domingo, 31 de março de 2019
quinta-feira, 28 de março de 2019
A «EUROPA» ONDE ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS
Aquilo que se está a passar com o Brexit, não diz respeito apenas ao povo britânico.
O que está a acontecer, neste momento, deve ser visto no contexto em que as forças neoliberais, no continente e nas ilhas britânicas, têm ainda «a faca e o queijo na mão».
Os povos estão realmente num colete de forças da «União» Europeia.
A saída desta prisão dos povos é necessária e implica uma grande lucidez das pessoas e das forças políticas. Implica verdadeira liderança, dirigentes à altura do desafio, propriamente patriotas (que amam o seu país e seu povo).
Tem de haver uma mudança, que não pode ser protagonizada por políticos - de «direita», de «centro» ou de «esquerda» - que se vendem, para terem um lugar doirado nas instituições eurocráticas (parlamento europeu, comissão de Bruxelas, etc...).
Tem de haver uma mudança, que não pode ser protagonizada por políticos - de «direita», de «centro» ou de «esquerda» - que se vendem, para terem um lugar doirado nas instituições eurocráticas (parlamento europeu, comissão de Bruxelas, etc...).
quarta-feira, 27 de março de 2019
BANCOS CENTRAIS DESESTABILIZAM A ECONOMIA MUNDIAL
A reversão, pelos bancos centrais americano (a FED) e europeu (ECB), para uma política de impressão monetária, enquanto suspendem ou revertem os programas de venda de activos, que tinham comprado ao longo destes anos, conjuga-se com a manutenção de juros de referência próximos de zero.
Esta reviravolta foi oficialmente anunciada pela FED, enquanto o ECB continua a manter taxas - de facto- negativas e retoma a impressão monetária, sob o nome de «TLTRO», para financiar os bancos.
Esta reviravolta foi oficialmente anunciada pela FED, enquanto o ECB continua a manter taxas - de facto- negativas e retoma a impressão monetária, sob o nome de «TLTRO», para financiar os bancos.
Esta inversão brusca de tendência, pouco habitual no modo de proceder dos bancos centrais, é arriscada e tem um efeito desestabilizador na economia mundial.
A desistência em regressar paulatinamente a taxas de juro «normais», mostra que os bancos centrais capitularam e compreendem que a economia ocidental, como um adito, já não consegue prescindir do crédito ultra-barato, do «estímulo» constante, para manter (e insuflar ainda mais) bolhas especulativas em variadíssimos domínios, desde as bolsas de valores, até ao imobiliário.
As economias de vários países emergentes já estão muito afectadas, provavelmente serão as primeiras a entrar em colapso acelerado (veja-se o caso actual da Turquia).
Quanto aos países no «coração» do sistema capitalista, estes irão experimentar - não somente uma inflação dos activos financeiros, como foi o caso do período dito de «recuperação», entre 2009 e 2018 - mas uma inflação imediata na economia real, que se vai traduzir muito depressa numa espiral de preços ao consumidor.
Com efeito, de tanto suprimirem as taxas de juro, o grande público já chegou à conclusão de que mais vale acumular quaisquer bens correntes que possam escassear, como bens alimentares, de higiene, medicamentos, etc, do que manter poupanças num banco, a uma taxa negativa, ou inferior à inflação, num ambiente de subida acelerada dos preços.
A responsabilidade desta enorme instabilidade, com as perdas concomitantes na economia real e, sobretudo, do sofrimento da população, deve-se inteiramente às políticas neokeynesianas.
Este culto neokeynesiano, considera loucamente que a saída para uma crise, causada por excesso de liquidez, é carregar o sistema com ainda mais liquidez. A falácia deste pensamento é tão óbvia, que pode ser desmontada por uma criança. Se a economia fosse beneficiada com mais impressão monetária, então as economias mais prósperas do planeta seriam as do Zimbabwe e Venezuela, pois ambas estão a sofrer de hiperinflação.
Somente sobreviverão os activos não financeiros, os que não possuem o risco de contrapartida: se alguém é detentor de obrigações, emitidas por uma empresa ou por um Estado, a entidade que a emitiu pode entrar em colapso e não honrar a dívida. Todos os outros instrumentos financeiros têm o mesmo problema. O próprio depósito de moeda não está seguro, ao contrário do que os Estados dizem, pois os depósitos podem ser predados para recapitalizar os bancos em perigo de falência.
