terça-feira, 1 de março de 2022

«LE DÉSERTEUR» DE BORIS VIAN // QUANDO A MÚSICA DÓI



Aqui, uma das músicas que nos encheram o espírito e o coração, nos idos anos sessenta do século passado. Ou foi há vinte séculos???
Elas estão mais esquecidas porque raramente são evocadas ou retomadas, ao contrário das produções do showbiz, a máquina do espetáculo. Não é por acaso que existe - vemos à nossa volta, agora mesmo - uma sociedade sem memória coletiva, sem conhecimento da história, descerebrada. 
Infelizmente, eu terei de ser um desertor, se isto continua a ir de mal para pior. Demasiados sinais vão nesse sentido.
Não compreendo bem como as pessoas se deixam tomar pela paixão a favor da guerra, mas penso que esteja relacionado com a manipulação dos instintos profundos de sobrevivência, do medo da morte e de serem ostracizadas. Poucos são os homens e mulheres que têm a coragem (sim, hoje em dia é precisa) de pensarem por si próprios/as e, igualmente, de serem coerentes consigo próprios/as. 
Apesar do meu ceticismo, apelo ao bom-senso, à humanidade, ao sentido de responsabilidade de todos/as que me leem:
Não vamos, intencionalmente ou não, assoprar os ventos da guerra. Agora, do lado dos poderes, há um desencadear de furacões e tornados. 
Se queres a paz, trabalha pela paz!
Uma paz dentro de ti, com os outros, com aqueles/as com quem te sentes em dissonância, especialmente. 
Este Mundo é para ser partilhado por todo o género humano, por todas as culturas e países. 
A guerra, seja a que nível for, é sempre uma má solução; ou melhor, não é realmente uma solução. 
Tudo o que deixa, é desespero, destruição, amargor e desejo de vingança, nos que a sofrem. Em geral, sofrem muito também os que não têm um mínimo de participação na loucura coletiva. 

O meu coração não pode ter sentimentos antagónicos contra os povos, sejam eles quais forem... Os povos ucraniano, russo, da União Europeia, britânico, dos EUA... Não tenho nada contra eles (e os restantes)! 
Mas, tenho contra os dirigentes, os líderes que, ao longo de décadas, nos têm coletivamente levado para o abismo, passo ante passo, falhando redondamente na promessa (explícita ou implícita) de criar condições de segurança coletiva, para as nossas sociedades, para o Mundo.

O que parece extremo, de minha parte, não o é, afinal. Sempre foi a mensagem do humanismo, da filosofia, da espiritualidade. Se procurarem, verão que temos exemplos claros disso, no presente e nas tradições dos diversos países, que estão agora tão apartados. 
Neste contexto, é preciso evitar o mal que consiste em diabolizar o outro, em colocá-lo (explícita ou implicitamente) num plano de «não humano». 

A propaganda apoderou-se da media, sobretudo a media com meios mais poderosos de difusão. Em simultâneo, são censuradas informações e opiniões, que se afastem da ortodoxia ditada pelos poderes, nesta Guerra Global em que nos encontramos mergulhados. Estes mecanismos acabam por anular qualquer réstia de liberdade. Eles tendem a extravasar para aquelas áreas e assuntos que os poderes decidam que são «tabu». Porque, sem liberdade de informação e de opinião, não se pode manter nenhuma liberdade verdadeira.

Será que a humanidade se vai deixar levar - mais uma vez - ao matadouro? Desta vez, seria a vez definitiva; se houver vida, não haverá nada que valha a pena viver, no seguimento duma guerra nuclear. Note-se que é impossível haver uma guerra nuclear limitada. Nas circunstâncias atuais, há a certeza de que um primeiro golpe nuclear, por um dos adversários, não vai impedir que o outro conserve várias possibilidades de contra-ataque nuclear. 
Mesmo que não houvesse uma tal riposta, o «inverno nuclear», isto é, o arrefecimento brusco do clima e a diminuição duradoira da fotossíntese, devido às partículas de poeira radiativa em suspensão depois das explosões,  causaria o definhar lento, horrível e definitivo da espécie humana. 
Querem isso ... Ou preferem acordar da ilusão e do condicionamento e agir responsavelmente, como humanos? 



