segunda-feira, 21 de março de 2022

PREVISÕES ECONÓMICAS PARA O FUTURO PRÓXIMO

   



Com o cenário de crise internacional agravado pelo conflito militar Rússia-Ucrânia, as sanções têm sido o instrumento de guerra económica escolhido pelos ocidentais para punir a Rússia. Estas sanções têm a ver com aspetos financeiros e aspetos económico/comerciais.

VERTENTE FINANCEIRA

No aspeto financeiro, sobressaiem a expulsão de muitos bancos russos do sistema de pagamentos internacionais SWIFT, e o congelar das contas em divisas e do ouro, do banco central russo, que estavam -em parte - depositados em bancos dos países ocidentais.  

Quanto ao SWIFT, os russos estavam preparados para isso, desde há bastante tempo, tendo construído a sua alternativa interna de pagamentos interbancários, «MIR». Também muito antes desta crise, já havia em muitos bancos russos a conexão com o sistema chinês UNIONPAY que fornece serviço equivalente ao MASTERCARD e outros cartões de crédito ocidentais. Já havia muitos cidadãos russos que usavam este cartão de crédito chinês. De agora em diante, serão oferecidos sistematicamente aos clientes dos bancos russos cartões de crédito com ligação ao Unionpay. 

Graças às medidas tomadas pelo governo e pela banca, não houve nenhuma corrida aos depósitos, por parte do público. Houve até um ligeiro aumento dos depósitos. Como é que conseguiram isso? 

- Primeiro, deixou de haver possibilidade de levantamento em divisas estrangeiras, o que tinha sido possível até há bem pouco tempo. Muitos russos acumularam dólares e outras divisas ocidentais. Mas agora, devido aos controlos de capitais é difícil, senão impossível exportar divisas para fora da Rússia. 

As divisas estrangeiras são agora meio exclusivo de compra de ouro, prata, platina e palladium, que os bancos comerciais começaram agora a comercializar. Com esta decisão original, o governo russo evita fuga de divisas estrangeiras, a sua acumulação em mãos privadas e, simultaneamente está a favorecer os cidadãos. Os metais preciosos têm vindo a valorizar-se muito. 

Com todas as medidas de emergência tomadas, o rublo não sofreu o colapso que os falcões dos EUA/NATO esperavam. 

O roubo (não há outra maneira de chamar isto) ocidental das reservas do banco central russo (incluindo o ouro) que se encontravam no estrangeiro, foi algo inesperado e inédito para a Rússia. Lembro que, em períodos de grande tensão internacional, no passado, continuou a haver uma certa «imunidade diplomática» dos bancos centrais, mesmo entre países beligerantes. Esta ação criminosa poderá representar uma perda importante (30-40%) das reservas russas no estrangeiro.

 Mas, tem um efeito de longo prazo grave, pois afeta a confiança que países terceiros - países neutrais ou pró-russos, incluindo a Índia, a China, etc - poderão ter (ou deixar de ter) nas instituições bancárias do Ocidente. Os países não ocidentais registaram esta medida. Aliás, ela segue-se a «tomadas de posse» de ativos do Irão, da Venezuela, e recentemente, do Afeganistão. 

A confiança nas instituições ocidentais está definitivamente abalada. Nenhum país está ao abrigo duma tomada de ativos pelos ocidentais, se esses ativos não estiverem, estritamente, depositados nos bancos centrais respetivos. Note-se, esses ativos não são pertença de governos ou órgãos políticos: As reservas dos bancos centrais pertencem aos povos, às nações. Isto vai acelerar a desdolarização.


VERTENTE ECONÓMICA

No plano económico, o fluxo do gás russo mantém-se porque existe uma vontade política clara dos russos, de não dar pretexto a que considerem que há uma falta contratual, da parte deles. Isto vai ao ponto de - apesar do boicote e dificuldade de movimentação financeira - os russos, através de um banco americano, terem pago no passado dia 18 de Março, os juros de obrigações de Estado russas, perante a surpresa dos observadores financeiros no Ocidente. Todos pensavam que a Rússia iria fazer «default».

Gás e Combustíveis

No entanto, os contratos de fornecimento de gás e de petróleo irão caducar, alguns deles já no final de 2022. Não serão, com certeza, renovados. A quebra não é pequena, entre a Europa ocidental e a Rússia. 

Para a Europa (UE), não haverá realmente um fornecimento alternativo de gás natural. A hipótese de navios-tanques de gás liquefeito dos EUA virem abastecer a Europa pode ser excluída. É inviável, no curto prazo. Isto, porque o número de navios com estas características é muito pequeno e estão fretados para outros clientes, noutras partes do Globo. No total, o número de navios-tanque disponíveis para fornecer no imediato o mercado europeu é claramente insuficiente para as necessidades. 

