Um documentário ARTE de grande qualidade.
O jejuar é uma das formas tradicionais de higiene pessoal, prescrita pelas religiões.
Como forma de purificação, pode ser levada a cabo por motivos espirituais, mas pode também ser adotada, independentemente de qualquer obediência religiosa ou ideológica.
Já Hipócrates afirmava que o repouso e o jejum são os melhores tratamentos para manter e recuperar a saúde.
Como método, é muito natural: nós fazemos jejum desde a última refeição do dia, até ao dia seguinte. Breakfast, déjeuner significam a mesma coisa: literalmente, é quebrar o jejum.
O homem primitivo estava adaptado a jejuar periodicamente. Pela natureza do seu modo de vida, vivia na escassez, a maior parte do tempo. Foi assim que viveu o homem paleolítico, da caça-recoleta, durante cerca de 200 mil anos, desde o aparecimento da espécie Homo sapiens, até há uns 12 mil anos atrás com a transição para a agricultura e a pastorícia, a revolução neolítica.
A nossa anatomia e fisiologia «lembra-se» dessa época e armazena energia com grande eficácia, gere o consumo dessa reserva de energia de modo muito prudente, mas tudo isso como se nós ainda estivéssemos sujeitos a episódios de fome, a falta crónica ou aguda de alimento. Mas na nossa civilização, não é normalmente difícil de saciar a fome, pelo contrário, tudo incita a um sobre consumo de alimentos.
Os jovens são condicionados a comerem muitas vezes por dia; a sua dieta é muito energética e isso pode ser causador de obesidade, caso eles não tenham um consumo de energia devido a atividades físicas como se espera que crianças e jovens tenham. Simplesmente, são incentivados a não gastarem a sua energia, a permanecer sedentários, devido à própria forma de organização da sociedade, desde as creches, jardins de infância, escola, casa, todos os locais onde a criança é mantida preferencialmente «tranquila», com um brinquedo ou um jogo-vídeo, no seu cantinho.
Experimentei uma restrição alimentar num episódio de gripe recente e creio que isso, junto com o repouso, ajudou a superar a infeção. Porém, o meu estado de saúde geral melhorou, para além da cura da gripe. Deixei de estar sujeito a certas pequenas afeções, como cefaleias, rinite alérgica, ligeira hipertensão, etc...
Comecei a limitar intencionalmente a ingestão de comida, estendendo o jejum «natural» do ciclo dia/noite, para cerca de 16 horas (das 16 h. de um dia até às 8 h. do dia seguinte).
É suportável, apesar de inicialmente o nosso organismo estar sujeito a um ciclo de estímulo hormonal (níveis da grelina). Com o tempo, ele habitua-se; o relógio hormonal já não antecipa a hora de jantar.
As defesas imunitárias aumentam; o organismo interpreta a restrição alimentar como uma situação de stress. Ativam-se as respostas ao stress, incluindo a capacidade do sistema imunitário em combater os agentes patogénicos.
Nós estamos agora, apesar da indústria farmacêutica e da medicina convencional, a redescobrir a profunda sabedoria de comportamentos e de modos de vida recomendados desde há milénios, que foram codificados nas grandes religiões.
Muitas doenças são reconhecidas como doenças de civilização e/ou iatrogénicas (causadas ou agravadas pela intervenção médica); a diabetes, a obesidade, o cancro, as alergias, etc. estão em crescimento. Porém, as formas mais eficazes de combater estes males passam por uma mudança de atitude fundamental. Várias terapias tradicionais (adaptadas), como o jejum terapêutico, seriam muito mais adequadas e poderiam, em muitos casos, ser aplicadas de forma preventiva, para fortalecer os mecanismos naturais de defesa.