terça-feira, 30 de outubro de 2018

CICLO DE CINEMA DEDICADO A CHAPLIN (CHARLOT) na fábrica de alternativas de Algés

Ciclo de Novembro 2018 - Charlie Chaplin

Ciclo de Novembro 2018 – Charlie Chaplin

A Fábrica de Alternativas exibe em Novembro um ciclo dedicado ao grande mestre do humor Charlie Chaplin. O ciclo inicia-se com “O grande ditador” no dia 1 e “Tempos modernos” no dia 8, prossegue com “Luzes da cidade” no dia 15 e “O garoto de Charlot” no dia 22 e termina com “A Condessa de Hong Kong” no dia 29.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

UMA «UNIÃO» EUROPEIA EM DESAGREGAÇÃO

A imagem que me ocorre quando reflicto nos processos que se verificam actualmente na União Europeia, é a de arribas ou falésias, em que as bases são escavadas pelo mar, as fissuras no calcário das arribas vão-se alargando e - de tempos a tempos - um enorme bloco deixa de ser capaz de se sustentar e cai ao mar ou na orla costeira. 

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Aqui, na minha analogia, os blocos representam nações: no estádio mais avançado da desagregação está a Grã Bretanha e seu doloroso e incerto «brexit». 
Mas o processo de fragmentação existe também a Leste, com o grupo de países (Polónia, Hungria, República Checa, Eslováquia) que recusa a política de migração imposta pelos poderes dominantes da UE. 
Outro grupo problemático é o dos países com défices e dívidas públicas excessivos. Estes incluem vários países do Sul: Grécia, Itália, Espanha e Portugal. 
Nestes países, a crise do tecido económico com desemprego de massa, resultante da austeridade imposta desde Bruxelas, engendrou uma profunda crise social. 
A Itália tem um governo, resultante de uma coligação heterogénea, mas que está decidido a fazer frente às exigências de um «Euro-grupo», dos comissários e doutros burocratas que, afinal, não representam senão a vontade da oligarquia instalada na mecânica eurocrática.  
Tudo se conjuga, neste dia 29 de Outubro, para que a Itália veja rejeitado o seu orçamento pelos todo-poderosos comissários da UE. 
Porém, ao contrário do que certa imprensa propala, papagueando o discurso dos eurocratas em Bruxelas ou de quem os apoia ao nível local, a Itália tem boas razões para manter tal orçamento, moderadamente expansionista, num contexto em que a crise social, iniciada com a grande recessão de 2008, permanece - 10% de desemprego - gerando ou aprofundando fenómenos inquietantes como racismo, xenofobia, etc. 
O rigor contra Itália explica-se como uma espécie de retaliação pelo facto do seu governo não aceitar as políticas migratórias instituídas pelos poderes centrais. 
Com efeito, o seu orçamento com um défice de 2,4% apresenta uns 0,4% acima do que os comissários de Bruxelas achavam sustentável, porque a dívida pública italiana excede 132 % do PIB. Mas, por outro lado, um orçamento moderadamente expansionista é necessário para desencadear um maior consumo nas camadas que foram mais afectadas pelos dez anos de depressão que atravessamos. 
Se houvesse um mínimo de boa vontade, não iriam ser colocados demasiados obstáculos à Itália, até porque o seu governo tem uma legitimidade muito maior do que os senhores de Bruxelas. 
Mas, aqui joga-se um jogo que visa intimidar, dar o exemplo: «se te portas mal, olha o que te acontece». O comportamento da UE em relação à Grécia, em 2010-2014, seguiu este padrão. 
O que se está a passar com o «brexit» igualmente, embora as responsabilidades do péssimo governo de Theresa May também sejam enormes. 
A média económica põe em realce a subida dos juros das obrigações soberanas italianas: porém, deveria também realçar o facto de que as obrigações soberanas (a dívida emitida pelos estados) de todos os países do sul foram compradas sistematicamente pelo BCE, durante mais de 6 anos (2012 -2018) e distorceram o mercado da dívida destes países, até valores de juros irrisórios, totalmente artificiais. 

