sexta-feira, 26 de junho de 2020

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE VII)

                                   

                             [Venezuela: exemplo concreto de hiperinflação]


Ao decidir escrever esta crónica, na continuidade dos temas das anteriores, deparo-me com uma dificuldade maior: Embora esteja a escrever apenas um trimestre depois da última crónica (a parte VI foi escrita em finais de Março de 2020), é um pouco como se fosse 20 anos depois, tão densa e dramática a actualidade tem sido.  Ela tem sido isso, para além da crise sanitária, largamente exagerada e convenientemente prolongada, quer pelos media, quer pelas políticas de «lockdown»
Não irei alongar-me sobre o assunto que tenho debatido extensivamente nas páginas deste blog. 
Vou antes chamar a atenção para o facto de que esta crise é uma crise sistémica: Estamos perante algo que nunca experimentámos nas nossas vidas, a não ser que tenhamos nascido antes de 1929. Mesmo assim, praticamente não sobrevive ninguém que fosse adulto nesse momento. De qualquer maneira, a crise de 1929 deixou marcas tão profundas em todas as esferas, que não poderíamos imaginar o mundo de hoje, sem as convulsões que foram desencadeadas a partir dessa data. 
Será quase impossível imaginar um mundo sem as consequências da Grande Depressão de 1929-1933: Um mundo onde não tivesse havido a ascensão ao poder de Hitler, ou a IIª Guerra Mundial, ou a concentração do capital financeiro, ou a criação do chamado Welfare State, ou... ou ...ou...

Não sou, nem quero ser um «profeta», mas  pelo que já se vê agora, ou pelas consequências muito próximas e lógicas das situações criadas, há algo absolutamente essencial, que descrevo abaixo, não mencionado pelos analistas, ou por miopia, ou por estratégia. 
O sistema económico, financeiro e monetário está em completa desarticulação. Os bancos centrais e os governos não conseguem ter «mão» nesta situação. Tradicionalmente, a «impressão monetária» servia para causar uma ilusão de maior riqueza e este optimismo ilusório era considerado suficiente para «dar uma chicotada» na economia, impulsionando o consumo e o crédito, fazendo arrancar um novo ciclo. A impressão monetária atingiu píncaros absolutamente inéditos, mas a economia mundial simplesmente não é estimulada. Isto não deveria surpreender ninguém, pois a destruição catastrófica de emprego e empresas causada pelos «lockdown» um pouco por todo o mundo, nos dois meses anteriores, deitaram por terra qualquer hipótese da máquina produtiva se activar, em consequência de um «estímulo» monetário. O próprio FMI está a apontar para números de PIB dos países desenvolvidos, da ordem de 10 pontos negativos (uma contracção de 10% do PIB da eurolândia) para o corrente ano.
A crise - que está nas primeiras etapas - inicia-se com um período de deflação. Dentro de algum tempo, dá-se o agravamento do desemprego, a espiral descendente, com falências em série. Para evitar este cenário, governos e bancos centrais vão accionar as únicas políticas que sabem aplicar, nestes casos: impressão monetária.
Segundo a teoria prevalecente, designada «neokeynesianismo», em situação de recessão ou depressão, deve-se fornecer dinheiro fresco, vindo dos bancos centrais para os bancos comerciais, que fluirá destes para empresas e para o crédito ao consumidor. Este ficará estimulado a consumir e espera-se assim que passe a depressão económica. 
Vão «estimular» com políticas monetárias cada vez mais arrojadas, mas isso não terá qualquer efeito real: é como se dessem injecções de adrenalina num corpo em estado comatoso:
- Primeiro, farão injecções de dinheiro nos bancos, com esperança de uma expansão do crédito e reactivação da subida nas bolsas. 
- Depois, vendo que este processo não traz nenhum estímulo real, irão fazer uma política muito menos convencional, de compra directa das obrigações de empresas e das acções cotadas em bolsa. Irão a imitar o trajecto tomado pelo Bank of Japan desde há décadas, sem outro resultado, senão uma profunda estagnação/depressão. 
- Em desespero, vão fazer injecções directamente aos consumidores, através do «rendimento básico universal». Isto significa que qualquer pessoa, simplesmente por existir, independentemente de ter ou não trabalho, rendimentos, etc... vai receber uma soma - por exemplo 600 euros mensais - como «complemento» ou «sustentáculo vital». Este dinheiro, espera-se, vai ser utilizado para consumo, não vai ser aforrado, visto que os juros são negativos, em termos reais. 

