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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Príncipe saudita impediu confisco de 300 mil milhões de dólares russos cativos em bancos ocidentais

Parecia haver, a certa altura, total sintonia entre os dirigentes do G7, da UE  e Zelensky, no sentido da confiscação total dos 300 mil milhões de dólares em ativos da Federação Russa, em bancos europeus (sobretudo Franceses, Alemães e Belgas ).

De repente, o discurso mudou, com explicações bastante duvidosas, do ponto de vista jurídico, da parte dos governos da UE. Agora, só iriam ser confiscados os juros resultantes desses ativos e não o capital próprio. Para o mundo capitalista, a expropriação dos juros não tem qualquer lógica, na medida em que estes foram obtidos como resultado legítimo do investimento desses ativos. Continuava a ser uma monstruosidade jurídica do ponto de vista do sistema vigente.   

Agora, a Bloomberg vem nos dar a chave do problema. A Arábia Saudita ameaçou despejar no mercado as obrigações do tesouro desses países ocidentais, se eles expropriassem a Rússia dos seus ativos, para dá-los ao regime de Kiev e seus psicopáticos dirigentes. 

Foi afinal isso que mudou o discursos dos ocidentais, fazendo com que - agora - já não seriam «expropriáveis» os 300 mil milhões de ativos russos, mas «apenas» os juros que estes tinham rendido. Embora a lógica seja tão absurda como quando anunciavam que iriam «confiscar» os bens da Federação Russa e até de oligarcas (portanto, privados), que estavam em bancos de vários países da UE.

A monstruosidade deste confisco só tem paralelo com a operação falhada de promover um fantoche a «presidente» da Venezuela, entregando-lhe e ao seu «governo no exílio», o ouro venezuelano à guarda do Banco Central britânico (Bank of England).

A Venezuela não recuperou o ouro. Porém, todas as instâncias internacionais competentes na matéria, consideram que se tratou de pirataria financeira dos britânicos . 

ttps://morningstaronline.co.uk/article/f/give-venezuela-back-its-gold-2023

Agora, com a guerra na Ucrânia, os piratas que governam a UE decidiram fazer substancialmente o mesmo  com os ativos russos: Eles queriam pagar-se dos fornecimentos de armas e munições à Ucrânia, que têm sido fornecidas desde muito antes de Fevereiro de 2022 e, sobretudo desde então, despejadas em enormes quantidades e destruídas sistematicamente pelas forças armadas russas. Na realidade, nem um cêntimo do dinheiro russo confiscado irá para os cofres estatais da Ucrânia. Uma parte será para pagar as toneladas de material de guerra despejadas quotidianamente na guerra assoprada e fomentada pelos ocidentais, outra parte, irá para os bolsos de políticos corruptos, de Zelensky e da camarilha que gravita em torno dele, ou ainda, dos bilionários ao estilo de Kolomoisky (que financiava o «Batalhão Azov» e partidos ditos nacionalistas, na verdade, neonazis). 

Para mais pormenores, leia o artigo de Zero Hedge: Diz muito sobre o fim do petrodólar e perda da hegemonia financeira do Ocidente sobre o Mundo: Os detentores de dívida dos países ricos têm, agora, mais meios de pressão sobre estes, do que antes. Antes, os emissores de dívida (como os EUA), faziam voz grossa e ameaçavam invadir quem se atrevesse a vender as «treasuries» guardadas em reserva.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

ARÁBIA SAUDITA, GRANDE ALIADO DOS EUA E OCIDENTE NO MÉDIO ORIENTE

 Quem é Mohamed bin Salman?  Qual o papel da CIA no seu reino? O que motiva o Presidente francês Emmanuel Macron a manter boas relações pessoais e de Estado com o Príncipe herdeiro do trono saudita? 

Estas e muitas outras questões são esclarecidas no livro, «Petróleo e Sangue» de Bradley Hope e Justin Scheck,  agora traduzido em francês.