Creio que a miopia da eurocracia no poder vai arrastar a Itália para a ruptura. Mas a Itália tem muitos trunfos; tem potencial na indústria, no comércio, no turismo. Terá, com certeza, muitos parceiros económicos (dentro e fora da Europa) com os quais poderá estabelecer acordos mutuamente vantajosos.   

sábado, 27 de outubro de 2018

DO NEOLÍTICO À IDADE DO BRONZE (parte III)

[Ver parte I - aqui;  parte II - aqui]

                                         Image result for Gobekli Tepe

Aves estilizadas, baixo relevo num pilar em Gobekli Tepe

Neste episódio, damos um grande passo atrás, para examinar as origens do período neolítico. Muitos milénios nos separam dos primórdios da história, da existência da escrita.

Se há um achado arqueológico que tenha influência decisiva no modo como vemos este longo período, que corresponde à maior revolução de todos os tempos, esse é Goblekli Tepe. 
                 
Este local era conhecido desde os anos 1960, mas erradamente foi datado como cemitério bizantino, do século XIV da nossa era. Uma vez correctamente avaliado, as datações do mesmo ficaram claras e inequívocas. Com efeito, os monumentos tinham sido cuidadosamente soterrados debaixo de espessas camadas de terra, o que proporcionou a sua datação rigorosa com carbono 14. De outro modo, isto seria impossível, pois a pedra - em si mesma - não fornece uma datação com este isótopo. 
Estima-se que o complexo de Gobleki Tepe tenha mais de 12 mil anos. Ele foi - portanto - erguido na transição do Mesolítico para o Neolítico. 

O planalto da Anatólia, onde se situa este monumento megalítico, pertence ao chamado «Crescente Fértil». 
Na altura em que Gobekli Tepe foi erigido, a natureza era generosa: havia abundância e diversidade de espécies, em resultado da temperatura mais amena e de maior quantidade de água disponível, após a última glaciação. 
A densidade de caça, de cereais e de frutos selvagens, tornavam a vida particularmente fácil para os humanos que ocupavam a região. Corriam cervos e gazelas pelos campos onde gramíneas selvagens, com sementes nutritivas, eram fáceis de colher. A selecção das gramíneas autóctones selvagens nesta região e a sua transformação em cereais cultivados, foram o feito decisivo destes povos, o que corresponde à adopção de um modo de vida baseado na agricultura. Enquanto estivessem na planície com esta fonte de alimento quotidiano, fácil de colher, não haveria escassez. Mas, se tivessem que se deslocar para outras paragens, menos propícias, uma porção de cereal podia ser alimento ou semente de cultivo. 





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                         Círculos de pedras erguidas em Gobekli Tepe


As ossadas descobertas em Gobleki Tepe são de animais selvagens, como cervos e javalis; mas não se encontraram ossadas humanas. Não foi portanto necrópole, nem aldeia. 
Gobleki Tepe teria sido um complexo litúrgico, um templo a céu aberto, construído respeitando alinhamentos com determinadas constelações. 
Mesmo não sendo local de habitação permanente, foi - sem dúvida- da maior importância para seus construtores. O tempo e o esforço dedicados à sua edificação foram, com certeza, enormes. Foram precisas centenas de pessoas para escavar, transportar e esculpir as enormes pedras, com dezenas de toneladas. Umas poucas centenas de indivíduos, nessa época, corresponderiam a toda a população adulta duma tribo, ou a uma confederação de clãs.  
Os pilares com animais extraordinariamente bem esculpidos (seriam as suas ferramentas de pedra?) poderiam representar os animais-totem de tribos ou clãs confederados. 
Quanto à religião que unia estes povos... nada sabemos, na verdade: porém, deve ter sido um elo muito forte para conseguir manter a coesão dos grupos, trabalhando durante períodos longos, em tarefas penosas e especializadas, tais como o transporte e a talha de pedras com várias toneladas.  
O mistério adensa-se pelo facto de que a extensa área sagrada [50 vezes maior e 6 mil anos mais antiga que Stonehenge] foi cuidadosamente enterrada no 8º milénio depois de ter servido em contínuo durante 3 milénios, como centro de culto. 
De facto, o sítio de Gobleki Tepe não está numa região onde se tenham encontrado abundantes vestígios de culturas anteriores, que pudessem indiciar uma transição paulatina do paleolítico recente para o neolítico. 
O grau de perfeição arquitectural e técnico do conjunto é muito surpreendente, tal como a escala grandiosa do monumento. 
A hipótese de Graham Hancock é de que terá havido uma transferência de tecnologia dos sobreviventes dum povo «ante-diluviano», para os habitantes da Anatólia e do Crescente Fértil. 
Assim, Hancock considera que o aparecimento deste grande monumento de pedra, no local e na altura precisa em que principia a agricultura, ficaria explicado. A transferência dos saberes terá ocorrido após uma grande catástrofe, ocorrida há cerca de 12 500 anos atrás, que dados geológicos recentes indicam ter sido à escala global, um embate dum asteróide que afectou gravemente o planeta, com grandes subidas dos níveis dos oceanos, alterações climáticas brutais e o desaparecimento de avançadas civilizações.