Será que a Europa vai continuar a apostar num «unicórnio»? Será que julgam que as energias «renováveis» são a grande salvação? Atualmente, abastecem, uns poucos por cento das necessidades energéticas totais da Europa. Irão as energias solar e eólica sustituir (num ano? por magia?) a energia do gás natural? Dizem que as reservas atuais de gás natural não se extendem para além de Junho deste ano. Para lá disso, é a incerteza total. Poderão reabrir centrais nucleares ou centrais a carvão. Mesmo isso, não será instantâneo. Reabrir centrais a carvão, bastante poluidoras, será um recuo das políticas ditas de «descarbonização», levadas a cabo por todos os governos europeus.  Reabrir as centrais nucleares será sempre um risco, pois muitas delas estavam próximas do termo do seu «tempo de vida»... Poderá custar o governo ao chanceler Scholz na Alemanha e fazer cair governos doutros países. 

Matérias-primas industriais

Quanto a matérias-primas industriais diversas, nomeadamente os metais industriais em que a Rússia é líder, ou detém grande fatia das exportações globais, pode-se esperar um efeito ainda mais grave. Enquanto a substituição de uma fonte energética por outra, é possível, como fonte de produção de energia elétrica, já o mesmo não se passa ao nível dos metais. O Titânio, por exemplo, não pode ser substituído, nem o Níquel, nem as chamadas «terras raras». As produções industriais vão ficar muito mais caras: Os ocidentais terão de obter em sítios «exóticos» esses mesmos metais, cujo preço já disparou e ainda vai subir muito mais. 

Reorientação das exportações russas

Note-se que a China não irá ficar carente, nem de combustível russo, nem de metais, ou de outras matérias-primas. Ela terá capacidade de absorver grande parte das exportações, que agora são embargadas pelo Ocidente. A China poderá fornecer uma parte dos produtos industriais que a Rússia comprava aos países ocidentais, substituindo-se assim como um parceiro fiável e com estreitos laços de amizade. 

Cereais de exportação

O mesmo se passa em relação aos produtos agrícolas. Os russos, com os bielorussos asseguravam - antes da invasão da Ucrânia - cerca de um terço do trigo colocado no mercado mundial. A Ucrânia, que era outro país com excedente em cereais, terá de os importar, neste ano. Mas a Rússia continuará a fornecer os países não-ocidentais em trigo e outros cereais. Os europeus ocidentais, pelo contrário, não apenas não poderão comprar cereais, como não terão adubos em quantidade suficiente, pois muitos vêm da Rússia.


Situação da Europa

No Ocidente, em particular na Europa, a inflação disparou quando os bancos centrais começaram a emitir divisas (dollar, euro, pound...) sem parar, com o pretexto do COVID, mas realmente devido à incapacidade dos vários países conseguirem controlar suas dívidas soberanas (a dívida soberana da França, por exemplo, é já maior que a da Grécia). As tensões no abastecimento e as ruturas nas cadeias logísticas que se registam neste ano e no ano passado, antecederam a guerra russo-ucraniana. Agora, com o aumento do preço dos combustíveis, a escassez de matérias-primas, a dificuldade em obter materiais estratégicos, somam-se à deficiência industrial, herdada dos últimos 30 anos de deslocalizações (um «benefício» do neo-liberalismo globalista). A Europa ocidental vai pagar o preço económico mais pesado, devido ao estado de guerra total. Além de estar junto do palco da guerra localizada, com o seu cortejo de mortes, destruição e refugiados, vai ficar cortada de fontes de abastecimento em energia e matérias-primas. É possível que não consiga obter quantidade suficiente para suprir as necessidades básicas quer da população, quer da sua indústria. 

Situação previsível para os não diretamente implicados

1) Os EUA incitaram a que a NATO tomasse uma posição intransigente, para provocar a decisão russa. Lembro que Putin vinha avisando que havia «linhas vermelhas» a não ultrapassar, e isto, desde a célebre conferência sobre Segurança de Munique de 2007. Repetiu o aviso muitas vezes, desde então. Mas não foi tomado a sério. Nesta guerra, quem tem os custos principais - do lado ocidental - são justamente os Estados europeus da NATO. Os EUA têm a vantagem estratégica de criarem uma rutura profunda entre a Rússia e o ocidente europeu, o que significa, para eles EUA, manter e reforçar a situação de dependência dos seus parceiros (vassalos) da NATO.

2) Os europeus não ganham nada com a situação, pois terão que sofrer o «ricochete» das sanções, que irá dizimar, ainda mais, a sua capacidade industrial. A Europa não está preparada para ser auto-suficiente; ela abriu-se demasiado à globalização capitalista, às importações provenientes da China e doutros países asiáticos, desde os produtos de «baixa gama» (confeções, por exemplo), aos produtos sofisticados (por exemplo, computadores, smartphones).

