domingo, 14 de janeiro de 2018

FALSO ALERTA DE ATAQUE NUCLEAR PÕE O HAWAI EM PÂNICO

Esta insólita notícia, causando uma onda de pânico no público em Hawai, terá sido propositada, não acreditemos nem num instante que foi um «erro humano»!

                            ‘Won’t happen again’: Hawaii officials apologize, blame missile warning fiasco on ‘human error’

Digo isto, porque as forças do «Estado profundo» estão apostadas em criar e alimentar uma psicose de pânico coletiva, pelo suposto risco de um míssil nuclear norte-coreano atingir o Hawai ou as costas dos EUA. 

Em geral, os vários componentes do «Estado profundo» (CIA, NSA, Pentágono, etc.) que manipulam os governos,  dispõem de acesso aos meios de controlo dos dispositivos de alerta, incluindo os que permitem desencadear, quase automaticamente, um ataque nuclear, em resposta ou não a um ataque sofrido ou duma ameaça - real ou suposta - dum ataque desses. 
Ao fazerem «um teste», como eles disseram na atabalhoada justificação do incidente, deixaram que alguém tivesse (por «engano», claro) premido o dispositivo de alerta real e não o do suposto teste. Mas, de facto, o que eles queriam testar era a resposta do público a um alerta, tendo-o efetuado, sem nenhum escrúpulo, com pessoas reais, fazendo de «cobaias», uma população indefesa e desorientada ... mas indefesa perante os seus próprios poderes e desorientada pela intencional mentira dos mesmos! 
Porém, tudo tem um lado positivo. Graças ao «falso» alerta ficamos a saber que um míssil disparado da Coreia do Norte levaria 20 minutos a chegar ao Hawai. Tal deve-nos fazer refletir como seria a mesma situação se um míssil ou uma bateria deles, fosse disparada pelos americanos e forças da NATO, de algures na fronteira  com a Rússia, desde a Polónia, a Ucrânia ou a Roménia, num ataque relâmpago dirigido a Moscovo e outras grandes cidades russas? Quantos minutos haveria para verificar que se trata de um alerta falso? Eu calculo que não chegariam a 5 minutos! Então vemos a criminalidade desta colocação de armamento com capacidade nuclear mesmo às portas da Rússia, pois terá um efeito não dissuasor sobre a mesma, mas antes o contrário: com efeito, se nos colocarmos na perspetiva dos dirigentes russos, qual a garantia de que UM ALARME FALSO, é mesmo FALSO?  Não têm eles imensos exemplos de que os ocidentais não cumprem NUNCA uma promessa? Não se lembrarão eles do que foi PROMETIDO A GORBACHOV em troca deste deixar sem intervenção soviética que a reunificação alemã prosseguisse e o pacto de Varsóvia se desfizesse? 
Que garantias têm os dirigentes políticos e militares máximos da Rússia de que tal ataque não se realize, assim, sem mais nem menos? Pois... nenhuma, visto que, desde há uma década e meia, a doutrina militar oficial dos EUA pressupõe que uma primeira utilização de um ataque nuclear seria uma estratégia aceitável, pois, supostamente, deixaria a parte adversária sem capacidade de resposta. 
É esta loucura que Paul Craig Roberts e outros corajosos e verdadeiros patriotas americanos têm vindo a denunciar. 
Talvez a Coreia do Norte tenha uma vaga hipótese de atingir, com um míssil, o Hawai ou mesmo o continente americano; porém, seria um ataque suicidário. 
A haver um tal lançamento, este seria detetado por satélites espiões no seu ponto de origem, visto que o disparo do míssil seria imediatamente denunciado pelos detetores de infravermelhos dos satélites e o trajeto do mesmo calculado de forma precisa, nos primeiros segundos, graças aos supercomputadores situados algures em bases subterrâneas nos EUA. 
O que me assusta é a possibilidade de um «falso falso alarme», como pretexto para desencadear um criminoso e cobarde ataque à Coreia do Norte. 
Esta hipótese deve fazer abrir os olhos do público na Coreia do Sul e fazer com que ele perca as ilusões em relação aos americanos, que ainda existam. 
Se os coreanos querem ver a sua nação lentamente morrer dos efeitos da radiação causada por um ataque surpresa nuclear à Coreia do Norte, não precisam de fazer mais do que provocar uma subida de tensão na guerra assimétrica do vizinho do norte, contra a maior super potência, os EUA. 
Uma guerra na península da Coreia é por definição criminosa, mas mais ainda o será, porque - num momento ou noutro - uma vez desencadeada, se transformará em guerra nuclear. 
O poder político de Washington e os estrategas do Pentágono sabem que têm como alvo a população indefesa da Coreia. Toda ela -do Sul ou Norte- é refém, não haverá grande vantagem em estar-se na parte sul da península coreana, se houver um ataque nuclear dirigido ao norte.

Somente um programa mundial de desnuclearização, levado a cabo pelas potências nucleares (EUA, China, Rússia, França, Grã-Bretanha, Paquistão, Índia, Israel, Coreia do Norte) sob os auspícios da ONU, poderia fazer sentido, porém os mercadores de morte, os construtores das armas e - em particular - das armas de destruição massiva, não teriam mais lucros e são eles que puxam os cordelinhos (ainda) dos governos, muito em particular nos EUA, obrigando a corrida aos armamentos a prosseguir sem fim à vista. 

Não compreendo como se possa ainda admirar os dirigentes políticos daqueles países com armas nucleares, sendo certo que estes sabem bem os riscos que estão a fazer correr ao Planeta inteiro e às suas próprias populações!

sábado, 13 de janeiro de 2018

O JEJUM TERAPÊUTICO DESDE A ANTIGUIDADE ATÉ HOJE

Um documentário ARTE de grande qualidade. 
O jejuar é uma das formas tradicionais de higiene pessoal, prescrita pelas religiões. 
Como forma de purificação, pode ser levada a cabo por motivos espirituais, mas pode também ser adotada, independentemente de qualquer obediência religiosa ou ideológica.

