A ESCRAVATURA COMO
MODO DE PRODUÇÃO
O sistema económico
esclavagista vigorou na antiguidade, sendo substituído a pouco e pouco pelo
feudalismo. Porém, algo da sociedade esclavagista permaneceu e teve um
renovo, na sequência da expansão ultramarina de potências como a Espanha e
Portugal, no século XV e XVI, às quais se juntaram a França, a Inglaterra, a
Holanda, nos séculos seguintes. A utilização em massa do trabalho escravo
apenas ficou confinada a algumas sociedades pós-coloniais, como os EUA onde,
no Sul, uma mão de obra escrava se ocupava das penosas tarefas de uma
agricultura orientada para a exportação de algodão e outras produções
tropicais. Porém, no decurso do século XIX os interesses económicos do
capitalismo industrial, expressos na ideologia liberal, forçaram a uma
abolição da escravatura, na maior parte dos países. Portugal foi um dos
primeiros a fazê-lo.
A ESCRAVATURA DA
DÍVIDA
A forma moderna de
escravatura chama-se dívida.
Ela não foi
inventada nos tempos modernos, pois já existia na antiguidade; era frequente
em sociedades arcaicas, alguém se entregar como escravo para saldar dívidas
acumuladas, por forma a preservar a propriedade e, portanto, a subsistência
da família, num tempo em que a agricultura era o modo de vida de quase toda a
população. Porém, nos tempos de hoje ela tornou-se muito mais refinada e
perversa. Vejamos como:
Os bancos centrais
emitem papel-moeda, aliás sob forma eletrónica em grande parte, nos dias de
hoje. Esse «papel» não tem contrapartida nenhuma, não tem a sustentá-lo nenhuma
quantidade de metal precioso (ouro ou prata), o qual era diretamente usado
como dinheiro durante mais de cinco mil anos, sendo depois armazenado nos
bancos centrais e sendo possível obter o equivalente em ouro ou prata em
troca de uma determinada soma em papel-moeda. Este sistema funcionou nomeadamente, durante
o século XIX e a primeira metade do século XX. Os grandes sobressaltos, como
as guerras (guerra de secessão dos EUA, primeira guerra mundial e segunda
guerra mundial) foram ocasião para os governos desvalorizarem forçadamente o
dinheiro, por forma a obterem os abastecimentos em matérias primas, armas,
víveres para continuarem a guerra. Fora desses períodos conturbados
verifica-se uma estabilidade monetária (ausência de inflação) e uma expansão
do comércio e indústria. O «padrão ouro» ou «padrão bimetálico» funcionou
razoavelmente bem no período que vai do fim das guerras napoleónicas até ao
início da 1ª Guerra Mundial.
Porém, o abandono
progressivo da convertibilidade das moedas em ouro foi levado a cabo pelos
governos no século XX, até à suspensão de Bretton Woods, por Nixon em 1971,
que fechou a janela de convertibilidade do dólar em ouro (a 35 dólares a onça
de ouro). Desde então, os bancos centrais e os bancos comerciais são as únicas
entidades emissoras de «dinheiro-papel». Estas entidades criam dinheiro a
partir de nada. São elas que detêm o verdadeiro poder. As pessoas têm de
obter dinheiro a troco de trabalho ou de venda de bens, os quais são ao fim e
ao cabo resultantes de trabalho, mesmo que seja por antepassados. Os
banqueiros apenas têm de digitar uns números.
No caso dos
banqueiros centrais, eles decidem, por exemplo, comprar títulos detidos pela
banca comercial. Estes títulos são adquiridos ao valor nominal, mas isso não
corresponde ao valor real. Assim, os bancos centrais ficam com uma carteira
de ativos monstruosa, mas que será muito difícil, senão impossível, de
reduzir. Por outro lado, os bancos comerciais recebem do banco central
dinheiro «fresco» que pode servir assim para reequilibrar as suas contas.
Quanto aos da banca
comercial, quando eles estabelecem um empréstimo a um cliente, estão a criar
dinheiro a partir de nada, ao digitarem uma soma na conta desse cliente.
Através do sistema de reserva fraccionária, é legal os bancos emprestarem (segundo
os casos) entre 10 a 30 vezes mais dinheiro que aquele que detêm em ativos.