3) Os chineses, como já tinha apontado noutros artigos, são os grandes beneficiários da situação. Primeiro, porque se tornaram vitais para a economia da Rússia. Também, consolidam sua aliança estratégica com a Rússia. Conseguem garantir os fornecimentos através de contratos de importação de energia, de matérias-primas e de produtos agrícolas. Vão reforçar as suas exportações industriais para a Rússia. O mercado russo-chinês, vai ser «oleado» por um mecanismo comum de pagamento, já existente, a nota de crédito em Yuan. Esta obrigação comercial de curto prazo, é remível em ouro, na bolsa de metais de Xangai. O sistema em vigor servirá como modelo para as relações comerciais destes dois gigantes com outros países, na Ásia Central, em África e na América Latina.

Nota: Aqui, neste texto, não referi diretamente o aspeto militar-estratégico, nem outros. Sei que estão imbricados aos aspetos comerciais, económicos e financeiros. Mas, quis manter este artigo facilmente legível. Fica para outra ocasião, a análise militar e geoestratégica. 

PS1: Decreto de Putin estabelecendo que os Estados hostis deverão a partir de agora usar rublos para pagar o petróleo e o gás que compram à Rússia. Isto é uma mudança qualitativa. Veja AQUI.

PS2: Alex Christoforu explica o alcance do decreto de Putin, obrigando países «não amigos» terão de usar rublos, para comprar as exportações russas (gás, petróleo, metais, cereais, etc)

GEORGES BRASSENS - JE ME SUIS FAIT TOUT PETIT







Les 25 Chansons
                                                             
01 Je me suis fais tout petit
02 Les Trompettes De La Renommée 03 Brave Margot 04 La Mauvaise réputation 05 Le parapluie 06 Le petit Cheval 07 Le Gorille 08 J'ai rendez-vous avec vous 09 Les amoureux des bancs publics 10 Pauvre Martin 11 Il n'y a pas d'amour heureux 12 Auprès de mon Arbre 13 Le Pornographe 14 Le vieux Léon 15 Marquise 16 Les copains d'abord 17 Les sabots D'Hélène 18 Chanson pour l'auvergnat 19 La Prière 20 Gastibelza 21 La mauvais herbe 22 Une jolie fleur 23 Je suis un voyou 24 Putain de toi  
25 Le testament  

domingo, 20 de março de 2022

CRÓNICA (nº3) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - FACTOS E VISÕES QUE A MEDIA MAINSTREAM ESCONDE

         

Sucedem-se os factos, não apenas factos militares, como diplomáticos, económicos, societais... A Ucrânia é apenas um dos cenários da guerra global. O palco deste drama trágico é a Terra inteira. O que se passa num sítio, tem consequências globais. É estranho e paradoxal que as pessoas não vejam isto.
Uma das lições mais evidentes da 3ª Guerra Mundial, é que as sanções económicas já não funcionam, como dantes. O imperialismo usou e abusou impunemente deste instrumento de coerção sobre países de economia frágil. Agora, perante a Rússia, aliada à China e outros países, os EUA e seus aliados da NATO (que impuseram sanções duríssimas contra a Rússia) estão a sofrer múltiplos efeitos do tipo «boomerang» nas suas economias. 
No plano monetário, o dólar está fragilizado, correndo o risco de deixar de ser - a curto prazo - a moeda de reserva mundial. Na produção industrial, as cadeias de produção foram quebradas, por ruturas do abastecimento em matérias-primas, combustíveis e diversas componentes, como microprocessadores - «microchips». 
O precipitar da espiral hiperinflacionária e a profunda depressão industrial no Ocidente, são consequências demasiado previsíveis das sanções impostas contra a Rússia. A oligarquia globalista que nos governa sabe-o perfeitamente. Mas, o colapso ou destruição controlada da economia ocidental, vai permitir as transformações, que ela (elite globalista) deseja: Por outras palavras, o seu Reset.

Acima, localizações e trajetos dos componentes para fazer um computador portátil. 

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Gonzalo Lira é um chileno que vive na Ucrânia (Kharkov), agora. Ele tem a sua visão própria, que é mais autêntica que a dos correspondentes da media mainstream. Estes, estão sempre a enviar notícias que sabem serem falsas e favoráveis a um dos lados apenas, espessando o «nevoeiro da guerra» intencionalmente, de tal modo que o público ocidental fica «lobotomizado». Porque, sendo a  censura atual um facto no Ocidente, poucos se apercebem disso e poucos têm oportunidade de ouvir vozes não censuradas.