A hipótese do «rendimento de  base universal» ser utilizado para aumento do consumo das famílias parece sensata, à primeira vista. 
Mas tem um grave e evidente inconveniente: a multiplicação de dinheiro, sem contrapartida em bens consumíveis. 
Havendo muito mais dinheiro para o mesmo número de produtos, o preço destes vai aumentar. Na situação presente, também poderá haver uma contracção da oferta, por menor produção, causada pelas falências em série e pela ruptura das cadeias de abastecimento. 

O que se prepara é um ciclo de hiperinflação. A oligarquia deseja causar o colapso completo, mas controlado por ela, para poder impor a sua nova ordem. Esta, incluirá o reforço das organizações transnacionais, do globalismo, o controlo absoluto da emissão de moeda a nível mundial (provavelmente sob os auspícios do FMI) e reforço dos mercados também fortemente centralizados, globalizados.  
Perante este cenário, já se verifica que bancos comerciais e os mais afortunados (o 0.01%) estão a acumular ouro. Actores importantes, como o banco de investimento Goldman Sachs e vários «Hedge Funds» (fundos de investimento) estão abertamente a aconselhar seus clientes a comprar ouro.
No futuro, haverá uma transição para um novo sistema monetário, cujos contornos não estão ainda visíveis, mas a oligarquia globalista tem a firme intenção de manter e reforçar o seu controlo sobre a emissão e circulação da moeda. Com certeza, o ouro terá um papel a desempenhar nessa nova arquitectura monetária mundial, resta saber qual será, exactamente. É também provável que lancem uma «moeda digital», mas não será descentralizada e fora do controlo estatal, como é o caso, hoje em dia, com o bitcoin e congéneres.
Como tenho escrito repetidas vezes, a única maneira das pessoas comuns evitarem que o que se avizinha, as afecte de modo particularmente cruel, é estarem bem informadas e construírem uma maior autonomia, face a um eventual agravamento da situação.   
Os dirigentes políticos e económicos e a media convencional estão a ocultar um risco enorme, muito mais grave que uma eventual «segunda onda» do coronavírus : a hiperinflação, que é a destruição violenta de património, dos meios de vida, das vidas mesmo, comparável à devastação de uma guerra.  

                      

quarta-feira, 24 de junho de 2020

DIFERENÇA ENTRE NUMERÁRIO E VALOR

                            