Mas, o mais provável, é haver uma perda catastrófica de activos com a hiperinflação.
Mesmo que o capital em dívida seja nominalmente devolvido, na realidade, resta apenas uma percentagem irrisória do seu valor inicial, pelo facto da inflação ter destruído o valor da unidade monetária.
Em particular, os fundos de pensões, sejam eles públicos ou privados, estão em risco iminente de serem varridos na tempestade: os pensionistas continuam a receber a sua pensão nominal, mas o seu valor real (o seu poder de compra), esse, fica dividido por 5, por 10, ou por 20!
Face a esta viragem, a única possibilidade de salvar o poder de compra das poupanças é convertê-las em bens materiais: as pessoas deverão constituir uma reserva na sua dispensa, para que possam aguentar a subida dos preços.
Com efeito, a inflação acelera num ápice, sendo um fenómeno exponencial e não linear. Numa progressão exponencial, pode confundir-se, no seu início, com uma progressão linear (ou directamente proporcional); mas isso acontece apenas nos primeiros momentos. Quando começa a fase de aceleração, rapidamente atinge 10 vezes, depois 100 vezes, etc., os valores de partida.
Gráfico: nos primeiros tempos, o crescimento exponencial (curvas a verde e azul) é baixo, mas a partir de um certo ponto, inflecte e o crescimento acelera. A curva a vermelho representa o crescimento linear.
As pessoas com acesso a terra agrícola, deveriam já começar ou recomeçar a dedicar-se ao cultivo de géneros alimentares. Num contexto de crise, além destes permitirem, pelo menos, uma parte do sustento próprio, haverá sempre possibilidade de troca, duma parte da produção de alimentos, por outros bens essenciais.
Também, neste contexto especialmente, deve-se estabelecer ou fortificar as relações de amizade, de boa vizinhança, com gestos concretos de solidariedade e de entreajuda, pois a coesão do tecido social onde estamos inseridos, será um factor decisivo para aguentar uma crise, especialmente se ela for de longa duração.
NOAM CHOMSKY - REQUIEM PELO SONHO AMERICANO
Este documentário recente tem legendas em castelhano, entre outras línguas, e pode ser visto no Youtube no endereço seguinte:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=6&v=wp6Rbgv1MLg
terça-feira, 26 de março de 2019
OS MONTES GOLAN, EUA E ISRAEL: MAIS UM EXEMPLO DE UNILATERALISMO
Aquando da manobra de reconhecimento por parte dos EUA de Jerusalém como capital de Israel, com anúncio de que iriam mudar a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, já tinha chamado a atenção [1] para a indiferença total do actual poder em Washington, não apenas pela substância do respeito da legalidade internacional, como mesmo, da sua aparência.
Agora, fica claro que o papel da administração Trump [2] é de servir os desígnios das facções mais extremas do sionismo em Israel, em particular redourando a estrela de Natanyahu a braços com um processo por corrupção que poderá inviabilizar a sua eleição ou tomada de posse.
O poder em Washington tem-se comportado como um apoio incondicional do governo israelita, assim como do todo-poderoso herdeiro do trono da Arábia Saudita, Mohamed Bin Salman.
Que mensagem dão estas tomadas de posição [3], estas comprometedoras alianças, sem condições e sem contra-peso de uma legalidade internacional, expressa nas numerosas resoluções da ONU, muitas das quais subscritas por Washington?
Os parceiros e adversários dos EUA ficam claramente com a noção de que Washington se considera acima da legalidade internacional. Isto, apesar de ter sido um dos pilares da sua construção no pós-IIª Guerra Mundial.
A outra ideia com que ficam todos, é que existem compromissos secretos, acordos que implicam estas posturas. Natanyahu ou Bin Salman por mais poderosos que sejam dentro dos seus respectivos Estados, não seriam nada sem o apoio decisivo dos EUA.
Por outro lado, os EUA, comprometem-se - ao tomar como aliados incondicionais, esses governos - com um desempenho dos mais negativos, em termos de direitos humanos. Mas Trump e seu governo, continuam a usar a «cantilena» dos direitos humanos, como pretexto para agredir a Venezuela, ou quaisquer outros países que não se submetam ao seu «diktat».
