Mostrar mensagens com a etiqueta Ocidente. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ocidente. Mostrar todas as mensagens

sábado, 1 de novembro de 2025

O NOVO SISTEMA OPERATIVO DO OCIDENTE GLOBAL [CRÓNICA DA IIIªGUERRA MUNDIAL, Nº51]


 


Estamos todos inseridos, quer queiramos, quer não; quer o saibamos, quer não, na NOVA  matriz que define ao nível estratégico a condução desta IIIº Guerra Mundial. 

Esta nova estratégia, vai transparecendo em reflexões e artigos teóricos, produzidos no âmbito da OTAN e das diversas academias militares de países do Ocidente. 

Desde 2016, que tenho acompanhado esta mudança não somente semântica, mas também substancial. Uma destas mudanças, consiste em colocar como recipientes da guerra psicológica, a população em geral. Não somente os combatentes inimigos; também são alvos desta guerra psicológicas populações civis dos países hostis (embora sem se estar em guerra formal com muitos deles), mas também a população dos países «amigos» e as populações do núcleo central do Império.

 Com efeito, temos vivido todos debaixo de campanhas sucessivas, massivas e permanentes de propaganda. 

No início do novo milénio, as campanhas destinavam-se a nos convencer que tínhamos de sacrificar as liberdades para combater o «terrorismo». Pouco depois, em 2020, tratava-se de fazer guerra a um vírus, uma epidemia que foi pretexto para operações financeiras muito lucrativas para a oligarquia. Foi com condicionamento massivo que forçaram a população a tomar «vacinas» que, de facto, eram não-testadas em ensaios clínicos prévios. Pouco tempo depois e até hoje, a média ocidental dedicou-se a diabolizar a Rússia e Putin, como se a intervenção russa na Ucrânia iniciada em Fevereiro de 2022, fosse uma decisão caprichosa  («sem provocação»!) dum dirigente autoritário; como se esta não tivesse sido antecedida por inúmeras provocações; entre outras, a postulada adesão à OTAN do regime neo-nazi, de Kiev, furiosamente anti-russo!

A continuação desta deriva em direção à guerra total, fez-se  com a encenação de 7 de Outubro de 2023 em Gaza. Hoje, está provado que a operação tinha sido «permitida»* pelo governo de Netanyahu: 

- As comunicações internas do Hamas e da população da Faixa de Gaza eram constantemente interceptadas e monitorizadas

- Os serviços de segurança do Egipto enviaram alertas muito sérios e detalhados da preparação de algo no referido Território. 

- A somar a estes factos, houve uma retirada de muitas tropas israelitas, que faziam o cerco a Gaza, alguns dias antes da referida sortida de 07-10-2023.

A campanha mediática governamental, imediatamente a seguir, foi construída com base em falsidades enormes, óbvias, fabricadas para horrorizar a opinião pública mundial, com o objectivo desta se dessolidarizar da população de Gaza, perante a campanha de «limpeza étnica» e de genocídio que imediatamente foi lançada. A mentira maior de todas é de que a operação da resistência palestiniana apanhou de surpresa as autoridades civis e militares israelitas. 

Procurei dar conta disto em muitos artigos deste blog, apontando as efabulações e explicando como as coisas realmente se passaram. Lembremos, entre outras, as declarações dos altos responsáveis de Israel: 

- O ministro da defesa de Israel (Galant) disse que todas as pessoas em Gaza «eram do Hamas», como pseudo-justificação do morticínio indiscriminado, 

- Netanyahu usou citações do Antigo Testamento para «justificar» a erradicação total dum povo.

 Declarações tão cínicas, no príncípio da campanha de genocídio em Gaza, deveriam ter feito reagir, no Ocidente, os defensores dos direitos humanos. Porém, muitos calaram-se, por cobardia ou porque terão aceite «argumentos» sionistas, para «justificar» a barbárie.