Gonzalo Lira, no vídeo seguinte:


Prof. universitário de economia nos EUA, Richard Wolff tem uma consistente posição anti-capitalista e anti-imperialista, na tradição do marxismo não dogmático. Pode-se ter posições diversas das de Richard Wolff, mas não se pode negar a profundidade das suas análises. Nesta entrevista, ele descreve o efeito da guerra de sanções sobre a  economia mundial.


O Prof. Crispin Miller, é prof. de psicologia na Universidade de Nova Iorque. 

Neste vídeo com Mel K no seu canal no BITCHUTE a propaganda é dissecada, quer em relação à guerra na Ucrânia, quer a que tem sido produzida nestes dois anos de COVID. A relação entre ambas é tornada evidente na lúcida análise de Marck Crispin Miller. Veja a entrevista clicando no link abaixo:

TRUTH WARRIOR NYU PROFESSOR MARK CRISPIN MILLER ON THE PROPAGANDA AGENDA 3-18-22



Doug Macgregor, coronel do exército americano na reforma, explica o que se passa no terreno. Fala também dos desafios no longo prazo, de um modo que os bobos da corte não se atreveriam a falar:

[25/03/2022] A Rússia obteve provas de que uma fundação administrada pelo filho do presidente americano, Hunter Biden, financiava os laboratórios secretos de armas biológicas, descobertos em solo ucraniano.


Finalmente, Tom Luongo fala numa entrevista, sobre o movimento tectónico do continente euroasiático, com a aproximação das «duas placas tectónicas» da China e da Rússia e doutras, nomeadamente o Irão e outros países da Ásia Central. Está a formar-se um novo bloco. Este bloco é estruturalmente contrário à NATO, ao «Great Reset» de Klaus Schwab e de seus epígonos, à elite globalista ocidental.

Tom Luongo:


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CRÓNICA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - MÚLTIPLOS TIROS NO PÉ

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial.html

CRÓNICA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - Hipocrisias... que nos podem matar

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_13.html



sábado, 19 de março de 2022

CITAÇÕES DE GEORGE ORWELL





Eis a «comunidade internacional» de que eles constantemente falam. Ao ver este «novo Mapa-Mundi», achei que tinha grande semelhança com a «Oceânia» do romance «1984», escrito há quase 80 anos por Orwell:
 


Entretanto, George Orwell, de forma bastante surpreendente, voltou e lê a crónica de 2022:


quinta-feira, 17 de março de 2022

NÃO HÁ NADA MAIS REVOLUCIONÁRIO QUE A VERDADE


 
O meu pensamento, as minhas palavras neste blog, podem dar a sensação de que tenho  elevado grau de apetência pela política e pela economia, em geral. Nada mais longe da realidade, porém. O meu interesse por ambos assuntos, é norteado por algo, que não tem a ver com o «gosto», mas com a «necessidade». Por outro lado, procuro não interferir, neste campo, com os outros: Não desejo persuadi-los, nem convencê-los, nem tão-pouco opinar sobre suas opções políticas. Que estúpido seria eu, de me colocar como mentor político - ou «anti-político» - dos outros! Dito isto, considero ter razões para acompanhar a política e a economia; essas razões não são difíceis de perceber. Explico-me:

- Se te cai em cima algo imprevisível - algo que não poderias imaginar, ou cuja probabilidade era ínfima - não tenho dúvidas de que tiveste pouca sorte. Mereces a minha simpatia, porque dessa desgraça, pouco ou nada podias antever. 

- Mas, se o que te cai em cima da cabeça é consequência de uma cadeia de acontecimentos previsíveis, rastreáveis? Estavas completamente distraído, estavas indiferente, julgavas que não te podia acontecer nada, que as coisas más só ocorrem aos outros... Não digo que merecesses o mal, mas que foste imprevidente, foste leviano/a, não soubeste prevenir-te. Tanto a tua pessoa, como a tua família ficaram carenciadas da segurança essencial, também no plano material, para que a vida não seja um rol de desgraças. 

É somente - ao fim e ao cabo - a motivação da auto-proteção (e da minha família) que me impele a interessar-me pela política e pela economia. 

Se ninguém é apolítico - e isto é uma verdade insofismável - reduzir tudo à política, é como reduzir a visão do Mundo a «preto e branco». Mesmo que se incluam todos os tons de cinzento, a visão do Mundo fica, ainda assim, drasticamente diminuída. Algo essencial - as cores - não é captado. 

Nas minhas finanças pessoais, sigo alguns princípios. Se não se deve fazer do «amor ao dinheiro» o objetivo central da vida - pois isso equivaleria a nos tornarmos escravos do dinheiro - também devemos perceber que é razoável gerir nosso património com prudência, da forma adequada para maximizar a segurança de nós próprios e de nossa família e de minimizar a probabilidade de cairmos numa situação penosa, como ficar em dívida, na dependência em relação aos outros, sejam estes particulares, instituições, ou o Estado. Não jogar nunca no «casino»!