Já Hipócrates afirmava que o repouso e o jejum são os melhores tratamentos para manter e recuperar a saúde.
Como método, é muito natural: nós fazemos jejum desde a última refeição do dia, até ao dia seguinte. Breakfast, déjeuner significam a mesma coisa: literalmente, é quebrar o jejum.

O homem primitivo estava adaptado a jejuar periodicamente. Pela natureza do seu modo de vida, vivia na escassez, a maior parte do tempo. Foi assim que viveu o homem paleolítico, da caça-recoleta, durante cerca de 200 mil anos, desde o aparecimento da espécie Homo sapiens, até há uns 12 mil anos atrás com a transição para a agricultura e a pastorícia, a revolução neolítica. 
A nossa anatomia e fisiologia «lembra-se» dessa época e armazena energia com grande eficácia, gere o consumo dessa reserva de energia de modo muito prudente, mas tudo isso como se nós ainda estivéssemos sujeitos a episódios de fome, a falta crónica ou aguda de alimento. Mas na nossa civilização, não é normalmente difícil de saciar a fome, pelo contrário, tudo incita a um sobre consumo de alimentos. 
Os jovens são condicionados a comerem muitas vezes por dia; a sua dieta é muito energética e isso pode ser causador de obesidade, caso eles não tenham um consumo de energia devido a atividades físicas como se espera que crianças e jovens tenham. Simplesmente, são incentivados a não gastarem a sua energia, a permanecer sedentários, devido à própria forma de organização da sociedade, desde as creches, jardins de infância, escola, casa, todos os locais onde a criança é mantida preferencialmente «tranquila», com um brinquedo ou um jogo-vídeo, no seu cantinho.

Experimentei uma restrição alimentar num episódio de gripe recente e creio que isso, junto com o repouso, ajudou a superar a infeção. Porém, o meu estado de saúde geral melhorou, para além da cura da gripe. Deixei de estar sujeito a certas pequenas afeções, como cefaleias, rinite alérgica, ligeira hipertensão, etc...
Comecei a limitar intencionalmente a ingestão de comida, estendendo o jejum «natural» do ciclo dia/noite, para cerca de 16 horas (das 16 h. de um dia até às 8 h. do dia seguinte). 
É suportável, apesar de inicialmente o nosso organismo estar sujeito a um ciclo de estímulo hormonal (níveis da grelina). Com o tempo, ele habitua-se; o relógio hormonal já não antecipa a hora de jantar.
As defesas imunitárias aumentam; o organismo interpreta a restrição alimentar como uma situação de stress. Ativam-se as respostas ao stress, incluindo a capacidade do sistema imunitário em combater os agentes patogénicos. 

Nós estamos agora, apesar da indústria farmacêutica e da medicina convencional, a redescobrir a profunda sabedoria de comportamentos e de modos de vida recomendados desde há milénios, que foram codificados nas grandes religiões. 
Muitas doenças são reconhecidas como doenças de civilização e/ou iatrogénicas (causadas ou agravadas pela intervenção médica); a diabetes, a obesidade, o cancro, as alergias, etc. estão em crescimento. Porém, as formas mais eficazes de combater estes males passam por uma mudança de atitude fundamental. Várias terapias tradicionais (adaptadas), como o jejum terapêutico, seriam muito mais adequadas e poderiam, em muitos casos, ser aplicadas de forma preventiva, para fortalecer os mecanismos naturais de defesa.



                                          https://www.youtube.com/watch?v=b8Vtot4Kf88

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

CONCERTO PARA VIOLINO DE BEETHOVEN INTERPRETADO POR MAXIM VENGEROV

A interpretação perfeita para uma grande obra do reportório de violino.






Maxim Vengerov plays Beethoven Violin Concerto in D major op. 61



14th International Henryk Wieniawski Violin Competition: Special Concert of Maxim Vengerov: 'And yet he will play!' Poznań, 23 October 2011 Venue: A. Mickiewicz University Auditorium TV Production / Realizacja telewizyjna: Robert Ćwikliński Maxim Vengerov -- violin Poznań Philharmonic Orchestra conducted by Marek Pijarowski J. Massenet - Meditation from opera "Thais" (encore)


quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

MEDICINAS ALTERNATIVAS E HUMANISMO

A HOMEOPATIA E RICHARD DAWKINS 

DAMÁSIO E A ESTRANHA ORDEM DAS COISAS  

Existe um fascínio, hoje em dia, que é muito bem explorado e publicitado, para tudo o que é «medicina alternativa», ou seja, afinal o quê?

Nós sabemos que a Medicina foi sendo codificada, ao longo do tempo, assim como a sua prática foi sendo regulamentada, de modo cada vez mais estrito. 
Os futuros médicos foram sujeitos a uma formação académica cada vez mais diversificada e rigorosa nos requisitos científicos, ao ponto de que, cada vez mais, a figura do médico se confunde com a dum «cientista», que passa os seus dias fechado no laboratório a fazer pesquisa.
Esta imagem ingénua é mais difundida do que se pensa. As pessoas continuam a ter uma veneração muito especial pelos que dispensam a «cura», como nos tempos dos alquimistas, que infestavam as cortes e propunham a monarcas e súbditos pseudo-curas, a começar pela «cura de juventude»... os famosos elixires que tinham essa propriedade mágica do rejuvenescimento. A transmutação dos metais como o chumbo em ouro, era apenas uma forma de confirmar o poder mágico dos alquimistas, detentores da «pedra filosofal», que tudo curava.

