Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
Mostrar mensagens com a etiqueta Craig Murray. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Craig Murray. Mostrar todas as mensagens

sábado, 13 de abril de 2024

EMBAIXADOR CRAIG MURRAY: O OCIDENTE ESTÁ A DESTRUIR A LEI INTERNACIONAL


A cumplicidade do «Ocidente» com crimes de guerra e crimes contra a humanidade, perpetrados pelo exército de Israel, não apenas agrava a situação humanitária no terreno, como confere um sentimento de «impunidade» ao governo de Netanyahu. Mas também mostra que o Direito Humanitário é apenas usado como argumento, quando isso convém ao Ocidente. Ou seja, não têm - os governos - qualquer intenção de cumprir e fazer cumprir leis, que eles próprios dizem defender. São dias muito sombrios, os presentes. 

PS1: a retaliação iraniana ao ataque de Israel, assassinando funcionários  militares de alta patente que estavam no interior do edifício consular do Irão em Damasco, foi sóbria e manteve -se dentro dos limites das leis da guerra. Com efeito, atacaram alvos militares. O ataque de Israel destinava -se causar um reação impulsiva do governo iraniano, além de desrespeitar a Convenção de Viena e as leis da guerra. O objetivo, da parte do governo de Netanyahu, era também o de arrastar os EUA e OTAN, para a armadilha de uma guerra alargada na região. Netanyahu sabe que só se mantém fora da prisão, porque preside a um gabinete de guerra. Logo que deixar de o ser, nada evitará a sua prisão por corrupção.

 

quarta-feira, 30 de junho de 2021

[Craig Murray] EXPOSTA A FALSIDADE DA FABRICAÇÃO DO FBI CONTRA ASSANGE

Este meu artigo é essencialmente o resumo da notícia (ver acima) de 29-06-2021 por Craig Murray, ex-diplomata britânico, que tem seguido assiduamente as sessões do julgamento de extradição de Julian Assange e tem feito um ótimo trabalho de informação, que a imprensa não faz

Graças a Murray, ficamos a saber que a fabricação urdida pelo FBI de associar (falsamente) Assange com «hacking» de bancos e das contas de cidadãos particulares, foi desmoronada pela confissão de  Sigi Thordarson, um islandês, personagem muito pouco recomendável: Foi condenado por abuso de rapazes menores, assim como por ter-se imiscuído na rede de Wikileaks e ter-lhe roubado 50 mil dólares. Foi julgado e condenado por estes crimes, na Islândia. Thordarson revelou recentemente, a um órgão de imprensa, que tinha feito um acordo com o FBI para acusar, falsamente, Assange de estar na origem de «hacking» contra contas bancárias de particulares, sem qualquer relação com as atividades de denúncia do complexo militar-industrial, das agências de espionagem, enfim, como se estivesse envolvido em cibercrimes e sem qualquer laivo de altruísmo, ou de querer desmascarar os poderes. 

 O pedido de adição das pseudo-provas, trazidas pelo FBI ao processo, foi aceite pelo tribunal. Mas esta adição extemporânea foi contestada na altura pela defesa, à qual - aliás - não foi concedido tempo mínimo necessário para investigar e construir uma resposta a essas novas alegações. 

O extraordinário, é aquilo que deveria - normalmente - ter ocorrido e não aconteceu. 

Agora, que o pedófilo condenado, Thordarson, veio confessar ao magazine islandês que as acusações tinham sido fabricadas de acordo com o FBI, em troca desta agência não avançar com um processo contra ele, o normal seria o tribunal considerar que o procedimento usado tinha anulado toda a base da acusação, por falsas alegações. Decorreria daí que Assange tinha de ser libertado. 

A má fé da juíza e do tribunal são por demais evidentes, pois recusou reabrir o processo, como tinha sido pedido pela defesa. Há cinco meses que dura a situação de indefinição, continuando Assange preso, apesar de não haver qualquer contestação da parte das autoridades dos EUA. A juíza encarregue do julgamento continua a pretender que ignora as declarações de Thordarson, que toda a gente conhece e que invalidam o processo. 

Todas as peripécias deste processo, o mais torcido, o mais parcial, que se possa imaginar, têm tido o efeito paradoxal de desmascarar a brutalidade, falsidade e hipocrisia dos perseguidores de Assange, assim como a negação dos princípios de respeito pelos Direitos Humanos, de Justiça e de Estado de Direito, pretensamente atributos do Estado e instituições britânicas. 