Penso que o mundo, saído do período glaciar, estava modificado o suficiente e os humanos dessa época (mesmo sem tal migração dos «sobreviventes de Atlândida») podiam ser sido forçados a desenvolver aceleradamente novos meios técnicos à medida dos desafios, tanto do ambiente natural, como social. 
Com efeito, as condições extraordinariamente favoráveis para o homem (e para muitas outras espécies) na zona, terão provocado um crescimento acentuado das populações de caçadores-recolectores. Estes, até então, devido à fraca densidade e à necessidade de acompanhar as migrações da caça, teriam muito poucas ocasiões de se cruzarem com outros grupos, pacifica ou menos pacificamente. 
Mas quando a densidade populacional aumentou de modo significativo, a estrutura social dos clãs poderia ter ficado em risco, caso estes caçadores-recolectores não tivessem elaborado um sistema de símbolos e de cultos, com um potente efeito unificador e pacificador: a realização de um grande trabalho colectivo para edificação de um local de culto, a manutenção do mesmo, a realização periódica de festivais associando os vários clãs, reforçavam a coesão social destes grupos. 
Este local seria o ponto de troca de informações dos vários grupos semi-nómadas: neste santuário, em determinadas épocas do ano, teriam oportunidade de trocar presentes, de efectuar alianças e noivados, de contar histórias e perpetuar a memória colectiva...
Não me custa acreditar na sofisticação das culturas dos caçadores-recolectores, pois o homem paleolítico deixou, em grutas e noutros locais, numerosos exemplos do seu extraordinário vigor criativo e indícios claros duma religião animista. 

              
          Gravura rupestre no Vale do Côa, Portugal datada de 15-12 mil anos (1)

As culturas materiais podem até ser relativamente pobres e não reflectirem o grau de sofisticação da psique, em povos ditos «primitivos». Hoje, graças a estudos de antropólogos, sabemos que os índios da Amazónia ou os aborígenes australianos, por exemplo, possuem complexos e elaborados ciclos de  narrativas mitológicas!
Seja como for,  existe este desafio  de reavaliar toda a informação, os sítios arqueológicos desta época (do fim do paleolítico, do mesolítico, do início do neolítico), em várias regiões do mundo. 

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

J.P. RAMEAU: obras para cravo

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Jean-Philippe Rameau (1683 - 1764)

Um jovem provincial desembarca em Paris no início do século XVIII, com um rolo de partituras debaixo do braço, uma ambição de fama e glória, mas também uma forte formação de organista pela sua tradição familiar. 


O prelúdio da primeira série de peças para cravo tem o mérito de mostrar um exemplo de peça típica da escola francesa para cravo: 


Trata-se de uma peça com latitude para o intérprete, num estilo improvisado, razão pela qual não existem barras de compasso, «prélude non-mesuré». Logo nesta peça de juventude, Jean-Philippe Rameau anuncia quem é e ao que vem. Mais tarde, ficará conhecido como teórico polémico e popular autor de óperas. Irá polemizar com celebridades da Enciclopédia, nomeadamente, J.-J. Rousseau e D'Alembert.  
A força da sua personalidade e a sua subtileza transparecem nas peças seleccionadas por Scott Ross, no vídeo abaixo...