                                     

Em relação à homeopatia, vale a pena ver e ouvir este pequeno vídeo acima, realizado por Richard Dawkins, um autor que - com certeza - tem ideias bem definidas sobre o que seja ciência e racionalidade. Dawkins tem a coragem de questionar as suas próprias convicções, de ir buscar argumentos que dêem razão à parte contrária. Não é neutro, pois é impossível ser-se neutro neste domínio. 
Se, efectivamente, a homeopatia for uma pseudo-ciência, anda-se a vender uma falsa esperança a milhões de pessoas, anda-se a desviar também recursos escassos (não apenas dinheiro, como meios técnicos e humanos consideráveis), à conta do contribuinte!  

Na verdade, estou interessado em procurar um caminho de empatia, quer para com os pacientes, quer para com os terapeutas, especialistas em terapias ditas «alternativas». 

Isto, porque acredito na eficácia do efeito sobre o paciente da convicção do terapeuta; do facto do paciente compreender que o terapeuta é uma pessoa com grande desejo de ajudar, que se preocupa em ouvir o paciente, que o examina com cuidado, etc. 

Se, por cima deste efeito de empatia, temos um efeito concreto das terapias ensaiadas ou não, é algo que pode ser sujeito a teste, a verificações objectivas, tratadas estatisticamente, para se verificar se, sim ou não, existe um mecanismo bioquímico ou biofísico no paciente que o conduz à cura, ou à regressão dos sintomas. 
Foi o que vários estudos tentaram fazer, mas os resultados destas avaliações são ambíguos, não esclarecem de facto, ao contrário do que  Dawkins diz no referido vídeo.

O complexo da questão reside no facto de estarmos perante um ser que sente e pensa, o paciente, o qual tem uma psique, que exerce um poderoso efeito sobre o «corpo» ou a «soma»: os efeitos psicossomáticos são muitos e complexos. Aliás, têm sido estudados muito a sério pela medicina e psicologia. 

O efeito placebo, nomeadamente, é tão importante, que os estudos para testar a eficácia terapêutica de qualquer medicamento, antes de ser aprovado, obrigatoriamente têm de incluir ensaios-controlo, em que todas as variáveis são iguais, excepto que a substância supostamente terapêutica, é substituída por algo inócuo, «um placebo», que não tem nenhuma acção curativa da doença, mas que também não afecta os voluntários. 
Assim, grande parte da melhoria observada nestes sujeitos é apenas devida a um efeito psíquico, o «efeito placebo»: o indivíduo, convencido de que está a tomar algo que terá efeitos positivos, tende a melhorar significativamente. 
Há um mecanismo misterioso e complexo que se põe em marcha, que fortalece as defesas endógenas do organismo, melhora o funcionamento dos órgãos, numa série de retro-controlos que se exercem, numa escala de complexidade impossível de se analisar. Impossível, porque não faz sentido fragmentar um todo, que é o ser, o indivíduo, com a psique unida ao corpo.

Agora, o que me parece cardeal é tirar a lição razoável das medicinas alternativas. 
Em vez de procurar denegrir/deslegitimar/ilegalizar algo que tem marcados efeitos benéficos em certos indivíduos, pelo menos, os médicos convencionais deveriam aprender dos terapeutas «alternativos», as formas mais atenciosas, mais pessoalizadas, do trato com o paciente.                                                  
Eu acredito que o paciente irá fazer muito caso das prescrições  e recomendações terapêuticas que o médico (convencional ou «alternativo») fizer, se e somente se plenamente convencido de que o terapeuta é uma pessoa realmente idónea, empenhada, que deseja sinceramente ajudar. 
Se o médico ou terapeuta se mostra apressado, distraído, ausente, nervoso, impaciente... o que estamos à espera? 
- Qualquer pessoa sensível irá sentir-se diminuída, na sua própria essência, sentirá que, ou se «submete» ao tratamento que não é questionável, ou então abandona. Muitos fracassos terapêuticos têm mais que ver com a falta de convicção do paciente do que com outros aspectos. 

As pessoas deveriam - de forma acessível ao seu nível de compreensão dos conceitos da biologia - receber uma explicação honesta das razões porque se fez um determinado diagnóstico, porque se segue um determinado tratamento. 
Há que convencer, que fazer com que o paciente assuma a sua quota-parte de responsabilidade, não no mero sentido do médico se descartar, para o caso de as coisas correrem mal, mas no sentido da cura ou melhoria ser comparticipada pelo paciente.
É evidente para mim que, se o paciente tiver a compreensão das causas da enfermidade e dos meios de sua superação, ele irá participar, conscientemente e também com o seu sub-consciente, no processo de cura. 
A terapêutica, seja ela qual for, terá maior eficácia, desta forma. Pois, só assim poderá conseguir mobilizar o organismo a operar internamente as transformações que conduzirão à derrota dos factores patogénicos. De facto, é assim que a terapêutica pode ir ao encontro do ser profundo; é assim que ambos se aliam, se conjugam e harmonizam. Quer a doença seja causada por factores intrínsecos ao indivíduo, ou por agentes externos, ele vai produzir moléculas que interferem com os agentes patogénicos. 

Sabemos como é complexo o mecanismo da imunidade, a vários níveis. Sabemos como são complexas e subtis as regulações homeostáticas  nos seres vivos, dos mais elementares (bactérias), aos mais complexos (humanos).

                                                   Bertrand.pt - A Estranha Ordem das Coisas

António Damásio produziu um belíssimo ensaio, cuja leitura aconselho a todos: «A estranha ordem das coisas». 
No decurso da sua leitura pude reafirmar ou fundamentar melhor as minhas convicções de longa data, como biólogo e como apaixonado da ciência da evolução. Foi uma ocasião para eu reflectir sobre conceitos biológicos que nos apresenta este autor, sob forma inteligível, incluindo as surpreendentes formas que a vida inventou para conseguir alcançar seus objectivos. Refiro, nomeadamente, os conceitos de sentimento, de autonomia, de homeostase, e muitos outros. É verdade, trata-se de uma «estranha ordem», quer para leigos, quer para estudiosos de biologia.