O que os bancos fazem legalmente é emprestarem aquilo que não possuem: esse ato
é considerado crime se efetuado por uma pessoa «vulgar», dá direito a prisão…
HIPOTECA = PACTO
DE MORTE
A palavra
«mortgage» (hipoteca em Inglês) provém do francês arcaico e significa pacto
(gage) de morte. Assim, uma pessoa compromete-se a restituir o que pede
emprestado, nas condições do empréstimo, sob pena ficar devedora até à morte, ou seja, será
condenada à escravidão, caso não cumpra o referido contrato.
Durante os últimos
decénios, passou-se de uma economia de produção, no Ocidente, a uma economia
da dívida: as pessoas ficaram dependentes do sistema bancário para tudo. O
seu nível de vida foi melhorado durante a primeira parte do período (até aos
anos oitenta do século XX) mas começou a estagnar e mesmo regredir a partir
de então, para o conjunto dos países ditos «Ocidentais». Os salários
estagnaram devido a uma contraofensiva do capital, nos anos Thatcher-Reagan,
que se traduziu por uma «liberalização» /desregulamentação das relações
laborais. As famílias da classe trabalhadora que tinham atingido um certo
conforto material, tiveram de recorrer mais e mais ao crédito, a empréstimos,
a hipotecas, para obterem bens duráveis e perecíveis que, entretanto, se
habituaram a possuir. Por exemplo, o número de salários que um trabalhador
necessitava para comprar a sua habitação nos anos cinquenta do século XX, era
muito inferior aos que necessitaria hoje em dia, em média. Mas esse sistema da dívida atingiu hoje em
dia o paroxismo de muitas pessoas estarem sobre endividadas, com hipotecas
para a casa, para o automóvel, para os estudos, para o consumo (cartões de
crédito).
A EXPANSÃO DA
DÍVIDA
Desde o abandono
do sistema de Bretton Woods em 1971, a escravatura da dívida cresceu a um ritmo
exponencial. Nos EUA, a dívida total em 1971 somava 1 700 milhares de
milhões de dólares. Hoje, atinge mais de 67 000 milhares de milhões de
dólares. No início do século XXI, era de 30 000 milhares de milhões de
dólares, mais do que duplicou, nos 16 anos subsequentes. Se compararmos o
crescimento da dívida com o do PIB, vemos que nos EUA, desde 1971, a dívida
total foi multiplicada por 39 enquanto o PIB apenas foi multiplicado por 16.
Isto prova que o aumento do nível de vida se fez à custa de uma falsa
riqueza, uma riqueza que foi obtida por impressão monetária. Mas será isso um
problema? Sim, é um problema pois essa dívida nunca desaparece, simplesmente
ela é atirada para o dorso das futuras gerações. Os cálculos que se façam
para os Estados Unidos, aplicam-se, e com resultados muito semelhantes, a
outros países e para a economia mundial. Veja-se o quadro abaixo para ilustrar
o fenómeno:
Dívida mundial: 2
quadriliões de dólares
A impressão maciça de papel-moeda criou esta dívida monstra. O aumento da «liquidez» (ou seja, impressão monetária) para resolver o problema, apenas vai manter e agudizar o mesmo. O efeito devastador desta destruição do valor da moeda vai repercutir-se, cada vez mais, nos anos seguintes: como a impressão monetária é o único instrumento de que os bancos centrais dispõem, vão continuar a fazê-lo, tanto mais que os governos ficam gratos de uma diluição do valor das moedas; com efeito, isso corresponde a uma diminuição do valor relativo das dívidas. Os Estados têm dívidas diversas, obrigações diversas, que se exprimem em unidades de moeda que têm de pagar, no futuro. Se essas unidades estão desvalorizadas e o Estado paga a soma em dívida, a dívida ficou saldada… em termos contabilísticos, mas não em termos reais. Suponhamos uma pessoa, que tem descontado ao longo da sua vida profissional determinadas somas para o fundo de pensões (seja o fundo do Estado ou privado, o problema mantém-se). A partir do momento da reforma, começa a auferir uma soma fixa, mas essa soma corresponde à restituição de somas investidas ao longo de decénios. No entanto, se fosse calculado o juro médio correspondente a essas somas em todos os anos descontados, essa pessoa teria agora uma pequena fortuna, muito mais do que aquilo que irá receber nos anos que lhe restam de vida. É assim – de forma fraudulenta – que o Estado se descarta das suas obrigações. Um dólar actual, relativamente a um dólar dos anos 70 do Século XX, vale um sexto ou menos… As outras divisas mundiais têm uma perda de valor ainda mais acentuada.