                

 Estas permitem-nos «sentir» o século XVIII francês: um discurso aparentando frivolidade, às vezes... mas capaz de se mostrar subtil, irónico, terno, ou enfático, em resumo: um teatro de sentimentos. 
É que este discurso musical banha na mesma atmosfera que os debates dos filósofos nos «salons», ou que os diálogos das comédias de Marivaux.  
A linguagem da escola francesa construiu-se numa sucessão ininterrupta de grandes cravistas do século XVII, uma grande tradição de que Rameau é ponto cimeiro. 
Depois dele, houve grandes músicos de talento ímpar; mas Rameau continua sendo o mais célebre músico francês do século XVIII, nos dias de hoje. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

DO NEOLÍTICO À IDADE DO BRONZE (Parte II)

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

domingo, 21 de outubro de 2018

CRISTOPHER BOLLYN: O MISTÉRIO DE «9/11» DESVENDADO

Exposição documental da maior burla e crime da história contemporânea: 
- C. Bollyn demonstra que o governo que está a mentir, a ocultar a verdade, a erradicar todas as evidências do 9/11, é exactamente o mesmo que o planeou e executou.

Não admira, portanto, que o Mundo esteja há 19 anos a sofrer com as guerras desencadeadas pelos EUA. 
O projecto do PNAC tem estado a ser cumprido. Ele foi desenhado e executado por notórios sionistas: 
- os neo-cons são simplesmente sionistas enquistados em  lugares estratégicos da administração e da política americana. 

Bollyn tem uma intenção clara e explícita: erradicando a mentira que está na base de tudo isto, espera ajudar a acabar com as guerras desencadeadas, com o pretexto duma interpretação mitificada do 9/11.  



sábado, 20 de outubro de 2018

DO NEOLÍTICO À IDADE DO BRONZE (Parte I)

                                  

“I am especially interested by one issue: It is possible, maybe even likely, that an important fraction of the genetic medical variation that we find in our species arose in the last 10,000 years. Such variation/adaptation may be the result of the intense cultural development that led to agropastoral economies, a lifestyle that introduced major differences in the lives of large sections of humanity in almost every part of the world.”

Cavalli-Sforza (1922-2018)


Penso que não podia haver citação mais apropriada para encabeçar o tema em estudo, que a de Cavalli-Sforza, que morreu a 31 de Agosto deste ano.
Com efeito, ele liderou um projecto internacional em que se tentava fazer a «história dos povos sem história». Tendo, por um lado, marcadores genéticos (de amostras sanguíneas de populações contemporâneas)  e por outro, as famílias linguísticas a que pertencem esses mesmos povos; suas afinidades, quer genéticas, quer linguísticas, permitiam fazer uma gigantesca árvore da família humana. 
Era notória a sobreposição das árvores construídas apenas com dados de genética, com as que utilizavam os dados da linguística. 
O conhecimento das migrações, por outro lado, era a dimensão geográfica indispensável, quer para compreender as afinidades e diferenças genéticas, quer as de língua e cultura. 

O processo de isolar, purificar e sequenciar ADN antigo, desenvolvido pelo Prof. Svante Pääbo no laboratório de Antropologia Evolutiva do Instituto Max Planck de Leipzig, permitiu um avanço espectacular na paleo-antropologia e trouxe-nos uma maior compreensão dos mecanismos de humanação: 
- quais foram os processos genéticos, populacionais, evolutivos, que levaram as espécies ancestrais - homininos - a se transformarem na nossa espécie? 
Pelas estimativas mais recentes, a espécie Homo sapiens existe há cerca de 300 mil anos, enquanto as várias espécies da linhagem «Homo» surgiram há milhões de anos. 
A grande surpresa decorrente dos trabalhos de Pääbo e colaboradores, sobre ADN de Homo neanderthalensis é a de que parte significativa do seu ADN (1 a 3%) está presente  nas populações europeias e asiáticas contemporâneas. Isto significa claramente que, num passado remoto, houve cruzamento dos humanos «modernos» com os neandertais. 
Além de neandertais, existem provas de que houve cruzamento com outras espécies... O nosso ADN é, afinal de contas, um «puzzle» de ADN originário de várias espécies ancestrais.