Se os princípios da homeoestasia, da simbiose e da empatia tomam cada vez maior importância na ciência de hoje, como parece ser o caso, tenho esperança de que algo se passe ao nível da relação das pessoas com a sua saúde, em geral. 
Tenho esperança que as pessoas assumam as suas responsabilidades na manutenção do equilíbrio corpo-espírito e que tomem parte activa na recuperação deste equilíbrio, quando caem doentes. 
Haverá maior preocupação na sociedade, em seguir os princípios da sabedoria? Assumiremos cuidar de nós próprios e dos outros, com verdadeiro amor?
Da parte dos profissionais de saúde, espero que haja mais humildade, maior respeito pela natureza. Esta é tão mais sábia, tão mais subtil nos seus fenómenos e processos, do que os saberes e técnicas, disponíveis ao nível médico-científico! 
Maior humanismo também, se deveria esperar de todos os agentes de saúde, médicos ou não, não esquecendo nunca que o paciente é um ser humano, digno da maior consideração.
  

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

JOAN MIRÓ - EXPOSIÇÃO DE COLECÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS

A história atribulada desta magnífica colecção de obras de Miró, um dos nomes mais relevantes da arte do século XX é conhecida:
O Banco BPN entrou em insolvência, o Estado Português tomou o controlo do banco (nacionalizou-o) e assumiu o passivo do mesmo, à custa do contribuinte. Este banco possuía uma colecção de arte notável,  a qual tinha gerido como um investimento, que guardava longe do público, sendo o seu valor comercial avaliado em muitas centenas de milhares de euros. O Estado, ele próprio falido e pressionado pela «troika», há dois anos atrás não hesitou em colocar esta colecção de arte em leilão na Christie's. Porém, várias vozes de intelectuais e artistas se rebelaram pois estavam conscientes da importância deste património público, que poderia ser valorizado culturalmente. Houve gente saloia que se insurgiu contra a conservação desta colecção do artista catalão em mãos do Estado, pois achavam que - não sendo sequer um artista português - não haveria nenhum motivo especial para conservar estas obras no património do Estado. 
Esta visão provinciana, tacanha, felizmente não prevaleceu (por uma vez, viva!).  O Estado retirou estas obras do leilão. Aliás, a Christie's não deve ter criado muitas dificuldades, visto que tinha pouco interesse em intermediar a operação de alienação dum património nacional que se tornara polémica. 


                                   Imagen relacionada

Eu não deixo de ver a obra de Miró e esta colecção, em particular, como a coisa «em si», para além das circunstâncias que rodearam esta exposição agora, transitoriamente, no Palácio Nacional da Ajuda e depois - em exposição permanente-  no Museu de Serralves.

                             


Sempre tive um fascínio muito particular por esta obra, multifacetada, produzida desde a década de 20 até à de 80 do século passado, como expressão de uma procura... Procura da infância, da criança que está dentro de nós, que comunica imediatamente - sem filtros - com o  mundo das coisas e os seres. 

                                             

Miró percorreu várias etapas mas, a partir de certo ponto na sua carreira, privilegia certas formas-arquétipos. Poucos são os artistas que realmente conseguem imprimir um cunho tão pessoal e tão universal, pois ele foi buscar à profundeza dos sonhos, à visão do homem dito primitivo, à expressão espontânea do gesto. 

                                           

Admirei, na exposição, os seus desenhos do início dos anos 60, que mostram uma faceta completamente zen, numa altura em que quase ninguém, no Ocidente, estava ao corrente desta estética e filosofia orientais.

Muitos espantos e descobertas se poderão fazer quando somos colocados em contacto com estas 85 obras em exposição do Palácio da Ajuda

                                             

Há cerca de doze anos atrás, visitei com imenso prazer o Museu Miró em Barcelona. Foi para mim uma revelação, embora já tivesse muita familiaridade com a obra deste artista, não apenas em livros de arte, como através de museus em vários países, como - por exemplo - a colecção do Centre Pompidou, em Paris. 

                                

Porém, a colecção de obras de Miró agora expostas na Galeria D. Luís do Palácio da Ajuda, conseguiu surpreender-me: não será isto a marca dum artista genial? A de, sempre que nos debruçamos sobre a obra, termos a sensação forte de descobrir algo de novo, de acrescentar novas facetas às que tínhamos armazenado na memória? 

Estou de acordo com Robert Lubar Messeri, quando afirma... "a maioria do povo português quer que a colecção fique no país, pois esta colecção de arte é extraordinária, uma verdadeira riqueza para Portugal, que tem atraído cada vez mais turismo internacional".


"Miró é um dos artistas mais importantes de todos os tempos. É uma questão subjectiva em termos de avaliação, mas na arte do século XX, os três maiores artistas são Picasso, Matisse e Miró. Ao ter mantido a coleção, Portugal fica colocado como um país que apoia a arte moderna e contemporânea", sublinhou.


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

CONCERTO PARA PIANO Nº1 DE LIZT, POR LANG LANG NOS PROMS

                  

O concerto para piano nº1 de Lizt é um manifesto da música romântica. Nele se condensam todas as características musicais e estilísticas do romantismo... a revolução que marcou a música ocidental, desde os finais do século XVIII, à primeira metade do século XIX. 

A orquestra sinfónica da BBC, nesta noite dos «Proms» de 2011, é dirigida por Edward Gardner.

Lang Lang é, porventura, o meu interprete preferido desta peça: seu desempenho é caracterizado por uma grande energia, uma técnica perfeita, resultando numa interpretação totalmente conseguida, sublinhando a grandiosidade da arquitectura musical subjacente, o acento heróico...
Note-se que romantismo musical não tem nada de efeminado, contrariamente ao que muita gente pensa, como se pode comprovar pela audição desta obra.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O VERDADEIRO IMPACTO DA COMIDA RÁPIDA (FAST FOOD)

                     

                            Toxiphobe Leaders Tend to Be Paranoid Tyrants

                                            Comidas de plástico, vidas de plástico... 