Le Déserteur

Le déserteur
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Qu'elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer

 

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

UMA IMAGEM VALE MIL PALAVRAS...MAS AS PALAVRAS DE DAVID STOCKMAN SÃO INDISPENSÁVEIS





                                    williambanzai7

???? QUEM É QUE DISSE: «FUCK THE EU!» ????

https://www.zerohedge.com/news/2022-02-26/picture-worth-1000-words


Em complemento, leia o artigo de David Stockman: The Land Where History Died, Part 1a


Os que hoje se indignam com os russos e Putin são os que encobriram, quando não aplaudiram, as barbaridades dos nazis ucranianos durante estes oito anos.

PS1: As palavras de Edward Curtin também são sensatas, oxalá que não sejam proféticas. Leia AQUI.



domingo, 27 de fevereiro de 2022

QUAL É REALMENTE A ESTRATÉGIA DAS FORÇAS RUSSAS NA UCRÂNIA?






 Uma testemunha no terreno, explica (para o público americano) o que é que se está a passar realmente (ele está agora em Kiev), o que ele explica tem toda a lógica e mostra como a propaganda ocidental é absolutamente estúpida. Acrescento que ele não me parece ser um entusiasta dos russos ou de Putin.

[Charles Hugh Smith] SISTEMA FINANCEIRO ESTÁ OTIMIZADO PARA OS SOCIOPATAS E A EXPLORAÇÃO

 




https://www.financialsense.com/contributors/charles-hugh-smith

Designemos este sistema financeiro por aquilo que ele realmente é: Metaperverso, um mundo construído por trapaceiros auto- remunerados.

           

Vivemos num momento particular da história, em que a verdade foi banida, como ameaça à maximização do lucro privado, ou seja, a híper-procura do interesse egoístico. As provas que apoiam uma cadeia causal foram substituídas por factos escolhidos a preceito, que apoiam a narrativa auto- justificadora: quer as provas, quer a narrativa, são construídas para servirem os interesses da pequena minoria à custa da imensa maioria.
Neste momento da história, as evidências são facilmente contestadas, porque o processo de fabricar provas auto- justificativas tem sido aperfeiçoado. As provas auto- justificativas são, agora, um produto que se pode comprar a preceito: Falseie o tamanho da amostra, manipule os dados com estatística, evoque um contexto para enquadrar as evidências de modo a que se incline para um dos lados (o seu), omita as evidências desinteressadas e polvilhe com matemáticas obscuras, e aí tem... As evidências e as narrativas são apresentadas como «factos», em vez do que realmente são, a trapaça elaborada, bem encenada, construída para maximizar os ganhos privados da ínfima minoria e explorar a imensa maioria.
Para que todo o sistema esteja ao serviço da ganância patológica duns poucos, o melhor é desvalorizar a verdade, relegá-la a uma mera opinião entre outras e as cadeias causais, a meras narrativas. Neste momento da História, a verdade foi rebaixada a simples quimera; existe apenas opinião e todas as opiniões são iguais. Todas as opiniões se reduzem a crenças e todas as crenças são iguais. Todas as narrativas se valem. Todas as questões se reduzem a valores: os valores são todos igualmente desenraizados, flutuando livremente, e valem todos o mesmo: zero.
Esta trapaça atingiu a perfeição no sistema financeiro, que está agora otimizado para a exploração em benefício dos sociopatas. Como explicou Nassim Taleb (com referência a Adam Smith), os mercados só funcionam se existirem regras, impostas por igual a todos os participantes. No presente sistema, há dois conjuntos de regras: um, que se pode resumir a «vale tudo» para os super-ricos e bem relacionados, e outro para todos os restantes.
Tosquie biliões às ovelhas, pagará uma multa modesta e, se todas as suas apostas saírem furadas, será resgatado porque o seu negócio é demasiado importante para falir. Desvie uma pequena soma dum banco, ou agência financeira e vai parar à prisão. Venda um produto financeiro que foi desenhado para fracassar , como se fosse de baixo risco. E então?! O cliente que tomasse mais atenção! Afinal, isto é o livre mercado a operar. Venda uma pequena quantidade de droga e vai parar ao inferno prisional.
- Dois conjuntos de regras: um simulacro de regras para os ricos - mais outra trapaça - e regras punitivas para todos os outros.
Visto que as evidências, as cadeias causais e os valores foram desprezados, já não existe o reconhecimento de que o desejo do ganho (a ganância) tanto pode desencadear exploração, como ser benéfica para o coletivo. Se o vosso desejo de ganhar leva a que façais um produto que é melhor, mais depressa, mais barato, com maior durabilidade e eficiência do que os produtos concorrentes disponíveis, o vosso ganho é o resultado de um avanço, que também serve os interesses da grande maioria.
Se o vosso desejo de ganho vos leva a construir algo - um objeto, ou um produto financeiro - defeituoso, desenhado para falhar (como as hipotecas fraudulentas ou os produtos-lixo que se destinam a encher os aterros), ou se subir o preço, simplesmente porque pode fazê-lo, a vossa ganância serve apenas os vossos interesses, à custa da maioria. Isto é a combinação perfeita da exploração. Cleptocratas e sociopatas, rejubilam neste ambiente!
Este sistema está otimizado para a exploração, pois os exploradores podem explorar as pessoas comuns, sem que elas percebam que foram saqueadas. Já não temos os meios para distinguir a fraude do facto, nem a exploração, de mercados baseados em regras.
Ezste contexto de generalizada exploração e degradação é o "Céu na Terra" para os sociopatas que não veem qualquer diferença entre ganhos obtidos esbulhando o próximo e obtidos por fornecer um produto/serviço de melhor qualidade. Eles prosperam, explorando o sistema e os seus participantes: assalariados, sócios, fornecedores, depositantes, devedores, credores e clientes.
Mas, na desoladora paisagem causada pela exploração e supremacia do interesse egoístico, algumas coisas continuam a ser verdadeiras e outras falsas. Algumas verdades permanecem evidentes por si próprias. Tal como tenho mostrado muitas vezes, podemos ver o salário/horário e o custo dos produtos e serviços essenciais em 1980, 1990, 2000, 2010 e no presente e fazer um cálculo de quantas horas de trabalho foram necessárias para pagar as despesas essenciais, como aluguer, cuidados de saúde, custos de educação das crianças, transportes, etc. Estes cálculos revelam que a capacidade aquisitiva dos salários tem vindo a descer durante as últimas décadas. Esta evidência não pode ser nulificada com declarações de que seja opinião, crença ou «um conjunto diferente de valores» --porque é um facto.
Se nós medirmos prosperidade pelo trabalho necessário para comprar as coisas básicas, todos, exceto os do topo da escala salarial, são menos prósperos hoje. Estes factos e esta cadeia causal são evidentes, por si próprios. Alguns dos que recolheram os ganhos produzidos na economia pelo trabalho da grande maioria, conseguem comprar a comunicação social mercenária, para manufaturar a ilusão de que a maioria está melhor, mas estas ditas «notícias» e «análises», só servem para nos distrair dos mecanismos de extorsão que operam "24/ 7".
Chamemos a este sistema financeiro aquilo que é, na realidade: O Metaperverso, a construção de um mundo de trapaças em benefício dos próprios, otimizado para a exploração, a perversão da justiça, o esbulhar dos muitos em benefício dos poucos, tudo isso protegido e ocultado por uma nuvem de confusão, onde tudo se equivale, na ausência de valor e onde a verdade já não existe. Tudo o que resta, são as baboseiras dos trapaceiros a competirem entre si.



sábado, 26 de fevereiro de 2022

[WorldBeyondWar] DEBATE: PODE A GUERRA JAMAIS SER JUSTIFICADA?




                                            https://www.youtube.com/watch?v=Npc47OEM76w
                                                               Realizado em 23_02-2022

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

SE QUERES A PAZ, PREPARA A PAZ!

 ... EM VEZ DE GUERRA. PERGUNTA COMO SEREMOS MAIS «SAPIENS» E MENOS «BESTAS» 

Sim, eu sei que a guerra acompanha as sociedades humanas desde o princípio, ou pelo menos, desde os mais antigos registos arqueológicos de Estados, civilizações...

Mas, a propensão para a guerra não é a mesma que uma situação pontual de agressividade entre dois seres humanos. Posso compreender que duas pessoas se «peguem à porrada» (luta corpo a corpo), embora não seja um processo de resolver contendas individuais, sejam elas quais forem. Mas, a guerra não é isso, nem é sequer a extensão ou potenciação do fenómeno individual da luta corpo a corpo. Não! A guerra é uma coisa totalmente diferente. Qualitativamente.

Note-se que é um ato NÃO- espontâneo, quer a agressão seja iniciada por uma das partes, quer haja uma subida da agressividade mútua e as duas partes entrem em conflito, em simultâneo. Há sempre uma preparação para a guerra. 

O célebre ditado (julgo que vem dos romanos) «se queres a paz, prepara a guerra» é o mais falacioso que se pode imaginar: Se queres a paz, prepara a paz, pois é com instrumentos completamente diferentes (e com um estado de espírito também diferente) que se constrói a paz ou se prepara ou executa a guerra.

Além disso, na guerra, ocorrem sempre crimes. Além dos soldados, dos militares, que uma e outra parte consideram «legítimo» e até «honroso» matar, existem inúmeros casos de civis assassinados, feridos, violentados, expulsos e afamados.

 Um general dos EUA disse e escreveu um grande manifesto pacifista: «A guerra é uma chantagem!» (War is a racket).



Sim e além disso, é um crime cometido a sangue frio contra pessoas (e incluo a maioria dos soldados, nesse número) totalmente inocentes,  que são meras vítimas dos poderosos. Todos os que iniciam uma guerra, deveriam ser presos e julgados em tribunal penal internacional, mas também os seus acólitos, os que cobardemente insuflaram o ódio, de um e outro lado. 

As indústrias de armamento, essas, ficam felizes quando se inicia, e enquanto dura, a carnificina: elas não são entidades «humanitárias», que eu saiba. Não se destinam a espalhar o «bem», mas sim dividendos (e chorudos!) aos seus acionistas. 

A guerra não é um «mal inevitável». A guerra é a expressão de barbárie, seja qual for a sua génese. Porque, mesmo quando pensamos que uma parte «tem razão» e a outra não, estamos a fazer de conta que o mal está TODO e apenas de um lado. Mas, imagine-se não só o «nosso lado», o dos «nossos» ; do lado oposto, passa-se o processo exatamente  simétrico. 

Portanto, não pode haver solução, nesta como em qualquer outra guerra, senão com um forte repúdio da situação de guerra, em si mesma. Por razões éticas: porque não existe guerra «limpa», não existe guerra sem «danos colaterais» e  porque uma guerra - ganha ou perdida - é sempre «semente» de outra guerra futura, porque sempre ficam rancores, feridas, injustiças.

Em geral, os nacionalismos alimentam-se destas situações, aproveitam-nas, tiram partido das mesmas. É assim que ascendem ao poder grande parte dos psicopatas e sociopatas: eles prometem aos seus eleitores «vingar» as afrontas sofridas.

Por todos estes motivos, a única atitude aconselhável e ética é depor as armas, fugir, desertar, no que respeita aos soldados. Humanamente, estou com os desertores de todos os bordos e convicções: Estes, merecem a minha compaixão, não os generais e os políticos, que fazem «profissão» de mandar outros matar e matarem-se, em nome deles!

Mais; eu sou cristão e como tal falo, mas o que eu digo pode ser compreendido e assumido por qualquer, desde que a sua humanidade não tenha sido anulada, desfigurada, por condicionamento. 

O condicionamento (o chamado treino militar) para se matar, sem compaixão, implica a violação permanente do que existe de mais profundo num ser humano. 

Para agravar ainda mais a desumanização e ter maior controlo preferem fazer a guerra à distância, com drones e robots: as máquinas não têm alma e podem fazer as coisas mais terríveis, sem problemas de consciência. 

Vendo, concretamente, os abismos de brutalidade e de perversão deste nosso século, desde o seu começo, estou convencido que é preciso um choque moral para  permitir o acordar de muitas pessoas.  

Ninguém se pode pôr de lado e dizer que «isto não é comigo»: Porque todas as pessoas têm obrigação moral de impedir ou de minorar o mal, quando estão perante esse mal. Todos nós podemos fazer alguma coisa. A impotência é também uma ilusão.

Se estás de acordo com o essencial do que defendo, escreve-me (manuelbap2@gmail.com). Não tenho uma ideia definida do que fazer, mas uma coisa eu sei: as pessoas têm que se juntar em torno de objetivos muito concretos e válidos. 

A Paz  A-G-O-R-A  !

PS.1: Este cartoon chama a atenção para o fanatismo induzido:



quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

MAIS UM EPISÓDIO DA IIIª GUERRA MUNDIAL (*)



Esta Guerra Mundial, não declarada, não reconhecida como tal, situo o seu início a partir da chamada «guerra do Kosovo», ou seja, da afirmação de poder dos americanos e da NATO, para destruir os últimos focos de resistência na Europa à ortodoxia neoliberal. Este crime de guerra hediondo, foi seguido por muitos outros. 

Como é sabido, antes do monstruoso 11 de Setembro de 2001, já estavam planificadas guerras e invasões de 7 países no Médio Oriente. 

O golpe de Maidan (2014), na Capital da Ucrânia, era dirigido contra a Rússia, considerada a maior inimiga do Império. Segundo planos e opiniões nada secretos os «estrategas» de Washington e os seus think-tanks de neocons queriam, não apenas o fim da URSS, mas também o desmantelamento da Federação Russa. 

Daí, toda a estratégia de avanço da NATO para as fronteiras russas, ao longo dos anos, acrescentando mais e mais países da Europa de Leste ao clube dito «atlântico». Os estados ex-soviéticos ou ex-Pacto de Varsóvia, foram assim transformados em guarda-avançada, no lento cerco. Isto em preparação do ataque final e desmembramento do próprio território russo. 

Estes factos eram evidentes e o barulho mediático tentando fazer de Putin um novo Estaline ou Hitler, foi apenas uma estratégia de propaganda de guerra, junto da opinião pública sempre crédula, porque sujeita a técnicas de lavagem ao cérebro. 

Na verdade, estas técnicas têm funcionado demasiado bem. Fiquei inquieto, há dois anos atrás, quando as pessoas, em grande parte do mundo e especialmente na Europa, aceitaram sem mais a ordem de prisão coletiva: «lockdown» é um termo que designa uma situação de castigo coletivo; quando os presos são fechados nas celas da prisão, por terem sido «indisciplinados». 

Isto funcionou tão bem que temi, na altura, que a «elite» se sentisse audaciosa o suficiente para lançar a outra fase do seu plano. Aí está ela; a guerra total! Agora, já não guerra híbrida, nem guerra económica. De agora em diante, estamos em guerra total.

É que nós somos «gado» e eles, os que nos dirigem, é que detêm o poder sobre nossas vidas! A democracia, é como um cenário, no teatro: enrola-se, depois do drama representado em palco. Agora, o cenário é outro; porque a peça representada chama-se «democracia totalitária», o simulacro das instituições da democracia liberal, com a ditadura fascista em marcha. 

Como tenho vindo a avisar, as situações acontecem, também porque o capitalismo depredador e parasitário, que resulta da chamada financeirização, chegou aos seus limites. Para disfarçar a crise profunda, o colapso das economias, os «donos do Ocidente» não encontram nada melhor que uma guerra, dizem eles que «a guerra é a saúde das nações»!

- Nações e povos do mundo, acordem! não se deixem mais manipular, seja por quem for.*

------------------

PS1: Veja AQUI a edição do dia 24-02-2022 da crónica quotidiana pelo analista em geopolítica Alexander Mercouris. Penso que ele é rigoroso, as suas hipóteses são cuidadosamente separadas do relato dos factos, parece-me uma fonte interessante e não enviesada.

PS2: Willy Wimmer, na altura vice-presidente da OSCE, confirmou que foram dadas «garantias» à URSS, de que não haveria expansão para Leste da NATO, seu testemunho pode ler-se na notícia de RT:  https://www.rt.com/russia/549961-west-nato-expand-willy-wimmer/

----------------------------------------

(*) Numa situação deste tipo, não há só um lado culpado: todos os lados têm culpas. Mas o que importaria mais era que todos nós, independentemente da nacionalidade, etnia, simpatias partidárias, ideológicas, etc. mas com sentimentos humanitários, apelassem para o governo do seu país, no sentido de propor um cessar-fogo, seguido de uma trégua permanente, seguida de conversações (sérias) para uma paz efetiva no continente europeu. Paz significa, respeito pelas fronteiras reconhecidas pela ONU, respeito pelos compromissos assumidos (por exemplo, não expansão da NATO, prometida aos governantes russos de 1991 e posteriormente). Significa retirada e garantia de não instalação de sistemas capazes de transportar mísseis nucleares. Manutenção de todos os canais diplomáticos abertos e promessa firme e por escrito, dos responsáveis de não recorrerem a pressões, muito menos a ameaças de guerra, para a resolução dos diferendos.