelita, equivocada, iludida pela propaganda sionista, até à massa de público internacional indiferente ou que aceita sem pestanejar notícias sobre esta parte do mundo, desde que isso não os afete diretamente, pessoalmente. 

A estes, deve-se acrescentar o papel dos governos ocidentais, dos EUA e seus aliados/vassalos, que, com muito poucas exceções, fingem que os pseudo-argumentos vozeados pelos sionistas têm algo de verosímil. Estão coniventes e são culpados de genocídio, por ativamente o tornarem possível, por ajudarem a sua continuação, com somas enormes de dinheiro, com armamentos e munições e com apoio diplomático a Israel, como se este país fosse uma «democracia», garantindo que os "bárbaros" não destruam a civilização ocidental. A tal que é a «civilização» do Ocidente; a auto-designada defensora dos direitos humanos (... quando e em relação a quem lhes convém.)

No entanto, poucas pessoas estão conscientes do imenso papel desempenhado por multinacionais de tecnologia -Palantir, Amazon, Microsoft, Google e muitas outras  - que formam a infraestrutura da sociedade digital contemporânea, que nós todos usamos quotidianamente. 

É o que os dois documentos (um vídeo e um extenso artigo) abaixo vêm nos informar.


                                           


Clicar no título para ter acesso ao artigo por «The Dissident» na página Substack :


Economy Of Genocide: A New Report Exposes The Corporations Profiting Off The Genocide In Gaza.

A New UN Report Shows How The Genocide In Gaza Has Been Profitable By A Long List Of War Profiteers.