Tenho uma atitude geral semelhante em relação à saúde. Prevenção é melhor que remédio. Isto significa que evito fragilizar o meu ser biológico por comportamentos inadequados. Eu sei que o meu corpo é bastante frágil. Não vou torná-lo ainda mais frágil. Proponho - não imponho - o mesmo padrão de prevenção aos outros, à família, em particular. Não sou dos que tem uma relação narcísica ao corpo, mas também não sou dos que vêem o corpo só como «coisa onde a alma habita». Não; o meu ser é corpo e espírito, unidos. Quando morrer separam-se. 

Se nós todos temos medo de morrer, se isso está ancorado profundamente no nosso inconsciente, por que razão há tantas pessoas que agem de modo suicidário? Neste texto, não irei desenvolver a questão. Basta-me dizer que não podemos viver plenamente, sem amar os outros (amor e altruísmo são a mesma coisa, no meu vocabulário) e que para amarmos os outros, temos de nos amar a nós próprios. Basta pensar nas enormes angústias, que dá aos familiares e amigos, aquele que não cuida da sua vida, que a destroí, que esbanja e dissipa tudo, que está sempre metido em complicações. Essa pessoa, não apenas é infeliz, mas está a impossibilitar, ou dificultar, que outras sejam felizes. A responsabilidade por nós próprios, pelo modo como conduzimos a nossa vida, é uma questão de ética, além de ser uma atitude natural e inteligente.

Se eu desejasse o poder, saberia como me insinuar em determinados círculos, como representar meu papel para ser aceite pelos outros, para ter uma carreira política. Para mim, teria sido muito fácil, se eu tivesse desejado isso. Mas, qualquer coisa me impeliu a não entrar em jogos de poder: Compreendi que tal não era para mim. Não por falta de compreensão, ou falta de capacidade em representar no teatro político. O espetáculo tinha algo de repelente, não via nele qualquer elevação. Com efeito, subir a escada para, do alto desta, mandar nos outros, subjugá-los, iludi-los? Para negar pelas ações, as minhas promessas e declarações de fé? Isso pareceu-me algo tão abjeto, apenas sociopatas conseguiriam desempenhar-se bem nesse papel. Pois via que aqueles outros, motivados por sentimentos nobres, eram instrumentalizados pelos cínicos, pelos sociopatas

O sistema político real é homólogo à versão mais simplista, distorcida, ideologizada do darwinismo social. Pelo contrário, o darwinismo de Darwin, dá muita ênfase à cooperação dentro da mesma espécie. Por exemplo, na mesma espécie há uma competição mitigada, ou seja, existem mecanismos pelos quais o vencedor fica inibido de liquidar o vencido, o que tem um coeficiente positivo de sobrevivência para o grupo e para a população. Não culpemos Darwin, nem os cientistas honestos, da monstruosidade que construíram os apologistas do «neo-liberalismo», ou capitalismo desabrido e impiedoso, escondendo-se por detrás do nome do prestigiado cientista!

Eu tenho uma paixão - que dura a vida inteira - pela biologia, em particular, pelos mecanismos da evolução biológica, mas isso não significa que vá transpor as realidades de um plano, para outro. Vejo, com preocupação, que a biologização do discurso, é uma atualização da deturpação e travestimento do pensamento de Darwin. Isso ocorreu desde os finais do século XIX, até hoje.  Quando veem à baila expressões, como «seleção natural», ou «está no seu ADN», estas não têm qualquer valor genuíno. São expressões de ignorantes, que tentam convencer outros ignorantes. Usam termos sem critério, nem adequação. Os cientistas verdadeiros não são compreendidos nesta sociedade; não são sequer escutados, no meio da algazarra mediática que nos cerca, como na crise do COVID.

A política é sempre totalitária, na sua essência. Isto significa que os políticos se apropriam da totalidade dos domínios da vida: Apropriam-se dos vários ramos da ciência; de tudo o que é produtivo, na sociedade; das nossas mentes, das nossas vontades. O meu repúdio da política tem a ver com isso. Não é devido a indiferença em relação ao que se passa na sociedade; não se pode confundir com egoísmo disfarçado. 

Revolta-me que o povo, em geral, seja despojado do direito natural de «gerir a polis», o significado etimológico de política. Como é que os políticos fazem isto? Eu tento compreender como é que as pessoas se tornam «servas voluntárias», como é que aceitam ser remetidas a uma situação de irresponsabilidade, de infantilização. Compreender estes fenómenos, é do domínio da psicologia social. Mas, de facto, todos deveríamos nos debruçar sobre o assunto. Acredito que as pessoas que me lêem, se preocupam com isso. 

Parafraseando Orwell:

« Não há nada mais revolucionário que a verdade.»

