sábado, 27 de julho de 2024

OPUS VOL. III, 20: A CINZA DE GAZA



 Já não restam lágrimas, só cinzas

Que sobre as cabeças caem 

Vindas do céu mortífero

Da crueldade despejada

Sobre a cidade esventrada

Vê-se nos écrans digitais

Olhos vidrados já não veem

Outros olhos não querem

Outros são indiferentes 


O sangue das vítimas

inocentes espalha-se

Sobre as pequenas cabeças

Ensopa-lhes os cabelos

Escorre pelas faces


A degradação humana

Atinge esta civilização

Ela perdeu o senso moral

Demasiado poderosa

Totalmente impiedosa


A monstruosidade

e a cobardia

Não se apagarão:

Estão para sempre

por cima das cabeças

Dos que cometem 

Dos que abençoam

Dos que viram a cara


Haverá cinza suficiente,

Suficiente para enterrar 

A cinza dela própria

Sua autodestruição

Material e simbólica?





ISRAEL/PALESTINA: DECISÃO DO TIJ SOBRE TERRITÓRIOS OCUPADOS




As conclusões seguintes resultaram da minha leitura. Sugiro que efetue a sua própria leitura.

- A decisão do Tribunal Internacional de Justiça é mandatória

- Fica clarificada a natureza criminosa da atuação de Israel, desde 1967, nos Territórios ocupados

- Tem a consequência de mostrar que Israel é um «Estado-pária»

- Os governos ocidentais, ao não reconhecerem esta decisão e ao apoiarem o genocídio da população de Gaza, estão também fora da legalidade

- Os governos europeus estão a reboque dos EUA, na senda da tirania e não do Direito Internacional

- Não se pode esperar que contribuam para a resolução pacífica de conflitos, tanto no Médio-Oriente, como noutros lugares.

- Permanecem do lado da força e não do Direito Internacional

- Os governos ocidentais permitiram e apoiaram a anexação ilegal, por Israel, dos territórios ocupados da Palestina, durante 57 anos:  claramente, atos contrários ao Direito Internacional e que também negavam o Direito Humanitário e as Convenções de Genebra. 

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Relacionado:

Artigo de Patrick Lawrence: «Gaza: Já não podemos continuar silenciosos»


sexta-feira, 26 de julho de 2024

Caminhando sonâmbulos para a EXTINÇÃO NUCLEAR


 Scott Ritter, ex-inspetor no processo de desarmamento entre as duas superpotências de então, a URSS e os EUA, avisa que pode vir a guerra nuclear em 2026, depois de se ter deixado caducar o prazo do último tratado que  suspendia a instalação de mísseis nucleares intermédios, no continente europeu. 

Se estes mísseis intermédios estiverem instalados, o tempo de avaliação do perigo real de um ataque, em vez de 20 minutos, para uma ou outra parte, ficará reduzido a 5 minutos. Isto apenas dá para decidir um ataque preventivo, pela parte supostamente atacada. Um erro de deteção -de um lado, ou de outro- pode muito bem acontecer nestas circunstâncias e desencadear um ataque nuclear, sem que tenha sido decidido pelos responsáveis ao nível político.

Mas, o melhor é ouvir as explicações de Scott Ritter neste vídeo.

quinta-feira, 25 de julho de 2024

A CHINA NÃO ESTÁ A DESPEJAR DÓLARES .