No entanto, o desenvolvimento da tecnologia com ADN antigo não se ficou pelas formas mais ancestrais da nossa espécie, ou das espécies extintas aparentadas. A inovação técnica permitiu recuperar e purificar ADN fortemente danificado e contaminado e isso permitiu estudar genomas de muitos restos humanos  fósseis, contendo ADN em más condições de conservação, o que antes seria impossível. 
Assim, ADNs de ossos fossilizados de muitos e diversos povos, com 12 mil a  4 mil anos em relação ao presente, correspondentes ao neolítico (idade da pedra polida), ao calcolítico (idade do cobre) e à idade do bronze, foram sequenciados e fizeram-se estudos estatísticos da disseminação de variantes de genes e de «loci» particulares, os SNPs (Single Nucleotide Polimorphisms). 
As partes mais interessantes do genoma, para este género de estudos de genética, correspondem a dois tipos particulares de material genético: 
- O ADN mitocondrial, de transmissão materna exclusivamente: somente recebemos mitocôndrias, com seus genes próprios, das nossas mães; dos espermatozóides, apenas recebemos o ADN dos 23 cromossomas nucleares.
- O ADN do cromossoma Y, que apenas é transmitido de pai para filho. 
Isto tem a ver com a possibilidade de isolar tais moléculas, relativamente pequenas, por isso, menos danificadas, mesmo quando o ADN cromossómico restante está demasiado danificado. Por outro lado, este ADN permite traçar linhagens em intervalos de tempo longos. Com efeito, não existe, nem no ADN do cromossoma Y, nem mitocondrial, possibilidade de recombinação.

David Reich e sua equipa trouxeram dados muito interessantes nesta investigação: compararam o ADN ancestral proveniente de sítios arqueológicos da região do Cáucaso, onde se crê que foi originada a grande migração «indo-europeia», com amostras de diversas populações contemporâneas, por toda a Europa, Médio-Oriente, Pérsia e Índia.

A propósito das migrações destes povos nómadas, já se possuíam dados sobre disseminação linguística, assim como artefactos e técnicas (cultura material), indicando que uma nova cultura «invadiu» o espaço europeu, num espaço de tempo breve. 
Mas não se podia discriminar, com as técnicas tradicionais da arqueologia, se tinha havido apenas uma propagação cultural ou, em alternativa, migrações propriamente ditas. 

                   Bronze Age warriors


- Como é que surgiram e se disseminaram as práticas agrícolas, como viviam as primeiras comunidades agro-pastoris?
- Como se transformaram estas, de forma que tenham surgido as primeiras cidade-Estado, das primeiras civilizações propriamente ditas, com poder centralizado, com religião formalizada em templos, com castas, etc.? 

... Sobre a  «revolução neolítica», estas e muitas outras questões se podem colocar...

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

CASO KASHOGGI - O QUE A MEDIA NÃO NOS INFORMA


Luke Rudkowski, 

da rede independente WeAreChange  faz um apanhado do caso e, sobretudo, coloca a questão em contexto. 

                          

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

CONTROLO DE PRAGAS OU GUERRA BIOLÓGICA?

                

Uma nova invenção à «Dr. Frankenstein» prepara-se no segredo dos laboratórios da DARPA 

Segundo os proponentes da nova biotecnologia, trata-se de fazer com que vírus vegetais capazes de integrar o seu material genético no genoma das plantas infectadas sejam vectores de genes conferindo resistência a pragas, a condições adversas como secas, etc:

        

No entanto, os críticos deste desenvolvimento apontam o facto de que este tem um potencial de dualidade de utilização: ou seja, tanto pode servir para ajudar a proteger culturas, como a disseminar doenças das plantas que arruinariam as culturas de um país inimigo. Este tipo de tecnologias com uso «dual» é explicitamente proibido no âmbito da convenção (assinada pelos EUA) de proibição de armas biológicas. Aquilo que mais faz as pessoas duvidar das boas intenções do referido programa da DARPA é que são bem conhecidas e dominadas as tecnologias de pulverizar aerossóis com vírus (sem necessidade portanto de insectos como vectores). Os críticos da DARPA argumentam, com bom-senso, que a pulverização de tais vírus seria suficiente para proteger as culturas, não sendo de todo necessário os tais insectos-vectores. Além do mais, esses insectos-vectores não são controláveis, ao contrário da pulverização com vírus. 
Por outro lado, o desvio deste instrumento como arma biológica é facílimo, pois basta serem inseridos, nos vírus-vectores, certos genes que inviabilizem as culturas e disseminados os insectos, num país inimigo.