                                                        «Alegoria da Verdade» por Edouard Debat-Ponsan. 

                  Ele ofereceu este quadro a Emile Zola, em apoio ao seu combate em defesa de Dreyfus.

DECIDI COMPRAR UM POLÍTICO!! [MonaLisa Twins]




                  https://www.youtube.com/watch?v=_QAKz_cxTlQ


I bought myself a politician Cause I have never said I’d play it fair They’re currently on sale Just picked them up from Yale They're even cheaper if you take a pair And on a whim I also bought the opposition It’s better to be safe, you never know And then for even less I also bought the press To wrap it up and I was good to go Who would have thought that no one dared to stop me on my joyride (Oh what a joyride) Who would have thought that I could bring the whole world to its knees And now the time has come to buy my way into the limelight (Just got the time right) As universal scientist and generous philanthropist, my shopping list confirms my expertise I bought myself a politician Cause I have never said I’ll play it fair If they’re not on sale I pick them up from jail It doesn’t hurt to have a few to spare Who would have thought that no one dared to stop me on my joyride (Oh what a joyride) Who would have thought that I could bring the whole world to its knees And now the time has come to buy my way into the limelight (So I can shine bright) As universal scientist and generous philanthropist, my shopping list confirms my expertise If you look closely you can see I’m on a mission There’s something that I really wanna do I’m promising you health I’ll save you from yourself That’s how I’m gonna try To get you to comply Might even have to lie so that you will let me buy you too

Esta paródia do mundo da política e da sociedade, em geral, é somente um pouco exagerada. Elas divertem-me! Espero que a si também porque, além da sátira, são reais talentos. 

 Abaixo, 3 clips, com versões de canções de  The Beatles 



 






quarta-feira, 16 de março de 2022

QUEDA DA TAXA GERAL DE RENTABILIDADE DO CAPITAL; REALIDADE OU MITO?



Muitas pessoas têm uma pobre educação em ciência e estimam que as doutrinas marxistas se baseiam «na ciência». Ou até, acreditam que o marxismo é a «única interpretação verdadeira» da realidade social, económica e histórica. 
Sem dúvida, este complexo mental durou muito tempo, na Europa pelo menos, desde a fase do triunfo da revolução bolchevique, até aos tardios revolucionarismos marxizantes, com conotação "esquerdista": Trotskismo, Maoismo, Guevarismo,  Escola de Fanckfurt, Situacionismo, etc. 
Todas estas correntes têm algo do marxismo inicial, mas estranhamente, como aliás já tinha feito notar, enganam-se mesmo na essência do marxismo. Para se ser marxista hoje, seria antes de guardar o método, a metodologia, o primado da prática, não a fixação em dogmas. Esta fixação dogmática, auto-iludida é (ou foi) comum em regimes oficialmente «comunistas», como na URSS ou na República Popular da China e nos partidos e correntes comunistas, na sua confusão de «internacionais».

Primeiro, é preciso compreender o contexto geral em que Marx e seus seguidores produziram e difundiram suas doutrinas. Deve ter-se em conta os aspectos panfletários desses escritos, que não estão ausentes, mesmo e sobretudo, em textos de «polémica teórica». Mas, todas as discussões, com adeptos ou opositores, banhavam num mesmo paradigma, ou mentalidade predominante. Este contexto mental e ideológico, na época dos fundadores do marxismo, pode resumir-se numa palavra: «cientismo». 
O cientismo apropria-se dalguns resultados ou conceitos das ciências, para concatenar uma ideologia, supostamente «objetiva». Com isso, pretendem os polemistas «varrer» quaisquer objeções, invocando a «infalibilidade da ciência» (1).  
O cientismo, não é sinónimo de se ter em elevada estima a ciência e de querer estar o mais perto possível dos avanços práticos e teóricos das diversas ciências. Não; o cientismo é uma ideologia. Utiliza elementos da ciência (a sua embalagem, sobretudo) para fazer passar uma dada visão do mundo.
Entenda-se que eu NÃO digo que o marxismo, na sua análise do capitalismo, seja uma teoria completamente inútil, das que se pode «deitar para o caixote de lixo» ou, para «guardar na estante das obras que apenas conservam interesse para a história das ideias»! 
Mas, para tal, será necessário nos debruçarmos sobre a teoria marxista, contextualizando o seu teor às condições sociais e históricas em que surgiu, coisa que não irei fazer aqui, obviamente (2).

