A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

segunda-feira, 11 de março de 2019

CONFLITO DO NOSSO TEMPO: IMPERIALISMO DOS EUA CONTRA LEGALIDADE INTERNACIONAL


Traduzido por Manuel Baptista para Observatório da Guerra e do Militarismo

Por Nicolas J S Davies


O mundo enfrenta muitas crises sobrepostas: crises políticas regionais do Caxemira à Venezuela; guerras brutais que assolam o Afeganistão, a Síria, o Iémene e a Somália; e os perigos existenciais das armas nucleares, das alterações climáticas e da extinção das espécies em massa.
Mas por baixo da superfície de todas essas crises, as sociedades humanas sofrem dum conflito subjacente e não resolvido sobre quem ou o quê governa o mundo e quem é que deve tomar as decisões críticas sobre como abordar estes problemas – ou até, se eles serão de todo abordáveis. A crise subjacente de legitimidade e de autoridade, que torna tantos dos nossos problemas quase de resolução impossível, é o conflito entre o imperialismo dos EUA e a legalidade.

Imperialismo, significa que um governo dominante exerce soberania sobre outros países e povos do mundo, tomando as decisões críticas sobre como devem ser governados e em que tipo de sistema económico estes deverão viver.
Por outro lado, o nosso sistema em vigor, de legalidade internacional, baseado na Carta da ONU  e noutros tratados internacionais, reconhece as nações como independentes e soberanas, com direito fundamental a governarem-se a si próprias e a negociarem livremente acordos sobre suas relações políticas e económicas, umas com as outras.  Segundo a lei internacional, os tratados multilaterais que tenham sido assinados e ratificados por larga maioria de nações, tornam-se parte estrutural da lei internacional, sendo vinculativa para todos os países, do mais pequeno ao mais poderoso.

Num artigo recente, “The Hidden Structure of U.S. Empire,” [A Estrutura Oculta do Império dos EUA], explorei algumas das maneiras pelas quais os EUA exercem o seu poder imperial sobre outras nações nominalmente soberanas, independentes, assim como sobre seus cidadãos.  Citei um estudo etnográfico de Darryl Li sobre suspeitos de exercerem terrorismo na Bósnia às ordens dos EUA, que revelava um sistema em várias camadas de soberania, em que as pessoas pelo mundo fora, não apenas são sujeitas à soberania dos seus países, mas também a uma tentacular soberania extraterritorial do império dos EUA.

Descrevi como Julian Assange, encerrado na embaixada do Equador em Londres e a executiva da Huawei, Meng Wanzhou, detida enquanto mudava de avião no aeroporto de Vancouver, são vítimas da mesma soberania  extraterritorial dos EUA, e tal como as centenas de «suspeitos de terrorismo» que as forças dos EUA raptaram e que foram levadas para prisões como de Guantanamo Bay e outras, para uma detenção indefinida e extralegal.

Embora o trabalho de Darryl Li  seja de grande valor, ao revelar as camadas de soberania realmente existentes, através das quais os EUA exercem o seu poder imperial, o imperialismo é muito mais do que um exercício de captura e detenção de pessoas noutros países. Muitas das crises internacionais actuais são resultantes desse mesmo sistema de soberania extraterritorial, tentacular, do império dos EUA.

Todas as actuais crises servem para demonstrar como é que os EUA exercem o seu poder imperial, como é que isto entra em conflito e sabota a estrutura da lei internacional, penosamente desenvolvida para a resolução das questões internacionais no mundo moderno, e como esta crise de legitimidade subjacente nos impede de resolver os nossos problemas mais graves neste século XXI, portanto, ficando todos nós em risco.