PS1: Veja a manifestação em solidariedade com Julian Assange, aquando do seu 50º aniversário: 

https://www.youtube.com/watch?v=YuPSUjSvN0E


PS2: Um artigo de opinião por Alex Lo, que todos os políticos, todos os jornalistas, todos os cidadãos, deveriam compreender a fundo: 

https://www.scmp.com/comment/opinion/article/3140962/example-must-be-made-julian-assange


PS3: Uma análise do comportamento do tribunal britânico que não encontrará de certeza na media corporativa: 

https://www.wsws.org/en/articles/2021/07/12/assa-j12.html?pk_campaign=newsletter&pk_kwd=wsws

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

CRAIG MURRAY: «Assange, o preso político mais importante do mundo»

                        
Foi nestes termos «Assange, o preso político mais importante do mundo», que Craig Murrey descreveu a situação de Julian Assange. Presentemente, a situação do preso político Assange é a seguinte:

- Está a chegar o termo da prisão de Assange por ter violado a liberdade condicional a que estava sujeito (recordemos o contexto em que cometeu este «crime»: era ameaçado muito seriamente pelo aparelho repressivo-judicial americano, pela CIA e, inclusive, por políticos e pessoas da media dos EUA) 
- A comissão da ONU dos direitos humanos já tinha condenado a atitude do Reino Unido de manter sob prisão alguém que não oferecia perigosidade, nem tinha ainda sido julgado. Segundo o grupo de trabalho da ONU sobre detenções ante-julgamento: 
«Na lei internacional, a detenção pré-julgamento deve ser imposta apenas em casos limitados. A detenção durante as investigações deve mesmo ser mais limitada, em especial, na ausência de qualquer acusação. As investigações suecas foram encerradas há mais de 18 meses, agora e a única base que resta para a contínua privação da liberdade do Sr. Assange é o não respeito pelas condições de liberdade condicional, a qual é uma infracção menor que não pode justificar post facto a detenção durante mais de seis anos de confinamento a que esteja sujeito  desde que procurou asilo na embaixada do Equador. O Sr. Assange deveria ser capaz e exercer o seu direito de liberdade de movimentos sem restrições, de acordo com as convenções das Nações Unidas, que foram ratificadas pelo Reino Unido.

Vanessa Baraitser, a juíza que sentenciou agora que, apesar de Assange ter terminado a sua sentença de prisão de seis meses por ter desrespeitado as condições de liberdade condicional, achou que se justifica (supostamente) a continuação da sua manutenção como preso pela suposta intenção de fugir antes de estar decidido o processo de extradição para os EUA. No entanto, colocam-se problemas graves de saúde de Julian Assange e, sobretudo, o único motivo para a sua prisão e eventual extradição é ele ter exercido os seus direitos de liberdade de informar. 

- A ameaça que pesa sobre ele é, portanto, exclusivamente política. Nos EUA está sendo organizado um processo secreto (os advogados de Assange nos EUA não têm autorização para ver as peças do processo), baseado numa suposta «traição», que consistiu em revelar ao mundo (como o fizeram, aliás, o Guardian, o New York Times, etc) os crimes de guerra de militares dos EUA, no Afeganistão e no Iraque. 
Note-se, que Assange tornou públicos documentos fornecidos por outrem (Chelsea Manning), não sendo o seu caso diferente do dos diversos editores de jornais que - pelo mundo fora - têm dado a conhecer documentos secretos, obtidos ilegalmente, mas que são considerados por eles da maior importância, para conhecimento do público.

- O processo de extradição para os EUA é absurdo  e em completa violação das convenções da ONU, assinadas pelo Reino Unido. Se a justiça deste país não fosse uma farsa, a única coisa que deveria ter feito - neste caso - era libertar Julian Assange e deixá-lo ir para qualquer parte do mundo que ele desejasse.

-O caso Assange, por mais isolado que pareça, é muito importante para inúmeros outros casos - passados, presentes ou futuros - na medida em que outros governos possam usar o argumento do que tem feito, relativamente a este caso, a justiça do Reino Unido (um país signatário das convenções sobre os direitos humanos). 
Igualmente grave, é o efeito inibidor sobre os editores de media, e sobre os lançadores de alerta potenciais: eles podem recear perseguições impiedosas e ilegais, caso façam uso da sua liberdade fundamental, de dar informações que sejam muito importantes e que o público deveria conhecer, mas que são ocultadas pelos governos....


  