No contexto actual de descalabro económico, causado deliberadamente pelos poderes globalistas, vamos experimentar uma aceleração da inflação... fatalmente. 
A forma como os governos disfarçam a inflação é como um porco com bâton, não deixa de ser exactamente o mesmo animal, pelo facto deste ter os lábios pintados!
O processo de disfarçarem a inflação é totalmente comparável aos lábios pintados no focinho do porco, porque a realidade subjacente é a mesma, com ou sem falsificação governamental. O fenómeno da inflação é - sempre foi e sempre será - um fenómeno monetário.
Na sua essência, é muito fácil de compreender; os disfarces do governo e dos economistas ao seu serviço, apenas são isso: disfarces, para impedir que as pessoas façam a avaliação real do grau em que são espoliadas.
Com efeito, a inflação tira ao pobre para dar ao rico; tira ao trabalhador para dar ao governo.
A história da utilização da inflação como instrumento fundamental da política económica e financeira dos governos, pode resumir-se nalguns parágrafos:
A partir do momento em que o governo dos EUA se desvinculou dos acordos de Bretton Woods, que obrigavam a manter uma convertibilidade do dólar em ouro (35 dólares US = 1 onça de ouro) e deixou de converter a moeda de reserva mundial em ouro, quando um governo estrangeiro pedisse essa conversão, as moedas começaram a «flutuar» umas em relação às outras e o preço do ouro (e da prata) experimentou uma subida vertiginosa. No mesmo momento, o Ocidente sofreu inflação, conjugada com o choque petrolífero, que desencadeou a crise chamada de stagflation ou seja, estagnação/inflação. A partir desse momento, os governos todos começaram a fazer batota na contabilização da inflação. 
Se os governos actuais usassem os mesmos critérios que no início dos anos 70, para avaliar a taxa de inflação ao consumidor, esta seria - de acordo com John Williams de ShadowStats.com - múltiplos da que nos é apresentada como sendo a inflação «oficial». Dizem que esta inflação não atingiu os dois por cento na Eurozona, porém, segundo os cálculos do género de ShadowStats (estes para a economia dos EUA) a verdadeira inflação deve cifrar-se nalguns países (como é o caso de Portugal) bem próximo, senão acima, dos 10 % anuais, para um cabaz de consumo corrente das famílias.
Então, pode-se perguntar: «que vantagem tem o governo em subavaliar de forma tão grosseira a inflação»? 
Sem dúvida, tem vantagens e não são poucas:
- Dá a ilusão à sua população de que tem as coisas sob controlo, tem um efeito de auto-promoção da sua «bondade» em termos de gestão económica.
- Além disso, mantém uma pressão sobre os salários. Esta, exerce-se para além do emprego do Estado, não apenas na função pública, pois as empresas privadas acabam por ter um nível semelhante, em cada categoria salarial, ao nível salarial correspondente dos funcionários do Estado.
- O Estado está obrigado a gerir as pensões de reforma, as prestações sociais, etc. Estas, são indexadas a um índice que mede a erosão do valor do dinheiro. Simplesmente, o factor correctivo é diminuto. O Estado mantém assim suas obrigações, nominalmente. No entanto, paga com dinheiro que vale cada vez menos, iludindo a esperança das pessoas que trabalharam e descontaram durante décadas. Acabam por ter, depois, uma pensão muito mais baixa, em valores reais, do que jamais imaginaram.
- O Estado emite dívida: As obrigações do tesouro pagam um juro mais baixo do que deveriam. Se um empréstimo a dez anos tem um juro de dois por cento, teria de existir uma inflação bem inferior, em média, durante esse intervalo de tempo, para que o detentor dessas obrigações tenha uma remuneração correspondente. Não são apenas os grandes investidores privados, desde bancos comerciais, aos fundos especulativos, etc. que compram a dívida pública, também os fundos de pensões o fazem. O Estado faz «default» discreta e suavemente, sobre a sua dívida, mas não aparenta estar a fazer isso. 
- O PIB é uma espécie de «farol» da economia de um país. Apesar desta métrica ser muito questionável, em vários aspectos, ela é utilizada por todos os governos, para atrair investimento ou para utilizar como argumento eleitoral. Mas, ao valor do «PIB bruto» tem de se descontar a inflação, para avaliar o crescimento económico real dum país. Ora, o PIB é «corrigido», sistematicamente, usando um valor de inflação demasiado pequeno. Por exemplo; um país apresenta um valor de PIB bruto de 4%, num dado ano. Mas ele tem - por exemplo - cerca de 6% de inflação verdadeira, embora o governo diga que a inflação é só de 2%. O PIB «corrigido» será de 2% positivo, quando - na verdade - deveria ser de 4% negativo. 
O resultado cumulativo desta ocultação do valor real da inflação, é o empobrecimento das pessoas comuns que dependem, exclusivamente ou maioritariamente, de salário ou pensão para sobreviverem.  
Tem também efeitos perniciosos na governação, pois é indutor de políticas despesistas: todos os governos gostam de agradar aos eleitores, todos têm tendência a ultrapassar os limites das receitas, pedindo dinheiro emprestado nos mercados (emissão de dívida soberana). É assim que os Estados vão acumulando dívidas, sobrecarregando os orçamentos com o serviço das mesmas, impedindo que esse dinheiro, indo para juros das dívidas, seja investido para algo produtivo. 
Finalmente, na economia real, a maquilhagem do valor da inflação tem efeitos nefastos; pois, escondendo a realidade dos actores económicos, faz com que aumente a proporção dos investimentos não rentáveis. Isso significa que certas empresas são obrigadas a fechar portas e despedir trabalhadores, porque os cálculos para investimentos foram feitos com base em números falsos de inflação. 
Neste contexto, a única forma de avaliar correcta, na economia, é usar o padrão ouro. O padrão ouro, que foi sustentáculo das moedas principais, nos períodos de maior expansão do capitalismo (segunda metade do século XIX, por exemplo), permitiu grande estabilidade nos preços, com a inestimável vantagem que isso acarreta, para qualquer economia.
Hoje em dia, não existem divisas seguindo o padrão ouro: mas, a conversão das quantias expressas numa divisa, pela correspondente cotação em ouro, permitirá avaliar a rentabilidade futura (ou passada) de um investimento. 
A quantidade equivalente em ouro, no momento x (hoje) é maior que a quantidade equivalente em ouro, no momento x-z ? - Então, o investimento tem uma rentabilidade correspondente à diferença entre as duas quantidades. 
Só assim poderemos fazer uma estimativa, porque só o ouro conserva o valor real, ou seja, o poder de compra ao longo do tempo. 