As Guerras Imperiais dos EUA Desencadeiam Violência no Longo Prazo e Caos

A Carta da ONU foi redigida no fim da IIª Guerra Mundial para prevenir a repetição da sangria em massa e do caos das duas Guerras Mundiais. O arquitecto da Carta da ONU, o presidente dos EUA Franklin Roosevelt, já tinha morrido, mas os horrores da guerra global estavam suficientemente frescos nas mentes dos líderes, para garantir que aceitavam que a paz era a condição essencial nos assuntos internacionais e o princípio fundador das Nações Unidas.
O desenvolvimento das armas nucleares mostrou a possibilidade duma guerra mundial futura destruir completamente a civilização humana e que portanto, nunca deveria ter lugar. Como disse Albert Einstein numa famosa entrevista, «Não sei como é que a Terceira Guerra Mundial será combatida, mas posso dizer-lhe o que vão usar na Quarta: pedras!»
Os líderes mundiais puseram então as suas assinaturas na Carta das Nações Unidas, um  tratado vinculativo, proibindo a ameaça ou o uso da força de um qualquer país contra outro qualquer. O Senado dos EUA tinha aprendido a lição amarga de recusar assinar o tratado da Liga das Nações, após a Primeira Guerra Mundial, votou pela ratificação da Carta da ONU sem reservas, por 98 votos contra 2.
Os horrores das guerras da Coreia e do Vietname foram ocasião de distorção da proibição do uso da força na Carta da ONU com forças da ONU ou dos EUA, lutando a «defender» novos Estados neo-coloniais, talhados a partir das ruínas do colonialismo japonês ou francês.

Mas após o fim da Guerra Fria, os líderes dos EUA e os seus conselheiros sucumbiram àquilo que o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev refere agora como o  “triunfalismo do Ocidente,”  a visão imperial dum mundo «unipolar» dominado, de facto, pelo único «super poder», os Estados Unidos. O império dos EUA expandiu-se economicamente, politicamente e militarmente, em direcção à Europa de Leste e os membros do governo dos EUA acreditavam que podiam finalmente «conduzir operações militares no Médio Oriente, sem terem de se preocupar com um desencadear da Terceira Guerra Mundial», como Michael Mandelbaum do Conselho para as Relações Exteriores declarava em 1990.

Após uma geração, os povos do Médio Oriente podiam ser perdoados por pensarem que estão de facto a sofrer a experiência da Terceira Guerra Mundial, visto que invasões sem fim, campanhas de bombardeamentos e guerras por procuração têm reduzido cidades inteiras, vilas e aldeias a ruínas e matado milhões de pessoas  no Iraque, Afeganistão, Paquistão, Somália, Líbano, Palestina, Líbia, Síria e Iémene – sem um fim à vista, após 30 anos de guerra, sempre se espalhando, com toda as suas violências e caos.

Nenhuma das guerras levadas a cabo pelos EUA após o 11 de Setembro de 2001 foi autorizada pelo Conselho de Segurança da ONU, tal como a Carta da ONU o exige, o que quer dizer que, ou violaram a Carta das Nações Unidas, como o Secretário Geral Kofi Annan admitiu no caso do Iraque, ou violaram os termos explícitos das resoluções do Conselho de Segurança, como no caso do mandato UNSCR 1973  para um «cessar-fogo imediato», um estrito embargo de armas e a exclusão duma «força de ocupação estrangeira sob qualquer forma” na Líbia, em 2011.

Na realidade, embora os lideres imperialistas dos EUA costumem usar o Conselho de Segurança da ONU para enfeite dos seus planos bélicos, arrogam-se o direito de tomar decisões sobre a guerra e a paz, por si próprios, usando argumentos políticos para justificar guerras que não têm um fundamento legal real, face à lei internacional.

Os líderes dos EUA mostram o mesmo desdém pela Constituição dos EUA, que têm para com a Carta e as resoluções da ONU. Tal como escreveu James Madison a Thomas Jefferson em 1798, a Constituição dos EUA «com prudente cuidado entregou a questão da guerra ao corpo legislativo», precisamente para evitar os tais abusos perigosos, quando o poder de decretar a guerra é exercido pelo ramo executivo do governo.

Mas, passaram-se décadas de guerra e milhões de mortes até que o Congresso dos EUA tivesse invocado a Lei dos Poderes de Guerra durante a guerra do Vietname, para que fizesse uso da sua autoridade constitucional para parar tais guerras ilegais e inconstitucionais. O Congresso, até agora, limitou-se à guerra do Iémene, em que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos (EAU) são os agressores principais e os EUA desempenham um papel de apoio, embora vital para esta guerra. Com um dos seus na Casa Branca, a maior parte dos congressistas republicanos continua a resistir, até mesmo a esta afirmação limitada de autoridade constitucional do Congresso.

Entretanto, uma proposta de lei, HR 1004, do representante Cicilline, para confirmar que o presidente Trump não possui autoridade constitucional para ordenar o uso de força militar dos EUA na Venezuela, tem apenas 52 subscritores (50 democratas e 2 republicanos). O senador Merkley introduziu uma lei semelhante no Senado, a qual aguarda ainda o seu primeiro co-signatário.