A outra ideia com que ficam todos, é que existem compromissos secretos, acordos que implicam estas posturas. Natanyahu ou Bin Salman por mais poderosos que sejam dentro dos seus respectivos Estados, não seriam nada sem o apoio decisivo dos EUA.
Por outro lado, os EUA, comprometem-se - ao tomar como aliados incondicionais, esses governos - com um desempenho dos mais negativos, em termos de direitos humanos. Mas Trump e seu governo, continuam a usar a «cantilena» dos direitos humanos, como pretexto para agredir a Venezuela, ou quaisquer outros países que não se submetam ao seu «diktat».
Uma tal postura equivale a que os EUA estão a auto-sabotar a sua imagem de propaganda que gostariam de dar; a de uma nação que está preocupada com a legalidade, com a democracia e com os direitos humanos. Mas, esta arrogância não revela grande poderio, antes pelo contrário, uma grande fragilidade.
Pode-se ver a política externa dos EUA como fortemente condicionada por Israel e pela Arábia Saudita, o que apenas mostra a sua enorme fraqueza, a sua dependência mesmo.
- Terão Natanyahu e Bin Salman meios de pressionar Trump, de um modo tal, que este seja obrigado a «deitar às urtigas» a tal capa de respeitabilidade internacional?
- Serão tais pronunciamentos, como a declaração relativa aos montes Golan, decorrentes do facto de Washington desejar retirar-se?
- Estaria Washington a preparar o terreno para seus aliados estratégicos da região ficarem mais fortalecidos, antes da sua retirada?
- Terão Natanyahu e Bin Salman meios de pressionar Trump, de um modo tal, que este seja obrigado a «deitar às urtigas» a tal capa de respeitabilidade internacional?
- Serão tais pronunciamentos, como a declaração relativa aos montes Golan, decorrentes do facto de Washington desejar retirar-se?
- Estaria Washington a preparar o terreno para seus aliados estratégicos da região ficarem mais fortalecidos, antes da sua retirada?
Seja como for, as convulsões e sofrimentos [4] dos povos no Médio Oriente, quer do povo da Palestina, quer da Síria ou do Iémene, foram claramente causadas pelos EUA e por seus aliados.
Estas guerras criminosas têm como consequência que os povos dos países da região e doutras zonas do mundo, anseiem pela queda dos EUA enquanto hiper-potência mundial, não sujeita a qualquer restrição, não respeitando leis nem direito, mas impondo pela força a sua vontade.
Estas manifestações de arrogância («hubris») são afinal mais umas pedras para a tumba de seu suposto estatuto de «nação indispensável», de que se ufanam.
[1] https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/12/jerusalem-tem-de-ser-promessa-de-paz.html
[2] http://www.informationclearinghouse.info/51329.htm
[3] https://www.asiatimes.com/2019/03/article/us-golan-move-turns-1967-setback-into-reality/
[4] https://www.zerohedge.com/news/2019-03-25/israeli-airstrikes-rock-gaza-target-hamas-command-after-netanyahu-cut-short-us-trip
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NÃO ESPIES POR MIM, ARGENTINA
WAYNE MADSEN | 20.03.2019
https://www.strategic-culture.org/news/2019/03/20/dont-spy-for-me-argentina.html
Quando um presidente
dos EUA incompetente contrata como seu «enviado especial» para mudança de
regime na Venezuela o mesmo bufão que, nas suas trapalhadas, ajudou a que o
escândalo Irão-Contras rebentasse, pode-se esperar tudo.
Abrams, ao ajudar a
canalizar por engano fundos que solicitara ao Sultão de Brunei, que, em vez
disso, acabaram por ir parar à conta suíça de um rico armador, chamou a atenção
e despoletou a investigação sobre o esquema de cobertura Irão-Contras pelas
autoridades bancárias suíças.
A descoberta recente,
pelo juiz argentino Alejo Ramos Padilla de que a administração de Trump
cooptara o regime direitista argentino do presidente Mauricio Macri para
atingir a companhia petrolífera estatal da Venezuela e o regime de esquerda do
Uruguai, numa enorme operação de extorsão, exibe todos os sinais do enviado
imbecil de Trump para a Venezuela, Elliott Abrams. Quando ele era Secretário de
Estado Adjunto para os assuntos do Hemisfério Ocidental, durante a
administração de Ronald Reagan, Abrams foi indiciado pelo seu papel no comércio
ilegal de armas para o Irão em troca dos reféns americanos, mantidos pelas
milícias xiitas pró-iranianas no Líbano. Agora, foi repescado da reforma pelo
seu colega neo-conservador, John Bolton, para levar a cabo o derrube do governo
do presidente Nicolas Maduro na Venezuela.