Apenas quero dirigir a minha atenção para um ponto, que aparece sempre, como se fosse uma verdade inapelável, uma «lei» das sociedades, da economia, da história. Estamos perante um fenómeno de assimilação acrítica, de «cientismo marxista». 
Com efeito, dificilmente nas fileiras marxistas se vê algum questionar do estatuto filosófico da «lei». Sobretudo do modo como é transposto das ciências físicas e naturais (Física, Química, Biologia...) para as ciências humanas: Economia, Sociologia, Psicologia, História. 
Este mecanicismo, aliás, fica completamente posto a descoberto com a constatação de que os conceitos supostamente científicos nunca são formulados de modo a que possam ser postos à prova da experiência («falsificáveis», segundo a terminologia de Carl Popper): 
Isso não é feito, pela simples razão de que não se trata de formular uma hipótese científica,  algo que é perfeitamente aceite no domínio da ciência, mas antes de impor uma afirmação dogmática que coloca o marxismo no mesmo plano que uma religião.

A questão da «lei» da taxa de lucro geral decrescente (3) do capitalismo é um absurdo, pois não existe qualquer maneira de medir propriamente essa taxa geral. 
Nós podemos avaliar a rentabilidade do capital num determinado projeto; podemos - fazendo extrapolações e inferências - alargar este conceito à rentabilidade geral num setor produtivo, mas será absurdo estar a calcular, por exemplo, a rentabilidade do capital investido em todos os setores e em diversos momentos históricos, num país ou em vários países.
Porque querer atribuir uma rendibilidade geral ao capital, que tem imensas vertentes (capital financeiro, capital fundiário, capital industrial, etc.), não faz sentido.  É como pretender decidir sobre o «gosto da fruta, em geral», juntando o sabor do ananás, da laranja, da pêra, do alperce, da uva, etc!
Aliás, se um capitalista deseja máxima rentabilidade para o capital investido, isso não significa que ele não seja capaz de diferenciar seus investimentos, em prazos mais largos, ou mais curtos. A lógica dum investimento no setor imobiliário, não é igual à dum investimento na bolsa de ações. Ora, não só a duração, como as rentabilidades típicas para estas 2 categorias, são muito diferentes.

A questão de se saber qual a rentabilidade geral do capital investido, quando olhada de perto, coloca imensos problemas, a começar por se determinar se o próprio conceito faz sentido. Só fará, caso se possa medir tal rentabilidade com critérios minimamente aceitáveis (consensuais). Aliás, no mundo real há imensos problemas que não são solucionáveis com generalizações. A complexidade do real é algo que não entra na cabeça de pessoas dogmáticas. 

Mas, as palavras pomposas dão a aparência de «explicação científica» a muitos ingénuos. Esta pseudo-explicação da "queda da taxa geral do rendimento do capital ao longo do tempo", é simplesmente um mito. Tanto mais que o capitalismo soube transformar-se e operar em domínios de atividade que ontém - já para não falar de há dois séculos atrás - não eram sequer conhecidos, ou sonhados. 

Admitindo que, geralmente, o propósito do capitalista individual seja o de maximizar a taxa de lucro, a verdade é que muitos capitalistas (e justamente, os maiores) têm a prudência de diversificar e colocar parte dos investimentos em algo, que possa ter um retorno mais baixo, mas que confere segurança. Correntemente, há todo um ramo da matemática e estatística aplicadas (ver as obras de Nassim Taleb, por exemplo) que se dedica a avaliar o risco e a ponderar a hipótese de lucro, com esse risco.  

Outra questão associada ao referido mito, tem a ver com algo que muitos (pseudo?) marxistas parecem não conhecer: Refiro-me ao capital fictício. Se, no tempo de Marx, existia especulação, se alguns se dedicavam a extrair lucros, sem acrescentar algo à esfera produtiva, tratava-se de um fenómeno bastante marginal, ao fim e ao cabo. Estava-se no auge do capitalismo industrial, em que os industriais tinham a mão de cima, dominando as outras esferas do capital e, mesmo, o Estado burguês. 
Defino o conceito de capital fictício, como o capital que resulta da especulação e não tem origem num fenómeno de criação de riqueza verdadeira, sob forma de mercadorias ou de serviços...
Na fase terminal do capitalismo que estamos agora a viver, disparou o enriquecimento por parasitismo (cronyism). Este, é um privilégio dos muito ricos e é levado a cabo com a participação plena das maiores instituições financeiras, os bancos «sistémicos» e «hedge funds» de maiores dimensões (Blackrock, Vanguard, etc.). Tal desvio de capital para vantagem de alguns (muito poucos) observa-se ao nível de monopólios, com as chamadas «rendas de monopólio»(4), mas também ao nível das operações de QE (FED e bancos centrais do Ocidente), com a inundação dos bancos (ditos) sistémicos com biliões e triliões de dólares. Tais somas servem para que estes especulem com toda a panóplia de ativos financeiros, eles próprios, ou emprestem (a baixo juro) às grandes empresas, que fazem a retro-compra das ações, para as fazer subir artificialmente. Estas manobras especulativas vão inflacionar os ativos financeiros (ações, obrigações, derivados), mas não vão acrescentar nada à capacidade produtiva das empresas. Os ativos financeiros descolaram completamente da realidade, deixaram de ter qualquer relação com a rentabilidade e o valor real das empresas e países respectivos. 
Forma-se, assim, um excedente de capital fictício. Este, não apenas se acumula, como vai sendo utilizado para tomar o controlo sobre tudo o que seja «interessante», desde empresas, a terras agrícolas. O capital que, anteriormente, seria canalizado para atividade produtiva fica a acumular-se em atividades especulativas, sem reflexo direto ou indireto na produtividade. Os empreendimentos produtivos ficam menorizados (5), há um défice real de investimento nos setores produtivos. 