Os debates políticos que ocorrem nos EUA sobre a guerra e a paz, ignoram a realidade legal da Carta da ONU, antecedida pela “Renúncia em Fazer a Guerra Como Instrumento de Política Nacional” no Pacto de Kellogg-Briand de 1928 e a proibição de levar a cabo uma agressão da lei internacional comum, todas elas proibindo que os EUA ataquem outro pais. Em vez disso, os políticos dos EUA debatem vantagens e inconvenientes de um ataque dos EUA sobre um dado país, apenas em termos do interesse dos EUA e na sua forma redutora de pesar os prós e os contras políticos de uma situação. 

Os EUA utiliza a guerra de informação para diabolizar governos estrangeiros  e a guerra económica  para desestabilizar as nações escolhidas, para gerar crises políticas, económicas e humanitárias que possam servir de pretexto à guerra, tal como o mundo tem visto, de um país para o outro; agora, como podemos testemunhar com a Venezuela.
Isto são claramente acções e políticas de um poder imperial, não de um país soberano, agindo no respeito pela lei internacional.


Cortando O Ramo No Qual Estamos Sentados

Não passa uma semana sem que novos estudos revelem aspectos antes não mencionados da crise ambiental, que a espécie humana e o mundo em que vivemos, enfrentam. A totalidade das espécies de insectos pode ficar extinta dentro de um século, com a possível excepção das baratas e das moscas domésticas, desencadeando o caos ecológico pois as plantas ficarão não polinizadas, as aves e outros seres irão sofrer após o desaparecimento dos insectos o mesmo destino de extinção em massa. Metade das populações terrestres de mamíferos, peixes e répteis já desapareceu nos passados 40 anos.

As alterações climáticas podem provocar uma subida do nível do mar de seis ou oito pés, neste século – ou serão 20 ou 30 pés? Ninguém pode saber, ao certo. No momento presente, já é demasiado tarde para preveni-lo. Um recente artigo de Dahr Jamail em Truthout, intitulado “Estamos a Destruir o Nosso Sistema de Sustentação da Vida” é uma boa revisão daquilo que realmente sabemos.

De um ponto de vista prático, tecnológico, a transição necessária para energias renováveis das quais pode depender a nossa sobrevivência, é inteiramente realizável. Então o que impede o mundo de levar a cabo esta transição crítica?
Os cientistas compreendem os aspectos básicos do aquecimento global induzido pelos humanos desde os anos 1970. A Convenção Sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas (UNFCCC) foi negociada em 1992 na Cimeira da Terra de Rio e rapidamente, com cortes maiores impostos aos países desenvolvidos que são os mais responsáveis pelo problema. Mas há um país ausente: os Estados Unidos. Somente os EUA, Andorra e o Sudão do Sul não ratificaram o Protocolo de Quioto, aos quais se juntou o Canadá, que se retirou deste em 2012.

Muitos países desenvolvidos reduziram substancialmente as suas emissões de carbono aquando da primeira etapa do Protocolo de Quioto e a  Cimeira de Copenhaga de 2009  foi planeada para elevar a estrutura legal, no seguimento de Quioto. A eleição de Barack Obama levou muitos a acreditar que os Estados Unidos, a nação historicamente responsável por maior quantidade de emissões de carbono, iria finalmente unir-se ao plano global para resolver este problema.

Em vez disso, a condição para a participação dos EUA foi a insistência em objectivos não-vinculativos, voluntários em vez dum tratado com obrigação de cumprir as metas. Então, enquanto a União Europeia (UE), a Rússia e o Japão apontaram objectivos de reduções da ordem de 15-30% sobre seus níveis de emissões em 1990, para 2020 e a China apontou para uma redução de 40-45% das suas emissões em 2005, os EUA e o Canadá apenas se comprometeram a reduzir de 17% as suas emissões, em relação aos níveis de 2005. Isto significa que o objectivo dos EUA era cortar apenas de 4% suas emissões relativamente ao seu nível de 1990, enquanto quase todos os países desenvolvidos apontavam para níveis de 15-40%.

Acordo Climático de Paris baseava-se no mesmo modelo de objectivos voluntários, não-obrigatórios, tal como o Acordo de Copenhaga. Com a fase final do Protocolo de Quioto expirando em 2020, nenhum país terá qualquer obrigação internacional de reduzir as emissões de carbono. Os países e povos genuinamente empenhados na transição para formas de energia renovável estão a avançar, enquanto os outros não estão. A Holanda aprovou uma lei exigindo que as emissões de carbono sofram uma  redução de 95% dos seus níveis de 1990, em 2050, e decidiu banir  a venda de carros a gasolina e a diesel após 2030.  Entretanto, nos EUA as emissões de carbono apenas desceram de 10% desde que atingiram um máximo, em 2005 e – mesmo – chegaram a subir de 3.4% em 2018.