Alguns entusiasmam-se com o desenvolvimento de instrumentos de biotecnologia que tal programa irá trazer, como efeito «colateral». Porém, creio que o risco de uso indevido é demasiado elevado e que estes progressos tecnológicos podem ser levados a cabo noutro tipo de programas, que não tenham o aspecto «Dr. Frankenstein» deste!

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

BRASIL: INTERFERÊNCIA DA CIA / DESFORRA DA EXTREMA-DIREITA

Bolsonaro foi cedo identificado pela CIA como o candidato a apoiar. 


Um dos métodos utilizados pela CIA consistiu em campanhas de difamação nas redes sociais, usando «thralls» que espalhavam calúnias - quanto mais sórdidas, melhor - sobre candidatos do PT.


Bolsonaro é um defensor da ditadura brasileira, instaurada em 1964 e que durou mais de duas décadas. Durante este período houve desaparecimentos, assassinatos, torturas, prisão de muitos brasileiros. 


Mas como é que um indivíduo assim se tornou o candidato preferido do eleitorado?
A sua promessa demagógica de acabar com a delinquência, a criminalidade associada às drogas, que têm apoquentado todos grupos sociais, teve um eco numa fracção do eleitorado. Há muitas pessoas que estão cansadas de sofrer assaltos, de não poderem ter uma vida normal, de correrem risco de vida por saírem à rua. Por outro lado, o PT nestes anos todos não mudou verdadeiramente as coisas, no sentido de fazer com que os trabalhadores tivessem de facto maior fatia de poder.

O debate feito no jornal Mediapart (jornal francês independente on-line) pode  ajudar a compreender o fenómeno:


sábado, 13 de outubro de 2018

SARAH VAUGHAN - «BUT NOT FOR ME» e OUTRAS CANÇÕES DA BROADWAY


                                      
                                 https://www.youtube.com/watch?v=bM68s_C47YU&list=OLAK5uy_n4BorjE9p8P_d9U5DJl0rz_7CabKmGF2Y&index=5&t=0s

A BELEZA da voz de Sarah Vaughan continua a encantar-me após estes anos todos. A maleabilidade e expressividade do seu canto aliam-se perfeitamente a uma concepção clássica do reportório da Broadway, ou seja, das comédias musicais, nos anos 50 - 60. 
Eu posso - pontualmente - preferir uma interpretação de Ella Fitzgerald, ou de Dinah Washington; porém, quando oiço estes temas interpretados por «Sassy», soam sempre inteiramente naturais, como se todas estas canções fossem expressamente compostas para ela. 

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

OS INCÊNDIOS FLORESTAIS DE GRANDES PROPORÇÕES: UMA FATALIDADE?

No fim de semana passado (6 e 7 de Outubro) no Parque Nacional de Sintra-Cascais , deflagrou um incêndio de grandes proporções. Não irei aqui especular sobre as causas próximas e se a origem do incêndio foi ou não criminosa. O facto de que na zona havia projectos de aproveitamento turístico, com investimentos já efectuados e aprovação (?) dos mesmos pelas autoridades camarárias - como foi relatado por alguma imprensa - será talvez um factor a considerar no inquérito da polícia judiciária. Porém, o meu objectivo é antes o de chamar a atenção para as causas profundas, por oposição às causas próximas.
O domínio florestal, mormente o que é propriedade do Estado ou das Autarquias, deveria ser um domínio que primasse pelo cumprimento das regras de boa gestão da floresta. Ainda por cima, havendo uma classificação de «parque nacional» associada a muitas destas áreas florestais estatais, é de todo indesculpável e criminoso, à luz da lei vigente, pois são criminosos os comportamentos de «deixa-andar», de não intervenção, muito antes das matas e florestas arderem. 