segunda-feira, 3 de junho de 2019

O ESTADO IMPLACÁVEL - UM ARTIGO DE CRAIG MURRAY SOBRE JULIAN ASSANGE

Junho 1, 2019
Estamos seriamente preocupados com a condição de saúde de Julian Assange. Ontem, estava demasiado doente para poder comparecer perante o tribunal e o seu advogado sueco, Per Samuelson, encontrou-o num estado em que Julian estava incapaz de estabelecer uma conversa e dar instruções. Há sintomas físicos muito marcados, particularmente uma perda rápida de peso, e tememos que não estejam a ser efectuados esforços, genuínos e suficientes, para a obtenção de um diagnóstico, a fim de determinar a verdadeira causa.
Durante o ano passado, Julian foi mantido na Embaixada do Equador em condições precárias, muito restritas e cada vez mais opressivas e a sua saúde já estava a deteriorar-se de forma alarmante, antes da sua expulsão e prisão. Uma série de condições, incluindo abcessos dentários, que pode ter consequências muito graves se não forem tratados durante muito tempo e a recusa contínua do governo britânico e, mais tarde, dos equatorianos, de permitir o acesso a cuidados de saúde adequados a um asilado político, foi uma negação cruel e deliberada de direitos humanos básicos.
Confesso que senti um certo alívio pessoal após a sua prisão, porque, pelo menos agora ele receberia tratamento médico adequado. No entanto, percebe-se agora, não haver qualquer intenção de fornecê-lo e, de facto, desde que ele esteve em Belmarsh, os problemas de saúde exacerbaram-se. Testemunhei a cumplicidade do Estado britânico em casos de tortura para saber que esta atitude pode significar mais do que somente uma consequência de negligência não intencional. É extremamente alarmante constatar que o homem mais lúcido que eu conheço, já não é capaz de manter, agora, uma conversa racional.
Não há nenhuma razão aceitável para que Assange precise ser mantido numa instalação de alta segurança destinada a terroristas e infractores violentos. Estamos a ver o motivo por trás da sua longa detenção sem precedentes, para esquivar-se à fiança da polícia quando pediu asilo político. Como prisioneiro condenado, Assange pode ser mantido num regime pior do que se estivesse apenas em prisão preventiva, devido aos procedimentos de extradição. Mesmo que ele estivesse saudável, o acesso aos seus advogados é extremamente restrito e, para um homem que enfrenta grandes processos legais no Reino Unido, nos EUA e na Suécia, é impossível que os seus advogados tenham tempo suficiente para preparar, juntamente com ele, os seus processos adequadamente. Assange está sob as mesmas restrições que são impostas a um condenado.Claro que sabemos, pelo facto de que, três horas após ter sido arrastado da Embaixada do Equador, ele ter sido condenado e sentenciado a uma longa pena de prisão, que o Estado não tem intenção de que os seus advogados se possam preparar.
Perguntei antes e faço-o, agora, novamente: Se fosse uma editora dissidente na Rússia, o que é que a classe política e a comunicação mediática do Reino Unido estariam a dizer sobre ele ter sido arrastado por polícias armados, condenado e sentenciado a prisão por um Juiz sem júri, três horas depois, após uma farsa de um "julgamento" durante o qual o Juiz o insultou e chamou de “narcisista” antes de Assange dizer qualquer coisa em sua defesa? A comunicação mediática ocidental estaria em pé de guerra, se esse caso acontecesse na Rússia. Aqui, eles congratulam-se com esses factos.
A seguir está uma foto de Julian na Embaixada em tempos mais felizes, durante a presidência de Correa, com um grupo de pessoas verdadeiramente surpreendente e forte, cada uma delas com histórias, as quais podemos seguir e com elas aprender:
Devo acrescentar que,  juntamente com outros dois amigos íntimos,  estou pessoalmente, a tentar ver Julian Assange, mas, como é óbvio, o acesso é extremamente difícil.
Os objectos pessoais de Julian foram apreendidos pelos equatorianos para serem entregues ao governo dos EUA. Incluem não só os computadores, mas os seus documentos legais e médicos. Este é mais um exemplo de uma acção estatal completamente ilegal contra ele. Além do mais, qualquer transferência deve envolver o material roubado que transita fisicamente em Londres, e o governo britânico não está a tomar medidas para impedi-lo, o que é mais um dos múltiplos sinais do grau de coordenação governamental internacional por trás da frágil pretensão de uma acção judicial independente.
Julian está preso há, pelo menos, mais de cinco meses, mesmo com liberdade condicional (que provavelmente vão encontrar uma desculpa para não conceder). Depois, será mantido em prisão preventiva. Portanto, não há necessidade de pressa. A recusa do tribunal sueco, de atrasar uma audiência sobre um possível mandado de extradição, para permitir que Julian se recupere para poder instruir o advogado e o breve adiamento da audiência de extradição dos EUA em Londres, com a intimação que pode ser mantido dentro da prisão de Belmarsh, se Julian estiver demasiado doente para se deslocar, são exemplos de uma pressa totalmente desacostumada e desnecessária, na maneira como o caso está a prosseguir. Os moinhos de Deus moem devagar; os do Diabo parecem girar a alta velocidade.
Finalmente, para os que ainda acreditam que as acções judiciais contra Julian,  não só na Suécia, são de alguma forma motivadas por uma preocupação em que a justiça seja feita, particularmente os casos de justiça referente a mulheres violadas, peço-lhes que leiam este excelente relato de Jonathan Cook. Quanto ao resumo da série verdadeiramente impressionante de abusos legais por parte dos Estados contra Assange, que a comunicação mediática empresarial e estatal distorceu e escondeu deliberadamente durante uma década, o mesmo não pode ser melhorado.
Reprinted with the author’s permission.
Copyright © 2019 Craig Murray
Publicado de novo, com permissão do autor.
Copyright © 2019 Craig Murray

Tradução: Luísa Vasconcellos