Todas as ações dirigidas contra civis inocentes, num contexto de guerra, são violações dos Direitos Humanos. Quando são toleradas por certos governos, é a própria arquitetura dos Direitos Humanos da ONU, que eles estão a pôr em causa. Porém, qualquer país aderente à ONU é suposto respeitar e fazer respeitar esses mesmos Direitos. Os Estados que se apresentavam como os grandes defensores dos Direitos Humanos, têm desrespeitado - por ação ou omissão - a substância dos referidos Direitos de forma mais notória, em relação à população palestiniana dos Territórios Ocupados por Israel.

Um outro exemplo recente: Os EUA e seus dirigentes preparam uma invasão da Venezuela, colocando uma esquadra e meios aéreos nas Caraíbas. Esta é «justificada» com a pretensa participação do presidente Maduro no tráfico de droga, dirigido às costas dos EUA. Tal acusação é desmentida por muitas entidades, incluindo agências especializadas no combate ao tráfico de estupefacientes. No entanto, a marinha dos EUA tem atacado lanchas, matando os seus tripulantes, supostamente por estas transportarem cocaína para a Flórida. Acontece que...

 (a) tais lanchas nunca poderiam alcançar as costas da Flórida, pois teriam de encher várias vezes os depósitos de combustível, para lá chegar.

(b) os tripulantes não foram minimamente identificados,

(c) são execuções extra-judiciais, em águas internacionais e com base em suposições vagas. 

Tudo isto para desencadear uma reação do governo da Venezuela, que serviria como pretexto para uma invasão pelos EUA. 

O pano de fundo, todos o conhecem: É a estratégia imperial dos EUA e ao serviço das grandes empresas de petróleo, para controlar, acaparar e explorar os recursos energéticos da Venezuela. Este país possui a maior reserva terrestre comprovada de combustíveis fósseis.


A guerra psicológica destina-se sobretudo às pessoas comuns, tanto dos países «a conquistar»**, como dos países-sede do Império. Nestes, a mídia de massas é especializada na lavagem ao cérebro.

As pessoas, sujeitas a campanhas permanentes de condicionamento, acabam por não distinguir os factos, da propaganda. Muitas ficam aterradas ou dessensibilizadas e incapazes de reagir. Não conseguem defender o que têm de mais valioso - a própria vida e a dos seus filhos. 

Os serviços de guerra psicológica conseguem estes resultados através da combinação de meios, recorrendo ao medo, à ignorância, ao black-out informativo, à desinformação, à alienação, etc.

Este comportamento não é exclusivo das agências, governos e instituições ocidentais. Porém, têm sido estes que têm levado a cabo a guerra psicológica aos maiores extremos. Combinam estas operações psicológicas  com a guerra cinética, de desgaste ou de baixa intensidade e - por vezes - de agressão brutal, para submeter países que não se vergaram ao seu domínio. 

Muitos países pequenos, que não constituem ameaça para o Ocidente, também estão sujeitos a ataques desestabilizadores: Geralmente, são países que se libertaram do jugo neocolonial. Esta dependência neocolonial fazia com que um país africano, rico em minério de urânio, recebesse apenas cêntimos por cada quilo de urânio extraído das suas minas, por exemplo. Outro, era forçado a aceitar a presença no seu território de forças militares das ex-potências coloniais, sob pretexto de combater o «terrorismo islamista». Na realidade, elas estavam lá para defender as empresas, fábricas, minas, etc. dos referidos antigos poderes coloniais. 

As pessoas, nos países-sede do Império,  estão a começar a acordar. A viragem para o militarismo, nestes países (EUA, Reino Unido, países da UE e da OTAN) é feita com o pretexto de combater a superioridade da tecnologia bélica dos seus adversários (China e Rússia, sobretudo). Mas, este rearmamento é realizado à custa da destruição das condições de vida das classes laboriosas dos países europeus, através da redução drástica dos financiamentos da Segurança Social, dos Serviços de Saúde Pública, da Educação Pública, etc. Os governos, prevendo a possibilidade de revoltas, reforçam as forças policiais, tanto em efetivos, como equipamentos. Estas forças têm «luz-verde» para usar toda a brutalidade para coagir, prender e maltratar os manifestantes.