Sabes qual o preço real que pagas (pagamos todos) por essa comida supostamente «barata»?

- Conta com uma elevada probabilidade de adoeceres com cancro, diabetes, obesidade... 

- Conta com a destruição sistemática de floresta tropical para obtenção de pastos ou para plantações (milho ou soja) destinadas a rações para alimentar o gado, a carne no teu hamburger.

- Conta com todos os subprodutos de plástico, desde copos, talheres, barquetes, etc. correntemente usados pela indústria «fast-food» e que acabam a contaminar os oceanos ou são incinerados. Neste último caso, vai contaminar a atmosfera com moléculas cancerígenas. 

- Conta com a destruição de milhares de pequenas empresas familiares, cafés e restaurantes, que forneciam refeições na zona onde se vão implantar estes fast food.

- Conta com o desaparecimento da qualidade de vida, do convívio natural que se organiza em torno de uma refeição familiar ou de amigos.

- Conta com a perda de autonomia das pessoas, incapazes de cozinhar, de confeccionar uma refeição simples para elas próprias e os seus, a partir de matérias primas não processadas adquiridas numa loja ou supermercado...

domingo, 7 de janeiro de 2018

ESCREVENDO «SEM PANINHOS QUENTES» - A QUESTÃO POLÍTICA Nº1 DE PORTUGAL

                           

Contrariamente à opinião de António Barreto e de outros, que julgam haver possibilidade de reforma do sistema por dentro (mas acreditarão eles realmente, no seu íntimo, numa tal coisa???) penso que a questão política em Portugal se coloca de outro modo, não meramente por observação das «danças internas» dos partidos, mas sobretudo das realidades sociais, políticas, económicas, internacionais. 
A questão política nº1 de Portugal é saber... 
 - se este país se transforma definitivamente em país destino de férias para a classe média baixa da Europa, enquanto os seus próprios filhos e filhas, não têm outra escolha senão servir nos bares e restaurantes (três meses por ano) ou emigrar para outras paragens onde o seu valor seja mais justamente apreciado...
- ou se Portugal tem energia interna para sacudir os vários jugos (internos e externos) que o prendem como país neocolonial e enceta um caminho de libertação, original, sem dúvida, mas que terá de aprender algo com os outros países neocoloniais que estão tentando agora mesmo libertar-se das suas dependências. No mínimo, deverá tentar encetar o seu caminho sem cair nos erros, alguns fatais, em que caíram outros.
Ora, se a política é protagonizada por forças políticas e por opiniões públicas, creio que as duas hipóteses acima são assimétricas, no que toca às probabilidades de concretização dos respectivos cenários.
- No primeiro caso, estamos perante a realidade vivida; é o presente, a que assistimos. 
Para prova disto basta pensar-se no lamentável exemplo do desenvolvimento caótico do «alojamento local»* e nos impasses, nas falsas «soluções» que uns e outros avançam, na esperança vã de saída duma situação de intencional desregulação (a lei da selva capitalista), que foi provocada pelos que (des)governam o país e os seus principais centros urbanos.

- No segundo (encetar a caminhada libertadora), não existe massa crítica, porque a classe que poderia ter nisso um interesse real (e não meramente ideológico ou sentimental ou «nacionalista»), a classe média, é mantida anestesiada, drogada, pela ilusão persistente de que Portugal é um «Estado democrático».

Todos os «espertos», os «doutores da treta» espalhados pela media, mas também pelos partidos, incluindo os ditos de «esquerda», contribuem para a persistência desta visão e reforçam constantemente este complexo.

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*Algumas referências recentes para ajuizarmos o problema do alojamento local:

Alojamento local, legislação:


Deficiente fiscalização:


Guerra jurídica, causada por decisões conflituais:


Ilusão de rentabilidade:



Conflitualidade nos condomínios e projecto-lei:


Gentrificação e alojamento local:



Transformação do centro pelos sectores de luxo:











sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

CRIPTOMANIA: INSUFLADA PELOS BANCOS CENTRAIS ?

Pode parecer extravagante a hipótese colocada no título, mas ela surge, contrariando a narrativa dominante, cada vez mais plausível. 
Com efeito, as criptomoedas são diabolizadas como instrumento de lavagem de dinheiros do crime, das redes terroristas, etc. ou meio de fuga ao fisco de multimilionários discretos, etc. ... 
Porém, além dos sensacionalismos mediáticos, nas salas alcatifadas dos diversos centros de poder (bancos centrais, grande banca, governos, instâncias internacionais) desenham-se estratégias e toma-se muito a sério a questão.

É que os poderosos deixaram crescer este mercado, inicialmente qualquer coisa de volume insignificante, há oito anos atrás, para volumes de capitalização total que impressionam ! Que isso tenha acontecido por terem uma visão muito «curta», parece-me ser uma interpretação completamente ingénua. 
Mais provável será estes mesmos poderes estarem atentos, para - no momento oportuno - tomarem controlo e usarem os aspetos tecnológicos que favoreçam ainda mais a centralização. Um «golpe de mestre» afinal: usarem novas criptomoedas por eles criadas e monitorizadas para efetuar a transição, para manterem sob controlo o famoso «reset» que muitos analistas veem chegar, sem dizerem, ao certo, como!

Tenho vindo a chamar a atenção dos leitores, ao longo do tempo, para as criptomoedas e o seu significado. 
Se, por um lado, me tenho mantido fora das demagogias e sensacionalismos destinados a «vender» notícias, tenho estado por outro, igualmente consciente de que, justamente é agora, nesta época, que se desenvolvem tais recursos: é no final do sistema baseado exclusivamente em moedas «fiat» (ou seja, os bancos centrais emitirem moeda sem estar garantida por algo tangível),  iniciado pelo repúdio de Bretton Woods por Nixon, em 1971.