                            

                                         Gráfico: Poder de compra do ouro na eurozona

A quantidade em ouro, necessária para comprar um elegante fato para homem (para um vestido de senhora também se aplica, claro), é cerca duma onça de ouro puro (31,1 gramas aproximadamente): isso correspondia a 20 dólares US, em 1913; hoje, corresponde a 1800 dólares US. 
Quem tivesse guardado, desde 1913 até hoje, num cofre, uma onça de ouro, poderia comprar um fato, com o valor dessa mesma onça de ouro. Quem tivesse guardado 20 dólares em papel, teria apenas possibilidade de, com essa quantia, comprar hoje... um par de peúgas, talvez! 
Podemos habituar-nos a pensar em termos de valor, não em termos nominais de divisas... Só assim estaremos em condições de salvaguardar nosso poder de compra. Só assim poderemos evitar fazer investimentos não rentáveis. 
No contexto actual, tem havido muitas pessoas sobre-endividadas, sem capacidade para saírem do buraco em que se meteram. É fundamental as pessoas educarem-se para saber como investir ou como pedir um empréstimo. Compreender a diferença entre o custo nominal (em divisa fiat) e o valor real (usando o ouro como critério/padrão) é fundamental, para não se cair naquelas situações.

LÉO FÉRRÉ - POETA, COMPOSITOR, INTERPRETE

Eis uma lista de canções, musicadas por Léo Férré, quer dos seus próprios poemas, quer de poetas de várias épocas da literatura francesa. 
Esta antologia, partilho-a com os leitores, porque me parece que Léo Férré é tão importante, musical e poeticamente. 
Ele realmente transcende os géneros... popular, erudito? 
... Que significado tem isso, perante uma imaginação e prodigiosa capacidade de jogar com os sons? 
- Talvez seja um dos melhores meios de iniciação à língua francesa, a uma cultura viva e não académica. 

https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IPTjPI4OwAPya_ijM6lD5X_



segunda-feira, 22 de junho de 2020

O COLAPSO JÁ OCORREU...E O QUE VEM, DEPOIS?

«Come mothers and fathers throughout the land

And don't criticize what you can't understand

Your sons and your daughters are beyond your command

Your old road is rapidly aging

Please get out of the new one if you can't lend your hand

For the times, they are a-changin'»*

(*de «Times they are a changin'» de Bob Dylan)

O colapso já ocorreu. As modalidades concretas das suas consequências, daqui para a frente, podem ser vistas como as trajectórias das pedras e das outras componentes da estrutura dum edifício que acabou de ser implodido. 
Sim, o edifício da economia mundial foi implodido, de forma perfeitamente deliberada, pela oligarquia. O coronavírus foi o pretexto, muito conveniente, como salientei repetidas vezes.  
Mas, esta experiência (em que quase todos nós fomos cobaias), tem um aspecto ainda mais sinistro: a oligarquia - agora - sabe como é fácil obter um controlo a 100% de todas as alavancas da sociedade. 
Ela deve ter ficado agradavelmente surpreendida com a facilidade com que conseguiu levar a cabo a operação gigantesca de tomada de poder sob pretexto de pandemia, o que eu chamo «o golpe de estado planetário». 
Foi posta em evidência a reacção de medo do povo, a sua passividade, a sua incapacidade para ver que lhe estavam retirando todas as hipóteses de se defender, de reagir. 
Perante isto, a imensa maioria nem compreendeu que tinha sido vítima dum desfalque brutal, da riqueza e património comuns, pela oligarquia. Enquanto eram privatizados os benefícios, eram socializados os prejuízos.