... ESTÁ  A INVESTI-LOS EM APLICAÇÕES QUE NÃO SEJAM DOS EUA

A percepção de que a China estaria a perder parte do valor dos dólares, despejando as suas obrigações soberanas dos EUA, ou «treasuries»,  no mercado, não me parecia muito credível. Com efeito, a venda de treasuries iria ser feita a troco de dólares.  Por outro lado, muitas vezes o valor de mercado duma obrigação é abaixo do seu valor nominal. O que os chineses estão a fazer, em relação às treasuries, é antes deixar que elas cheguem ao fim do prazo, recebendo então o valor respetivo em dólares. Depois não irão investir esses dólares em obrigações ou ativos denominados em dólares. Estes são - de facto - controlados pelos EUA. Muitos autores, no entanto, pensam que a China vende as treasuries no mercado. Pensam que é assim que obtém dólares para comprar ouro. 
Porém, a China não está de-dolarizando, nem despejando euros, de forma direta. Todos os dias recebe muitos milhões, em dólares e em euros, resultantes das suas exportações. Ela está simplesmente desviando o fluxo de dólares (e euros) que recebe, para bancos e aplicações financeiras que não estejam ao alcance das sanções e extorsões dos EUA.
Na prática, está a transferir a custódia dos dólares e ativos denominados em dólares, para bancos chineses que - obviamente - lhes dão garantias. Os bancos ocidentais estão comprometidos com o roubo dos ativos russos. A China não irá deixar que lhe façam o mesmo.
Os EUA transformaram o dólar numa arma de guerra económica. O resultado foi que as autoridades chinesas responsáveis pelas finanças e comércio exterior encontraram uma estratégia para neutralizar tal ameaça. A  resposta tem sido brilhante. 
É por isso (e pelo fracasso das sanções e tarifas) que os neocons estão desesperados por lançar os EUA e seus aliados em novas aventuras bélicas contra a China.

Oiça a explicação pormenorizada no vídeo: ficará mais informado e compreenderá como se desenrola o processo, na realidade.


quarta-feira, 24 de julho de 2024

CELEBRANDO A LUZ ETERNA E DIVINA COM HAENDEL

 

                                 https://www.youtube.com/watch?v=RNj0lI7j6pE

Esta Ária* faz parte da Ode HWV 74 composta por Haendel, provavelmente em Janeiro de 1713. Ela foi composta e executada para celebrar o aniversário da Rainha Anne (a última monarca da Casa de Stuart).
Desde então, esta ária tem sido aproveitada para enquadramento musical solene na corte real, nomeadamente, em casamentos de príncipes e princesas. É muito célebre e frequentemente executada. Não será por isso que tem menos valor, nem que deixa de merecer cuidadosa audição e análise.

Esta cantata celebra o aniversário da Rainha Ana mas - igualmente - o tratado de paz de Utrecht (negociado pelo ministro Tory da Rainha, em 1712) pondo fim à Guerra de Sucessão de Espanha.
Diz-se que a Rainha Ana não se interessou demasiado pela obra de Haendel. No entanto, concedeu-lhe uma «tença» (ou subsídio para a vida inteira) de duzentas libras.
O título da ária é "Eternal source of light divine" («fonte eterna da luz divina»). A ária, com solo de trompete e cordas em apoio, tem a seguinte letra:

«Eternal source of light divine
With double warmth thy beams display
And with distinguish'd glory shine
To add a lustre to this day.»

(Texto integral da Ode, de Ambrose Philips, em: https://en.wikipedia.org/wiki/Ode_for_the_Birthday_of_Queen_Anne )

Do ponto de vista musical, destaca-se a preferência por notas longas, sustentadas pela trompete, o que lhe dá a solenidade perfeitamente adequada ao texto.
Haendel mostra aqui, como noutras obras, o seu grande domínio em moldar a matéria-prima sonora, em especial, a voz**. Se houvesse que "apresentar prova" de que Haendel era um génio de primeira grandeza, esta seria uma das peças que eu escolheria para esse fim.

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*) Músicos nesta gravação:
Kathrin Hottiger | soprano – https://kathrinhottiger.ch Dominic Wunderli | baroque trumpet – https://dominicwunderli.jimdofree.com Jonathan Pesek | violoncello –   / jonathan-pes.  . Frédéric Champion | organ – http://www.fredericchampion.com This recording was made by Leonart Studio on the 7th of Mai 2021 in the church of Männedorf, Switzerland. – https://leonart.org/

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**) Listagem de algumas obras de Haendel reproduzidas neste blog:





terça-feira, 23 de julho de 2024

O FÓRUM ECONÓMICO MUNDIAL (WEF) APODERA-SE DE GOBEKLI TEPE!

Gobekli Tepe já era «escândalo» desde o início das escavações, nos anos 90 do século passado: Porque se tratava de arquitetura monumental, datada entre 13.600 e 12.000 anos atrás, quando, segundo a arqueologia oficial, as sociedades eram de caçadores-recolectores e suas culturas da Idade da pedra polida. Não havia - segundo eles - lugar, nessa época, para templos com arquiteturas que implicavam muitos trabalhadores e importantes recursos, canalizados para a feitura desses monumentos de pedra. Igualmente, parecia-lhes impossível a produção das esculturas, dos altos e baixos-relevos nos pilares antropomórficos em forma de T.