Durante o episódio
Irão-Contras, o nefasto Abrams, que se auto-denomina perito sobre a América
Latina, ajudou a usar os fundos obtidos da venda ilegal de armas ao Irão para
comprar, no mercado negro, armas para os Contras da Nicarágua. Ele levou a cabo
a operação com a assistência do cartel de droga de Medellin na Colômbia e com o
líder panamiano Manuel Noriega. Abrams teria provavelmente cumprido uma longa
sentença de prisão pelos seus crimes, caso o presidente George H. W. Bush não o
tivesse perdoado, assim como a outros condenados pelo caso Irão-Contras, na
véspera de Natal de 1992.
As impressões
digitais de Abrams, de Bolton, do secretário de Estado Mike Pompeo e do Senador
e membro do Comité para as Relações com o Hemisfério Ocidental, Marco Rubio,
estão por todo lado neste escândalo de extorsão, que agora abala a Argentina. O
juiz Padilla está direccionando o processo contra o regime de Macri, o qual
envolve milhões de dólares, que têm sido extorquidos por aliados de Macri
contra alvos de oposição política, assim como coerção de falso testemunho
exercida sobre estes alvos. Padilla disse ao Comité de Liberdade de Expressão
da Câmara dos Deputados Argentina que descobriu «uma rede para-estatal de
espionagem de grande magnitude, ideológica, política e judicial», acrescentando
que se tratava de “uma teia de operações de espionagem ilegais, envolvendo
forças judiciais, do governo, da segurança, dos poderes políticos e dos media”.
Macri esteve
associado como sócio no negócio do imobiliário com a Organização Trump, para
construir na baixa de Buenos Aires uma Torre Trump. Embora o projecto não tenha
vingado, as relações de negócio entre Macri e seu pai, o italo-argentino
milionário Francesco Macri, com a Organização Trump estendem-se, no passado,
aos dias em que o pai de Donald Trump, Fred Trump, dirigia a empresa e são
famosas. Elas incluíram colaborações para construção de imobiliário em
Manhattan e em Buenos Aires. Companhias de fachada, off-shore da empresa Trump
Organization e da empresa da família de Macri, o conglomerado Socma, estão
presentes em documentos da agora defunta firma de advogados da cidade do
Panamá, Mossacka-Fonseca.
O juíz Padilla foi
recentemente convidado a testemunhar sobre o escândalo de extorsão pelo
presidente do Comité para a Liberdade de Expressão, Leopoldo Moreau. O convite
surge depois do presidente do Comité de Contra-Espionagem, o senador Juan
Carlos Marino, um fiel adepto de Macri, ter recusado convidar Padilla a
testemunhar frente ao Comité a que preside. Moreau classificou o escândalo de
extorsão «o mais grave escândalo institucional desde que a democracia regressou
à Argentina [em 1983],” acrescentando que é “uma máfia dedicando-se a entalar
oponentes, forçando ao seu testemunho falso e espionagem.” Padilla indicou como
executantes da operação de extorsão, o Delegado Público Federal Carlos
Stornelli, o seu próximo associado, Marcelo d’Alessio, os serviços secretos
argentinos, a “Agencia Federal de Inteligencia”(AFI), o chefe da AFI,
Gustavo Arribas, duas mulheres-congressistas de direita — Elisa Carrió e Paula
Olivetto da Coalição Cívica pró-Macri — e o diário de direita, “Clarín”.
D’Alessio foi preso a
15 de Fevereiro deste ano. Nas 22 horas de gravações audio e video
incriminatórias de d’Alessio, este declarou ter recolhido 12 milhões dólares,
em subornos de indivíduos que tinham sido ilegalmente sujeitos a chantagem,
desde Agosto de 2018. Quanto a Stornelli, pensa-se ter ele conduzido a operação
de extorsão com conhecimento e encorajamento da Ministra da Segurança, Patricia
Bullrich. Stornelli recusou comparecer diante do juiz Padilla ou a entregar
seus telemóveis, como lhe tinha sido ordenado judicialmente. O indivíduo que
seria o presumido «colector» de fundos destas operações, Salta Mayor Gustavo
Sáen, próximo aliado de Macri, forneceu os seus telemóveis pessoais a Padilla.