A conceção marxista tradicional considerava que o valor concentrado no capital, era uma espécie de «trabalho congelado», fosse ele fundiário, imobiliário, das empresas e fábricas, dos equipamentos, mercadorias... Mas, também, concentrado no capital financeiro, no dinheiro líquido e em todos os ativos financeiros (ações, obrigações, outros títulos). Esta teoria do valor aguentou-se mais ou menos bem, enquanto o capitalismo não atingiu a fase da «financeirização». 
O que aconteceu, com a financeirização, a partir dos anos 80 do século passado, foi o avolumar da predação do capital financeiro sobre todas as outras esferas da vida económica e social. Observando a evolução do PIB nos diversos países, as atividades típicas do sistema bancário e financeiro tomaram a dianteira sobre a parte de formação de riqueza tangível, ou seja, os setores industriais que satisfazem necessidades básicas das pessoas.  
Não admira que o próprio poder político tenha caído refém do capital financeiro omnipotente. Ele criou um mecanismo de auto-reforço, visto que conseguiu levar o governo e restantes órgãos do Estado a produzir legislação benéfica para eles, mega-empresas, a dar-lhes vantagens fiscais, isenções diversas, créditos bonificados, uma fiscalização de atividade quase ausente, etc. 
O capital financeirizado é como o Ugolino que devora os seus próprios filhos.  

Bronze de Jean-Baptiste Carpeaux: Ugolino e seus filhos 


Não seria bom que as pessoas que se auto-intitulam marxistas, se debruçassem sobre a metodologia de análise, sem dogmas? Que os conceitos fossem vistos de modo dinâmico, cuja evolução deve sempre acompanhar de perto a realidade social e económica? 
Não é fácil, embora fosse ideal, aplicar o método científico a áreas do saber que -por natureza- são muito mais difíceis de abranger, pela simples razão de que não podem (ou não devem, por razões éticas e deontológicas) ser sujeitas a experiência científica, delimitada, controlada e avaliada pelo experimentador (Economia, Sociologia, História, Psicologia)

Devemos dedicar-nos a aprofundar aspetos metodológicos e filosóficos do método científico. Lamento que alguns dos que se revestem da etiqueta de revolucionário, estejam bem mais precisados de descer das «nuvens revolucionárias» onde costumam situar os seus debates.
Não tenho nada contra as pessoas que sinceramente querem a revolução, pelo contrário. As que lutam e investem toda a sua energia na transformação do mundo. Se alguém pensa que o escrito acima tem uma centelha de desprezo pelos revolucionários de todas as sensibilidades, peço desculpa. O meu intento é o oposto, é o de clarificar. Porque vejo demasiada confusão mental em pessoas fundamentalmente honestas. Este escrito destina-se a ajudar ver a realidade das coisas. Se as pessoas virem a realidade sem vendas nos olhos,  serão mais capazes de um trabalho eficaz na construção da sociedade onde sejam abolidas a exploração do homem e a depredação da Natureza.    

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(1) Tivemos um ressurgir recente dessa mentalidade, que se revelou com os ataques contra os objetores da narrativa padrão, sobre a epidemia de COVID e sobre a forma adequada de a tratar.
(2) Leitura perfeitamente em linha, note-se, com a teoria marxista genuína (por oposição à «vulgata»)
(3) Entre uma infinidade de artigos que citam a mesma «lei», escolhi este. Ele é um bom artigo, de Colin Todhunter, mas enferma do preconceito aqui tratado: https://off-guardian.org/2021/11/15/saving-capitalism-or-saving-the-planet/
(4) «Rendas de Monopólio» a expressão é do Prof. Michael Hudson; não tem nada que ver com o sentido trivial de «renda de casa».
(5) O capital disponível é desviado para especulação (por exemplo, auto-compra de ações) ou acquisições predadoras sobre empresas concorrentes. Nem num caso, nem no outro, são contribuições para o aumento ou diversificação da produção, ou para a inovação tecnológica. Estes investimentos produtivos são preteridos porque resultam num retorno de investimento mais baixo, ou a mais longo prazo.