A saída para esta situação não é individual, como é fácil de compreender. Ela implica que uma grande massa da população, em todos os países, acorde da sideração, da hipnose, em que foi mergulhada. 
A resistência vai ser difícil, mas ela irá contar com as pessoas mais inteligentes dentro de cada sociedade, independentemente do seu ideário político. Aquelas que não se deixarão jamais arregimentar pelas falácias do poder totalitário disfarçado. Pode, uma grande parte das pessoas, deixar-se enganar por «ONG humanitárias» (como a Fundação Soros, ou a Fundação Bill e Melinda Gates, etc...)...  Mas, não é possível estas e outras entidades enganarem todos, durante todo o tempo. 
Surgirão muitas modalidades de resistência, que irão fazer abortar a tomada de poder totalitário disfarçada. 

Depois, trata-se das jovens gerações construírem uma sociedade nova, não enfeudada a preconceitos e obsessões do passado. 
Não sei que forma concreta esta tomará, mas atrevo-me a pensar que não será monolítica, que terá grande maleabilidade, sobretudo, que estará realmente preocupada com a salvaguarda dos recursos naturais no planeta e com a sua gestão sustentável. Portanto, não irá perpetuar o sistema capitalista, com a sua necessidade vital (para ele) de se expandir permanentemente, de alargar os domínios do mercado até ao infinito!
Para essa transformação, creio que seria sensato começar a debater-se, com vista a posteriormente edificar, em que tipo de sociedade(s) - a traços largos - se deseja viver, quais os valores e os princípios que devem estar na sua base, que caminhos se poderão tomar para se alcançar este novo estádio.
  

domingo, 21 de junho de 2020

FRANCISCO Iº E OS SEGREDOS DO VATICANO



Tu, que estás lendo estas palavras, provavelmente não possuis uma ideia muito concreta de todos os aspectos encobertos que rodeiam o papado de Francisco. 
- Quem se senta no trono de São Pedro? Que personagem é ele, por detrás da figura promovida pelos meios sociais de massas? 
- Que fios ligam o Vaticano de hoje e de ontem, a muitas intrigas envolvendo o mundo político e económico contemporâneo? 
Todos nós sabemos algo sobre este assunto, mas muito pouco de concreto e, sobretudo, não relacionamos os factos entre si. 

Este inquérito tem uma clara orientação, sem dúvida. Mas, não se oculta atrás de uma espécie de santidade, de falsa objectividade. 
Publico este vídeo de quase 3 horas, porque me parece ser fonte inestimável de informação. Ela vai muito para além da personagem do Papa actual. É um manancial de referências de grande interesse para  compreensão da História. Acredito que outros possam aqui recolher informação válida e relacionar muitos dados entre si.
A perspectiva em relação aos acontecimentos descritos, é a do autor, como é evidente; o facto de eu a publicar não significa total acordo com ela, nem que possa garantir a validade do que é relatado. 

ÍNDICE TEMÁTICO (Abajo link con Fuentes utilizadas) 00:00 - Introducción 07:00 - Primeros años de Bergoglio 12:00 - ¿Quiénes son realmente los Jesuitas? 31:23 - Guardia de Hierro, la Logia P2 y los Años de Plomo 1:14:27 - El Ocaso del Jesuita 1:26:02 - Resurrección: El Giro a la Izquierda 1:32:09 - El Cardenal y los Kirchner 1:39:58 - Camino al Poder 2:03:49 - Golpe a Benedicto XVI 2:19:48 - Francisco I, Rey de Roma 2:40:23 - El Papa Ecologista, la "Primavera Americana" y el Futuro de la Humanidad ||| Aquí un listado con la mayor parte de las FUENTES utilizadas para la realización del Documental: https://drive.google.com/file/d/1om6DtYNrFkFyh2_NkwmotyOu1LDfEIGc/view





sábado, 20 de junho de 2020

RICHARD STRAUSS: ASSIM FALOU ZARATUSTRA*


                                 




Jakub Hrůša - Radio Philharmonic Orchestra -

Utrecht, 2013

---------------------------
*Poema sinfónico baseado na obra «Assim Falou Zaratustra» de Frederico Nietzsche (composta entre 1883 e 1885)


sexta-feira, 19 de junho de 2020

A HISTÓRIA RIMA OU ECOA?

                                 Mark Esper opposes the use of Insurrection Act


Diz-se da História, que não se repete, mas que rima. Mais do que rimar, parece-me que ecoa.

São ecos de um passado histórico, que se desenvolveu em determinadas circunstâncias e são estas que não se repetem. Não existem já as circunstâncias que originaram um determinado complexo de factos, que vieram a desencadear tal ou tal acontecimento histórico. 

Mas a história é feita por homens e mulheres, por seres de paixões, de razão e sentimento: as suas tomadas de decisão, abertas ou ocultas, têm uma lógica, mas não será uma lógica causal linear - as mais das vezes - será um enovelado de causas, difícil de destrinçar.

Tudo isto para dizer que a presente situação mundial se parece com certas outras épocas: podemos encontrar «ecos» desta, em várias situações da história do século XX. 

No contexto de crise profunda actual, vem-nos à memória aquilo que sabemos da grande depressão de 29-33 e das suas funestas consequências. Muitos pensadores consideram que existe uma ligação forte do presente, com certos aspectos daquela época. 

- Em 1929, a fase aguda iniciou-se com um «crash» na bolsa, depois disso houve uma falsa retoma. Seguiu-se uma crise de falências, com deflação, paralisia do tecido produtivo e do comércio, um retraimento do investimento, desemprego massivo. 

- Em 2020, houve uma enorme quebra das bolsas em Março, seguida por uma falsa subida em Junho.

- A «resposta» política de então foi, por um lado, a subida do nazismo ao poder, a Alemanha de Hitler e, por outro, o «New Deal» nos EUA, com Roosevelt, mas, sobretudo, a subida das tensões bélicas, das guerras «limitadas», do reactivar dos nacionalismos e o «balão de ensaio», a tragédia da guerra de Espanha, dita «civil», mas também e sobretudo banco de ensaio para as potências da altura fazerem guerra por procuração e experimentarem os armamentos novos em teatros de guerra reais.

- As oligarquias que dominam hoje, não estarão interessadas em um novo fascismo puro e duro, mas estão empenhadas em esvaziar as democracias liberais de todas as liberdades significativas. Por isso, esmagam as classes médias, um suporte fundamental esta democracia liberal. 
Estão a pensar num novo «New Deal», mas onde uma pequeníssima classe dos mais afortunados continuará usufruindo dos privilégios do poder. 
As tensões e guerras por procuração -nos dias de hoje -entre as principais potências, multiplicam-se. Vigora, há pelo menos 20 anos, desde a guerra da Ex-Jugoslávia, um estilo de guerra híbrida: os EUA e aliados por um lado, contra o «eixo Russo-Chinês» e aliados, por outro. 

- Nos anos 30 do século passado, um império em decadência (o britânico) tinha dificuldade em manter um semblante do extenso poderio que possuiu durante século e meio. Tinha um aliado-competidor, os EUA, a maior potência industrial mundial que recebera, ao longo da Primeira Guerra Mundial as encomendas e cobrou as dívidas -literalmente- a peso de ouro aos impérios coloniais britânico e francês. 

- Hoje em dia, o império em decadência é os EUA e o seu competidor, a China. Esta transformou-se no motor da produção industrial mundial. Tornou-se a nação com o maior comércio de exportação. Os dólares obtidos neste comércio mundial são, em grande parte, convertidos em ouro. A quantidade de ouro que acumulou a China, no Banco Central de Estado e nas mãos de particulares, seria de cerca de 20 mil toneladas, segundo opinião de muitos especialistas. 
O ouro -supostamente - 8 mil toneladas, armazenadas pelos EUA em Fort Knox, além de não ser sujeito a auditoria desde os anos 50, estaria implicado em operações obscuras e roubos, atribuídos aos clãs Bush e Clinton. 