Padilla, que tem
estado sob intensa crítica dos media pró-Macri, tem sido descrito, por alguns,
como o equivalente na Argentina de Robert Mueller, o Conselheiro Especial dos
EUA, investigando Trump.
Padilla revelou que
d’Alessio trabalhou para a CIA e que tinha na sua posse documentos da embaixada
dos EUA em Buenos Aires, manuais da CIA sobre agentes encobertos na Argentina e
na Venezuela, e armas licenciadas nos EUA. Os textos de mensagens usando
WhatsApp, extraídas do smart-phone de d’Alessio, tinham a ver com espionagem
contra o Uruguai, chantagem para obrigar a fazer falso testemunho contra o
governo de Maduro de Venezuela, a que submetera um advogado da “Petróleos
de Venezuela, S.A.” (PdVSA), a companhia estatal venezuelana de petróleos,
cujos activos foram tomados pela administração Trump, e de ter enviado
relatórios, via mala diplomática, a um centro de espionagem dos EUA, no Estado
do Maine, onde está situado o «US Navy’s Very-Low Frequency Navy
Communications Station», na cidade de Cutler. Padilla disse que, na busca a
casa de d’Alessio’s na cidade de Esteban Echeverría, “Encontrámos documentos,
ficheiros de serviços secretos, blocos de apontamentos com dados detalhados
sobre filhos, esposas e parentes daqueles que estavam a ser alvo de chantagem,
aparelhos para espionagem como câmaras ocultas, drones, uma arma que chamou a
atenção de todos” Padilla estava obviamente a referir-se à tentativa de
assassinato falhada contra o presidente venezuelano Nicolas Maduro em Agosto
passado, operação relacionada com os operativos da CIA, baseados na Colômbia. A
operação visando a PdVSA era uma tentativa, em parte, de falsamente ligar a
empresa ao tráfico de drogas e de armas e outras operações ilícitas para acusar
o presidente Maduro e seu antecessor, Hugo Chavez, de envolvimento em tais
operações. Padilla descobriu que a operação para denegrir Maduro e Chavez
envolvia não apenas d’Alessio e a CIA, mas igualmente a DEA, a agência dos EUA
de combate à droga. A operação, com o nome de código “OPERATION BRUSA DOVAT,”
envolvia o anterior director da PdVSA, Gonzalo Brusa Dovat, um cidadão
uruguaio, e enquadrava-se no plano global da administração Trump para congelar
os bens da companhia de petróleos venezuelana no estrangeiro. Outras mensagens
de texto de d’Alessio revelavam uma armadilha para comprometer o ministro das
obras públicas Julio de Vido e seu secretário, Roberto Baratta, utilizando
dados roubados por um operacional da NSA (National Security Agency dos EUA)
David Cohen, que trabalhava para “Energía Argentina SA” (ENARSA), a
agência estatal argentina da energia. Cohen foi constituído arguido pelas
autoridades argentinas a 8 de Março. Padilla também descobriu o envolvimento
dos serviços de espionagem de Israel na operação para-estatal de extorsão.
Padilla revelou que a
operação de extorsão visava também a actual senadora da oposição e
ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner e vários proeminentes jornalistas
anti-Macri.
Também se descobriu
no telemóvel de d’Alessio mensagens de texto de membros da equipa de Trump na
Casa Branca, oferecendo a Macri «apoio mediático» (“media coaching”) para sua
campanha de re-eleição de 2019. O ex-estratega principal de Trump, Steve Bannon
deu assistência efectiva ao presidente neo-nazi brasileiro Jair Bolsonaro,
durante a sua campanha vitoriosa de 2018. Em Fevereiro deste ano, Bannon
designou o filho de Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, um senador brasileiro, como o
chefe para a América Latina da organização mundial fascista, chamada «O
Movimento».
A operação conjunta
da Argentina/CIA/Israel, centrava-se na tentativa de comprometer o governo de
esquerda da “Frente Amplio de Uruguai” do presidente Tabaré Vázquez,
numa falsa ligação à missão comercial iraniana operando no Uruguai.
