quinta-feira, 9 de novembro de 2023
COREIA DO SUL: Do milagre económico ao pesadelo demográfico
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
ARTHUR RIMBAUD / LÉO FERRÉ: «CHANSON DE LA PLUS HAUTE TOUR»
terça-feira, 7 de novembro de 2023
POR DETRÁS DA DEMISSÃO DO PRIMEIRO-MINISTRO ANTÓNIO COSTA
Nos meandros da política portuguesa anda muito pó varrido para debaixo do tapete. Os escândalos políticos são, quase todos, resultado de abuso de indivíduos colocados em altas posições do aparelho de Estado e que servem lóbis, em vez de servirem o interesse do País e do seu povo.
A crise politica que agora rebentou tem relação com a exploração do lítio em Portugal e com o «hidrogénio verde».
Não vou comentar o extenso artigo-inquérito (abaixo) sobre as terras de Barroso e a mineração de lítio, a cargo de uma empresa mineira britânica, senão para referir que - em geral - os processos de licenciamento e os «estudos de impacto ambiental» em Portugal, são frequente ocasião de corrupção. Um indício disso, é que são, numa grande proporção no sentido desejado pelo governo e pelo grande capital. O caso do lítio, não apenas em Terras de Barroso, é exemplo triste desta realidade.
Citação: «Este, em particular, também começou mal. Existe muita vontade do governo de que este projeto vá para a frente. Todo o processo demonstrou que o estudo deveria resultar num parecer positivo, independentemente do que qualquer avaliação dissesse. Há uns três anos, dizia que este processo acabaria com um "parecer favorável condicionado". É o que temos hoje. É uma decisão estritamente política.»
Porém, eu pessoalmente não posso acreditar que Costa não tenha tido conhecimento do facto de que seus dois colaboradores estavam sob inquérito da polícia judiciária. É estranho que António Costa não os tenha (pelo menos) suspendido, durante o decurso do inquérito policial.
Costuma-se dizer que «a mulher de César, não só deve ser virtuosa, como deve parecê-lo». António Costa, ao não agir de forma legítima, para um primeiro-ministro, em defesa do cargo e do governo, face a dois colaboradores sobre os quais impende inquérito judicial mostra, no mínimo, despreocupação pela sua imagem e do governo de Portugal.
Não se pode deixar de pensar que, se não os suspendeu, foi porque queria manter a coisa o mais discreta possível. Só que o processo exigiu que o primeiro-ministro viesse prestar declarações na Procuradoria Geral. Essa convocatória não era, ao contrário do que disse no comunicado lido em público após apresentar a demissão ao PR, nem uma «suspeição», nem um «atentado ao bom nome». Com efeito, ele não foi indiciado, não foi sequer submetido oficialmente a inquérito no processo. Como primeiro-ministro, ele tinha toda a obrigação de colaborar no inquérito da Polícia Judiciária aos seus colaboradores.
Temo que a atitude dele seja um golpe publicitário, para dar a impressão de ser vítima de perseguição política. Na verdade, ele não tinha motivo plausível para pedir a demissão.
Creio que a única postura lógica, para alguém que esteja perfeitamente inocente, e que -por isso- não teme, seria responder às questões colocadas na PGR.
Ao pedir a demissão de forma extemporânea, reagindo de forma extremada àquilo que não é - em si mesmo - ofensivo, nem sequer suspeitoso, ele está a usar um truque político, no melhor dos casos; no pior, está a tentar ocultar - baralhando as pistas - sua efetiva conivência num esquema de corrupção grave. O futuro o dirá.
SCOTT RITTER: ISRAEL ESTÁ A PERDER ESTA GUERRA
Veja a entrevista com o militar dos EUA que participou em várias missões de fiscalização do desarmamento e que tem sido muito crítico da posição dos EUA. O seu ponto de vista é que o Hamas consegue uma vitória pelo facto de fazer mudar a paisagem geoestratégica mundial, em desfavor de Israel. Ele tem uma visão global, que poderá surpreender as pessoas que «engolem» a propaganda - disfarçada de notícias - na media corporativa.
OS CEMITÉRIOS DE PALAVRAS
Quem leu escritos datando de há uns dois ou três séculos, sabe como é difícil captar o sentido das frases, mesmo que o idioma teoricamente seja o mesmo. Pois é frequente haver algumas palavras-chave para o sentido geral de um texto, que só podemos perceber com a ajuda de um dicionário.