As criptomoedas, claramente, não podem dar nenhuma garantia, enquanto estiverem fora dum mercado regulado de divisas (todas elas emitidas por Estados). Alguns Estados não querem ouvir falar de cripto- «moedas», como sendo «divisas», mas sim apenas de activos financeiros, de uma nova categoria de instrumentos financeiros. Enquanto uma moeda é um meio de troca de valor, essencialmente, já um «activo financeiro» é um meio de obtenção de lucro, potencialmente pelo menos, logo susceptível de cair debaixo da alçada do fisco.
O essencial do circuito, neste mercado de cripto divisas,  é de privado para privado; eu pago a alguém um bem ou serviço, transferindo determinada quantidade em criptomoeda do meu «porta-moedas digital» para o dessa pessoa. 
As zonas de troca das criptomoedas por divisas «clássicas» (onde se podem comprar criptomoedas com dólares, ou outras moedas «oficiais», assim como trocar criptomoedas pelo seu valor em dólares) são mais ou menos públicas, embora sejam detidas por entidades privadas, mas não são - de facto - reguladas. Não sendo (por ora, pelo menos!) sujeitas a inspecção, controle, fiscalização, regulamentação, não se podem jamais assimilar a «casas de câmbio», onde se compram e vendem divisas. 
Duas falsas certezas fizeram com que o destino do «bitcoin» e doutras congéneres fosse tão brilhante, até agora:
- o mito da absoluta segurança dos «porta-moedas», dos pontos de troca e das próprias operações de  privado para privado.
- o mito de que as operações estão completamente fora do alcance, da supervisão, do controlo e do poder de taxação dos Estados. 

Têm surgido varias notícias nestes últimos anos, desfazendo o primeiro mito, de pessoas que perderam fortunas, devido a hacking das suas criptomoedas. 
O risco é tal que, apesar de milhares por cento (!) de lucro que certos investidores terão obtido, muitos outros renunciam investir em absoluto, ou apenas arriscam uma fracção diminuta, não arriscam parte significativa dos seus portefólios.
Quanto aos bancos centrais estarem totalmente fora da jogada, é uma ideia claramente falsa: por exemplo, o BIS (o «banco central dos bancos centrais») tem dedicado imensa atenção ao nascimento e crescimento deste mercado das criptomoedas. 
Quanto aos governos (veja-se o artigo exaustivo, aqui) têm atitudes muito diversas, abordam o fenómeno de forma muito diferente: desde os que tomam uma atitude claramente repressiva, até aos que aceitam que este mercado tem potencial para ser incorporado ao sistema monetário mundial e suas entidades reguladoras (os bancos centrais).

A grande banca comercial tem necessidade absoluta de se envolver na tecnologia «blockchain». 
A blockchain pode estar descentralizada, permitindo que a rede, formada pelos computadores de muitos milhares de proprietários de criptomoeda, tenha o registo automático e anónimo de todas as transações que se efectuam no ciberespaço. 
Mas, também se pode utilizar a tecnologia blockchain de modo centralizado, mantendo o controlo de operações numa entidade única, pela qual terão de passar todos os movimentos.  
O facto é que os grandes bancos estão a apostar pesadamente nisto, com grandes despesas e muitos peritos a trabalhar exclusivamente para esse fim. Veja-se o caso da cripto moeda «Riple» recém-nascida e muito cortejada pela grande banca!

Finalmente, alguns pensam que o futuro estará numa criptomoeda associada a uma garantia ouro, ou ouro/prata,  o que permitiria que o risco de desvalorização ou sobrevalorização bruscas ficasse muito diminuído. O ideal seria uma transação segura e sem as oscilações especulativas acentuadas que se observam atualmente nas quotações das criptomoedas. 
Este nexo entre criptomoedas e valores tangíveis daria mais estabilidade e mais segurança, aparentemente, mas creio que o problema seria transferido então para outro nível: o da necessidade de uma absoluta seriedade da entidade - por hipótese, uma entidade depositária de ouro em cofres privados - encarregue de disponibilizar esse mesmo colateral-garantia, credibilizando as  operações do ciberespaço. Afinal de contas, isto seria como a função dos bancos centrais (antes da ruptura com o padrão-ouro em 1971), detendo determinadas quantidades de ouro como «moeda de último recurso» e garantindo, pela convertibilidade em ouro, o valor da divisa emitida, tal como tenho explicado em vários artigos (ver aqui e aqui, por exemplo).

Nada está definitivamente fechado, neste domínio, quer num sentido, quer noutro. 

Penso que, por enquanto, as criptomoedas apenas acrescentaram mais uma camada de especulação num mundo financeiro já largamente parasitado pelas actividades especulativas (vejam-se os grandes bancos a jogarem dinheiros dos clientes em operações com derivados, totalmente desreguladas).

Mas tenho a certeza que 2018 vai trazer aqui uma clarificação, em paralelo com uma alteração global tectónica do poder
Neste contexto, as criptomoedas são vistas por muitos como uma revolução irreversível. Muitas pessoas comparam a sua importância com outra revolução tecnológica dos anos 90 do século passado, o surgimento e a expansão da Internet.

                            


NOTAS:




1- Max Keiser:


https://www.rt.com/shows/keiser-report/414964-episode-max-keiser-1171/



2- O BIS e as criptomoedas:


https://www.bis.org/publ/qtrpdf/r_qt1709f.htm



3- Como encaram as criptomoedas:


http://www.independent.co.uk/news/business/news/bitcoin-latest-updates-central-banks-say-regulation-cryptocurrency-digital-ecb-us-federal-reserve-a8106961.html



4- Caso Riple:


https://www.forbes.com/sites/cbovaird/2018/01/03/ripple-climbs-past-3-hits-all-new-high/#28bc73067c0b



AFEGANISTÃO: CEMITÉRIO DE IMPÉRIOS

Desde o império de Alexandre da Macedónia, passando pelo império Britânico no século XIX,  pela União Soviética nos finais do século passado, até ao império dos EUA de hoje, o Afeganistão tem sido  (com muitos milhares de mortos em vão!) literalmente o cemitério de exércitos poderosos, mas igualmente, o cemitério no sentido metafórico de perda completa de ilusões imperialistas de grandeza, finalmente desfeitas em cacos, sem honra nem glória.