Agora, os governos do Ocidente estão apostados em se equiparem com múltiplos instrumentos de vigilância e controlo permanentes. O foco principal dos sistemas digitais de IA incide sobre o comportamento «previsível», ou seja, de «prevenção de crimes»... Mas, para os governantes, será considerado crime «o não-respeito pela autoridade». 

As pessoas, individual e coletivamente, SERÃO O INIMIGO a  controlar e reprimir quando necessário, tanto nos países centrais do Império, como nos periféricos. 


------------------

*) Foi mesmo desejada como um «Novo Pearl Harbour»

**) Veja-se, de novo, a Venezuela (durante mais de um quarto de século), com apoio dos EUA aos oponentes, financiados com milhões de dólares e apoio de agentes da CIA.




RELACIONADO:



Weaponizing Time – Part II: The Global Operating System of Western Power



Transnational Elites Are Engineering World War 3 | Nel Bonilla






PS1: Considere-se que, no intervalo entre as duas Guerras Mundiais (de 1918 a 1939), houve imensas guerras parciais, revoluções, guerras civis, golpes de Estado, de tal maneira que estes vinte anos foram tudo menos pacíficos....

Também é lícito considerar que, após a Guerra Fria que terminou em 1991, com a implosão da URSS, não tivemos um período de paz verdadeira: Pensem nas guerras do Iraque, da ex- Jugoslávia , nas invasões do Líbano por Israel, nas guerras étnicas em África que levaram a genocídios, Rwanda, Darfur, etc...

A partir de 2001, no novo milénio, sucedem-se as guerras desencadeadas pelo poder imperial americano, Somália, Afeganistão, Iraque, Líbia, Ucrânia, Síria,Gaza, Irão... Em todas elas se nota que não existe um fim, apenas se deixou de falar nelas na comunição social "mainstream": Elas continuaram a ser mortíferas e a produzir destruição de infraestruturas, sendo a causa das ondas de refugiados, etc.

Podemos considerar que - após o final da «Guerra Fria» e até hoje - nunca deixaram de existir focos de tensão, guerras locais e regionais, causando sofrimento para as populações e impedindo que os países atingidos arrancassem para o desenvolvimento. Estamos, desde 1991, no que eu designo como a «Época da Guerra Híbrida». Penso que deve ser vista como uma modalidade de Guerra Mundial (da IIIª).

As partes em conflito, são (esquematicamente) por um lado, o mundo ocidental, encabeçado pelos EUA e por outro, grandes atores globais (China, Rússia e outros), aos quais se agregam países produtores de matérias-primas. Esta partição não é linear, nem estática. Além disso, os focos de instabilidade e conflito estão espalhados por todos os continentes.

O Império luta para conservar a sua hegemonia; as outras potências procuram uma multipolaridade que possa dar-lhes assento «à mesa dos grandes».

Se os «radicais» dum lado e doutro prevalecerem, podemos passar da fase de Guerra Híbrida, à fase de Guerra de Destruição Final. A probabilidade de ser desencadeada uma guerra nuclear é bem maior do que muitas pessoas pensam. Este risco tem vindo a aumentar, perigosamente. Os líderes dos países ocidentais não parecem dar-se conta da seriedade dos riscos. Eles têm causado a sistemática destruição de acordos e tratados, firmados pela ex-URSS e seus aliados com os EUA e os seus aliados da OTAN. Os referidos tratados procuravam assegurar que uma guerra nuclear não fosse desencadeada, por um ou outro lado. Um cenário que se tem considerado agora muito mais provável, é o da guerra «por engano», ou «não desejada por qualquer dos lados». Se os canais de diálogo e da diplomacia não existirem ou não estiverem capazes de funcionar eficazmente, poderão não se desfazer os equívocos. Uma guerra nuclear pode acontecer !












quarta-feira, 1 de outubro de 2025

A «LÓGICA» DA GUERRA




A «lógica» da guerra não é muito complicada de se perceber. Mas, para tal, é necessário fazer tábua rasa dos argumentos sobre «quem fez isto, quem fez aquilo» e deixar de se atribuir responsabilidades, consoante as simpatias ou antipatias pessoais, ideológicas e outras.

