Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

A GUERRA COMERCIAL, O PONTO DE VISTA CHINÊS (E MEU COMENTÁRIO)


Foi com grande interesse que li o artigo do South China Morning Post, Donald Trump’s trade war and Huawei ban push China to rethink economic ties with US 

https://www.scmp.com/economy/china-economy/article/3011319/donald-trumps-trade-war-and-huawei-ban-push-china-rethink

                      A Chinese diplomat in Pakistan tweeted this picture of an apple, sliced to look like the Huawei logo, in a series of social media posts on Tuesday defending the tech company. Photo: Twitter 
                     [foto de maçã cortada, simulando o logo da Huawei]

Este artigo estimulou-me a redigir as considerações seguintes:

Quanto a mim, a guerra comercial dos Estados Unidos com a China estava programada pela equipa de Trump (incluindo Bannon, mesmo que este já não tenha uma posição oficial na Casa Branca): a prisão em Vancouver (Canadá) e as acusações (com pedido de extradição) contra a directora financeira Meng Wanzhou não foram coincidências infelizes, foi tudo programado para ocorrer PRECISAMENTE durante o G20 (1 Dez de 2018). 

Por outro lado, o avanço da tecnologia 5G chinesa, faz com que não seria possível uma empresa ocidental, mesmo a mais forte, obter uma fatia dominante do novo mercado, caso houvesse uma competição «saudável» entre empresas. A Huawei está muito mais avançada que as suas concorrentes no que toca à tecnologia 5G, o que aliás é reconhecido pelos especialistas ocidentais. 

Finalmente, a obsessão da política americana actual em fazer com que as empresas voltem para o solo americano, para que se re-industrialize o país, só pode ser conseguida através dum corte dramático, duma interrupção da economia mundializada, globalizada, funcionando segundo as regras da OMC. 
Tudo se passa como se os americanos descobrissem finalmente, com espanto, como os chineses souberam tirar partido da globalização, desenvolveram uma inteligente estratégia para penetrar os mercados mundiais com seus produtos e desenvolveram infraestruturas em numerosos países (as Novas Rotas da Seda).

Penso que o desenvolvimento da China é irreversível, no médio prazo. Podem existir alguns atrasos, mas são ultrapassáveis. Pelo contrário, a possibilidade dos EUA se manterem como potência hegemónica, que dita a sua lei às outras, acabou. 
Agora, os EUA estão a jogar para manterem dentro da sua esfera uma parte do mundo (o Ocidente), cercando-a e proibindo-a de fazer negócios ou comércio com as outras potências, que não estão para se sujeitarem à vassalagem.

No fundo, isto insere-se na lógica de Washington em criar uma nova guerra fria mas, em vez da «cortina de ferro», teríamos um «cinto de castidade de ferro», com ameaças de sanções económicas, e até ameaças militares, para aliados recalcitrantes, que teimem em manter boas relações com o lado proibido. 

Repare-se que tudo o que se passa agora com a China, não é inédito. 
Foi o que, de certa maneira, se passou com o golpe na Ucrânia, na origem do esfriar das relações entre a Rússia e os países da Europa ocidental: estes tiveram de fazer, sob mando dos EUA, uma guerra de sanções económicas, para sua desvantagem. 
Depois, agravaram-se ainda mais as relações entre os EUA e a Rússia, com a denúncia do tratado sobre mísseis intermédios; aqui de novo, a Europa é a grande vítima da situação pelo aumento de riscos de deflagração de guerra nuclear no seu solo. 
O mesmo raciocínio vale para a retirada dos EUA do acordo do nuclear civil com o Irão, envolvendo várias potências, incluindo europeias, a colocação de sanções contra o Irão, etc. 

Tudo isto ocorre sob a batuta dos neo-cons. Estes dominam completamente o presidente Trump, na esfera da política externa. Terão feito com ele um acordo informal, em como o poupavam ao «impeachment» e, em contrapartida, ele seguia as directivas deles, em matéria de política externa.

Creio que, a um nível mais geral, os EUA não podem aspirar a mais do que uma nova versão do tratado de Tordesilhas. Isso significa que os EUA, a Rússia e a China têm de chegar - mais cedo ou mais tarde - a um acordo. 
Os EUA terão o domínio incontestado do Ocidente (Europa ocidental e Continente Americano). A Rússia e a China terão suas esferas de influência no Extremo Oriente, Ásia central e Europa oriental. 
Além disso, haverá uma maior fluidez na circulação de mercadorias (livre-trânsito) ao longo das rotas terrestres e marítimas que ligarão as várias partes do super-continente euro-asiático ... 
  



2 comentários:

Manuel Baptista disse...

A Broadcom, uma companhia americana fabricando «chips», situada nos EUA, está a perder 2 biliões pela proibição de comerciar com a Huawei. Mas esta, pode substituir os chips da Broadcom por chips feitos por ela própria ou comprando noutra fonte.
https://www.youtube.com/watch?v=O6TaQQUv6F0

Manuel Baptista disse...

A campanha da apoio à Huawei e de boicote do iphone apenas começou, Apple já tem decréscimo importante nas vendas. https://videos.telesurenglish.net/video/779404/chinese-people-are-already-ditching-their-iphones-to-support-huawei/