Por que razão quase não se fala desta guerra perdida, teimosamente mantida durante 16 anos... até hoje, contra toda a racionalidade?
- Será para ocultar a «perda de face» do Estado profundo, que controla o Pentágono, a CIA e todos os políticos de Washington, incluindo os presidentes...

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

ESTRANHOS CASOS DE SOLIDÃO «SOCIAL»

              
Tenho vindo a refletir sobre alguns comportamentos e atitudes de pessoas, minhas conhecidas ou não, que revelam antes de mais uma grande incapacidade para estarem sós. 
Algumas pessoas procuram desesperadamente um parceiro/a, convencendo-se que a vida assim é um fardo difícil de suportar, mas possuem pouca tolerância, por outro lado, para se compatibilizarem e aceitarem pessoas reais, com outros modos de ser, com outras visões do mundo e da vida em sociedade.
Outras, têm uma vida «social» aparentemente muito ampla e diversificada, mas com uma superficialidade que espelha a superficialidade nelas próprias.
Outras ainda, pensam que são muito capazes de «compreender os outros»; porém, isso apenas acontece nas suas cabeças, não no mundo real.

Muitas pessoas têm «medo» de estar sós: sentem-se angustiadas, sentem-se inseguras. 
A disfunção social traduz-se,  por ser a principal causadora, ao nível dos indivíduos, dos comportamentos auto-destruidores, começando pela fragilização da auto-imagem e podendo ir até a comportamentos de risco, roçando a criminalidade ou marginalidade.
As famílias estão desestruturadas, a cada geração é maior o número de crianças que crescem sem um dos progenitores (o pai, na imensa maioria dos casos) e, no entorno destas crianças, muitas vezes, não existe sequer uma rede verdadeira de afetos. 
A família nuclear, reduzida ao mínimo, está produzindo pessoas adultas disfuncionais em termos sociais, em particular na esfera afetiva, incapazes de relacionamentos felizes com os outros. 
As crianças estão mais isoladas dos adultos e, por isso, incapazes de compreender os adultos das gerações anteriores, o que faz com que a sociedade se estruture em «gerações», estruturação aparentemente cómoda para alguns, mas que é totalmente anti-natural, pois sempre houve uma sociedade composta por várias gerações, formando uma rede em torno dos indivíduos. 
Dizem alguns estudiosos do comportamento humano que a nossa capacidade de relacionamento algo profundo e significativo com outros humanos tem um número limite bastante baixo, o de uma pequena aldeia com umas poucas centenas de adultos. É verdade que as oportunidades reais de contactos significativos com outras pessoas, ao longo da vida, devem ter sido desta ordem de grandeza, durante dezenas de milhares de anos. 
Podia-se esperar uma multiplicação deste tipo de interacções como resultado da industrialização. Mas a industrialização não trouxe senão uma redução desse número (refiro-me a interacções sociais significativas, com algum conhecimento aprofundado, não trivial, do outro). 
A industrialização acentuou o isolamento das pessoas, com o ambiente urbano em que se viram incluídas. Neste ambiente foram nascendo cada vez mais humanos: sabe-se que o número total de humanos vivendo nas grandes aglomerações mundiais, já é agora maior que os vivendo em pequenas vilas ou aldeias, que ainda têm um modo de vida rural. 
O indivíduo continuou a ter a «sua aldeia», de certo modo, na rede de relacionamento social urbana, durante algum tempo, mas isso está a perder-se com a individualização extrema que se observa em múltiplos aspectos da vida social contemporânea. 
Os empregos eram antes uma natural oportunidade de diversificar os relacionamentos humanos, a vários níveis. Hoje em dia, pelo contrário, a própria organização do trabalho favorece a separação, a individualização, uma falsa autonomia, pois está sempre dependente da vontade soberana do «dador de trabalho», da empresa. O patrão, ele próprio, tornou-se algo impessoal, sem rosto, em cada vez maior número de casos.
A sociedade humana não tem (nem teve, nunca) uma estruturação rígida, como a dos outros animais sociais. 
Isso é que permitiu à humanidade inventar outros modos de organizar a sua própria vida social, ao longo dos tempos. Porém, agora, chegou-se a uma espécie de beco sem saída.

A solidão não será propriamente «a doença do século»; no entanto, é um sintoma da verdadeira doença do século - o individualismo.



quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

VAGA DE FRIO ÁRTICO

JANEIRO 2018
                                              
                        