Com efeito, a guerra é um encadeamento de atos preparados meticulosamente, determinados pelos poderes, que estão convencidos de que precisam dessa guerra para chegar aos seus fins. Só que estes fins nunca são claros, nem são enunciados de forma que permita ao comum dos mortais entender o que se passa. O processo atual da guerra está relacionado, como sempre, com uma disputa pela hegemonia. Antes, a hegemonia era relativa a um espaço limitado geograficamente. Mas, a partir da 1ª Guerra Mundial, de forma reeiterada com a 2ª Guerra Mundial e desde então, com a chamada «Guerra Fria», tratava-se de um jogo global, destinado a obter o controlo dos principais recursos do planeta, ou seja, alcançar  a hegemonia mundial. 

Nos dias de hoje, a hegemonia que esteve nas mãos dos EUA e seus aliados/vassalos da OTAN, durante algum tempo (desde 1991 até à primeira década do século XXI), tem sido posta em causa. Tal controlo tem escapado cada vez mais aos ocidentais. Antes, muitos deles possuíram colónias ou eram senhores de países neo-coloniais.

Tem-se registado a perda de influência no comércio mundial, dos países do «Ocidente» e o aumento de utilização de divisas próprias pelo Sul Global, neste comércio e destronando o dólar. No desenvolvimento industrial e na capacidade de inovar em domínios de ponta, os países formando o «coração» dos BRICS, têm mostrado o seu dinamismo. Este tem sido tal, que exercem uma atração sobre os múltiplos países do «Sul Global». Surge a esperança de um contexto internacional mais equilibrado. Um sem número de fatores mostram que o Sul Global e os BRICS são uma força económica e estratégica em ascenção e que o chamado Ocidente, está em decadência, em colapso mesmo, a julgar pelas revoltas que se multiplicam. 

Tipicamente, nos países cujos governos estão ameaçados, a oligarquia que os domina transforma as leis e dispositivos legais, reforça os instrumentos de repressão, de modo a que a cólera dos descontentes não se transforme em insurreição. Para guardarem as aparências, vão impor estas restrições com um pretexto, que é o mesmo, desde sempre: O inimigo externo, os agentes de subversão a soldo desse inimigo externo, a necessidade de mais despesas militares e de cortes nos orçamentos sociais, para fazer face à ameaça (que pode ser puro delírio) .

A UE, sob a batuta de Ursula Von der Leyen, está em estado de quase ruptura; certas oligarquias nacionais não estão dispostas a «ir para o fundo com o navio» e já começaram a criticar as medidas tomadas pela presidente (não eleita) da Comissão Europeia. 

As sondagens de opinião mostram que os povos não têm confiança nos seus líderes; sabem que têm sido utilizados como rebanho de ovelhas, sujeitos a lavagem ao cérebro, sobre «os maus dos russos, o terrível Putin, etc.» 

A guerra é a saída para a oligarquia eurocrática, porque assim poderá impor as restrições que quiser às liberdades e ao funcionamento das instituições nos seus países, poderá espremer ainda mais os trabalhadores e a classe média, para obter os fundos necessários para as forças armadas. Terá um meio muito prático para calar quem discorde destas medidas, acusando essas pessoas de serem agentes do inimigo, traidores que merecem a condenação à morte. Deste modo, será fácil intimidar os que, não estando de acordo com as políticas, não se sintam dispostos a desempenhar o papel de mártires. 

Nós todos podemos saber qual o momento em que uma dada guerra é desencadeada. Penso que todas as pessoas atentas concordam que as palavras de guerra estão em todas as bocas dos responsáveis políticos europeus.  Mas, ninguém pode prever quando uma guerra, seja ela qual for, irá terminar. 