UMA SOCIEDADE SEM
DINHEIRO-PAPEL
Os banqueiros e
governos sabem que dependem da escravatura da dívida para se manterem. Mas,
para isso ser possível, têm de obrigar as pessoas a manter o seu dinheiro
dentro das instituições de crédito. A ofensiva contra o dinheiro líquido (=em
papel) toma amplidão a partir do momento em que os Estados e Bancos Centrais
enveredaram por uma aventurosa e criminosa experiência de multiplicação
desenfreada do dinheiro em circulação. A isso se resumem os «Quantitative
Easing» e outras medidas, cujo o objetivo é «gerir» o ingerível, ou seja, dar
a ilusão de solvabilidade, de não haver bancarrota, quando na verdade, se se
olhar através de um prisma realista, todo o sistema está falido.
Inventaram então a
repressão financeira, ou seja, uma taxa de juro forçada, demasiado baixa, que
não corresponde aquilo que existiria resultando da oferta e procura de
capitais, ou seja pelo funcionamento capitalista clássico. Assim, os juros de depósitos a prazo, sendo
menores do que a inflação, as pessoas serão empurradas para arriscar o seu
dinheiro no casino da bolsa… o que explica, em grande parte, o crescimento
contínuo das mesmas, sem que haja real aumento do valor das empresas cotadas.
Mas para «honrar»
os compromissos e dívidas da banca, era necessário que as pessoas não
pudessem subtrair o seu dinheiro, não o pudessem levantar sob forma de papel,
tivessem de obrigatoriamente usar meios eletrónicos para os pagamentos. A
consequência é que num contexto de ausência de dinheiro papel, as pessoas não
poderão fazer nada senão recorrendo a cartões de crédito e outros meios de
pagamento, inteiramente controlados pelo sistema bancário. Para além da total
perda de privacidade e confidencialidade, os bancos e os Estados procuram
obter um controlo total, para taxarem a seu bel prazer os escravos. Os bancos
poderão retirar – legalmente- somas (o juro negativo) tão grandes quanto seja
preciso para sua manutenção… Os Estados poderão fazer um controlo total e «imposição
dos impostos» que entenderem, sem qualquer possibilidade de fuga. As pessoas,
muitas vezes pensam que os que fogem aos impostos são vilões e que o Estado é
uma entidade virtuosa que zela por nosso bem. A verdade é que o Estado é um
monstro frio e impessoal, que quer sempre devorar mais capital, ao fim e ao
cabo, o produto do trabalho, do engenho, do esforço e da criatividade
humanas.
A Suécia já está
praticamente no estádio da sociedade sem «cash». A coroa sueca, como outras
divisas, perdeu 99% do seu valor. Ninguém pode viver na Suécia sem fazer as
suas despesas no quotidiano por meios eletrónicos.
Isto está em vias
de acontecer com as outras divisas.
CONFISCAÇÃO DOS RENDIMENTOS POR VIA FISCAL
No reino do Big
Brother é muito conveniente o aumento insensível do nível de imposto, sem que
as ovelhas, incautas, se apercebam: assim, há um século o imposto designado
por IRS já existia, mas quase ninguém o tinha de pagar. Era apenas pago pelo
1% com maiores rendimentos. Os escalões foram-se mantendo, apesar da
inflação, pelo que hoje em dia, quase ninguém deixa de pagar o IRS, por mais
modesto que seja o seu rendimento real. Assim, em IRS (que atinge valores da
ordem de 20% de rendimentos médios, mesmo depois de descontos diversos), IVA
(com muitos bens comuns a 23% e apenas uma minoria com imposto reduzido),
imposto sobre combustíveis (cerca de 80% do preço da gasolina é para
impostos), IMI (valores de imposto para as famílias, os grandes detentores de
imobiliário, desde as empresas de imobiliário, igrejas, partidos, etc. estão
isentas), em impostos diversos… uma família média em termos de rendimentos e
de despesa, paga aproximadamente 50% ou mais de impostos ao Estado, sobre o
seu rendimento nominal. Se compararmos o mesmo índice há 50 ou 100 anos atrás,
veremos que o crescimento da fatia de rendimento que é capturada pelos impostos
aumentou muito mais do que o próprio aumento do rendimento disponível.
Pode-se dizer, sem receio de errar, que os impostos excessivos são um meio de extorsão,
porque a contrapartida em serviços públicos é cada vez pior, a qualidade está
ausente, a sua universalidade deixa muito a desejar e verifica-se que o
desmantelamento do «Estado social» atinge já um grau muito avançado, com
entrega à gula privada de sectores inteiros (saúde, educação, transportes,
estradas, etc…). É a escravatura da sociedade no seu conjunto, para benefício
de uma pequena minoria de financeiros, com os acólitos que controlam o aparelho
do Estado: estamos perante um novo feudalismo.