Por muito que desagrade aos adeptos da nova religião do «Aquecimento Global», nas diversas estações climatológicas do planeta tem-se verificado a severidade de uma vaga de frio, vindo do Ártico, com repercussões sérias ao nível da saúde e da economia, especialmente no Norte da América e da Europa.
Para além da circunstância pontual deste Inverno, pode-se conjeturar que pode estar a ocorrer uma viragem no ciclo de aquecimento/arrefecimento periódico do planeta, ele próprio tributário de ciclos solares (quantidade e intensidade da insolação é variável devido às manchas solares, fenómeno periódico). Assim, após os últimos 35 anos de aquecimento, em que os valores de temperatura médios globais foram aumentando, iniciou-se - segundo vários cientistas climáticos - uma nova era de descida das temperaturas. Ninguém sabe  qual o ponto extremo deste ciclo. 
Ninguém sabe se a Terra estará ou não  a iniciar uma nova etapa que eventualmente desemboque, não num aquecimento global, mas antes no arrefecimento global.  
O certo é que tenho ouvido e lido nos últimos tempos as maiores barbaridades sobre o clima, por auto-encartados «cientistas» que nos querem convencer a todo o custo de uma «realidade» a qual se manifesta apenas em «modelos», ainda por cima feitos tendo em conta fatias diminutas da História Climática do Planeta. Com efeito, a rede de estações metereológicas cobre, de forma minimamente satisfatória, as várias zonas do Globo e tem efetuado registos regulares e fiáveis há demasiado pouco tempo (desde há menos de 200 anos).  Efetuar uma modelização com base em uma amostra de tempo tão curta, face a fenómenos da escala de muitos milhares de anos, parece pouco razoável. 
Existem ciclos de aquecimento e de arrefecimento climático, totalmente comprovados! 
Para além dos dados das estações meteorológicas, tem-se as sondagens em gelos da Antártida e em Oceano profundo, os  quais têm a possibilidade de revelar o clima numa escala muito mais dilatada. Estas sondagens são como uma cápsula de tempo, revelando o clima de há muitos milhares de anos. Os cientistas climáticos aprenderam a tirar partido da composição dos sedimentos, ou das composições de isótopos dos vários elementos (oxigénio, azoto, carbono, etc...)  do ar encapsulado nas camadas compactas de gelo. 
O quadro geral do clima é da maior variabilidade, de múltiplos ciclos e oscilações: no longo prazo, tem-se as eras glaciares e interglaciares (estamos numa era interglaciar, que se iniciou no paleolítico recente!); no médio prazo, verificam-se oscilações significativas (por exemplo, a mini idade do gelo em finais 
do séc. XVII). 
                                   












Há uma plétora de fenómenos pontuais que podem provocar aquecimento num ciclo de arrefecimento ou vice versa (como a explosão de um vulcão da Indonésia, no início do século XIX, que induziu o «ano sem Verão»). 
Por cima disto tudo, existe efetivamente uma ação humana, notável, mas que é estranhamente passada sob silêncio. 
A agricultura, iniciada há cerca duma dezena de milhares de anos, com extensivas queimadas, desflorestações, a exploração não racional dos aquíferos, as obras de rega, etc... teve efeitos climáticos, por vezes catastróficos: basta pensar-se que, no início da época histórica, quando foram criadas as narrativas da Odisseia e da Ilíada (há 10 a 8 mil anos antes da actualidade), a periferia do Mediterrâneo ainda era uma vasta região - a Norte e a Sul - com florestas, bosques e terras verdejantes, com variadas espécies de animais selvagens. 
A transformação destas vastas zonas em «celeiros» (devido ao cultivo do trigo e de outros cereais) para o benefício das diversas civilizações que prosperaram aí, desde a Egípcia até ao Império Romano, degradou muitas partes do mesmo ecossistema mediterrâneo, em zonas de produtividade biológica fraca, quase desertos. 
Não é caso único: pode-se observar transformações depredadoras também no Novo Mundo pré-colombiano, nos Aztecas, nos Maias...
A insistência de que o CO2 antropogénico (produzido por humanos) é «o factor» causador do agravamento do efeito de estufa* (*o qual é, afinal, uma coisa benéfica, pois senão a temperatura média do planeta seria cerca de -18º centígrados e haveria o permanente congelamento de todas as zonas que não fossem equatoriais ou tropicais!), é uma sobre-simplificação,  um mito «científico», para consumo das massas.

Por que razão querem dar como indiscutível e totalmente «comprovada» uma hipótese? Ainda por cima uma hipótese que tem muitas deficiências conceptuais, contraditória com uma miríade de  factos bem estabelecidos pela ciência climatológica contemporânea?

A razão é simplesmente política e económica: a «elite» globalista, que quer controlo sobre os recursos, as sociedades, enfim sobre tudo, ela lançou o mito, para avançar com a sua agenda sobre os povos e nações, controlando quanto poderiam emitir ou não como «gás de efeito de estufa». Estas nações comprometem-se a auto-limitar seu desenvolvimento industrial, a troco de ajudas (ou seja, de créditos), os quais «generosamente» serão despejados nessas economias ... desde que continuem abaixo do limiar internacionalmente definido como «aceitável». 
Entretanto, os países com excesso de emissões são obrigados a pagar o direito de emissão de CO2 para a atmosfera, mediante compra de taxas-carbono. 
Assim se cria um gigantesco mercado, com transações de «direitos» de poluir, negociados numa espécie de bolsa mundial do carbono. É nisto em que consiste e resume a «solução» segundo certos governos, apoiados pelos lóbis industriais pró-energias ditas «limpas», e por «ecologistas» políticos. 
Todos eles, desde o protocolo de Quioto, juram que esta é a única via de salvação do Planeta Terra. Quem não estiver de acordo com o «mantra» é perseguido, difamado, assassinado publicamente como vendido, reaccionário, agente do tenebroso lóbi das energias fósseis, etc.

Eu penso que a economia mundial e a ecologia bem entendidas não são incompatíveis e que há muitas (imensas!) razões para se fazer uma transição de energias muito poluentes (tais como as centrais a carvão, ou os automóveis movidos a gasolina, etc.) para soluções mais amigas do ambiente, embora não existam soluções «100% ecológicas», isso é mitologia também.
              
Penso que é uma derrota da ciência e da inteligência do século XXI que se confunda a urgência em preservar os equilíbrios naturais e a renovação dos Ecossistemas Terrestres, sua diversidade, com uma teoria manca, erigida em dogma, com as mãos sujas, propriamente!
Pois os defensores da sua intangibilidade querem transformar a questão climática, numa questão de negociação da «taxa carbono» cujos grandes bancos seriam inevitavelmente os grandes intermediários e  logo, beneficiários! 

     

Ambientalistas sinceros e coerentes não podem deixar-se enganar pelos poderes globalistas, cuja agenda é o domínio global - um único governo mundial. 
É trágico que pessoas sinceras estejam a ser usadas para tal finalidade!