O Reino Saudita e as suas relações internacionais, é o conteúdo principal desta «Grande Interview» de J.J. Seymour a Pierre Jovanovic, no vídeo abaixo.






domingo, 8 de março de 2020

OUTRO CISNE NEGRO...

Arábia Saudita declara guerra de preços do petróleo, num contexto de pandemia     
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Com todo o barulho mediático em torno da pandemia de coronavírus, tenho a certeza que passou despercebido para muitos o fracasso da reunião da OPEC+ em Viena, na passada sexta-feira, 6 de Março. 
Nesta reunião, a Rússia (que não é membro mas tem tentado coordenar a sua política petrolífera com o cartel dominado pela Arábia Saudita), não aceitou a proposta de redução de produção por longo tempo para sustentar os preços.
A Arábia Saudita decidiu fazer uma jogada «brilhante» de hara-kiri, anunciando a subida da sua produção para mais de doze milhões de barris diários, tendo agora um pouco menos de dez milhões de barris. O preço do petróleo deu logo um tombo. 
A lógica dos sauditas para esta decisão seria a de roubar o mercado europeu aos russos, os quais se desmultiplicaram em iniciativas para fornecimento de petróleo e gás natural, nos últimos tempos. 
Por outro, iria também inviabilizar o sector do petróleo de xisto, nos EUA, que tem necessidade de um preço do crude da ordem de 50/55 dólares/barril, para atingir o limite de rentabilidade. É provável que o barril desça para 20$. A indústria do petróleo de xisto iria à falência, a breve trecho, por não conseguir cobrir as despesas de exploração e os juros dos empréstimos enormes, que a têm sustentado. 
No entanto, a situação causada pela Arábia Saudita em 2014 (a pedido dos americanos) não causou um abalo assim tão grande à economia russa. Esta soube aguentar muito bem o impacto, tendo-se tornado mais diversificada. A Rússia terá capacidade para aguentar outra vez a descida do preço do crude. 
Do lado americano, é verdade que as empresas de petróleo de xisto ficarão ainda mais endividadas mas, num país onde os défices se quantificam por triliões de dólares, serão apenas mais algumas gotas de dívida a somar ao oceano. Enquanto o dólar permanecer a principal moeda de reserva e de comércio mundial, não é difícil imaginar um salvamento conjugado da sua indústria petrolífera pela Casa Branca e por Wall Street. 
Mas, o reino governado com mão de ferro pelo príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, terá um défice orçamental altíssimo (da ordem de 15 % ou mais). Claro que, no curto prazo, tem reservas monetárias suficientes.
Porém, a crise originada pelo rebentamento das bolhas dos mercados todos, catalisada pela epidemia do coronavírus, pode prolongar-se por tempo indeterminado. É impossível saber durante quanto tempo irá durar a retracção da economia mundial. 
Para já, a própria OPEC pode ser declarada morta, pois os países médios produtores de petróleo, ficarão certamente numa situação dramática, em consequência da diminuição brusca dos rendimentos oriundos do petróleo (quase sempre a rubrica de maior vulto nas suas exportações). A grande maioria dos países da OPEC - e a própria OPEC, enquanto tal - não poderão sobreviver, nestas circunstâncias. 
Mesmo que a Arábia Saudita com esta manobra conseguisse derrotar os seus dois maiores concorrentes (o petróleo russo e o petróleo americano de xisto), teria de aguentar as consequências da diminuição drástica de receita, que poderá durar vários anos, resultando daí impossibilidade em satisfazer os múltiplos compromissos sociais, tanto relativos à população em geral, como à «elite» do poder (família real alargada e forças armadas). 
Talvez seja este o verdadeiro motivo pelo qual Bin Salman decidiu mandar prender (outra vez!) um número elevado de militares e de príncipes, em prevenção de um golpe para o derrubar...

Seja como for, os países médios produtores de petróleo ficarão desestabilizados, empobrecidos, por esta decisão unilateral da Arábia Saudita. Face à ameaça de pandemia e de recessão mundial profunda, esta decisão não poderia ter vindo em pior momento.