D’Alessio tinha em sua posse, segundo foi revelado, correspondência com cabeçalho da
embaixada dos EUA em Buenos Aires e com cabeçalho do ministério da defesa de
Israel. A ligação forjada ao Irão foi utilizada como justificação para uma
operação ilegal de vigilância dos políticos da Frente Amplio, incluindo o
presidente Vázquez, o antigo presidente José “Pepe” Mujica e sua esposa, a
actual vice-presidente Lucía Topolansky.
Havia alegações
falsas nos ficheiros guardados por d’Alessio de que a missão comercial iraniana
no Uruguai estava fazendo negócios com a Argentina, através duma companhia
russa de fachada. A informação forjada terá sido fornecida aparentemente pelos
serviços secretos de Israel, o MOSSAD. D’Alessio foi identificado por Padilla
como fazendo parte de uma operação visando o Hezbollah libanês. Descobriu, sem
surpresa, que d’Alessio estava em ligação com o presidente da câmara de
comércio Argentina-Israel em Buenos Aires.
As revelações de Padilla
levaram o juiz de instrução uruguaio do crime organizado, Luís Pacheco, a
afirmar que poderá solicitar mais informação sobre o escândalo das extorsões ao
governo da Argentina.
Está-se perante a
possibilidade de tentativa de golpe contra o presidente Vázquez, ajudada e
avalizada pela CIA e a Casa Branca de Trump. A 13 de Março, Vázquez demitiu o
comandante-chefe do exército, General Guido Manini Ríos, por este ter criticado
os julgamentos de oficiais culpados de violações dos direitos humanos na ditadura
militar uruguaia, por se ter reunido com políticos direitistas de oposição, e
mais grave ainda, por ter visitado Bolsonaro, que elogiou ditaduras militares
passadas do Brasil e doutras nações latino-americanas, incluindo o Uruguai, a
Argentina e o Chile.
A CIA, dirigida pela
defensora da tortura, Gina Haspel, tornou-se a tropa de choque do exército que
serve os desejos de Trump e as escuras políticas neo-conservadoras de Bolton e
de Pompeo. É claro que Abrams, Bolton, Pompeo, Rubio, Bannon e seus protegidos,
incluindo Macri e Bolsonaro, estão a tentar recriar a OPERAÇÃO CONDOR dos anos
1960, 70 e 80, uma aliança dos serviços secretos das ditaduras da Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, que eram os membros titulares,
enquanto o Equador e o Peru eram membros associados. Dezenas de milhares de
militantes de esquerda foram perseguidos e executados, na época da Operação
Condor, que operava em plena concordância e com participação da CIA.
O regime de Macri
respondeu às revelações de Padilla perante a câmara dos deputados da Argentina
iniciando um processo de impugnação contra o juiz. O ministro da justiça
requereu formalmente ao Conselho da Magistratura, que tem autoridade sobre os
juízes, para abrir uma investigação formal a Padilla. Padilla foi sujeito a uma
campanha perversa de difamação nos media argentinos pró-Macri, com alguns
críticos questionando mesmo seu serviço militar durante a guerra das Malvinas
contra os britânicos. Padilla, neste ponto, não difere de Robert Mueller, cujo
serviço no Corpo de Marines no Vietnam também foi questionado pelos aliados de
Trump.
TRADUÇÃO DE MANUEL
BAPTISTA
domingo, 24 de março de 2019
OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE ii)
[ver parte 1 aqui]
As situações complexas e contraditórias que se nos deparam são completamente indecifráveis se nos mantivermos pela imprensa «mainstream». Isto porque a dita imprensa apenas relata acontecimentos pontuais, dando relevo aos aspectos imediatos, ignorando os aspectos de longo prazo ou de contexto.
Um caso interessante é aquilo em que se tornou a contenda política nos EUA, em que vêm à superfície os elementos que contradizem a narrativa dominante. Trump, não sendo nenhum anjo, não era aquele «agente dos russos» que os porta-vozes democratas pintavam. Os CNN, NYT, WP, e outros da imprensa e televisões «mainstream», transformaram os americanos nos alvos duma gigantesca operação do tipo «psy-op». Antes da eleição de Trump em 2016, este tipo de campanhas (de guerra psicológica, afinal) eram reservadas, pela CIA e outras agências dos EUA, ao exterior. Destinavam-se a desestabilizar regimes que não lhes agradavam. Isso agora mudou, pois os alvos de tais operações TAMBÉM se tornaram o poder político e o povo americanos: um extenso artigo de Matt Taibbi sobre o «Russiagate» esclarece-nos sobre a importância deste caso.