As consequências mais terríveis duma guerra são para os pobres, para os trabalhadores, para as pessoas que não contribuíram para o estado de coisas presente. Por isso, é justo que a guerra - em si mesma- seja criminalizada: Os que a desencadeiam ficam nas suas poltronas, gabinetes, salas de imprensa, a fazer o papel de «chefes de guerra», como se fossem eles a lutar no campo de batalha. Entretanto, no verdadeiro campo de batalha (e fora dele, em «danos colaterais» envolvendo os não-combatentes), as pessoas são mortas, feridas, feitas em pedaços, mas pouco ou nada se fala delas; só para lhes dirigir palavras ocas de agradecimento, quando elas deram o que tinham de mais precioso, a própria vida. 

Não existe guerra justa, porque as guerras são fabricadas pelas oligarquias e destinam-se a ter os súbditos bem controlados. Os pretextos ideológicos, políticos, económicos, etc. são apenas pretextos. As somas gastas na guerra não servem para produzir mais riqueza, só servem para armas e munições e estas, ou ficam armazenadas, ou são utilizadas. Neste segundo caso, vão causar mais destruição de vidas e do que foi construído por gerações de trabalhadores pacíficos. Nenhum país pode melhorar sua economia com o chamado «Keynesianismo de guerra». É uma forma de levar as pessoas a acreditar que a guerra possa fazer sentido económico. Mas isto é uma enorme falácia!


--------------------------------------

Relacionado:


PS1:

Veja o vídeo de 09 de Outubro de 2025 e repare como os factos relatados confirmam o que eu disse no artigo acima.


PS2: Leia o artigo abaixo, que nos dá a medida da evolução de um «Estado de Direito, democrático» para um «Estado de Excepção, totalitário»
https://www.rt.com/news/626425-eu-russia-war-scare/


PS3:

Prof. Jeffrey Sachs https://youtu.be/6-M2u6xMoGk?si=x8IwgUAjwbXc0-T3

terça-feira, 16 de setembro de 2025

OS CHINESES SÃO MUITO MAIS RICOS QUE OS AMERICANOS!

 

[retirado de:

Godfree Roberts, Here Comes China! herecomeschina@substack.com





O POVO MAIS RICO DO MUNDO É O CHINÊS , NÃO O AMERICANO

"O rendimento líquido das famílias médias é basicamente nada.  Nós temos problemas graves na nossa economia»" – Carl Icahn.


Quatro anos depois de derrotar militarmente os EUA, em 1955, Mao disse aos seus  colegas: «Se não conseguirmos ultrapassar a América em 100 anos, não merecemos existir. Deveríamos ser varridos da face da terra». Menos de setenta anos depois, a China ultrapassou a América.

Hoje, os chineses são muito mais ricos que os cidadãos da América e da Europa, vivem mais tempo, com vidas mais saudáveis e seus filhos formam-se - em grande número -em cursos superiores nas áreas de Matemática, Informática e Engenharia.

 Mas, antes de examinar a subida da China, vejamos o declínio do Ocidente:
  • A maioria dos americanos poupou menos de $10 000. Apenas 0.1% possui $5 milhões (ou mais), sendo este o mínimo para uma reforma sem sobressaltos.

  • “Duas vezes por semana a YMCA organiza distribuição gratuita de comida para a comunidade de ex-militares, e cada semana, há mais famílias na fila do que refeições para servir.” NBC News, 8/2/25.

  • A taxa oficial de pobreza nos EUA é de 11.6%, com 38 milhões de pessoas a viverem na pobreza. US Census

  • “A maior parte dos americanos não ganha o suficiente para garantir os custos básicos de vida, segundo uma análise,”

    Megan Cerullo, CBS News.

  • Os 50%  cidadãos americanos mais pobres possuem 2.5% da riqueza nacional. St. Louis Federal Reserve.

  • Em 2007, um comprador mediano de casa nos EUA, tinha 39 anos. Hoje, tem 56.

  • Em 2025, o dinamarquês médio trabalha 6500 horas por cada ano de pensão de reforma. Os chineses trabalham 4600 horas.

  • No ano passado, a riqueza média na cidade alemã mais rica, Berlim, era de $89 000, diz o Bundesbank.