PS: sobre a geopolítica envolvendo assunto, ver aqui uma análise pormenorizada de Thierry Meyssan

terça-feira, 26 de março de 2019

OS MONTES GOLAN, EUA E ISRAEL: MAIS UM EXEMPLO DE UNILATERALISMO




Aquando da manobra de reconhecimento por parte dos EUA de Jerusalém como capital de Israel, com anúncio de que iriam mudar a embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém, já tinha chamado a atenção [1] para a indiferença total do actual poder em Washington, não apenas pela substância do respeito da legalidade internacional, como mesmo, da sua aparência.

Agora, fica claro que o papel da administração Trump [2] é de servir os desígnios das facções mais extremas do sionismo em Israel, em particular redourando a estrela de Natanyahu a braços com um processo por corrupção que poderá inviabilizar a sua eleição ou tomada de posse. 

O poder em Washington tem-se comportado como um apoio incondicional do governo israelita, assim como do todo-poderoso herdeiro do trono da Arábia Saudita, Mohamed Bin Salman.

 Que mensagem dão estas tomadas de posição [3], estas comprometedoras alianças, sem condições e sem contra-peso de uma legalidade internacional, expressa nas numerosas resoluções da ONU, muitas das quais subscritas por Washington?
Os parceiros e adversários dos EUA ficam claramente com a noção de que Washington se considera acima da legalidade internacional. Isto, apesar de ter sido um dos pilares da sua construção no pós-IIª Guerra Mundial. 
A outra ideia com que ficam todos, é que existem compromissos secretos, acordos que implicam estas posturas. Natanyahu ou Bin Salman por mais poderosos que sejam dentro dos seus respectivos Estados, não seriam nada sem o apoio decisivo dos EUA. 
Por outro lado, os EUA, comprometem-se - ao tomar como aliados incondicionais, esses governos - com um desempenho dos mais negativos, em termos de direitos humanos. Mas Trump e seu governo, continuam a usar a «cantilena» dos direitos humanos, como pretexto para agredir a Venezuela, ou quaisquer outros países que não se submetam ao seu «diktat».

Uma tal postura equivale a que os EUA estão a auto-sabotar a sua imagem de propaganda que gostariam de dar; a de uma nação que está preocupada com a legalidade, com a democracia e com os direitos humanos. Mas, esta arrogância não revela grande poderio, antes pelo contrário, uma grande fragilidade. 
Pode-se ver a política externa dos EUA como fortemente condicionada por Israel e pela Arábia Saudita, o que apenas mostra a sua enorme fraqueza, a sua dependência mesmo. 
- Terão Natanyahu e Bin Salman meios de pressionar Trump, de um modo tal, que este seja obrigado a «deitar às urtigas» a tal capa de respeitabilidade internacional?
 - Serão tais pronunciamentos, como a declaração relativa aos montes Golan, decorrentes do facto de Washington desejar retirar-se?
- Estaria Washington a preparar o terreno para seus aliados estratégicos da região ficarem mais fortalecidos, antes da sua retirada? 

Seja como for, as convulsões e sofrimentos [4] dos povos no Médio Oriente, quer do povo da Palestina, quer da Síria ou do Iémene, foram claramente causadas pelos EUA e por seus aliados. 
Estas guerras criminosas têm como consequência que os povos dos países da região e doutras zonas do mundo, anseiem pela queda dos EUA enquanto hiper-potência mundial, não sujeita a qualquer restrição, não respeitando leis nem direito, mas impondo pela força a sua vontade. 
Estas manifestações de arrogância («hubris») são afinal mais umas pedras para a tumba de seu suposto estatuto de «nação indispensável», de que se ufanam. 

[1] https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/12/jerusalem-tem-de-ser-promessa-de-paz.html

[2] http://www.informationclearinghouse.info/51329.htm

[3] https://www.asiatimes.com/2019/03/article/us-golan-move-turns-1967-setback-into-reality/

[4] https://www.zerohedge.com/news/2019-03-25/israeli-airstrikes-rock-gaza-target-hamas-command-after-netanyahu-cut-short-us-trip