Gobekli Tepe foi a surpresa que obrigou a reformular o passado longínquo, a reescrever os tratados sobre o Neolítico (Idade da pedra polida); foi o ruir de preconceitos sobre as sociedades de caçadores-recolectores, seu grau de sofisticação, seu sentido estético e arquitetónico, associado a um complexo sistema de crenças religiosas.
Aquele vasto conjunto de monumentos do nosso passado comum, deveria ser preservado com o máximo cuidado. As zonas ainda não escavadas deveriam ser muito bem preservadas. Sabe-se, através de estudos de radiometria do subsolo, que enormes áreas junto das escavações encerram tesouros de pedra, semelhantes aos que já estão expostos.
Mas, não! Os multimilionários do Fórum Económico Mundial de Davos decidiram que «Gobekli Tepe deveria ficar reservado para escavação pelas gerações futuras» (sic!).
Quem são eles para ditar o que a Humanidade e a Arqueologia devem, ou não, saber? Que conhecimentos arqueológicos possuem? Porque são eles a decidir sobre quando e como efetuar as escavações?
Além disso, o desfigurar deste conjunto arqueológico único, é um crime contra todos nós, pois Gobekli Tepe está classificado como Património Mundial.
Conjugada com a arrogância dos muito ricos, a corrupção existiu, sem dúvida, num certo número de responsáveis estatais e académicos. Eles deveriam ter dado prioridade às escavações e à integridade do local.
Vejam o que eles fizeram, no vídeo seguinte:



 

PS1: Gobekli Tepe, com cerca de 12000 anos, tem inscrito na pedra o mais antigo calendário lunar/solar conhecido. Graças a ele, e a figuras inscritas na pedra, foi possível situar no tempo a terrível catástrofe astronómica que durou 27 dias e que desencadeou um duríssimo arrefecimento do clima. Veja os pormenores em : 

segunda-feira, 22 de julho de 2024

MARCHAS MILITARES & TATTOOS (Segundas-f. musicais N. 10)

                            https://www.youtube.com/watch?v=LE8koZD-3pM


 A marcha das moças de Helsingor (Dinamarca) é cativante. Tem a perfeição dum mecanismo bem oleado e, em simultâneo, a graça feminina e jovem, de que é composta.

Porém, não sou apreciador da música militar, que se destina a pôr toda a gente a marchar e a marcar passo, ao ritmo dos tambores e das cornetas. Prefiro canções irónicas, como «Cachorro Vira-Lata» de Carmen Miranda, ou «Caporal Casse-Pompon» de Jacques Brel.

Podemos ouvir - neste vídeo - uma rapsódia de várias marchas militares. As melodias são bem distintas; por vezes, no intervalo entre as peças, ouve-se o rolar dos tambores. 

Compreendo que este espetáculo encha de orgulho pessoas dos países de origem das bandas musicais. As evoluções da banda no estádio, quanto melhor coordenadas forem, mais impressionantes serão. Por isso, a coreografia foi cuidadosamente escolhida, em função das músicas.

Enquanto se trata apenas de fazer evoluir  a banda num estádio, mostrando impecável coordenação dos seus movimentos com os ritmos musicais, tudo pode parecer inócuo, inocente

Porém, as coisas não se ficam por aqui. Trata-se de public relations (PR) junto do povo a que pertence a banda e junto de outros povos, também. A perfeição da execução, tanto musical como coreográfica, destina-se a inspirar admiração e apoio à instituição militar.

O que está tão bem coordenado no "Tattoo", também o será, aquando de manobras militares a sério. É um raciocínio ilógico, mas funciona ao nível subliminar. É a mensagem implícita dos Tattoos e marchas militares, em todas as nações. 

Antigamente, as bandas militares acompanhavam os regimentos até ao campo de batalha, a pouca distância do inimigo. 
Hoje não é assim, claro, mas suas atuações continuam a infundir sentimentos patrióticos.
Neste século, em que a guerra se tornou num mero negócio de chacina, sobretudo de populações civis indefesas, em que a ameaça de guerra nuclear paira sobre todas as cabeças, ainda há público entusiasta nestas manifestações de militarismo. Muitas pessoas reagem de modo infantil perante estas exibições: Com as marchas e paradas militares, ficam empolgadas, querem logo seguir a banda e o cortejo militar atrás dela!