Tal como as leis internacionais que proíbem a guerra, os EUA recusam ficar obrigados por acordos internacionais relacionados com as alterações climáticas. Têm usado do seu poder imperial para dificultar acções internacionais relativas ao clima a cada passo, para preservar ao máximo do tempo possível, a economia baseada em combustíveis fósseis. O «fracking» e o petróleo de xisto foram largamente expandidos no seu território e elevam a produção para níveis recorde, gerando ainda mais gases de efeito de estufa que os métodos tradicionais de exploração de petróleo e de gás.

As políticas ambientais destrutivas, possivelmente suicidas, são racionalizadas pela sua ideologia neoliberal, que eleva «a magia do mercado» a um quase-religioso artigo de fé, escudando as políticas e a economia nos EUA de qualquer aspecto da realidade, que colida com os interesses estreitos das corporações, cada vez mais monopolistas e do 1%, a classe no poder, representada pelos Trump, Obama, Bush e Clinton.

No corrupto «mercado» da politica e dos media dos EUA, os críticos do neoliberalismo são menosprezados como ignorantes e heréticos; os 99%, o tal «povo Americano» tão aclamado, são tratados como sujeitos inferiores destinados a serem passivamente conduzidos como rebanho, da TV à câmara de voto, ao Walmart (ou ao Whole Foods)  e – de vez em quando – à guerra. A bolha do mercado de acções prova que tudo vai bem, enquanto a economia neoliberal destrói o mundo natural cuja real magia nos sustenta a todos.

O imperialismo EUA é portador e disseminador do vírus do neoliberalismo aos quatro cantos da Terra, ao ponto de destruir o mundo natural que nos sustenta a todos: o ar que respiramos; a água que bebemos; o solo que produz o nosso alimento; o clima que torna o nosso planeta habitável; e as extraordinárias criaturas como nós que até agora, têm partilhado e enriquecido o mundo onde vivemos.


Conclusão

Tal como Darryl Li observou  nos casos dos suspeitos de terrorismo que estudou, os EUA exercem uma soberania imperial, extensa, extraterritorial.  Não reconhecem limites geográficos permanentes à sua soberania imperial. Os únicos limites que o império dos EUA aceita, contrariado, são os limites práticos que países fortes conseguem estabelecer, ao defenderem-se contra o peso daquele poder.

Mas os EUA trabalham sem descanso para continuar a expandir a sua soberania imperial e diminuir a soberania dos outros, para fazer tombar a balança do poder ainda mais a seu favor. Eles obrigam cada país, que queira defender qualquer aspecto de sua soberania ou independência em contradição com os interesses comerciais ou geo-estratégicos dos EUA, a lutar pela sua soberania a cada passo do seu caminho.

Isto vai desde as pessoas que, no Reino Unido resistem às importações vindas dos EUA, de carne com hormonas e de frangos clorinados e à privatização por etapas do seu Serviço Nacional de Saúde, pela indústria de «saúde» dos EUA, até às lutas do Irão, da Venezuela e da Coreia do Norte para travarem ameaças específicas de guerra dos EUA, que entram em flagrante violação da Carta da ONU.

Para onde quer que olhemos no nosso mundo conturbado, para questões de guerra e paz ou para a crise ambiental, ou outros perigos que enfrentamos, encontramos sempre presentes estas duas forças e sistemas: o imperialismo dos EUA e a lei internacional, em conflito um com o outro, procurando obter o direito e o poder de tomar decisões, que irão moldar o nosso futuro. Ambos reclamam implícita ou explicitamente uma universalidade que nega a autoridade do outro, o que os torna mutuamente incompatíveis e inconciliáveis.

Então aonde isto leva? Aonde pode possivelmente levar?  Um sistema tem de ceder perante o outro, se quisermos resolver os problemas existenciais que a humanidade enfrenta no século XXI. O tempo é curto e não restam dúvidas sobre qual o sistema que oferece possibilidades ao mundo de ter um futuro de paz e sustentável.