Há palavras completamente desaparecidas, nem as podes ler no melhor dicionário académico. Mas, outras, embora se possam ler no dicionário e saber o que significam, estão fora de uso, talvez por se referirem a instrumentos ou práticas agrícolas (ou outras), elas próprias caídas em desuso.
Mas existem obras, como a Bíblia, os clássicos da literatura universal, etc., cuja linguagem é constantemente atualizada. É como refazer filmes antigos, com o mesmo enredo, mas com atores e cenários atuais, prática muito vulgar nos filmes de Hollywood. Aliás, na literatura, também foram reescritos romances, contos, peças de teatro, poemas, fábulas, etc. Obviamente, se um poeta reescreveu no século XVII uma fábula de Esopo, não é de admirar que o tenha feito com palavras da sua língua, para que se compreendesse bem o sentido dessa fábula.
Há palavras que os literatos «ressuscitam», palavras esquecidas às quais eles tentam dar um novo sopro de vida. Porém, em geral, essas palavras ficam restritas a pequenos círculos de eruditos. Tal como usar palavras estrangeiras, quando existem palavras adequadas na nossa língua, trata-se dum «snobismo linguístico», o de trazer palavras mortas e enterradas, de novo para a luz do dia.
Não cabem na categoria atras descrita, as palavras compostas, em geral, a partir de raiz grega ou latina e que servem para descrever novos objetos ou conceitos. Nas diversas ciências, em particular na biologia (mas também noutras), isto é banal. Uma palavra nova, para um objeto ou conceito novo. Com efeito, mesmo que sejam compostos por vocábulos de idiomas mortos, são palavras com vida. Por vezes, difundem-se e ganham uma presença, que ultrapassa largamente o dominio científico.
É difícil delimitar o campo das palavras mortas, realmente mortas. Seriam aquelas que certos dicionários especiais registam, na melhor das hipóteses. Mas, as palavras, assim como as vidas, morrem todos os dias e todos os dias nascem outras.
As que nascem podem permanecer num caldo de cultura restrito: Quer se trate dum calão específico a dado lugar e setor da população, ou dum neologismo criado por intelectuais, num círculo mais ou menos fechado. Por vezes, elas espalham-se rapidamente: Por efeito de moda, ou porque vêm satisfazer uma real necessidade de expressão.
Assim, os cemitérios de palavras, justapõem-se aos seus berçários, e às palavras que andam na rua, no dia-a-dia. É uma tarefa infinita, a de construir dicionários duma língua. A língua é algo impossível de fixar, é fútil tentar «tirar uma foto» da linguagem numa dada sociedade, em dado momento histórico.
Sabemos que os dicionários, embora fatalmente incompletos, são instrumentos indispensáveis em qualquer época e para qualquer língua. Mas, devemos ter a noção de que existem palavras ausentes de todo e qualquer dicionário. Podem não estar mortas. Podem ser palavras com uso num dado meio, numa dada profissão, etc.
Por outro lado, a fixação do sentido de uma palavra é tarefa ainda mais fútil, pois sua utilização varia no tempo, no espaço e também, consoante quem a pronuncia. O sentido das palavras é algo muito variável. Um dicionário não poderá nunca dar definições que abrangem todos os seus sentidos. Nem sequer recorrendo a muitas citações em que uma palavra é usada, pois as nuances da sua utilização no discurso são quase infinitas.
Ao contrário da semântica, a etimologia (ou raiz, origem) pode ser determinada de modo bastante definitivo. Nalguns casos, porém, a etimologia é incerta. Mas, que importância tem a etimologia? Ela é afinal muito útil, pois nos dá uma ideia da deriva semântica dos vocábulos, mostrando a relatividade e historicidade do seu significado.
segunda-feira, 6 de novembro de 2023
ARQUEOLOGIA/ ATUALIZADA EM 2023 [OBRAS DE MANUEL BANET]
Recolha de 3 poemas inéditos de 1987 a 2016 , ATUALIZADA EM 2023
domingo, 5 de novembro de 2023
OPINIÃO PÚBLICA MUNDIAL CONDENA GENOCÍDIO EM GAZA [CRÓNICA (Nº22) DA IIIª GUERRA MUNDIAL]
A opinião pública, em países muçulmanos e árabes, está tradicionalmente ao lado da resistência palestina. A dos países não submetidos à hegemonia dos EUA, tem recebido informação não filtrada sobre as atrocidades cometidas por Israel. Apenas a ocidental tem sido regada com narrativas horripilantes e falsas, sobre as ações do Hamas, pela media ocidental, no mais puro estilo «propaganda de guerra».
