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segunda-feira, 1 de novembro de 2021

CONCERTO DE CHOPIN PARA PIANO E ORQUESTRA, Nº2 EM FÁ MENOR

 







Este concerto é o meu preferido dos dois que nos deixou o mago polaco da música para piano. 

Há uma anomalia curiosa na sua numeração, pois acontece que este foi o primeiro a ser escrito, mas aparece com o nº de catálogo posterior ao 1º publicado (o qual, afinal foi o nº2, na realidade!). 

Há quem diga que Chopin tinha pouca capacidade para escrever para orquestra e que portanto, a sua produção orquestral é demasiado escassa. Eu divirjo dessa interpretação, pois acho que este concerto mostra até que ponto ele soube moldar a matéria musical. Sem dúvida, que o aparato da orquestra está ao serviço da brilhante execução no piano. Mas, afinal, não é isso mesmo a essência da forma-concerto para instrumento solista? 
Chopin compunha aquilo que iria interpretar, pessoalmente. Sabia bem como era difícil e subtil passar das notas escritas numa partitura, para a ideia musical que esteve na sua origem. 

Será necessário alguém como Daniil Trifonov, para estar à altura do desafio de interpretar - com o vigor e subtileza necessários - este concerto, criado em Varsóvia em 1830, pelo próprio Chopin.

I. Maestoso II. Larghetto III. Allegro vivace

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

[MITSUKO UCHIDA] 5º CONCERTO PARA PIANO DE BEETHOVEN («IMPERADOR»)


 

É por demais conhecida a história (ou lenda?) de que Beethoven terá inicialmente dedicado a obra ao imperador dos franceses, Napoleão Bonaparte. Quando Beethoven se apercebeu de quem era na verdade Napoleão, liquidador da liberdade dos povos, o compositor riscou o nome do imperador na página de dedicatória e inscreveu a frase: «em comemoração de um grande homem» deixando no vago quem era esse «grande homem» ...

É esta a história que contam, não sei se foi assim ou não. 

O próprio nome «Imperador» foi dado por Cramer - o editor inglês das obras de Beethoven - não pelo próprio compositor. É, não obstante tudo o que se conta, uma das grandes obras do romantismo nascente, tal como a Eroica (3ª Sinfonia de Beethoven).

Eu consigo abstrair os elementos circunstanciais - tanto do Concerto o «Imperador», como da Sinfonia «Eroica» - porque não são simples obras de circunstância. 

Ambas as obras são atravessadas pelo sopro de uma inspiração generosa e liberal do homem que, além de génio musical, era coerente: Ele nunca renunciou às suas convicções liberais, como o demonstra a 9ª Sinfonia, escrita perto do fim da sua vida, sobre poema de Schiller.   

Curiosamente, Beethoven compôs uma obra de circunstância, essa  bastante medíocre. Uma sinfonia foi encomendada a Beethoven para comemorar Wellington, o vencedor na batalha de Vitória (1813, Espanha) e, mais tarde, retomada para comemorar a batalha definitiva de Waterloo (em 1815). Provavelmente, ele não se empenhou muito na sua feitura. A obra está quase esquecida: nunca se ouve em salas de concerto. Quanto a gravações em disco, apenas se pode encontrar a «sinfonia esquecida» em colecções integrais da obra de Beethoven. 

Beethoven está muito acima dos imperadores e ditadores de sua época e de todas as épocas... a sua música sublime resiste ao tempo e pode ser apreciada pelas sucessivas gerações.  

Mitsuko Ushida e a orquestra de Saito Kinen sob a direcção de Seiji Ozawa, são perfeitas na interpretação do 5º Concerto.

sábado, 11 de janeiro de 2020

CONCERTO PARA PIANO Nº17 DE MOZART

 

Vamos ter oportunidade de ver e ouvir Mitsuko Uchida, dirigindo a Mahler Chamber Orchestra, na Gulbenkian, a 13 de Janeiro de 2020. Mitsuko Uchida é solista e dirige a Orquestra.
concerto nº17 é um dos meus preferidos concertos para piano de Mozart. 

terça-feira, 9 de janeiro de 2018

CONCERTO PARA PIANO Nº1 DE LIZT, POR LANG LANG NOS PROMS

                  

O concerto para piano nº1 de Lizt é um manifesto da música romântica. Nele se condensam todas as características musicais e estilísticas do romantismo... a revolução que marcou a música ocidental, desde os finais do século XVIII, à primeira metade do século XIX. 

A orquestra sinfónica da BBC, nesta noite dos «Proms» de 2011, é dirigida por Edward Gardner.

Lang Lang é, porventura, o meu interprete preferido desta peça: seu desempenho é caracterizado por uma grande energia, uma técnica perfeita, resultando numa interpretação totalmente conseguida, sublinhando a grandiosidade da arquitectura musical subjacente, o acento heróico...
Note-se que romantismo musical não tem nada de efeminado, contrariamente ao que muita gente pensa, como se pode comprovar pela audição desta obra.

domingo, 18 de dezembro de 2016

CONCERTO Nº1 PARA PIANO DE BRAHMS

A conceção sinfónica do concerto para piano atinge uma espécie de zénite com a obra de Brahms aqui reproduzida.

Pessoalmente, não dei muita atenção a este tipo de obras, durante grande parte da minha vida. Tinha preferência por obras com caráter mais intimista. Porém, com o tempo, comecei a apreciar mais estes grandes frescos musicais, típicos do século XIX e princípios do século XX. 

A riqueza dos timbres e a variedade temática são a matéria-prima trabalhada por este compositor que,  na senda de Beethoven, foi mestre na arte da variação. 




                                Johannes Brahms - Piano Concerto No. 1 In D minor, Op. 15
                                Piano: Hélène Grimaud   Conductor: Andris Nelsons
                                     Vienna Philharmonic Orchestra

                                  0:01 - Maestoso
                                23:51 - Adagio                                 38:13 - Rondo: Allegro non troppo



quarta-feira, 26 de outubro de 2016

HOJE, COMO SEMPRE ... MOZART!


Mozart - Piano Concerto No. 21 in C, K. 467 







Perante a estupidez humana, não há nada a fazer, senão observar com nostalgia as raras instâncias em que o espírito humano se uniu com a divindade e ser paciente.

Na época em que vivemos, a loucura suicida dos humanos excede tudo o que se possa dizer ou pensar. Só resta o refúgio da arte. Para mim este refúgio ainda existe, espero sinceramente que possa abrigar também o leitor/auditor.

A alegria, a tristeza, o entusiasmo e a nostalgia, tudo isso se exprime de dentro destas notas musicais que Mozart nos legou.

Serei parcial, mas paciência... Nunca - penso eu - a música terá atingido cumes mais altos que nas obras do mago de Salzburgo.

O que distingue o génio, do simples engenho?

- A música transporta em si sentimentos, para além das óbvias sensações auditivas. Ou seja, a música é moral. Não se limita a sensações físicas. Então, o génio consegue transportar-nos para um universo de sentimentos e não apenas nos transmite sensações físicas. 
Porém, uma música que apenas resulta do engenho, pode transmitir sensações muito prazenteiras; mas não passa disso...