Nicolas J S Davies é o autor de Blood On Our Hands: the American Invasion and Destruction of Iraq. É um investigador para CODEPINK e um escritor «freelancer», cujo trabalho tem sido publicado numa série de órgãos de comunicação independentes, não corporativos.


domingo, 10 de março de 2019

LESTER YOUNG / BILLIE HOLIDAY - I COVER THE WATERFRONT

  


Faixa do último álbum do saxofonista Lester Young, desaparecido há 60 anos.
A versão cantada de Billie Holiday é apenas uma das várias gravações da canção feitas pela «Lady Day». 
Ela insistia em afirmar que Lester era apenas um amigo. Algumas das mais belas gravações da história do jazz integraram estes dois músicos. 
O filme  «Round Midnight», saído em 1986, foi em parte baseado na vida de Young.

sábado, 9 de março de 2019

SARAH VAUGHAN & BILLY ECKSTINE «I'VE GOT MY LOVE TO KEEP ME WARM»

«TENHO O MEU AMOR PARA ME MANTER QUENTE» 

O dueto fantástico interpreta canção do genial Irving Berlin
Oiçam uma das mais optimistas canções de todos os tempos!



The snow is snowing and the wind is blowing
But I can weather the storm!
What do I care how much it may storm?
For I've got my love to keep me warm
I can't remember a worse December
Just watch those icicles form!
Oh, what do I care if icicles form?
Oh, I've got my love to keep me warm
Off with my overcoat, off with my glove
I need no overcoat, I'm burning with love!
My heart's on fire, the flame grows higher
So I will weather the storm!
What do I care how much it may storm?
Oh, I've got my love to keep me warm
The snow is snowing, the wind is blowing
But I can weather the storm!
What do I care how much it may storm?
Oh, I've got my love to keep me warm
I can't remember a worse December
Just watch those icicles form!
What do I care if icicles form?
Oh-ho-ho, I've got my love to keep me warm
Off with my overcoat, off with my glove
I need no overcoat, I'm burning with love!
My heart's on fire, the flame grows higher
So I will weather the storm!
What do I care how much it may storm?
Oh, I've got my love to keep me warm

Songwriter: Irving Berlin

sexta-feira, 8 de março de 2019

REFLEXÃO: AQUILO QUE PASSA POR POLÍTICA...


Quando os sacerdotes bufões da media falam, incitando as pessoas a pensarem isto ou aquilo, a rejeitarem A e seguirem B, ou vice-versa, desde que sejam sempre passivas… eu tenho tendência para virar a cara para o lado. É que me dá uma náusea, uma sensação de enjoo. Devo ser um caso muito especial, pois senão eles/elas – mediáticos/as – estariam órfãos/órfãs de público.

Aquilo que verifico, afinal, é que todos estes «cientistas» de pacotilha conseguem açambarcar a atenção dum número considerável de pessoas, apenas usando as técnicas de «public relations» e da psicologia mais trivial, mas sempre eficaz. Aliás, estas técnicas manipulativas são eficazes, sobretudo pela simples razão de que têm um público cativo, previamente condicionado, tornado passivo.

A principal questão política - ou sociológica, se se preferir- é que, nas sociedades desta era de consumo de massas e de democracia "representativa", tudo é feito para afastar as pessoas de uma verdadeira intervenção na vida pública.
Os «especialistas» de tudo, ou seja, os «doutores da treta», encarregam-se de «pensar por nós», de falar e escrever o que lhes apetecer, nos seus termos. 
Aquilo que fazem ou dizem é relevante apenas porque lhes foi concedido o monopólio da palavra e da presença nos écrans; os restantes membros da comunidade, os que teoricamente são também cidadãos, apenas têm que ouvir e calar. Dizem-lhes: «vão votar»! Ao mesmo tempo que reduzem ao acto de votar toda e qualquer participação da cidadania, negam-lhe o conhecimento real e verdadeiro das escolhas que lhes apresentam … 
O cidadão é tratado exactamente como sendo menor mental: tal é o desprezo pela inteligência do cidadão-eleitor, que apelam ao voto com campanhas publicitárias feitas de imagens e slogans vazios. 

O sistema mantém-se pela passividade, pela exploração da tendência para a preguiça, pela ausência de curiosidade, da grande maioria. 
Este sistema está desenhado para funcionar na perfeição, com cidadãos apenas interessados em «resolverem» seus assuntos pessoais e seguirem os seus ídolos do desporto, da canção, do cinema… 
Estas formas de alienação funcionam por personificação. O  imagina-se na pele do seu ídolo: consegue aceder a um «estado de graça», identificando-se com o jogador no relvado, ou a cantora no palco, num cenário de sons e cores, etc…  
Assim, transformou-se o povo numa enorme multidão de adolescentes eternos/as, apenas desejosos/as de dar vazão a seus desejos, às suas pulsões. Tais pulsões implicam sempre o consumir, o usufruir dum estatuto especial ou «status», exclusivo duma «elite» do dinheiro. Não é preciso que este consumo seja óptimo, mas tem que ter a chancela mediática que identifica seus consumidores como gente privilegiada e que as outras invejam – supostamente - por não terem possibilidade de tal consumo de luxo, desse tal esbanjar, afinal. 