TODA A EXPANSÃO DE
CRÉDITO TEM UM FIM
O aumento dos
empréstimos dos Estados, principalmente nos países da OCDE («Ocidente») não
poderá continuar indefinidamente. Chega um ponto em que a carga de juros
aumenta para além da capacidade de pagamento dos Estados, caso esses juros
sejam fixos. Caso sejam variáveis, os juros são artificialmente suprimidos
por compra dos títulos de dívida pelo BCE (Banco Central Europeu) o que origina uma
distorção enorme do mercado. Num sistema capitalista, o preço do dinheiro é
um parâmetro fundamental. Se o dinheiro é demasiado barato, ou seja, se os
juros para obter empréstimos são demasiado baixos, vai ocorrer uma má atribuição
de capital pelos diversos agentes económicos: muitas vezes essa
atribuição não será prudente, não será produtiva no médio-longo prazo… Em
suma, haverá necessariamente uma má aplicação generalizada de capital. Que
outra coisa se vê, senão isso? Veja-se os empréstimos das empresas cotadas em
bolsa e que servem para compra das suas próprias ações em vez de servirem
para expansão do seu negócio, para aumentar a sua capacidade produtiva.
Veja-se o aumento especulativo absurdo do imobiliário em tantas cidades pelo
mundo fora (São Francisco, Toronto, Nova Iorque, Londres, Berlim, Lisboa…etc.).
Veja-se o afundamento da economia produtiva verdadeira, da que produz bens e
serviços reais, enquanto surge uma economia totalmente fictícia, tanto em
termos de valor acrescentado, como em termos de serviço real à comunidade; mas
é esta pseudo-economia que é louvada, acarinhada e incentivada na média
quotidianamente…
O Quadro acima
reflecte o Mercado global de obrigações, emitidas pelos Estados, seja em
dólares (note-se que vários países emitem dívida em dólares e não apenas os
EUA) seja noutras divisas, seja o mercado de obrigações de Economias
Emergentes (E.M.). Penso que este quadro resume a total desregulação dos
sistemas económicos mundiais. Pensemos no que acontece com essas somas
absurdas de dinheiro. Os Estados não as aplicam produtivamente. Mais dólares
disponíveis significa maior despesa em armamentos, em actividades improdutivas,
em desperdício e enriquecimento da cleptocracia que nos (des)governa.
Quando rebentar a crise, os países vão impor
controlo de divisas. Vão fechar todas as portas e janelas para impedirem os cidadãos de tomar medidas para preservar o seu dinheiro. Já têm o plano bastante avançado. O famoso «reset» de que tanto se fala, será provavelmente uma ocasião dos muito ricos
e poderosos ganharem ainda maior controlo sobre as riquezas materiais.
Como dizia um dos
primeiros banqueiros Rothchild: «Dêem-me o controlo da emissão de moeda e pouco me
importa quem estará aos comandos do Estado»
Para não se ser
esmagado por uma crise anunciada, a qual implicará num momento ou noutro, uma
hiperinflação, a única salvaguarda é fugir de bens financeiros, investindo em
bens reais: fazer um estoque de bens alimentares (conservas, cereais, massas
alimentares, água), de medicamentos (quer usados cronicamente, quer
esporadicamente). Investir em sistemas de purificação da água, geradores de
eletricidade, combustíveis…Dispor de moedas em ouro e prata; dispor de uma
soma em dinheiro-papel, para o caso de uma interrupção prolongada (ou um
racionamento) do fornecimento do dinheiro nas máquinas multibanco (ATM).
Não servirá de nada tomar estas medidas em cima do acontecimento: os sistemas financeiros (incluindo as máquinas ATM) entrarão em colapso; as redes de distribuição de bens alimentares irão parar, num espaço de uma semana, se a crise atingir uma gravidade maior, etc.
Portanto, as medidas apontadas só serão eficazes se tomadas antes desta crise vindoura estourar. Depois será demasiado tarde.
Não se deve ter a
ilusão de que os que estão ao comando do sistema vão trabalhar para salvá-lo
e nos salvarem também. Eles vão apenas garantir que a transição - inevitável,
por tudo o que ficou acima exposto – seja feita em seu proveito próprio. O
mínimo que podemos fazer é informar-nos, informar os outros de forma não
alarmista, mas consistente, na esperança de que um número significativo de
pessoas, tendo conhecimento, saber, sobre o que está sendo planeado, melhor
se defenderão. Serão essas pessoas que estarão em condições de subsistir e
construir uma nova economia, um novo mundo.