Outra situação, bastante desprezada pela imprensa «mainstream» e muito significativa para os países da Europa meridional, é a impossibilidade do sistema da UE e, especialmente da Moeda Única, instituída em Maastricht (1992), jamais ter correspondido aos fins apregoados pelos políticos da época: a propalada convergência das economias, dos níveis de vida e bem-estar dos diversos povos, a solidariedade dentro da UE, blá, bla, blá!
O artigo de Eric Toussaint, embora não partilhe todos os pormenores da sua análise, ajuda à compreensão de qualquer pessoa que, realmente, queira saber o que está em jogo, na economia mundial e, em particular, na UE.
O artigo de Eric Toussaint, embora não partilhe todos os pormenores da sua análise, ajuda à compreensão de qualquer pessoa que, realmente, queira saber o que está em jogo, na economia mundial e, em particular, na UE.
Um posicionamento dos cidadãos da UE, seja ele qual for, não pode ser esclarecido, se não dispuserem destas informações!
A terceira fonte informativa debruça-se sobre a mudança tectónica, que está ocorrendo «por detrás da cortina», ao nível dos Bancos Centrais, das Organizações como FMI, Banco Mundial, BIS, e muitas outras. Esta mudança vai implicar a reorganização do sistema monetário, porque o reino hegemónico do dólar (e do petro-dólar) está mesmo no fim. Jim Willie, o editor de «Hat Trick Letter», tem acertado em muitas previsões do que vem acontecendo. Tenho seguido este autor, pela qualidade intrínseca das informações e análises que fornece. Os seus interesses estão mais centrados no seu país, os EUA, o que é natural; porém, ele tem uma vasta rede de contactos internacionais, em posições que lhes permitem compreender o que se passa.
Infelizmente, os supostos «analistas» económicos da imprensa «mainstream» fazem como se nunca tivessem conhecimento de tais factos. Para um leitor que apenas consulte esta imprensa, a crise mundial - cujos sinais precursores já despontam - irá cair como uma «trovoada em céu azul». A entrevista de Jim Willie, dada a X22 Spotlight recentemente, é muito esclarecedora.
Se as pessoas pensam que sou um seguidor acrítico dos três autores supra-citados, desenganem-se.
Eu tenho em elevada estima uma pessoa, mesmo quando discordo dela em pontos significativos, se ela nos traz algo de novo, algo que nós não sabíamos. Quando nos dá evidências, apoiando as informações. Com o tempo aprendi a separar «o trigo do joio», a saber quais os autores são para se tomar a sério, mesmo quando não podem revelar as suas fontes.
Como é que se sabe que determinado autor é de confiança?
- Quando ele/ela tem a humildade de reconhecer que errou, que se enganou neste ou naquele aspecto. Ninguém é infalível.
No caos do mundo contemporâneo, é absurdo pensar-se que alguém ou alguma organização possam ter uma clarividência absoluta.
Assim, também é insensato confiar na «solução» de um mundo globalizado, com um governo mundial, um banco central mundial, forças armadas mundiais, etc, etc. É este, porém, o caminho perigoso e totalitário para o qual nos querem arrastar, políticos, empresários, banqueiros e outras pessoas em altos cargos.
Assim, também é insensato confiar na «solução» de um mundo globalizado, com um governo mundial, um banco central mundial, forças armadas mundiais, etc, etc. É este, porém, o caminho perigoso e totalitário para o qual nos querem arrastar, políticos, empresários, banqueiros e outras pessoas em altos cargos.
A informação real sobre uma série de fenómenos ocultados ou distorcidos pela media mainstream deve ser lida atentamente por pessoas mais esclarecidas - sejam elas jornalistas, académicos, ou doutras áreas -, que devem usar os seus talentos para divulgar as informações que obtiveram.
De outro modo, é impossível ao cidadão comum tomar conhecimento dessas realidades.
De outro modo, é impossível ao cidadão comum tomar conhecimento dessas realidades.
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