Assim, o sistema político-mediático que nos governa está permanentemente a inverter os termos daquilo que foi sendo consignado nas constituições e nas leis, ao longo de dois séculos e meio. Os textos legais permanecem, em muitos casos, mas são letra morta, porque não tem havido correlação de forças favorável a que se imponha o seu respeito. Este esvaziamento da democracia tem sido levado a cabo nos últimos 30 anos, pelas políticas ditas neoliberais no domínio económico, acopladas ao crescente autoritarismo político e à reconstituição dos privilégios para uma pequena minoria. 
É essencialmente contra este neo-feudalismo que têm lutado os movimentos sociais nos finais do século passado e primeiros decénios do presente século. 

A passivização do público, a sua transformação em seres pulsionais, em «crianças para toda a vida» é o objectivo dos defensores dos privilegiados. 
As pessoas estão condicionadas a pensarem os políticos como uma casta à parte: os que «sabem sobre todos os assuntos», que «têm ideais e que os defendem com ardor», que - por vezes - mentem, mas «que se lhes deve dar um certo desconto».
O que as pessoas não compreendem é que os políticos profissionais são pessoas comuns, com os seus defeitos e qualidades. Quando são entrevistados ou participam num evento público, têm por detrás o aconselhamento dos especialistas em imagem, têm gabinetes de apoio onde pessoas com valências técnicas, que eles/elas não possuem, lhes vão decifrar questões de economia, de saúde, de relações internacionais, etc. 
Assim, aquilo que dizem em público, será ou aparenta ser, profundo; sobretudo, será aquilo que seu auditório cativo, seu eleitorado e o público em geral, desejam ouvir.

Uma intervenção nesta política-espectáculo mais se pareceria com um jogo de espelhos. Tal intervenção seria análoga àqueles percursos labirínticos nas feiras, com espelhos que nos desorientam e nos fazem andar em círculo… 
A primeira coisa que alguém terá de fazer se deseja entrar neste jogo, é desfazer-se de qualquer prurido moral quando se trata de abocanhar um naco de poder, de influência, de visibilidade mediática… A segunda, será de escolher e seguir o líder, alguém com mais poder, em condições de favorecer o candidato, colocando-o numa lista em posição elegível.

Face a esta desoladora paisagem, face a este espectáculo de cinismo e ganância obscenas, as pessoas sensíveis...
- ou se recolhem num mundo pessoal, íntimo, cultivando seus «jardins secretos»; 
- ou se sentem desesperadas e descrentes de tudo e acabam por se auto destruir, pelas dependências a drogas e de um estilo de vida que acaba por desembocar no suicídio, muitas vezes. 
As pessoas com carácter forte, rebelde, não conformadas, por vezes adoptam uma postura quixotesca, sem qualquer esteio prático, porque não se inserem nas lutas sociais, na vida quotidiana de seus concidadãos e sonham com românticos Che, afinal um mito construído. 
Os restantes, os que escolhem o caminho estreito da resistência realista, mantendo-se próxima do sentir dos outros, sem se auto proclamarem como chefes, estes são demasiado poucos para serem capazes, por si sós, de inverter a tendência.

Embora tudo o que escrevi acima pareça de um pessimismo atroz, não o é, pois é a partir da constatação de uma dada situação, tendo identificado as nossas falhas de toda a ordem, que podemos encontrar os meios para se avançar. 
Não se trata de cruzar os braços e lamentar a nossa impotência, mas antes, de ver como ela foi construída, confeccionada pelos poderes, embora ela não seja uma fatalidade. Porém, um diagnóstico crítico e auto-crítico é necessário para desenharmos estratégias individuais e colectivas, que não terão de ser únicas, nem uniformes, mas que deverão ser confluentes. 
Esta será a metodologia capaz de contrariar e inverter, subvertendo a presente ditadura, que se reveste das aparências da liberdade e da democracia. 
Ela será realisticamente eficaz e alcançará a sua finalidade, se conduzir a que as pessoas se ergam e livremente, democraticamente, moldem o presente e o futuro de suas vidas e das sociedades.


quinta-feira, 7 de março de 2019

PEQUIM NÃO NECESSITA DE «PORTAS DAS TRASEIRAS» DE HUAWEI

                      

Um perito diz que a National Security Agency dos EUA nunca encontrou «portas das traseiras» da Huawei para a espionagem chinesa.

