Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

PAZ AGORA, POSSÍVEL E DESEJÁVEL

 Desde sempre que sou a favor da paz. Numa guerra, de parte e de outra, há  sempre argumentos válidos ou considerados como tais, para continuar e mesmo intensificar as ações bélicas. Mas, sob nenhum prisma, conseguem convencer-me. Tudo o que invocam os generais de poltrona, resume-se a dois falsos argumentos ou falácias:

1) Falácia do "ou eles, ou nós": se não formos nós a infligir uma derrota sem apelo, serão eles a fazer isso mesmo. Esta aparente necessidade "lógica" deixou de fazer sentido, quando sabemos que um inimigo poderoso, em vias de ser derrotado militarmente, pode ter a tentação de recorrer às armas nucleares. Mas, o argumento também vai contra a realidade histórica, visto que muitas guerras se resolveram através de diplomacia, de negociações para a paz. 

2) Falácia d' "os bons versus os maus": Que eu saiba, as guerras são sempre produto de seres humanos. Nunca nenhum lado tem 100% de razão. Os dirigentes políticos, os governantes de um e doutro lado, tiveram oportunidade de resolver o conflito por meios pacíficos, antes de recorrer a meios militares. Se não conseguiram fazê-lo, isso não significa que fosse impossível, mas que não houve empenho suficiente para encontrar um acordo. Os dirigentes e os propagandistas dirão sempre que a culpa, a falta de boa-fé, veio do lado contrário. De facto, os povos de ambos os lados é que são as vítimas, quase todas inocentes, de tudo o que de perverso, cruel, soberbo ou louco, os seus dirigentes congeminaram. 

Não existe qualquer desculpa para as partes em conflito não negociarem um cessar-fogo, verificado por entidades neutrais, como primeiro passo para as negociações de paz.

A passividade das pessoas, ou sua tomada de partido irracional por um dos lados, em detrimento do outro, tem permitido que os elementos belicistas, de um e de outro lado, pressionem os respetivos governos. Porém, qualquer pessoa culta, com conhecimentos de política, história e diplomacia, sabe que qualquer guerra tem, como desfecho, negociações. Nos casos em que não existiu um acordo de paz, as sociedades continuaram a viver no medo do reacender da guerra.

Se qualquer guerra tem de se concluir por negociações de paz, sabendo nós os incontáveis sofrimentos humanos, sabendo também a imensa destruição e empobrecimento geral, além dos perigos reais de confrontação nuclear, só loucos ou criminosos sociopatas não colocam como primeira prioridade o fim desta guerra e negociações para uma paz duradoura.

Na verdade, quem viu com seus próprios olhos uma guerra, sabe que não existe nada mais próximo do  "inferno na Terra", que isso. Mas, não é indispensável ter-se estado numa situação de guerra para se perceber e sentir verdadeira compaixão pelas vítimas, civis ou militares.

A paz agora é possível e desejável, cabe a cada um de nós fazer o seu melhor para apressar essa solução. A cada momento que passa, nas operações militares em curso, morrem pessoas, quase todas inocentes, mesmo as que vestem uniforme. A melhor maneira de parar uma guerra, é recusar embarcar na lógica falsa que acima apontei e demonstrar - por todos meios - que os povos não querem a guerra, e que os governos têm de trabalhar para a paz.






6 comentários:

Manuel Baptista disse...

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/10/caminho-para-uma-paz-negociada-na.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/07/quem-teme-paz.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/07/a-verdadeira-mentalidade-pacifista.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/02/se-queres-paz-prepara-paz.html

Manuel Baptista disse...

US está a fazer subir «a temperatura» através de sanções, de acusações ridículas. Pequim retorquiu e faz uma declaração a todos os títulos arrasadora: Os EUA enquanto imperialismo e o que têm feito, só neste século. Só fala de factos, nesta declaração, por mais que se diga, no Ocidente, que é propaganda.
https://www.youtube.com/watch?v=HTiBksEHGrU

Manuel Baptista disse...

Oiça o comentário de Gonzalo Lira sobre a declaração chinesa sobre os EUA e os perigos globais de guerra.
https://www.youtube.com/watch?v=mj7mauNj8DY&t=547s

Manuel Baptista disse...

Medea Benjamin e Nicholas J.S. Davies escrevem um artigo de balanço sobre os efeitos económicos da guerra na Ucrânia. Vale a pena ler:
https://www.nakedcapitalism.com/2023/02/whos-winning-and-losing-the-economic-war-over-ukraine.html

Manuel Baptista disse...

Douglas Macgregor é um tenente-coronel reformado do exército dos EUA:

https://www.youtube.com/watch?v=KfdUl-RNP30

Manuel Baptista disse...

Veja no site https://nuclearfamine.org/connect/

HIGH-ALTITUDE ELECTROMAGNETIC PULSE (HEMP):

No caso de ocorrência de uma guerra nuclear, a explosão das bombas a uma certa distância do solo provocarão um pulso eletromagnético, que terá consequências dramáticas e destruidoras. Hoje as aparelhagens eletrónicas compõem uma parte substancial dos aparelhos e instrumentos que são usados correntemente.
Nos hospitais, nas centrais elétricas (nucleares ou não) nas estruturas industriais, administrativas, etc. tudo depende do bom funcionamento de aparelhos eletrónicos que ficarão imediatamente estragados, muitos de modo irreversível, no caso de um pulso eletromagnético. Não é só uma explosão nuclear que pode provocar esse pulso. Também a explosão de cometas, meteoritos, fenómenos naturais difíceis de prever e impossíveis de prevenir nas condições atuais da tecnologia. Pelo contrário, uma guerra nuclear pode e deve ser prevenida a todo o custo.