domingo, 20 de julho de 2025

TRUMP E O GOLPE DA DIGITALIZAÇÃO DO DÓLAR



 

Lena Petrova quase nunca se engana, pois baseia-se nos factos. As suas previsões também são baseadas em realidades: Vale a pena ouvir o que ela diz sobre a economia americana e mundial.

sexta-feira, 18 de julho de 2025

MICHAEL HUDSON: A ECONOMIA DUM CONFLITO CIVILIZACIONAL


Michael Hudson descreve-nos as décadas de emancipação das rendas (feudais) nos países da Europa e Estados Unidos, no século XIX. Pouco tempo depois, os países produtores de matérias-primas foram submetidos a diversas rendas extractivas, impostas pelos países capitalistas industriais (Europa e América do Norte).
Esta assimetria foi consolidada após a IIª Guerra Mundial pelas instituições FMI e Banco Mundial, sob tutela dos EUA, que perpetuaram esta dependência e agravaram os desequilíbrios entre o Norte industrializado e os países do Sul Global. 
A designação de Países em Desenvolvimento foi uma artimanha verbal: Ela ocultava que as políticas dos países industriais em relação aos produtores de matérias-primas, eram de tipo neocolonial, anti-desenvolvimento e de sujeição. 


 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

CARTILHA ELEITORAL [OBRAS DE MANUEL BANET]


CARTILHA ELEITORAL


Querem que tu decidas sobre as coisas da tua vidinha. Quanto a assuntos complexos, envolvendo os destinos da nação, do mundo, da civilização, podes opinar, dizer os teus disparates, dá-te uns ares de bem informado, de alguém com 'ideias'... Mas, não vai influir em nada no decurso dos acontecimentos.
Podes também votar em quem entenderes, sem problema. O teu voto será contabilizado religosamente.
As eleições serão correctas, tecnicamente falando. Mas não genuínas, pois nos põem numa posição de dar o voto em total ignorância do que os eleitos farão.
É pior do que dar um cheque em branco, pois as pessoas convencem-se que estão - de algum modo - envolvidas nas políticas que resultam dessa eleição. Mas isso é falso. E faz com que muitos teimem que «a democracia» é aquilo que existe nos nossos países.

As verdadeiras regras da sociedade são as não-escritas, mas que tens de saber. Quanto às escritas, ninguém as sabe exactemente. São feitas para os juristas destrinçarem; eles e somente eles, decidem sobre o sentido preciso da legislação.
Dizem: Não te preocupes com nada, não vale a pena e não te serve de nada... Quem nos diz isto são os Senhores, apoiados por um cortejo quase unânime de seguidores.
O desencorajar da tua participação começou muito cedo, acompanhado com declarações solenes do contrário. Como se a tua participação fosse a atitude mais desejada pelos políticos. A hipocrisia está no poder!
Nisso, eles mostram talento: Montam o circo eleitoral e consegem convencer-te que és tu o soberano. A ilusão é bonita; dá-te esperança, aquele ingrediente que nos ajuda a aturar o quotidiano.
Se queres tomar a vida em tuas próprias mãos, não delegues nos outros o que tens de fazer. Se não tiveres as condições para o fazer, cria essas condições, em conjunto com os outros: A família, os amigos, os colegas...
Não caias em ilusões:
O voto não te dá poder; mas, tira-te o poder. É assim que os sistemas políticos estão organizados. Deves ser adulto e ver as coisas tal como são, na realidade. A polarização da atenção em torno de figuras-líderes, é um meio subtil de nos fazer esquecer que nós somos tão capazes como os políticos, de definir o que desejamos para o nosso futuro.
Pois o futuro está inteiramente nas nossas mãos. Delegar isso nos outros, é perder o sonho...
















terça-feira, 15 de julho de 2025

GOBEKLI TEPE É CHAVE PARA CIVILIZAÇÃO IGNORADA DA ANTIGUIDADE



 GOBEKLI TEPE  - É, realmente, a grande descoberta que veio   subverter a imagem que a Arqueologia e História tinham da evolução das sociedades humanas.

Parece-nos estranho que povos que não praticavam (ainda) a agricultura fossem capazes de proezas arquitectónicas como essa. Sociologicamente também se tem dificuldade em perceber como agrupamentos de caçadores-recoletores se organizavam para erguer este monumento. Talvez esta atividade construtiva fosse cimentar a aliança entre vários clãs. Algo de muito peculiar surgiu da Anatólia há  cerca de 13 mil anos. Ou talvez não seja assim tão excecional, mas nós  - homens modernos - estamos tão iludidos por narrativas oficiais  descrevendo essa época, que não nos apercebemos ou não  atribuímos antiguidade a outros monumentos de uma civilização pre- agrária . 
Mas, se pensarmos que os monumentos dos Incas, os do Egipto antigo e das culturas megalíticas, possam ser (afinal)  mais antigos do que a datação corrente lhes atribui, já  Gobekli Tepe não surge tão  insólito; ou, em alternativa, os monumentos supracitados das civilizações das Américas, do Nilo, etc.  são efetivamente de há  4 ou 5 mil anos atrás, mas herdeiros duma longa tradição, que efetivamente "inventou" a arquitetura e  a elevou a um grau de mestria inédito.

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segunda-feira, 14 de julho de 2025

A GRANDE ILUSÃO - PARTE II

 Há cerca de 12 anos, escrevi um extenso ensaio intitulado «A Grande Ilusão». Este, está inserido neste blog, embora o seu aparecimento seja anterior à existência do blog. 

Mas, o que me importa mais agora é escrever uma espécie de apêndice ou postfácio, enfatizando aspectos da Grande Ilusão que não eram visíveis, na altura, pelo menos de forma representativa. Quero referir-me à persistente ilusão dos homens dominarem a Natureza, de serem eles a ditarem as regras, a imporem as leis e julgarem que estão no cerne do funcionamento dessa mesma Natureza. 

E digo que isto cabe perfeitamente sob o mesmo título, pois é uma tendência generalizada e os mais inteligentes caem na armadilha com maior facilidade ainda, que os estúpidos e os ignorantes.

Por isso mesmo, se verifica um tipo especial de estupidez, «a estupidez dos inteligentes», em que a sofisticação do raciocínio, a riqueza da argumentação, a erudição medida pelas numerosas referências, tudo isso junto, produz um resultado prático irrisório, ou manifestamente inoperante: Traduz-se numa incapacidade patológica de apreensão do real.

Porém, é essa mesma estupidez dos inteligentes, que tem maiores hipóteses de fazer carreira, de ter sucesso, numa sociedade plena de ilusões, incapaz de distinguir a realidade, da projecção da mente, sem qualquer outro critério de «verdade», que não seja essa filosófica nulidade chamada estatística.

A verdade não é nem pode ser uma questão estatística. Se todos errarem menos um, é este que tem razão, não importa quantos disserem que é esse indivíduo que está enganado. Em filosofia, o número não faz a prova e, sobretudo, não faz a razão. Verdades tão evidentes como esta, temos com frequência de voltar a enunciá-las, a reafirmá-las no nosso espírito, para mantermos a calma e a força da razão no meio do desvario. 

A ilusão mais perniciosa - ao fim e ao cabo - talvez seja a de quem se «colocar no lugar de Deus». Este facto mantém-se válido quer acredites em Deus, quer não: É completamente independente da nossa posição em relação à existência da Divindade Cósmica, pois postula a impossibilidade ab initio da posição peculiar dos indivíduos que pensam tudo saber, capazes de tudo equacionar, de terem solução para tudo e - se lhes for fornecido o que exigem - serem capazes de tudo fazer. Estamos aqui perante um delírio agudo ou crónico de inflação do ego, uma extrema confusão entre o limitado e falível, efémero e fraco, ser humano e aquilo que ele consegue se aperceber do Universo, na sua limitadíssima visão do mesmo. 

Mas, são esses indivíduos, inflados no seu narcisismo, que têm a maior probabilidade de arrastar as massas, as quais estão sempre em adoração do que elas consideram ser um «génio». As massas idólatras de super-homens e super-mulheres de pacotilha, são capazes de fazer as maiores loucuras, acreditar nos maiores absurdos, sendo estas crenças tanto mais fanaticamente defendidas, quanto mais absurdas forem.

Num mundo assim, é muito difícil ser-se racional, um pouco céptico e comedido. Num mundo assim, o sábio é frequentemente assimilado ao louco, ou ainda pior, ao dissidente. O seu destino não é invejável, pois vai do «gulag» para uns, até à fogueira, para outros. E porquê tanto ódio contra pessoas que pensam diferentemente da maioria? - Será que a grande maioria pensa, ou apenas repete slogans, lugares-comuns erigidos em grandes visões e todas as parafrenálias das ideologias? Se a maioria fosse composta por pessoas que pensam, elas não teriam problemas com os que têm um pensamento outro, dissidente. As suas capacidades cognitivas até ficariam estimuladas perante um pensamento dissidente e nunca lhes passaria pela cabeça «contrariar» uma teoria com uma sentença de morte ou de prisão, ou um linchamento.

Os ditadores e demagogos de todas as espécies e variedades, sabem perfeitamente que uma maioria da espécie humana não pensa. Sabem que não é difícil enfiar-lhes na cabeça uma série de automatismos mentais, como aliás a «educação» se esmera a fazer, em todas as nações, de todos os continentes. 

Com as técnicas de condicionamento da psique, podem ver a massa das gentes, (no sentido próprio, por vezes...) executar os que se atrevem a não acatar, os que não se submetem à «verdade» da multidão furiosa. 

Estes comportamentos surgem, não espontaneamente, mas por condicionamento, aberto ou disfarçado, em muitas sociedades. Muitos fanatismos são completamente «reversíveis», no sentido em que se pode mudar-lhe etiquetas, sinais, protagonistas, mas continuam a ser reflexos pavlovianos. Trata-se, porém, de um ser humano na aparência, mas que o medo, o desejo de pertença, a imaturidade, fez submeter-se ao que lhe aponta um chefe.

O engodo da «IA», tem servido para fazer passar as mais extremadas posições e manipulação dos factos e isto, ao bel prazer dos multimilionários que possuem as empresas de «IA». Nada deste extremismo induzido surge ao olhar do público como insano, como totalmente repelente, etc. porque foi emitido (supostamente) por um algorítmo «IA» o qual teria a virtude de «pensar mais e melhor» que a mente humana. 

Junta-se a ignorância do que sejam estas máquinas informáticas e os algorítmos, com o complexo de inferioridade frente àquilo que não se compreende, que se julga demasiado complexo. 

O resultado é uma regressão, não apenas à infância, como ao «estado larvar»: Os indivíduos estão dentro de casulos, são alimentados e mantidos, consumindo o que os mantém em vida, mas uma vida do tipo zombie...

Assim, a redução do número de efetivos nas diversas populações pode prosseguir (com vários métodos), até ao limite que os Senhores desejarem. O limite para a redução dos efetivos, é que deverá haver um número suficiente de escravos para manutenção do mundo de conforto dos Senhores. 

Quanto aos escravos, em breve, nem terão a capacidade de reprodução. Esta deixará de estar dependente de um «ato animal»; será um complexo de operações de tecnologia biológica. Logicamente, as pessoas «vulgares» (a plebe, os escravos), serão produzidas em série, por clonagem. Assim, por uma técnica muito simples, produzem-se «seres sem defeitos». Estes terão sua recompensa num pouco de comida, um mísero abrigo e serão «processados» e substituídos quando sua produtividade baixar.

Se olharmos retrospectivamente, compreendemos que muitos fenómenos sociais, muitas situações «aberrantes» até, já se podiam delinear, pois despontavam nas sociedades onde ocorreram, mas as pessoas contemporâneas desses fenómenos não deram por nada, aparentemente. Embora, de facto, haja sempre algumas pessoas que não se deixam iludir e tentam dar o alerta, este nunca é tomado a sério ou pior, é considerado subversivo, vindo dos inimigos da sociedade. 

É falso pensarmos que não existe mais religião, baseados na premissa errada de que as pessoas abandonaram os respectivos templos. Há uma religião e está mais viva do que nunca, embora as pessoas não consigam identificá-la como tal. Por um lado, é transversal às diversas religiões, tradicionalmente prevalecentes. Por outro, ela flui pelos interstícios da sociedade, confundindo-se com as atividades mais triviais e indispensáveis no dia-a-dia. Não é religião que erga templos explícitos para culto dos fiéis. No entanto, o seu culto é muito divulgado e tem um número de fiéis certamente maioritário, em relação a todas as outras. Falo da religião do dinheiro.

No passado, ela existia também, diga-se: mas era temperada por outras coisas, como seja uma moral (religiosa, ou com raízes religiosas), que prescrevia o que se devia fazer ou não fazer, além de toda uma moldura de valores, de virtudes, às quais os devotos deveriam se conformar. Ou, pelo menos, na aparência. 

Agora, o fator mais importante de ascenção social é o dinheiro. Não importa como foi obtido, nem como é gasto... É a sua acumulação que provoca «respeito religioso», da parte da multidão. Assim, ser rico - muito rico, na verdade - tornou-se virtude. Claro que as pessoas sempre admiraram e cobiçaram os ricos, no passado. Porém, a passagem do dinheiro a culto religioso, fez dos detentores do capital, simultâneamente, sacerdotes, magos, semi-deuses...  

Bem podemos dizer e demonstrar que por este andar, a Terra fica esgotada, que os equilíbrios estão rompidos, que a diversidade biológica se vai reduzindo perigosamente, que  ecossistemas estão a entrar em ruptura, que o esgotamento dos recursos ou sua contaminação vão tornar muito difícil a vida das gerações vindouras. Não, as pessoas estão viradas exclusivamente para «ganharem mais», para consumir agora, aquilo que antes estava acima de suas posses, e só conseguem equacionar a felicidade ou o sucesso dentro de sua comunidade, com seu enriquecimento. 

Não procurei ser futurólogo no texto inicial de «A Grande Ilusão». Aqui, nesta segunda parte, atrevi-me a descrever tendências, que já se podem ver despontar no presente e têm já uma repercussão, mas que não se tornaram ainda, lugares-comuns.  

 

Concerto para VIOLINO E ÓRGÃO por A. VIVALDI


O esplendor da arte vivaldiana!

 Concerto para
violino, orgão, cordas e baixo contínuo

I. Allegro (0:00) II. Grave (3:53) III. Allegro (7:01) Composição: segunda metade da década de 1710 (? ) Accademia Bizantina, ‘In furore’ Stefano Montanari, violino Ottavio Dantone, órgão e direcção