terça-feira, 14 de março de 2023

GERALD CELENTE: O PIOR COLAPSO EM TODA A HISTÓRIA DA HUMANIDADE

Tome a sério o que ele diz e aja para se proteger!


Comentário de MB:

 Gerald Celente tem razão; o que refere são apenas alguns exemplos, apropriados para o seu público principal, o norte-americano.
Mas - em todo o mundo - a crise global do capitalismo tem-se vindo a agudizar, desde os anos 2000, com claras e sucessivas involuções em termos de partilha do poder (cada vez mais assimétrico) e das riquezas (distribuição das riquezas assimétrica como nunca o foi anteriormente).
Por isso, a grande questão é saber se os povos encontrarão coragem e sabedoria (somente um dos dois não chega!) para levar cabo as gigantescas lutas sociais e políticas que possam pôr em cheque e depois derrotar os oligopólios capitalistas.
No contexto imediato, encaminho os meus leitores, para um artigo meu AQUI, e o que adicionei como atualizações.

segunda-feira, 13 de março de 2023

ATENTADO CONTRA NORDSTREAM: REALIZADO COM CONHECIMENTO PRÉVIO DO GOVERNO ALEMÃO

 Uma entrevista de Seymour Hersh ao canal chinês CGTN revela uma série de pontos, que foram postos em evidência por John Helmer, no seu blog: ver AQUI.

A publicação a 8 de Fevereiro da reportagem exclusiva de Seymour Hersh, baseado em confidências de alguém muito bem situado nos serviços secretos dos EUA (provavelmente da CIA), deixou pontos importantes não esclarecidos e deu origem a muita especulação, tanto no sentido de fazer dizer aquilo que Hersh não disse, como para denegrir a veracidade do relatório e a seriedade das fontes secretas, consultadas por Hersh.

Vem por isso a propósito a entrevista dada por Hersh ao canal televisivo estatal da China. Oiça e veja a entrevista feita pela estrela do jornalismo Liu Xin, aqui:


A transcrição parcial, em inglês, da entrevista está AQUI.

Aquilo que, tanto o artigo inicial de Hersh, como a entrevista dada à CGTN deixam na sombra, é o papel da Alemanha em todo o processo. 

John Helmer, oportunamente, junta elementos de prova, de que o governo de Olav Scholz estava muito em sintonia com Biden, na famosa conferência de imprensa de 7 de Fevereiro de 2022, em que choveram (da parte de ambos) as ameaças de retaliação sobre a Rússia, caso esta invadisse a Ucrânia. Foi nessa altura que Biden deixou entender, claramente, que o Nordstream 2 não iria ser permitido continuar, caso os russos concretizassem a invasão. Tomei a transcrição abaixo, do blog de John Helmer:

 


[retirado do blog «Dances With Bears» de John Helmer]

Source: https://www.whitehouse.gov/

Note that when Scholz was asked to comment on Biden’s threat against Nord Stream, he gave an unqualified endorsement. “And possibly this is a good idea to say to our American friends: We will be united, we will act together, and we will take all the necessary steps. And all the necessary steps will be done by all of us together. [Q] And will you commit today — will you commit today to turning off and pulling the plug on Nord Stream 2? You didn’t mention it, and you haven’t mentioned it. CHANCELLOR SCHOLZ: As I’ve already said, we are acting together, we are absolutely united, and we will not be taking different steps. We will do the same steps, and they will be very, very hard to Russia, and they should understand.”

Source: https://www.whitehouse.gov/

A transcrição acima das palavras do Chanceler Scholz não deixam margem para dúvidas:

Para muitos europeus as palavras acima têm um sabor amargo:  à distância de pouco mais de um ano daquela conferência de imprensa e face ao que se passou a 27 de Setembro 2022, mostram  que Scholz, contrariamente à «lenda», não estava nada preocupado com o efeito do «cancelamento» de Nordstream 2 sobre a indústria alemã e o seu próprio povo. 
Esse «cancelamento» (à bomba) teve efeitos devastadores diretos sobre a economia da Alemanha e agravou a inflação generalizada que já despontava. Isto também afetou muito a economia europeia, como não podia deixar de ser, visto que a Alemanha tem sido (até agora) o principal motor industrial da U.E. 
As consequências que temos de aceitar, face aos factos, é de que não existe real separação entre a oligarquia eurocrática e a oligarquia estado-unidense. Quem espera divisões entre as duas, deveria esperar sentado.

domingo, 12 de março de 2023

FINANCEIRIZAÇÃO, ESPECULAÇÃO E ENVELHECIMENTO POPULACIONAL: três fatores da crise do capitalismo

Desde sexta-feira passada, que os clientes do SVB (Silicon Valley Bank) não têm acesso às suas contas para levantar dinheiro «em espécie» (cash) de que precisam, ou para pagar contas. Com efeito, o segundo banco dos EUA faliu e essa derrocada foi súbita, efetuou-se em 48 h. O banco falido foi tomado por uma companha de seguros, a «Petro Insurance Corporation».

                                     
Esta falência sucedeu a outra, a do «Silvergate Bank», que detinha o nº16 no ranking das instituições bancárias americanas. 
A economia dos EUA é, há muito tempo, um castelo de cartas, assente em nada, ou seja, no «ar quente» da especulação de Wall Street. 
Parece que este banco SVB perdeu muito dinheiro em empréstimos aos «venture capitalists», porém esta suposição não me parece a mais adequada, para explicar o colapso, pois eles tiveram como principal fator a desencadear a falta de solvabilidade, a subida acentuada dos juros das obrigações.



 No mercado bancário, a compra de obrigações, principalmente de Obrigações do Tesouro, tem importância,  devido a que os bancos podem apresentar melhores ratios entre capital emprestado e capital próprio, o que lhes dá a possibilidade de expansão das suas operações de crédito. Sendo a valorização das obrigações tanto mais baixa, quanto mais a sua taxa de juros sobe, não é surpreendente que a subida, em ritmo acelerado, dos juros das Obrigações do Tesouro nos EUA, provoque a descida da capitalização dos bancos, visto que aquelas obrigações formam boa parte das suas reservas.
A financeirização da economia traduz-se, nos EUA, na perda substancial de rendimento do capital financeiro, quando os juros se aproximam da normalidade, ou seja, da sua média histórica. 




Noutros países, como por exemplo, na Coreia do Sul, a crise manifesta-se num setor diferente: No imobiliário, onde existe o sistema muito particular de Jeonse (40% do mercado dos apartamento para aluguer) . Neste sistema, os inquilinos, em vez de pagar renda ao proprietário, emprestam-lhe, a juro zero, uma soma correspondente a uma certa percentagem do valor do apartamento. O proprietário tem de devolver a quantia, passados dois anos. Nas décadas passadas, o sistema funcionou bem, pois havia uma carência de imobiliário, havia um crescimento vigoroso da economia e os preços dos apartamentos iam subindo  (80% das economias das famílias estão investidas no setor imobiliário, neste país). Agora, com uma das taxas mais baixas de fertilidade do mundo e correlativo envelhecimento da população, a Coreia do Sul encontra-se num contexto completamente diferente dos anos de expansão. Os preços dos apartamentos estagnaram ou diminuíram.  
Os mercados de exportação contraíram-se, a construção do imobiliário parou, em simultâneo com o encarecimento das matérias-primas (incluindo alimentares). 
Este aumento generalizado de preços, ao nível mundial, é resultante da inflação desencadeada pelas sequelas da frenética impressão monetária, das ruturas das cadeias de produção e abastecimento, causadas pelos «lockdowns» do COVID. Finalmente, as subidas bruscas do petróleo e outras fontes de energia, decorrente das sanções ocidentais às exportações de combustíveis da Rússia (o maior exportador mundial de gás natural e de petróleo), afetaram severamente todos os mercados em 2022. 
O resultado destes fatores conjugados, é que a Coreia do Sul (e, provavelmente, outros países com economias similares) deixou de ser um exportador líquido, para ser um importador líquido, ou seja, a economia sul-coreana gasta mais dólares a abastecer-se de produtos que importa do estrangeiro, do que os dólares que obtém pelas suas exportações. Isto é uma inversão muito notável pois, com exceção da grande crise de 1996-7, este país asiático tinha durante décadas um balanço positivo nas trocas comerciais.    
 
Em qualquer dos casos, a economia dos países capitalistas típicos está condenada. 
No caso das economias largamente financeirizadas, como é o caso dos EUA e também do Reino Unido, as sucessivas perdas de rentabilidade do capital tornam insustentáveis todos os esquemas de tipo Ponzi, em que assentam as suas economias, desde a banca, até aos fundos de pensões (sejam elas públicas ou privadas).
No caso das economias industriais e exportadoras muito dinâmicas, como a Coreia do Sul (igualmente para o Japão e outros países do extremo-Oriente), as dificuldades são acentuadas pela insustentabilidade demográfica: Uma economia capitalista tem de crescer para sobreviver e, para isso, tem também de crescer em termos demográficos. Em paralelo, ocorre o «encolhimento» dos mercados-clientes incapazes de absorver a oferta dos produtos industriais produzidos, devido à severa crise prolongada que lavra em países do Ocidente, principais clientes dos produtos industriais do Extremo-Oriente.
O resultado de todos estes fatores conjugados, traduz-se num comportamento caótico global da economia capitalista, num grau tal, que provocará uma grande destruição de capital. Segundo opiniões avalizadas, entrámos numa depressão, pelo menos tão severa como a depressão de 1929.

PS1: O artigo de Michael Hudson, que pode consultar AQUI, dá-nos a panorâmica do que se passa nas falências sucessivas dos bancos americanos. Tal como eu escrevi, Hudson põe à cabeça como causa para estas falências em série, a subida das taxas de juro dos bonds do tesouro, que constituem parte substancial das reservas de qualquer instituição bancária nos EUA. Os valores das obrigações diminuíram acentuadamente (quando o juro aumenta, a obrigação vale menos), esta quebra foi contagiar, por sua vez, as descidas no imobiliário e nas ações.

PS2: O mecanismo de funcionamento dos empréstimos fracionários é explicado por Richard Wolf

PS3: Um grande número de bancos tiveram de suspender a sua cotação nos mercados de ações, tendo as suas ações descido em média de 80%.

sábado, 11 de março de 2023

NÃO É AQUILO QUE SE DIZ, QUE CONTA

... É aquilo que as palavras ocultam, ou seja , a verdadeira lógica da discursividade reside no que não é aparente. É o que se faz, no mundo REAL e que é recoberto por discursos. A utilização das palavras para induzir os ouvintes na ilusão do que eles mais desejam está a ser-lhes proporcionado, deve ser tão antiga como a mais antiga civilização. O engano deste tipo é deveras «humano», não é possível, nem concebível, ser efetuado por outras espécies animais. É realmente curioso que se  atribua tanta importância à palavras, no nosso século. É curioso que se tenha desenvolvido uma «polícia» das palavras (e das ideias) que supostamente teria como função «proteger-nos» de agressões verbais. Mas em nome de quê ou de quem? É verdade que podemos ficar ofendidos com determinadas palavras ou expressões. E daí? Costumo dizer que aquele que insulta é como o que atira um escarro para o ar: pode cair-lhe em cima da cara! A ofensa só é ofensa porque o ofendido se deixou afetar pelo insulto. Mas, a real razão de ser de todos esses batalhões de virtude verbal (e virtual), será a preocupação de que os nossos olhos ou ouvidos não sejam «ofendidos» !?

- Não, é antes o pretexto idiota para a instalação de uma censura que vai castigar os dissidentes... sob pretexto de discurso racista, ou indecente, ou homófobo, ou sei lá o quê! 

Há um certo tempo atrás, um indivíduo que se sentisse ofendido, insultado, recorreria a um tribunal e, se a queixa fosse considerada procedente, o ofendido podia reclamar uma indemnização pelos «danos morais e materiais» sofridos.  O autor do crime não só tinha de pagar ao ofendido, como também tinha de pagar as custas do processo. Mas este método de dissuadir o insulto, não servia os fins dos detentores dos poderes. Tiveram então a «genial» ideia de instaurar a censura na Internet, agora com extensão a toda a média e aos próprios livros, sob pretexto de ofensas às criancinhas inocentes, ou de fazer propaganda dos malvados terroristas, etc. 

Mas à indústria da pornografia usando as crianças, quase toda veiculada pela Internet, a esta não lhe acontece nada. Neste mundo falsamente virtuoso, as leis e regulamentos aplicam-se ou não, segundo a conveniência dos poderosos. É fatal que, com o poder de que disfrutam governos e seus agentes judiciais, eles pudessem (se quisessem) perseguir a indústria de pornografia que usa as crianças ou menores. Mas, isso seria atentar contra uma rentável indústria, na qual não poucos manda-chuva dos negócios e da política, têm interesse material. Para além do interesse material, que possam ter, também lhes convém como instrumento suplementar de desviar a atenção do público das obscenas e pornográficas traficâncias em que consiste a parte menos «oficial» do seu desempenho.

Quanto aos «malvados terroristas» é quase o mesmo: Quando as pessoas começaram a ficar fartas da propaganda «antiterrorista», sobretudo quando começaram a ver por detrás da cortina, que os tais grupos terroristas eram uma construção e um instrumento de política dos poderes, desapareceram os tais «terroristas». Muito depressa, passou a haver a tal epidemia terrível, sendo então instaurada uma censura férrea, que não acabou, sobre tudo o que cheirasse a abordagem não totalmente ortodoxa, sobre a origem, a propagação, o tratamento e a «vacina», do tal vírus. 

Depois disso, como sabemos, o vírus deixou de fazer as primeiras páginas dos jornais e telejornais, porque entretanto conseguiram fazer uma «guerra a sério» lá para as fronteiras da Rússia, envolvendo todos os membros da OTAN no esforço de guerra, em defesa dum regime considerado somente o mais corrupto de toda a Europa e talvez do Mundo. 

Isso envolveu centenas de milhares de mortes, tanto ucranianos, como russos, mas os poderes  não estão preocupados com isso. O que os preocupa é que, apesar de todo o controlo que exercem sobre este país dilacerado, haja capacidade de um certo número de entidades civis e militares começarem a negociar a paz com os russos. Isto é uma obscenidade sem nome; um país ser obrigado a sofrer uma derrota (que à partida estava garantida, pela desproporção das forças em presença) e de, ainda por cima, lutar sem proveito próprio para abrir caminho para os negócios com a terra (agronegócio) e com todo o remanescente industrial, após a destruição da guerra. 

Quando acabar a guerra e a Ucrânia for mais um Estado falido, como a Líbia e outros, vão fingir que a reconstroem, exatamente como fizeram durante 20 anos no Afeganistão, sem dúvida com a mesma eficácia!

Mas isso é «propaganda a favor de Putin», logo não pode ser dito e comentado nos grandes media, que mais parecem os jornais de propaganda nos regimes totalitários que conhecemos no século XX.

Agora o novo totalitarismo é mais «subtil», embora não menos eficaz, no sentido de calar a oposição e criminalizá-la, mas sempre invocando virtudes que o público ingénuo toma « como palavra de Evangelho». Assim, às pessoas vão lhes sendo retiradas, de forma «deslizante», todas as liberdades e garantias, sob os mais diversos pretextos, sempre a bem da sua segurança e  da «democracia»!

sexta-feira, 10 de março de 2023

OS QUE TRAÍRAM JULIAN ASSANGE (por JOHN PILGER)

 https://www.globalresearch.ca/betrayers-julian-assange/5811565

 Esta é uma versão resumida de um discurso de John Pilger em Sydney em 10 de março para marcar o lançamento na Austrália da escultura de Julian Assange, Chelsea Manning e Edward Snowden, de Davide Dormino, 'figuras de coragem'.

***

Conheço Julian Assange desde que o entrevistei pela primeira vez em Londres em 2010. Gostei imediatamente de seu sentido do humor seco e sombrio, muitas vezes acompanhado duma risadinha contagiante. Ele é um forasteiro orgulhoso: perspicaz e pensativo. Nós ficámos amigos e eu sentei-me em muitos tribunais ouvindo os tribunos do estado a tentarem silenciá-lo e à sua revolução moral no jornalismo.

Meu ponto alto foi quando um juiz do Royal Courts of Justice se inclinou sobre seu banco e rosnou para mim: 'Você é apenas um australiano peripatético como Assange.' Meu nome estava em uma lista de voluntários para pagar a fiança de Julian e esse juiz me identificou como aquele que denunciou sua participação no notório caso dos expulsos dos ilhéus de Chagos . Sem querer, ele fez-me um elogio.

Eu vi Julian em Belmarsh não faz muito tempo. Conversámos sobre livros e a idiotice opressiva da prisão: os slogans de palmas felizes nas paredes, os castigos mesquinhos; eles ainda não o deixam usar o ginásio. Ele deve exercitar-se sozinho numa área semelhante a uma jaula, onde há uma placa que avisa para evitar pisar a relva. Mas não há relva. Nós rimos; por um breve momento, algumas coisas não pareciam tão ruins.

O riso é um escudo, claro. Quando os guardas da prisão começaram a sacudir as chaves, como gostam de fazer, indicando que nosso tempo havia acabado, ele ficou quieto. Quando saí da sala, ele levantou o punho cerrado, como sempre faz. Ele é a personificação da coragem.

Aqueles que são a antítese de Julian: Em quem a coragem é inédita, juntamente com os princípios e a honra, são os que se interpõem entre ele e a liberdade. Não estou referindo o regime da máfia em Washington, cuja perseguição de um homem bom é um aviso para todos nós, mas sim para aqueles que ainda afirmam administrar uma democracia justa na Austrália.

Anthony Albanese estava murmurando sua platitude favorita, 'basta' muito antes de ser eleito primeiro-ministro da Austrália no ano passado. Ele deu a muitos de nós uma esperança preciosa, incluindo à família de Julian. Como primeiro-ministro, ele acrescentou palavrões sobre "não simpatizar" com o que Julian havia feito. Aparentemente, tivemos que entender sua necessidade de cobrir de modo apropriado o seu posterior, caso Washington o chamasse à ordem.

Sabíamos que seria necessária uma coragem política excepcional, senão moral, para Albanese se levantar no Parlamento australiano - o mesmo Parlamento que se apresentará diante de Joe Biden em Maio - e dizer:

'Como primeiro-ministro, é responsabilidade do meu governo trazer para casa um cidadão australiano que é claramente vítima de uma grande e vingativa injustiça: um homem que foi perseguido pelo tipo de jornalismo que é um verdadeiro serviço público, um homem que não mentiu ou enganou - como tantas das falsificações na média, mas disse às pessoas a verdade sobre como o mundo é governado.'

“Peço aos Estados Unidos”, diria um corajoso e moral primeiro-ministro Albanese, “que retirem seu pedido de extradição: Para acabar com a farsa maligna que manchou os outrora admirados tribunais de justiça da Grã-Bretanha e permitir a libertação de Julian Assange incondicionalmente, para a família dele. Fazer Julian permanecer em sua cela em Belmarsh é um ato de tortura, como o Relator das Nações Unidas chamou. É assim que uma ditadura se comporta.'

Infelizmente, meu devaneio sobre a Austrália fazendo o certo por Julian atingiu o seu limite. A provocação da esperança de Albanese está agora perto de uma traição pela qual a memória histórica não o esquecerá e muitos não o perdoarão. De que ele está à espera, afinal?

Lembre-se de que Julian recebeu asilo político do governo equatoriano em 2013 em grande parte porque seu próprio governo o abandonou. Isso, por si só, deveria envergonhar os responsáveis: ou seja, o governo trabalhista de Julia Gillard .

Gillard estava tão ansiosa para conspirar com os americanos para fechar o WikiLeaks por sua verdade, que ela queria que a Polícia Federal Australiana prendesse Assange e tomasse seu passaporte por aquilo que ela chamou de publicação 'ilegal'. A AFP apontou que eles não tinham tais poderes: Assange não havia cometido nenhum crime.

É como se você pudesse medir a extraordinária rendição da soberania da Austrália pela forma como trata Julian Assange. A pantomima de Gillard rastejando para ambas as casas do Congresso dos EUA é um teatro bajulador no YouTube. A Austrália, ela repetiu, era a "grande companheira" da América. Ou era 'pequeno companheiro'?

Seu ministro das Relações Exteriores era Bob Carr, outro político da máquina trabalhista que o WikiLeaks expôs como um informante americano, um dos garotos úteis de Washington na Austrália. Em seus diários publicados, Carr gabava-se de conhecer Henry Kissinger; de fato, o Grande Guerreiro convidou o ministro das Relações Exteriores para acampar nas florestas da Califórnia, ficamos sabendo.

Os governos australianos alegaram repetidamente que Julian recebeu apoio consular total, o que é seu direito. Quando seu advogado Gareth Peirce e eu nos encontrámos com o cônsul-geral australiano em Londres, Ken Pascoe, perguntei-lhe: 'O que você sabe sobre o caso Assange'.

'Exatamente o que eu li nos jornais', ele respondeu com uma risada.

Hoje, o primeiro-ministro Albanese está preparando este país para uma ridícula guerra liderada pelos americanos com a China. Bilhões de dólares serão gastos para uma máquina de guerra de submarinos, caças e mísseis que pode atingir a China. A propaganda de guerra faz salivar 'especialistas' no jornal mais antigo do país, o Sydney Morning Herald e o Melbourne Age é um embaraço nacional, ou deveria ser. A Austrália é um país sem inimigos e a China é seu maior parceiro comercial.

Esse servilismo enlouquecido à agressão é apresentado num documento extraordinário chamado Acordo de Postura da Força EUA-Austrália. Isso afirma que as tropas americanas têm 'controle exclusivo sobre o acesso a [e] uso de' armamentos e materiais que podem ser usados ​​na Austrália em uma guerra agressiva.

Isso quase certamente inclui armas nucleares. O ministro das Relações Exteriores de Albanese, Penny Wong, 'respeita' a América sobre isso, mas claramente não tem respeito pelo direito de saber dos australianos.

Essa subserviência sempre existiu — nada atípico de uma nação colonizadora que ainda não fez as pazes com os povos originários e donos de onde vivem —, mas agora é perigosa.

A China com o "Perigo Amarelo" encaixa-se na história de racismo da Austrália como uma luva. No entanto, há outro inimigo sobre o qual eles não falam. Somos nós, o público. É nosso direito saber. E nosso direito de dizer não.

Desde 2001, cerca de 82 leis foram promulgadas na Austrália para retirar ténues direitos de expressão e dissidência e proteger a paranoia da Guerra Fria de um estado cada vez mais secreto, no qual o chefe da principal agência de inteligência, ASIO, dá palestras sobre temas de 'valores australianos'. Existem tribunais secretos e provas judiciais secretas, e erros secretos da justiça. A Austrália é considerada uma inspiração para o mestre do outro lado do Pacífico.

Bernard Collaery, David McBride e Julian Assange - homens profundamente morais que disseram a verdade - são os inimigos e vítimas dessa paranoia. Eles, não os soldados eduardianos que marcharam para o rei, são nossos verdadeiros heróis nacionais.

Sobre Julian Assange, o primeiro-ministro tem duas faces. Uma face provoca a nossa esperança de sua intervenção junto de Biden que levará à liberdade de Julian. A outra face insinua-se com o 'POTUS' e permite que os americanos façam o que quiserem com seu vassalo: Estabelecer alvos que podem resultar em catástrofe para todos nós.

Albanese apoiará a Austrália ou Washington no caso de Julian Assange? Se ele é "sincero", como dizem os partidários mais tradicionais do Partido Trabalhista, de que está ele à espera? Se ele não conseguir a libertação de Julian, a Austrália deixará de ser soberana. Seremos pequenos americanos. Oficial.

Não se trata da sobrevivência de uma imprensa livre. Já não existe imprensa livre. Existem refúgios no samizdat , como este site. A questão primordial é a justiça e nosso direito humano mais precioso: ser livre.

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John Pilger é um jornalista e cineasta australiano-britânico baseado em Londres. O site de Pilger é: www.johnpilger.com . Em 2017, a Biblioteca Britânica anunciou um Arquivo John Pilger de todos os seus trabalhos escritos e filmados. O British Film Institute inclui seu filme de 1979, “Year Zero: the Silent Death of Cambodia”, entre os 10 documentários mais importantes do século XX . Algumas de suas contribuições anteriores para o Consortium News podem ser encontradas aqui .
A fonte original deste artigo é a Global Research
Copyright © John Pilger , Pesquisa Global, 2023

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ps1: Veja as estátuas de Snowden, Assange e Manning à sua chegada a Sydney


TOMBEAU DE MONSIEUR DE SAINTE COLOMBE - MARIN MARAIS [SOPHIE WATILLON]


Monsieur de Ste Colombe, foi o mestre de viola da gamba, que ensinou a Marin Marais e a outros gambistas os segredos desta arte, toda em subtileza e dignidade. 
A viola da gamba faz parte de uma família de instrumentos de arco, que foi preterida, a  partir da segunda metade do Século XVIII, para os instrumentos da família do violino. 
J. S. Bach ainda escreveu várias peças para viola da gamba e contínuo e fez intervir este instrumento em certas obras instrumentais (alguns concertos Brandeburgueses) e em obras sacras vocais e instrumentais (cantatas e paixões).
 No entanto, é a escola francesa deste instrumento que mais produziu e mais ficaram para a posteridade os exemplares da escrita para viola da gamba. 
Deste escol de músicos, sem dúvida, Marin Marais é o principal. Foi músico da corte de Luís XIV e deixou muitas peças para o seu instrumento, quer a solo, quer em concerto com outros instrumentos. 
Além da escola francesa, os «consorts de viola» do final do renascimento e início do barroco ingleses também nos legaram peças notáveis: a família das violas formava conjuntos (viola da braccio, da gamba e contrabaixo): Estes consorts eram executados - por vezes - em instrumentos que tinham sido construídos com o fim de serem tocados em conjunto. 


As peças designadas de «TOMBEAU» são uma idiossincrasia do barroco francês, evocada por músicos do século XX, como Ravel, que escreveu um «Tombeau» em memória do grande François Couperin. 

Já analisei algumas obras designadas por Tombeau neste blog: 

J. J. FROBERGER:  «Tombeau faict à Paris sur la mort de Monsieur Blancheroche»

MARIN MARAIS - O «TÚMULO DE LULLY»:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/05/marin-marais-o-tumulo-de-lully.html

Outra versão do «TOMBEAU DE MONSIEUR STE. COLOMBE»:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/10/marin-marais-tombeau-de-monsieur-de-ste.html

São obras-primas do Barroco, apreciadas pelos amadores de música antiga.

Graças ao renovo de interesse pela execução, não só em cópias fiéis dos instrumentos da época, como também graças a um aprofundamento do estudo das fontes pelos musicólogos e executantes, podemos apreciar a  música destes séculos  (XVII e XVIII), revivida com o maior rigor possível. 

Sophie Watillon pertence ao número pequeno, mas crescente, de interpretes que aprofundam as técnicas e estilos de execução da viola da gamba.


quarta-feira, 8 de março de 2023

RAMEAU, PEÇAS PARA CRAVO EM CONCERTO (EXCERTOS)


 Foi assim que decidi homenagear este dia ( 8 de Março, dia da nossa cara metade), no feminino. 
Rameau presta-se muito bem a isto, pois ele construiu peças em torno da feminilidade, representando vários caracteres (com os nomes respetivos ou sem eles) pela música.

 Este conjunto instrumental é de qualidade, adequando estilo e andamento aos requisitos próprios destas peças do final do barroco.


Outros posts sobre Rameau no blog «Manuel Banet, ele próprio»:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2020/10/rameau-primeiro-livro-de-pecas-para.html 


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/10/jp-rameau-obras-para-cravo.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/09/opera-ballet-les-indes-galantes-de.html


https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/03/gavotte-e-variacoes-de-rameau.html