https://www.aljazeera.com/news/2023/10/28/protesters-shut-new-yorks-grand-central-station-demanding-gaza-ceasefire
Na ONU, muito embora esteja, em muitos planos, sujeita ao Ocidente e aos EUA, vozes se levantam que não podem deixar de condenar os crimes patentes do exército de Israel contra populações civis, crimes continuados durante o cerco de mais de 16 anos a Gaza, agravados agora, com uma ofensiva de bombardeamento aéreo, que alveja estruturas civis, hospitais, igrejas, mesquitas, centros de acolhimento de refugiados das Nações Unidas.
Os que erigiram o sionismo em doutrina de Estado estão a ter uma «vitória de Pirro». Como dizia Alexander Mercouris, o tempo joga contra os israelitas. Quanto mais tempo a resistência dos grupos armados dentro de Gaza (não apenas do Hamas, Jihad Islâmica e outros) durar, mais baixas haverá nos soldados israelitas, mais vozes se levantarão em Israel para parar esta guerra, mais o governo sionista de Netanyahu ficará isolado diplomaticamente.
Com efeito, os sionistas, ao escolherem agir de modo genocida, fizeram uma jogada muito arriscada. Ela só se explica pelo seu sentimento de «superioridade racial», sua húbris, e pelo convencimento de que teriam apoio dos ocidentais, fizessem o que fizessem.
A guerra em Gaza e nos territórios ocupados não irá acalmar-se tão cedo, porque os EUA têm sistematicamente vetado na ONU qualquer resolução exigindo um cessar-fogo. Mas, com ano eleitoral próximo, o genocídio apoiado plenamente pelo Presidente e governo dos EUA, não pode agradar ao eleitorado. Há pouco tempo, um numeroso grupo de judeus religiosos manifestou-se em Nova Iorque, ocupando transitoriamente a Estação Central (ver foto acima). Os judeus religiosos são contra a existência do Estado de Israel e têm manifestado solidariedade não fingida com as populações palestinianas.
O governo conservador britânico faz leis decretando a equivalência entre anti-sionismo e anti-semitismo. Porém, a falácia - já patente para quem está bem informado - salta agora à vista de todos.
Os governos ocidentais estão com Israel, numa campanha genocida sem precedentes no século XXI. De qualquer maneira, cidadãos com um mínimo de «decência humana», qualquer que seja a sua posição política, repudiam o castigo coletivo bárbaro e cruel, que se abate sobre mulheres, crianças e velhos. Já morreram mais de 9 mil civis em Gaza, dos quais, pelo menos 3 mil crianças.
Eu temo que judeus e ocidentais inocentes sofram agressões e humilhações em países que não são o «Ocidente», nem alinhados com o Ocidente. Não me surpreenderia. Tudo desemboca no alargamento da intolerância e do fanatismo. Globalmente, aumenta a possibilidade de uma guerra mundial total, em todas as frentes. Até agora, a IIIª Guerra Mundial tem sido «jogada»* em palcos regionais (Ucrânia-Rússia; Israel- Árabes ).
Note-se que o único fator que impede maior inflamar das hostilidades é a existência de arsenais nucleares nas mãos de potências adversas umas das outras. É um paradoxo.
Embora haja grande violência em Gaza, nos Territórios da Cisjordânia e na Ucrânia, não se assiste (por enquanto) a novos grandes fogos. Assiste-se, sobretudo, ao inflamar da retórica, às declarações incendiárias, à propaganda de guerra, protagonizada pela media corporativa, etc. Não apenas «numa guerra, a primeira baixa é a verdade», como «na preparação duma guerra em grande escala, a propaganda dos media faz uma barragem de tiro de artilharia pesada para enfraquecer o moral do campo inimigo e - principalmente- forçar a adesão ao seu próprio campo».
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(*) Considero que a IIIª Guerra Mundial já começou há bastante tempo, pois as ações observadas são de natureza mista: militares, subversão de governos, embargos, sanções económicas, diplomáticas, etc.
PS1: A Turquia de Erdogan é provável «baixa» na nova guerra «de proxi» que os países da OTAN estão a levar a cabo, ao lado de Israel. Veja as declarações do presidente turco: https://www.zerohedge.com/geopolitical/turkey-recalls-ambassador-israel-holds-netanyahu-personally-responsible-gaza
PS2: Veja foto de uma das manifestações que têm ocorrido em Washington: