quarta-feira, 29 de maio de 2019

O CLIMA E O QUARTO PODER

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Vem em muito boa hora o manifesto/carta aberta de um grupo de cientistas brasileiros, de várias áreas do saber, explicando porque razão o clima não pode ser tratado segundo a agenda mediática culpando um hipotético aumento da temperatura global com um efeito antropogénico causado pelo aumento das emissões de dióxido carbono:


Muito me preocupa a negação constante e persistente, também em Portugal, de dados e factos científicos para satisfazer uma agenda completamente dominada por grupos de interesses. Outrora, os grupos ecologistas eram grupos que tinham realmente um foco de preocupação em problemas reais, que afectavam as pessoas, as sociedades, não se limitando à salvaguarda da floresta equatorial-tropical e suas espécies, ou outros ecossistemas pouco perturbados (até aqui) pelo homem.
Porém, com o domínio cada vez maior dos bilionários, dos oligarcas, como Soros, Gates, Rockefellers, etc. o que é que se verifica:
- Uma monstruosa campanha mediática, alarmista e ocultando, ou difamando as vozes contrárias à visão simplista e catastrofista, que eles parece terem como missão fazer passar. Mas quem os incumbiu de uma tal missão? Não serão os que pagam seus salários, os que detêm os referidos meios de comunicação social, e pagam as publicidades que sustentam os mesmos?
- Uma completa subversão da «radicalidade verde», por ONG's, as quais não são independentes dos governos (muitas estão dependentes economicamente dos governos para a sua subsistência), nem dos grandes grupos de interesses. Por exemplo, basta ver como a empresa de petróleos British Petroleum - BP - financia generosamente vários grupos ecologistas. 
- Um número considerável dessas ONGs recebe apoios de bilionários que estiveram e estão apostados em programas eugenistas: Bill Gates, Rockefeller, ... 
- São bem conhecidas ONGs, dependentes da Fundação Soros, instrumentalizadas nas «revoluções coloridas», ou seja, a subversão de regimes em benefício do capital multinacional, não para a emancipação dos povos em relação a este (veja-se, no caso da Ucrânia em 2014: a fundação de Soros interveio em grande escala...).

As pessoas deviam abrir os olhos, deixarem de ter um reflexo de conformidade com o que lhes é impingido: sobretudo os professores, e outros, que têm uma influência decisiva na juventude. 
A climatologia é uma ciência complexa e não se compadece com simplistas reduções a modelos computorizados. Qualquer coisa que se coloque nos modelos, vai dar um resultado de acordo com os pressupostos das modelizações neles incluídas. Ora, essas modelizações são muito deficientes. 
Além do mais, não obedecem a um critério fundamental de validação científica. 
No entanto, existe uma validação perfeitamente acessível do clima, se nos debruçarmos sobre o passado, não na escala de uma ou duas centenas de anos, mas na de milénios ou centenas de milénios.  Ora, a Climatologia é uma ciência que desenvolveu os seus métodos experimentais e consegue dar-nos, conjuntamente com a Geologia, informações precisas, resultantes de medições numa escala de tempo semelhante à Geologia, ou seja de milhões de anos.  Conhecemos o clima do passado, ano após ano, durante milhares de anos, pelas sondagens nos gelos da Antárctida, ou da Gronelândia, assim como dos sedimentos marinhos. Hoje em dia, pode-se conhecer a composição da atmosfera dessas épocas remotas, pelas bolhas de ar capturadas no gelo e sua composição isotópica. 

Tenho escrito bastante a este respeito. Nos meus escritos, tenho feito notar os mesmos pontos que o grupo de cientistas brasileiros. 
Infelizmente, o papel conjugado de grupos pseudo-ecológicos e da media corporativa, impede um debate livre, como será sempre fundamental em ciência. 
Está-se, com a questão climática, perante uma situação análoga à do lysenkismo, um episódio dos mais trágicos relacionados com a ciência na URSS do tempo de Stalin, que tinha referido noutro artigo.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

PORQUE É QUE EU NÃO VOTEI NAS EUROPEIAS

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Não tenho nenhum preconceito em relação a votar ou não votar, em geral.
Porém, no caso das eleições para o «parlamento europeu» (com muitas aspas) eu tenho a absoluta convicção de que o único caminho certo é o boicote, é negar e denunciar a fraude em si mesma, da «democracia» europeia e, sobretudo, explicar isso às pessoas que me queiram ouvir, ler, sem ouvidos tapados e sem vendas nos olhos!

1º A União europeia só poderia ser a expressão legítima de democracia, se fosse concebida como uma confederação de Estados livres, eles próprios determinados interiormente por leis e instituições livremente escolhidas e sufragadas pelos povos respectivos.

2º A possibilidade de democracia está definitivamente arredada por força dos tratados europeus, nomeadamente o Tratado de Lisboa, os quais arredam qualquer veleidade de se transformar «por dentro»  as regras institucionais. É impossível na prática reformar a UE! 

3º Votar «como se» tal não fosse assim, é -na verdade- dar o aval ao projecto imperial, defensor do ordoliberalismo ou neoliberalismo, na sua expressão mais pura. Seria como dar o aval a todos os recuos, que têm desapossado os povos dos seus Estados Sociais (Welfare State), em proveito de uma minoria de capitalistas que se apropriou dos bens públicos privatizados, para seu benefício pessoal, enquanto as condições de vida diminuem - sob todos os aspectos - para a massa da população.

4º É dever de honestidade dizer as coisas como elas são: se a esquerda tivesse vergonha na cara, não participava na farsa. O que acontece é que ela, tal como as outras correntes políticas - está corrompida ao nível mais fundamental de esquecer os seus princípios e objectivos base, para participar num teatro em que ela terá sempre um papel secundário, apenas para legitimar a pseudo-democracia do sistema


Conclusão: 

As pessoas, os grupos, os partidos, etc. têm de ser responsáveis. Se assumem a participação num sistema, é porque encontram nele alguma virtualidade de o reformar por dentro. 

Ora, é isso precisamente que eu contesto. É isto que está na base da contradição fundamental. Ou a UE é reformável ou não é. 
A minha análise (e não sou o único) é que - na prática - não é. Ninguém, dos diversos partidos e tendências que se dizem anti-capitalistas, na Europa, me apresentou argumentos convincentes de que eu estava errado. 

Muito pelo contrário. 
Trinta anos de Maastricht provaram que a UE era apenas o esteio de CONTRA-reformas -ou seja- o meio de provocar e facilitar a passagem de um sistema de Welfare State, para um sistema neo-liberal. 

O que é que as organizações de esquerda têm a dizer perante isto? Se são contra o neo-liberalismo, contra a política de Maastricht, etc, como podem elas se apresentar aos eleitores, dando o seu aval a esta mascarada? 

Considero que a possibilidade de democracia tem de ser exclusivamente baseada em mecanismos nacionais. É ao nível nacional que se pode debater - de forma aprofundada - os assuntos. O soberano, o povo, tem de ser perfeitamente informado dos debates e tem de saber o que seus eleitos estão fazendo. 

As relações entre os diferentes povos devem ser baseadas no respeito mútuo, no respeito pelas suas independências, pelos seus modos de gerir os respectivos Estados, não tolerando ingerências nos assuntos internos, fazendo acordos com base em vantagens recíprocas. Uma assembleia de Estados soberanos da Europa deveria estar organizada segundo o modelo da Assembleia Geral da ONU. 

domingo, 26 de maio de 2019

JIMMY CLIFF - MANY RIVERS TO CROSS

            

Jimmy Cliff é um dos inventores do que depois veio a ser conhecido, no mundo inteiro, como «Raggae». 

A sua criatividade faz dele uma lenda viva, originada nos anos 60 e 70. 

Talvez muitas pessoas conheçam "I can see clearly now" ou "The harder they come" sem saber que ele é o autor destes sucessos. 

Sua música não é «folklore», nem música «exótica». Não nos devemos enganar: ela apela ao nascimento de uma nova consciência, tem a qualidade de mensagem sentida e partilhada por milhões de pessoas. 

Letra



Many rivers to cross

But I can't seem to find my way over
Wandering I am lost
As I travel along the white cliffs of Dover
Many rivers to cross

And it's only my will that keeps me alive
I've been licked, washed up for years
And I merely survive because of my pride
And this loneliness won't leave me alone

It's such a drag to be on your own
My woman left me and she didn't say why
Well I guess, I have to try
Many rivers to cross

But just where to begin, I'm playing for time
There are times I find myself 
Thinking of committing some dreadful crime
Yes, I've got many rivers to cross

But I can't seem to find my way over
Wandering I am lost
As I travel along the white cliffs of Dover
Songwriters: Jimmy Cliff

Many Rivers to Cross lyrics © Universal Music Publishing Group


sexta-feira, 24 de maio de 2019

UMA EXPLOSÃO DE VIDA... THE ANIMALS

Uma explosão surgiu nos idos anos 60, os míticos anos 60: eu recordo-me de ter visto estes senhores num espectáculo ao vivo, em 66, no então Teatro Monumental em Lisboa.


Compreende-se que tal explosão tenha exercido um efeito muito forte nos neurónios adolescentes; porém, hoje, interrogo-me: 

- Por que razão não encontro a mesma força, a mesma criatividade, nos grupos e cantores de hoje, 50 anos depois? Não consigo compreender! 

- Ou estou completamente caduco e incapaz de apreciar jovens talentos por aquilo que valem, ou realmente houve uma explosão nos anos sessenta e ficámos, durante este meio século, a viver e reviver do ribombar, dessa explosão inicial!?

Fiz uma difícil selecção das 3 canções que mais gosto, mas admito que inicialmente queria colocar, pelo menos, uma dúzia delas para cobrir - aproximadamente - a enorme gama de criatividade e talento deste grupo. 
Mas, afinal de contas, é melhor ser o leitor/auditor a pesquisar e escolher o seu álbum de «O melhor dos Animals»!







                                          




                                         

A GUERRA COMERCIAL, O PONTO DE VISTA CHINÊS (E MEU COMENTÁRIO)


Foi com grande interesse que li o artigo do South China Morning Post, Donald Trump’s trade war and Huawei ban push China to rethink economic ties with US 

https://www.scmp.com/economy/china-economy/article/3011319/donald-trumps-trade-war-and-huawei-ban-push-china-rethink

                      A Chinese diplomat in Pakistan tweeted this picture of an apple, sliced to look like the Huawei logo, in a series of social media posts on Tuesday defending the tech company. Photo: Twitter 
                     [foto de maçã cortada, simulando o logo da Huawei]

Este artigo estimulou-me a redigir as considerações seguintes:

Quanto a mim, a guerra comercial dos Estados Unidos com a China estava programada pela equipa de Trump (incluindo Bannon, mesmo que este já não tenha uma posição oficial na Casa Branca): a prisão em Vancouver (Canadá) e as acusações (com pedido de extradição) contra a directora financeira Meng Wanzhou não foram coincidências infelizes, foi tudo programado para ocorrer PRECISAMENTE durante o G20 (1 Dez de 2018). 

Por outro lado, o avanço da tecnologia 5G chinesa, faz com que não seria possível uma empresa ocidental, mesmo a mais forte, obter uma fatia dominante do novo mercado, caso houvesse uma competição «saudável» entre empresas. A Huawei está muito mais avançada que as suas concorrentes no que toca à tecnologia 5G, o que aliás é reconhecido pelos especialistas ocidentais. 

Finalmente, a obsessão da política americana actual em fazer com que as empresas voltem para o solo americano, para que se re-industrialize o país, só pode ser conseguida através dum corte dramático, duma interrupção da economia mundializada, globalizada, funcionando segundo as regras da OMC. 
Tudo se passa como se os americanos descobrissem finalmente, com espanto, como os chineses souberam tirar partido da globalização, desenvolveram uma inteligente estratégia para penetrar os mercados mundiais com seus produtos e desenvolveram infraestruturas em numerosos países (as Novas Rotas da Seda).

Penso que o desenvolvimento da China é irreversível, no médio prazo. Podem existir alguns atrasos, mas são ultrapassáveis. Pelo contrário, a possibilidade dos EUA se manterem como potência hegemónica, que dita a sua lei às outras, acabou. 
Agora, os EUA estão a jogar para manterem dentro da sua esfera uma parte do mundo (o Ocidente), cercando-a e proibindo-a de fazer negócios ou comércio com as outras potências, que não estão para se sujeitarem à vassalagem.

No fundo, isto insere-se na lógica de Washington em criar uma nova guerra fria mas, em vez da «cortina de ferro», teríamos um «cinto de castidade de ferro», com ameaças de sanções económicas, e até ameaças militares, para aliados recalcitrantes, que teimem em manter boas relações com o lado proibido. 

Repare-se que tudo o que se passa agora com a China, não é inédito. 
Foi o que, de certa maneira, se passou com o golpe na Ucrânia, na origem do esfriar das relações entre a Rússia e os países da Europa ocidental: estes tiveram de fazer, sob mando dos EUA, uma guerra de sanções económicas, para sua desvantagem. 
Depois, agravaram-se ainda mais as relações entre os EUA e a Rússia, com a denúncia do tratado sobre mísseis intermédios; aqui de novo, a Europa é a grande vítima da situação pelo aumento de riscos de deflagração de guerra nuclear no seu solo. 
O mesmo raciocínio vale para a retirada dos EUA do acordo do nuclear civil com o Irão, envolvendo várias potências, incluindo europeias, a colocação de sanções contra o Irão, etc. 

Tudo isto ocorre sob a batuta dos neo-cons. Estes dominam completamente o presidente Trump, na esfera da política externa. Terão feito com ele um acordo informal, em como o poupavam ao «impeachment» e, em contrapartida, ele seguia as directivas deles, em matéria de política externa.

Creio que, a um nível mais geral, os EUA não podem aspirar a mais do que uma nova versão do tratado de Tordesilhas. Isso significa que os EUA, a Rússia e a China têm de chegar - mais cedo ou mais tarde - a um acordo. 
Os EUA terão o domínio incontestado do Ocidente (Europa ocidental e Continente Americano). A Rússia e a China terão suas esferas de influência no Extremo Oriente, Ásia central e Europa oriental. 
Além disso, haverá uma maior fluidez na circulação de mercadorias (livre-trânsito) ao longo das rotas terrestres e marítimas que ligarão as várias partes do super-continente euro-asiático ... 
  



quinta-feira, 23 de maio de 2019

CRIMINOSOS DE GUERRA ISRAELITAS - SUAS PALAVRAS MESMAS OS ACUSAM



Alvejar Manifestantes Palestinianos Desarmados «Preserva os Valores de Israel»


PHILIP GIRALDI • 21 de Maio, 2019

A imagem pública de Israel, apoiada e propagada por uma rica e poderosa diáspora que tem um controlo significativo sobre a media, insiste em que o país é a única democracia no Médio Oriente, que opera em termos legais para todos os seus cidadãos e que o seu exército é «o mais moral do mundo». Todas estas afirmações são falsas. O governo de Israel favorece os cidadãos Judeus através de leis e regulamentos que são definidos pela religião. De facto, identifica-se a si próprio como o Estado dos Judeus com os cidadãos Cristãos e Muçulmanos tendo um estatuto de segunda classe. O exército de Israel, entretanto, tem cometido numerosos crimes de guerra contra populações civis largamente desarmadas, nos passados setenta anos, tanto no Líbano como contra palestinianos na Margem Ocidental e em Gaza.
Em resposta à Grande Marcha pelo Retorno do ano passado, em que civis de Gaza protestaram junto da vedação que os separa de Israel, os «snipers» do exército de Israel alvejaram mortalmente 293 palestinianos e feriram mais de sete mil. Outros vinte e dois mil foram atingidos por outras armas usadas pelos israelitas, o que inclui os recipientes de disparos de gases lacrimogéneo e balas de borracha. Os números incluem centenas de crianças e de pessoal médico de primeiro socorro, que tentavam ajudar os feridos, os quais foram - segundo os relatos – particularmente alvejados.
As Nações Unidas relataram que muitos foram alvejados nas pernas, o que o exército de Israel considera como “contenção” de sua parte. Muitos dos feridos irão ter de ser amputados  porque Gaza carece de meios médicos necessários para tratar as suas feridas de forma apropriada. Israel bombardeou hospitais e bloqueou a importação de aparelhos médicos em Gaza ao mesmo tempo que não permitia que os habitantes de Gaza saíssem do enclave para tratamento médico noutro sítio, no Médio Oriente.
Cento e vinte amputações já foram realizadas este ano. Jamie McGoldrick, o Coordenador Humanitário da ONU para os Territórios Ocupados explicou que “Existem 1700 pessoas com necessidade de cirurgias graves, complicadas, para que possam voltar a andar… [exigindo] muito séria e complexa cirurgia com reconstrução óssea durante um período de dois anos, antes de poderem começar a fase de reabilitação.”
As Nações Unidas gostaria de fornecer 20 milhões de dólares para assistência médica, em vez de amputações, mas os EUA recusaram apoiar este financiamento de emergência para os palestinianos através da agência de auxílio da ONU (UNRWA), uma posição presumivelmente tomada para favorecer Israel em punir o povo palestino.
Interessantemente, voltou à superfície um documento arrepiante descrevendo o ponto de vista do Exército de Israel em relação a alvejar manifestantes árabes. Há um ano, o ex-diplomata britânico Craig Murray publicou no seu blog, “Condemned By Their Own Words (Condenados pelas suas próprias palavras)”, que fornecia uma tradução do hebreu para inglês da transcrição de uma emissão de rádio israelita que tinha sido efectuada a 21 de Abril. Um brigadeiro-general israelita, chamado Zvika Fogel, estava a responder a notícias de ter sido morto um rapaz de catorze anos, desarmado, pelos soldados. Ele explicou em detalhe, que os soldados estão a fazer a coisa certa ao alvejarem e matarem palestinianos que se aproximam da barreira separando Gaza de Israel.
Os comentários do general Fogel são representativos do ponto de vista do governo sobre como controlar o «problema palestiniano». Apenas os direitos dos judeus, incluindo o direito à vida, são legítimos e os árabes deveria estar gratos por aquilo que o Estado dos Judeus lhes permite ter.

Fogel respondeu ao entrevistador Ron Nesiel à primeira pergunta “Deveria o IDF [exército de Israel] repensar o uso de snipers?” dizendo que “Qualquer pessoa que se aproxima da vedação, qualquer pessoa que pudesse ser uma ameaça futura à fronteira do Estado de Israel e seus residentes, deveria pagar o preço dessa violação. Se aquela criança ou qualquer outra pessoa se aproxima para esconder aí um engenho explosivo ou ver se existe alguma zona não segura ou para cortar a vedação, de forma que alguém pudesse infiltrar-se no território do Estado de Israel e matar-nos…”
Nesiel: “Então, o seu castigo é a morte?”
Fogel: “O seu castigo é a morte. No que me diz respeito então sim, se for possível atirar às pernas para pará-lo – óptimo. Mas se isso não é possível, então quer-se ver qual dos dois sangues é mais espesso, se o deles se o nosso. É claro para nós que, se alguém assim consegue ultrapassar a vedação, ou esconder um engenho explosivo …”
Nesiel: “Mas ensinaram-nos que fogo real é apenas usado quando os soldados enfrentam perigo imediato … Não nos faz bem a nós, todas essas imagens que são distribuídas pelo mundo fora.”
Fogel: “Eu sei como essas ordens são dadas. Eu sei como é que um sniper faz os disparos. Eu sei quantas autorizações ele precisa antes de receber uma autorização de abrir fogo. Não é a fantasia de um sniper ou outro que identifica o frágil corpo de um rapaz num dado momento e decide disparar. Alguém marca o alvo muito claramente para ele e diz-lhe exactamente por que razão tem que disparar e qual a ameaça vinda desse indivíduo. E com muita pena minha, às vezes mata-se um pequeno corpo, quando se pretendia alvejar um braço ou ombro e o tiro vai acima. A imagem não é bonita. Mas, se é o preço que temos de pagar para preservar a segurança e qualidade de vida dos residentes do Estado de Israel, então seja esse o preço.
“Olha, Ron, até somos muito bons nisso [em suprimir essas imagens] Não há nada a fazer, David tem sempre melhor figura que Golias. E, neste caso, somos Golias, não somos David. Isso é perfeitamente claro para mim… Isto vai arrastar-nos para uma guerra. Eu não quero estar no lado dos que são arrastados, quero estar do lado dos que iniciam as coisas. Eu não quero esperar pelo momento em que o inimigo encontra um ponto fraco e me ataca aí. Se amanhã vem a uma base militar ou kibutz e mata pessoas e toma reféns, chame-se o que se quiser, estamos num novo cenário. Eu quero que os líderes do Hamas acordem amanhã de manhã e pela última vez na sua vida vejam as faces sorridentes do IDF. É isso que eu quero que ocorra. Mas nós somos arrastados. Por isso estamos a colocar snipers, porque queremos preservar os valores nos quais fomos educados. Não podemos sempre tomar uma única foto e colocá-la em frente do mundo inteiro. Temos soldados aí, nossos filhos, que foram enviados lá e recebem instruções muito precisas sobre quem alvejar para nos protegermos. Vamos dar-lhes apoio.”
Pode-se razoavelmente sugerir que os comentários de Fogel reflectem o consenso entre israelitas sobre como lidar com os árabes. E os Estados Unidos são plenamente cúmplices com a matança. O embaixador dos EUA em Israel, David Friedman, tem repetidas vezes elogiado o comedimento das forças armadas de Israel e censurou os habitantes de Gaza pelo seu comportamento. Os Estados Unidos continuam a subsidiar colonatos israelitas ilegais que incendeiam o conflito e estão acabando de colocar os últimos retoques no plano de paz aprovado pelos israelitas, que fará agora e para sempre dos palestinianos um não-povo, sem nação própria e sem quaisquer esperanças para o futuro. Entretanto, continuam a ser alvos dos snipers israelitas. O mundo deveria estar horrorizado pela arrogância de Israel e os EUA deveriam encolher a cabeça de vergonha, de cada vez que um político americano conivente viesse com o estribilho “Israel tem o direito de se defender.”

Philip M. Giraldi, Ph.D., é director executivo do «Council for the National Interest», councilforthenationalinterest.org, sua morada é: P.O. Box 2157, Purcellville VA 20134 e seu email: inform@cnionline.org.

Traduzido por Manuel Banet Baptista para o Observatório da Guerra e Militarismo