 Por FRANK CHEN

 Enquanto os EUA e alguns dos seus aliados se juntam para excluírem a Huawei das suas infraestruturas de telecomunicações, alguns peritos em cibersegurança ocidentais questionam abertamente as razões de porem em destaque e penalizarem a empresa chinesa de tecnologia.
Eles dizem que é «inverosímil» que a Huawei tenha construído as chamadas «portas das traseiras» nos sistemas porque teriam medo de ser detectadas, em especial considerando que Pequim já pode «hackear» (invadir) os sistemas estrangeiros sem recorrer a tal auxílio.
Washington insiste em que qualquer nação que utilize aparelhagem da Huawei nas redes sem fios da próxima geração (5G) está a dar a Pequim um instrumento directo para espionagem. Os americanos dizem que o gigante de tecnologia baseado em Shenzhen, ao colocar um laço global no equipamento de 5G está a colocar-se às ordens do poder, pondo a empresa a funcionar como agência de Pequim.
As autoridades dos EUA também citam a lei chinesa que «compele os seus cidadãos e suas companhias a participar em actividades de vigilância».

                          

A directora financeira de Huawei, Meng Wanzhou está agora em liberdade sob caução em Vancouver depois de ter estado detida durante uma paragem em trânsito no aeroporto da cidade, em Dezembro. O Canadá pode decidir extraditá-la a pedido dos EUA por alegadamente ter violado as sanções contra o Irão.  Foto: Reuters

Mas os peritos em segurança disseram à «Associated Press» que o governo dos EUA estava provavelmente a exagerar esse risco. A realidade é que Pequim não necessita de implantar software malicioso (malware) ou acesso clandestino a aparelhagem da Huawei como routers, interfaces ou estações de Internet sem fio para se infiltrar nas redes do estrangeiro, as quais já têm «notoriamente fraca segurança» fazendo delas prezas fáceis de serem exploradas.
Jan-Peter Kleinhans, um especialista do grupo berlinense «Neue Verantwortung Stiftung» especializado em segurança informática e vigilância de Estados, diz que se os chineses quiserem conectar-se ou imiscuir-se nas redes globais «eles farão isso independentemente do tipo de equipamento que esteja usando» e que os hackers ao serviço de Pequim, são muito eficientes e não têm mostrado preferência pela tecnologia de uma empresa sobre a de outra.
Além disso, a Huawei já teria sido apanhada e banida há muitos anos se tais portas das traseiras tivessem sido instaladas nos seus equipamentos, para benefício da espionagem de Pequim, pois teria sido descoberta pelos seus clientes estrangeiros ou pelos serviços de segurança dos governos.
A Huawei accionou um contra-processo contra o governo dos EUA por acusações fabricadas e sem quaisquer provas, da sua alegada cumplicidade em espionagem.


Os aliados europeus têm mostrado relutância em adoptarem um banimento sem provas do equipamento da Huawei. Por exemplo, a Alemanha assinalou que não faz tenção de restringir o negócio da Huawei, firmando em vez disso um acordo de não-espionagem recíproca com a China. A Polónia e República Checa (ambas as nações membros da NATO) têm também autorizado a Huawei a penetrar nos respectivos mercados de telecomunicações e de usuários finais.
A AP também citou Priscilla Moriuchi, ex-directora das operações do Extremo-Oriente da NSA (National Security Agency) dos EUA de que não tinha conhecimento da NSA ter jamais encontrado «portas das traseiras» criadas pela Huawei para a espionagem chinesa.
                     Passengers watch a television screen broadcasting news about Edward Snowden on a train in Hong Kong, June 14, 2013. The former US spy contractor Edward Snowden created an international furore when he revealed US surveillance secrets to the media. Snowden was in Hong Kong when the first stories about the leaks were published. As Washington sought his extradition, Hong Kong allowed Snowden to leave in June for Moscow where he was given asylum. Supporters see him as a whistle-blower who boldly exposed government excess, but others consider him a traitor. Photo: Reuters/Bobby Yip
Uma foto de 2013 mostra passageiros vendo as notícias sobre Edward Snowden num comboio em Hong Kong. O ex-espião contratante, dos EUA, criou uma indignação internacional quando revelou  à media internacional os segredos da vigilância dos EUA. Como Washington procurou obter a sua extradição as autoridades de Hong Kong autorizaram-no a partir para Moscovo onde lhe foi dado asilo. Foto: Reuters