Como é que a China realizou isto

Em termos reais, o rendimento dos trabalhadores americanos não subiu desde 1975, as suas poupanças têm diminuído constantemente desde 1989 e os resultados são incontestáveis.

Os trabalhores chineses, por contraste, duplicaram os seus rendimentos cada 10-12 anos, desde 1955 e pouparam 35% dos seus rendimentos cada ano. Em  2020, as famílias medianas urbanas na China, tinham um património de $200 000. Em 2025, este será de $250 000.

Os nossos media e governos irão continuar a suprimir os dados sobre estas mudanças, enquanto for possível. Mas, uma vez que isto for um conhecimento comum, ele irá mudar permanentemente o mundo.


quarta-feira, 11 de junho de 2025

OS ÚLTIMOS DIAS DE GAZA (POR CHRIS HEDGES)

 

Chris Hedges publica no Substack esta crónica (ver abaixo), que é um veredicto: A «civilização» ocidental está morta. Morreu, não de exaustão material, de esgotamento de recursos, ou de uma invasão por povos rivais, mas antes pela sua própria decadência moral. 

Chris Hedges faz aquilo que qualquer homem ou mulher dignos, que tenham o conhecimento hoje dos tão largamente espalhados relatos e imagens do genocídio dos palestinianos às mãos do governo sionista e das suas forças armadas, tem de fazer: Tem de concordar que a monstruosidade destes atos continuados, planeados, executados friamente, nada ficam a dever à horrorosa política de limpeza étnica/genocidária dos nazis, no século passado. 

Porém, lamentavelmente, as pessoas não aprenderam nada com o holocausto das populações judias, ciganas, de resistentes de vários povos e etnias, sacrificadas pelos nazis. Foram erigidos monumentos às vítimas, abertos museus, lembrados em palavras escritas ou faladas, mas... O horror de tudo isso que a humanidade viveu, volta agora: cerca de oitenta anos após o desmoronamento final do III Reich, vencido pelas forças aliadas. 

Eu tenho de confessar que o escrito abaixo de Chris Hedges me horripila. Não por ser exagerado, não por ser  alarmista, não por hipertrofiar certos aspectos da realidade... mas, antes pelo contrário.

O que isto significa é que a chamada «civilização ocidental» já estava morta por dentro, apodrecida, como árvore que se conserva erguida, com o tronco principal, os ramos, as folhas (embora secas), mas cuja seiva deixou de correr, definitivamente. Qualquer vendaval irá abatê-la, pois ela já não desenvolve atividade vital, já não é ativa no ecossistema, as suas raízes permanecem, mas são estruturas ocas, serão aproveitadas por fauna, flora e microorganismos, que reciclam os materiais das árvores mortas. 

Para mim, e para muitas pessoas que raciocinam sobre estas coisas, a civilização ocidental poderá dar ainda aparência de vida, durante anos ou até (sabe-se lá...) decénios. Mas, não será uma verdadeira vida; a pseudo-vida será como dos zombies, que se mexem, andam, gesticulam, mas sua vontade e alma não lhes pertencem mais. 

Gaza assinala o crime coletivo sem perdão possível; não apenas para os israelitas, que segundo sondagem recente, «aprovam maioritariamente» o genocídio dos palestinianos. Igualmente, não poderá haver perdão para todos os que se calaram, que viraram a cara, que ficaram quietos; nem para os que tinham poder para mudar o rumo das coisas: Se tivessem feito um gesto, tomado uma posição, teriam contribuído para salvar vidas, vidas inocentes. 

Mas o comportamento dos poderosos «não choca» a imensa maiora dos cidadãos. Muito mal vai a gente que, na tal «civilização» ocidental, se baseia na fruição do instante, na ilusão da publicidade, no consumo hedónico, na indiferença a tudo o que não sejam seus próprios interesses mesquinhos. 

Creio que são estas pessoas, essencialmente, já estavam preparadas para aprovar, pela passiva, qualquer ato, desde que este não pusesse em causa o seu interesse mesquinho. Esta maioria, «ensinada» a viver na passividade está - com certeza pronta - para se comportar dum modo semelhante, perante nova situação de holocausto de outro povo distante. Mas, também estará pronta a reagir assim com seus vizinhos, cidadãos que falam a mesma língua, trabalham e consomem como eles,  e são portadores dos mesmos documentos de identidade.

 Muitos, nos países do chamado «Terceiro Mundo», anseiam pela sua derrocada definitiva. Eu estou ansioso pelo mesmo que eles: Não me interessam mais os falsos juramentos, as elaboradas «defesas dos direitos humanos» e os discursos com relentos de colonialismo e de imperialismo. Seja como for, a queda desta «civilização» está traçada; as únicas incógnitas são o «quando» e o «como» acontecerá.

 Gente cobarde e chafurdando na lama moral que nutre os seus cérebros apodrecidos, não tem real futuro: A morte da civilização que produz estes monstros já ocorreu. O horror de Gaza foi a constatação do facto já consumado, uma «autópsia», uma «certidão de óbito».


The Last Days of Gaza

We Will Remember by Not Remembering

Guest post
 
READ IN APP
 
Palestinians mourn over the bodies of their relatives who were killed in an Israeli military strike on Gaza at Al-Shifa Hospital in Gaza City, Wednesday 4 June 2025. Photo credit: Jehad Alshrafi

This is the end. The final blood-soaked chapter of the genocide. It will be over soon. Weeks. At most. Two million people are camped out amongst the rubble or in the open air. Dozens are killed and wounded daily from Israeli shells, missiles, drones, bombs and bullets. They lack clean water, medicine and food. They have reached a point of collapse. SickInjuredTerrifiedHumiliatedAbandonedDestituteStarvingHopeless.

In the last pages of this horror story, Israel is sadistically baiting starving Palestinians with promises of food, luring them to the narrow and congested nine-mile ribbon of land that borders Egypt. Israel and its cynically named Gaza Humanitarian Foundation (GHF), allegedly funded by Israel’s Ministry of Defense and the Mossad, is weaponizing starvation. It is enticing Palestinians to southern Gaza the way the Nazis enticed starving Jews in the Warsaw Ghetto to board trains to the death camps. The goal is not to feed the Palestinians. No one seriously argues there is enough food or aid hubs. The goal is to cram Palestinians into heavily guarded compounds and deport them.

What comes next? I long ago stopped trying to predict the future. Fate has a way of surprising us. But there will be a final humanitarian explosion in Gaza’s human slaughterhouse. We see it with the surging crowds of Palestinians fighting to get a food parcel, which has resulted in Israeli and US private contractors shooting dead at least 130 and wounding over seven hundred others in the first eight days of aid distribution. We see it with Benjamin Netanyahu’s arming ISIS-linked gangs in Gaza that loot food supplies. Israel, which has eliminated hundreds of employees with the United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East (UNRWA), doctors, journalists, civil servants and police in targeted assassinations, has orchestrated the implosion of civil society.

I suspect Israel will facilitate a breach in the fence along the Egyptian border. Desperate Palestinians will stampede into the Egyptian Sinai. Maybe it will end some other way. But it will end soon. There is not much more Palestinians can take.

We—full participants in this genocide—will have achieved our demented goal of emptying Gaza and expanding Greater Israel. We will bring down the curtain on the live-streamed genocide. We will have mocked the ubiquitous university programs of Holocaust studies, designed, it turns out, not to equip us to end genocides, but deify Israel as an eternal victim licensed to carry out mass slaughter. The mantra of never again is a joke. The understanding that when we have the capacity to halt genocide and we do not, we are culpable, does not apply to us. Genocide is public policy. Endorsed and sustained by our two ruling parties.

There is nothing left to say. Maybe that is the point. To render us speechless. Who does not feel paralyzed? And maybe, that too, is the point. To paralyze us. Who is not traumatized? And maybe that too was planned. Nothing we do, it seems, can halt the killing. We feel defenseless. We feel helpless. Genocide as spectacle.