                                         [a- caminho pedestre, Sintra] 




                                     
                                        [b- zona ardida na Beira Interior]


                                    
[c - árvores autóctones, Mata do Buçaco]





Assim, o Estado e órgãos políticos estão directamente postos em causa, não por alguns «exaltados anarquistas», mas por eles mesmos, por manifesta e claramente violarem e ignorarem suas próprias leis! O Estado e órgãos políticos do mesmo, desde o governo central às autarquias, são efectivamente os responsáveis. Mas, não são os únicos: infelizmente, neste país a população ainda está a um nível de analfabetismo político muito primário, pois acaba por se satisfazer com «medidas» e promessas, solenemente anunciadas depois de cada fogo maior, que vão supostamente prevenir os fogos mas que, ou não são cumpridas, ou não têm real impacto ao nível da prevenção.

A hipocrisia consiste em atribuir exclusivamente a mãos de criminosos, a pirómanos, ou até ao desleixo de pessoas que deixaram uma fogueira mal apagada... a responsabilidade do que se passa. Não que seja falsa a existência desses casos; sabemos que eles existem, numa certa percentagem. 



Mas a responsabilidade de cuidar da floresta, de manter as matas limpas, de promover a renovação das espécies, aumentando a diversidade, reduzindo as áreas plantadas com eucalipto e pinheiro e aumentando as áreas com árvores folhosas autóctones, é colectiva: vai dos proprietários privados de terrenos florestais, das autarquias e do Estado central, aos cidadãos em geral, que deveriam exercer enorme pressão para que sejam realizados os trabalhos de manutenção e correcta gestão florestal. 
Do ponto de vista ecológico, evidentemente a questão é de primeira importância, mas também do ponto de vista económico: como emprego directo e indirecto, como fonte de matérias-primas importantes. Note-se que o eucalipto e o pinheiro são madeiras com pouco valor, o primeiro serve apenas para fabrico de pasta de papel e o segundo para carpintaria, sobretudo. 
Os terrenos plantados com estas espécies são maioritariamente deixados ao abandono, vê-se um crescimento de forma desordenada, tendo plantas com os mais variados tamanhos, não havendo espaçamento entre as várias árvores, nem recolha do restolho, nem corte e remoção do mato rasteiro, tudo isto formando uma enorme pira de combustão, pronta a incendiar-se quando as condições climáticas sejam favoráveis.  
Haveria, por isso, que desenvolver um programa de replantação com espécies autóctones, menos susceptíveis ao fogo, com maior valor comercial e conferindo maior diversidade ecológica.
Muito poderia ser transformado, com enormes vantagens. Mas a opção dos parasitas que nos governam é sempre de produzir «lindas e boas» palavras, mas fazer o menos possível! 
Porém, os investimentos estatais ou os incentivos fiscais, de crédito bonificado, etc. para que privados invistam seriamente na renovação da floresta portuguesa, poderiam ser uma enorme alavanca para o desenvolvimento do país. 
O turismo, que tanto é acarinhado, teria muito  a ganhar. Actualmente, os turistas típicos já não são do género de ficar nas praias, no litoral apenas, durante toda a sua estadia: gostam de fazer excursões no interior, de visitar lugares com beleza natural, de fazer caminhadas em floresta...

Não serei eu a inocentar os que ateiam fogos com objectivo criminoso, nem tão-pouco os que por desleixo deixam que fogos acidentais de grandes proporções se declarem... Mas, afinal de contas, existem outros criminosos, nos governos sucessivos, nas vereações camarárias, assim como em muitos gabinetes do aparelho estatal, que deveriam ser responsabilizados. 
A conivência com um crime é crime; a indiferença com que se trata o património de todos, crime é....e também a gestão danosa, ou fraudulenta, ou incompetente. 
Enquanto ficarem impunes estes crimes e sobretudo, enquanto a população não acordar da sua letargia  e não tomar em mãos a resolução dos seus problemas, vamos continuar a assistir a incêndios como o de Pedrógão Grande e do Pinhal de Leiria, em 2017, ou como em 2018, de Sintra-Cascais !!!