A ironia consiste no conhecimento geral de que os EUA fizeram aquilo exactamente de que acusam a Huawei de estar fazendo.
De acordo com documentos expostos em 2013 pelo contratante dissidente da NSA, Edward Snowden, que fugiu de Hong-Kong e obteve posteriormente asilo de Moscovo, os EUA «plantaram dispositivos de vigilância nos equipamentos de redes,  fabricados por companhias como Cisco Systems, e estes depois foram distribuídos pelo mundo inteiro».
As revelações chocantes do dador de alerta estiveram na origem de uma exclusão dos produtos Cisco da parte de Pequim.
Apesar do bloqueio coordenado dos EUA, a Huawei afirma que estabeleceu contratos com 30 firmas emissoras de sinal, internacionalmente, para teste e ensaio de redes 5G e tecnologias sem fios («wireless»).





quarta-feira, 6 de março de 2019

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS? - SIM, MAS HOJE ISSO SIGNIFICA ARREFECIMENTO



Com muito pouca vergonha, a turma dos histéricos climáticos insiste em alimentar o medo das pessoas com o mito de que estamos num momento crítico de risco de subida das temperaturas globais do planeta, em consequência das actividades humanas e em particular das emissões de CO2. 
Todos os dias oiço e vejo notícias alarmistas e não fundamentadas. Trata-se duma enorme e monstruosa campanha para conseguir dois fins bem precisos: 

- vender a transição para um capitalismo «verde»; ou seja, criar mercado para tecnologias supostamente neutrais em termos de emissões de CO2, mas que - na realidade - são muito poluidoras. 
Elas são designadas de «renováveis», mas implicam utilização de minerais, cuja mineração e transformação são poluidoras, depredadoras dos recursos do ambiente, além de devoradoras de energias fósseis. Mas isto não é revelado ao público...

- aumentar o controlo da oligarquia globalista,  através das taxas carbono, uma forma de taxar os pobres e de manter os ricos controlando os circuitos financeiros. Muitas pessoas não têm outro meio de subsistir, de ganhar o seu sustento, senão consumindo combustíveis fósseis. Estas taxas carbono formam uma enorme reserva financeira, uma renda ao dispor dos governos e entidades globalistas, para reforçarem o seu poder e controlo. 
O mercado de direitos de emissão de carbono, um mercado gerido e controlado pela grande finança internacional, além de fornecer capitais frescos para os grandes bancos, serve para manter o actual sistema monetário, caduco, baseado em dívida. 

Abaixo, um video do meteorologista David Dilley, que explica seriamente (embora com humor!) alguns aspectos fundamentais da ciência do clima. 
Espero que ajude a compreender melhor a questão, permitindo assim que a campanha de obscurantismo utilizando as aparências de ciência seja derrotada e exposta. 




terça-feira, 5 de março de 2019

A UM ANO DE DISTÂNCIA DO «CASO SKRIPAL»


                             

Lembram-se com certeza do barulho e histeria que rodearam, há precisamente um ano atrás, este caso jamais plena e satisfatoriamente esclarecido?

Pois, um distinto escritor, Michael Antony, um britânico residente na Suíça, produziu recentemente uma narrativa alternativa, que sintetiza brilhantemente aquilo que se sabe sobre o caso rocambolesco e apresenta uma solução racional, baseada em evidências, que nos permite compreender toda a engrenagem envolvida neste caso. 

As implicações deste caso estão longe de estar encerradas. Não é de excluir que se volte a assistir a novos casos da mesma natureza ou do mesmo género. Ou seja, fabricações de serviços secretos ocidentais, para convencer as opiniões públicas zombificadas, com o objectivo último de criar um ambiente de nova «guerra fria» com a Rússia.
  
Claro que nunca saberemos toda a verdade sobre o assunto. Mas, pelo menos, com os elementos de que nós dispomos, sabemos que a versão oficial - a das autoridades britânicas - não pode ser verdadeira, nem sequer é verosímil. 

Leiam os artigos abaixo e avaliem:

https://michaelantonyblog.wordpress.com/2019/02/22/the-alternative-skripal-narrative/

https://off-guardian.org/2019/03/04/the-skripal-case-one-year-on/