I have stopped looking at the images. The rows of little shrouded bodies. The decapitated men and women. Families burned alive in their tents. The children who have lost limbs or are paralyzed. The chalky death masks of those pulled from under the rubble. The wails of grief. The emaciated faces. I can’t.

This genocide will haunt us. It will echo down history with the force of a tsunami. It will divide us forever. There is no going back.

And how will we remember? By not remembering.

Once it is over, all those who supported it, all those who ignored it, all those who did nothing, will rewrite history, including their personal history. It was hard to find anyone who admitted to being a Nazi in post-war Germany, or a member of the Klu Klux Klan once segregation in the southern United States ended. A nation of innocents. Victims even. It will be the same. We like to think we would have saved Anne Frank. The truth is different. The truth is, crippled by fear, nearly all of us will only save ourselves, even at the expense of others. But that is a truth that is hard to face. That is the real lesson of the Holocaust. Better it be erased.

In his book One Day, Everyone Will Have Always Been Against This, Omar El Akkad writes:

Should a drone vaporize some nameless soul on the other side of the planet, who among us wants to make a fuss? What if it turns out they were a terrorist? What if the default accusation proves true, and we by implication be labeled terrorist sympathizers, ostracized, yelled at? It is generally the case that people are most zealously motivated by the worst plausible thing that could happen to them. For some, the worst plausible thing might be the ending of their bloodline in a missile strike. Their entire lives turned to rubble and all of it preemptively justified in the name of fighting terrorists who are terrorists by default on account of having been killed. For others, the worst plausible thing is being yelled at.

You can see my interview with El Akkad here.

You cannot decimate a people, carry out saturation bombing over 20 months to obliterate their homes, villages and cities, massacre tens of thousands of innocent people, set up a siege to ensure mass starvation, drive them from land where they have lived for centuries and not expect blowback. The genocide will end. The response to the reign of state terror will begin. If you think it won’t you know nothing about human nature or history. The killing of two Israeli diplomats in Washington and the attack against supporters of Israel at a protest in Boulder, Colorado, are only the start.

Chaim Engel, who took part in the uprising at the Nazis’ Sobibor death camp in Poland, described how, armed with a knife, he attacked a guard in the camp.

“It’s not a decision,” Engel explained years later. “You just react, instinctively you react to that, and I figured, ‘Let us to do, and go and do it.’ And I went. I went with the man in the office and we killed this German. With every jab, I said, ‘That is for my father, for my mother, for all these people, all the Jews you killed.’”

Does anyone expect Palestinians to act differently? How are they to react when Europe and the United States, who hold themselves up as the vanguards of civilization, backed a genocide that butchered their parents, their children, their communities, occupied their land and blasted their cities and homes into rubble? How can they not hate those who did this to them?

What message has this genocide imparted not only to Palestinians, but to all in the Global South?

It is unequivocal. You do not matter. Humanitarian law does not apply to you. We do not care about your suffering, the murder of your children. You are vermin. You are worthless. You deserve to be killed, starved and dispossessed. You should be erased from the face of the earth.

“To preserve the values of the civilized world, it is necessary to set fire to a library,” El Akkad writes:

To blow up a mosque. To incinerate olive trees. To dress up in the lingerie of women who fled and then take pictures. To level universities. To loot jewelry, art, food. Banks. To arrest children for picking vegetables. To shoot children for throwing stones. To parade the captured in their underwear. To break a man’s teeth and shove a toilet brush in his mouth. To let combat dogs loose on a man with Down syndrome and then leave him to die. Otherwise, the uncivilized world might win.

There are people I have known for years who I will never speak to again. They know what is happening. Who does not know? They will not risk alienating their colleagues, being smeared as an antisemite, jeopardizing their status, being reprimanded or losing their jobs. They do not risk death, the way Palestinians do. They risk tarnishing the pathetic monuments of status and wealth they spent their lives constructing. Idols. They bow down before these idols. They worship these idols. They are enslaved by them.

At the feet of these idols lie tens of thousands of murdered Palestinians.


Originally produced for Scheerpost