Podia-se alongar o rol de casos e de circunstâncias presentes que evocam, ecoam, o que se passou entre as duas Guerras Mundiais do séc. XX. 
Porém, estou convencido que agora é muito diferente, a um nível mais profundo, porque - agora - o capitalismo atingiu o seu grau de expansão máxima. Antes, ele tinha os mercados coloniais ou neo-coloniais, para extrair as matérias-primas, os países pobres da periferia do capitalismo que estavam obrigados a comprar equipamentos, produtos de consumo corrente e mesmo alimentos, aos países dominantes.
Desde há mais de trinta anos, há praticamente uma estagnação da produção industrial no mundo ocidental, não apenas porque o capitalismo já não consegue expandir-se, como também porque não consegue extrair lucro suficiente da manufatura dos bens industriais.
A globalização foi uma fuga para a frente, para conseguir extrair mais alguma mais-valia, super-explorando a mão-de-obra do mundo em desenvolvimento.
Agora, a globalização está morta e não há qualquer possibilidade de ela reviver. O que se perfilha -no imediato - é um período muito duro para as classes laboriosas em todo o mundo, quer nos países «pobres», quer nos países ex-«ricos». 
Porém, a guerra generalizada não é uma saída real, pois a elite sabe que esta iria degenerar em guerra nuclear, onde só haveria vencidos, não haveria vencedores reais. 
Por isso, a oligarquia está a pôr em marcha uma sociedade de controlo total, servindo-se da pandemia viral, como pretexto para instalação dum estado de vigilância generalizado, dum controlo totalitário sobre os corpos (quem não ficar vacinado, não terá direito a quase nada), com suspensão de qualquer veleidade de ordem constitucional e de «Estado de Direito». Ela arroga-se, sob pretexto de «pandemia», acionar a bel prazer «estados de emergência ou de calamidade pública», ou outros eufemismos de lei marcial. 

            
Especialmente, irão recorrer a isso nos pontos do globo onde surjam grandes tensões, resultantes das condições criadas: restrições, brutal empobrecimento, perda das liberdades concretas. 

As grandes ruturas sociais já se estavam a desenvolver há décadas, tal como falhas tectónicas, onde vai aumentando a tensão, paulatinamente, apenas com uma pequena agitação, uma sacudidela pequena... de vez em quando. Mas, se crescem demasiado estas forças telúricas ao nível das falhas, dá-se um tremor de terra. Sabe-se que, quanto maior for a tensão acumulada, maior a violência do tremor de terra. 
Penso que a analogia sísmica é adequada, não porque a sociedade se mova por forças mecânicas, mas porque o grau de frustração decorrente duma opressão demasiado grande, provoca nas massas uma transformação:
- Elas deixam de ter confiança nos dirigentes habituais. Percebem que poderão sair da situação de aperto apenas por elas próprias. Sabem, confusamente, que a resolução dos problemas que as afligem não pode vir do alto. No final, vão agir e derrubar a ordem vigente, para construir a nova sociedade. 
Não estamos ainda neste ponto, mas a hipótese do despertar revolucionário não é de excluir. 
Os oligarcas tudo têm feito para desviar e enganar as pessoas revoltadas, que se atiram contra símbolos do poder (destroem estátuas de personagens históricas) ou pequenos comércios, de outras pessoas tão vítimas como elas. Não têm tido como alvo o próprio poder, os quartéis-generais da ordem que os oprime, os governos, os ministérios, as mega-corporações, os bancos, os bancos centrais e as instituições do globalismo... 

Neste caso, a História que se está desenrolando sob nosso olhar, rima ou ecoa a convulsões passadas. Espero que não continue assim. Pois isso significaria que, passado o tumulto da insurreição, o entusiasmo da revolução, volta tudo ao mesmo: apenas mudam as coisas, «na medida necessária para que fique tudo na mesma». 

Oxalá que desta vez, a História, ela não rime, nem ecoe... Pois, se tudo for diferente, significa que se está dando a verdadeira transformação da sociedade. 
Uma transformação profunda, que ocorre uma vez por milénio...