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quarta-feira, 30 de agosto de 2017
DA ESCRAVATURA MODERNA
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terça-feira, 29 de agosto de 2017
EXPLORAÇÃO ACRESCIDA E AUSÊNCIA DE SINDICATOS COMBATIVOS
Leiam reportagens saídas hoje, «neste momento sinto-me escrava» e «risco de escravatura moderna»
Notícias deste tipo são quotidianas e basta olhar à roda, perguntar a familiares ou amigos, para constatar que estas notícias, longe de serem alarmistas reflectem aquilo em que se transformou o mercado de trabalho.
Os sindicatos estão ausentes dos locais de trabalho; as direcções estão fechadas nos seus gabinetes ou a fazer tudo menos aquilo para que foram eleitas. Sim, não falham uma «manif» da CGTP, se forem convocadas... mas fazerem o trabalho quotidiano e ingrato...
A ausência de sindicalismo sério e de classe torna as situações narradas impossíveis de defesa do ponto de vista dos explorados. Os patrões têm em Portugal um paraíso porque o «sindicalismo» se confunde com a militância política, que NÃO É.
A anexação e subordinação dos sindicatos por partidos (sobretudo de «esquerda») tem as consequências que se podem observar. Ninguém da «sacro-santa» esquerda quer dar o braço a torcer e reconhecer isto: os sindicatos são órgãos da classe trabalhadora toda. Cativá-los para lutas políticas e desmobilizá-los das lutas laborais é uma traição muito grave.
A anexação e subordinação dos sindicatos por partidos (sobretudo de «esquerda») tem as consequências que se podem observar. Ninguém da «sacro-santa» esquerda quer dar o braço a torcer e reconhecer isto: os sindicatos são órgãos da classe trabalhadora toda. Cativá-los para lutas políticas e desmobilizá-los das lutas laborais é uma traição muito grave.
Só quando a nova geração tiver varrido práticas enquistadas nos sindicatos; só quando houver um grau de consciência de classe que lhes proíba fazer como seus antecessores, poderão as coisas mudar no campo sindical e laboral.
segunda-feira, 28 de agosto de 2017
«A ROTA DA SEDA» DO FORNECIMENTO DE ARMAS AOS TERRORISTAS PELA CIA
Foi despedida do jornal onde trabalhava uma jornalista baseada na Bulgária, por ter revelado documentos sobre o tráfego de armas para os terroristas na Síria, orquestrada pela CIA e envolvendo o Azerbaijão, a Bulgária e a Arábia Saudita. Aquilo que já era conhecido de todas as pessoas que tivessem um mínimo de informação sobre a guerra suja na Síria, tem agora uma confirmação. Vejam os documentos aqui.
Evidentemente, não era o único canal de entrega de armas aos terroristas, mas as provas materiais disso estão agora disponíveis para todos verem.
O que mais impressiona, nisto tudo, é o descaramento dos EUA, impondo sanções a torto e a direito, sob pretextos falaciosos, quando -na verdade - fazem coisas absolutamente proibidas e condenáveis pelo direito internacional.
domingo, 27 de agosto de 2017
TEORIA DA CONSPIRAÇÃO
Pela sua relevância decidi traduzir, o mais fielmente que sei, o excelente artigo de Paul Craig Roberts. O texto original encontra-se aqui.
Teoria da Conspiração
Paul Craig Roberts
Nos Estados Unidos «teoria da conspiração» é o nome dado a explicações que divergem das que servem os interesses da classe no poder, a oligarquia, o «establishment» ou o que se queira chamar aos que estabelecem e manipulam as agendas e as explicações que apoiam essas agendas.
As explicações que nos são impostas pela classe no poder são, elas próprias, teorias da conspiração.Ainda por cima, são teorias da conspiração destinadas a esconder a conspiração real que os nossos governantes estão realizando.
Por exemplo, a explicação oficial do 11 de Setembro é uma teoria da conspiração. Alguns muçulmanos, sobretudo sauditas, realizaram a maior humilhação a um super-poder desde que David derrubou Golías com a sua funda. Conseguiram iludir todas as 17 agências de espionagem segurança e as da NATO, de Israel, o Conselho Nacional de Segurança, a Administração de Segurança dos Transportes, o Controlo de Tráfego Aéreo e Dick Cheney, capturaram quatro aviões de linha americanos, derrubaram três arranha-céus do World Trade Center, destruíram a parte do Pentágono onde se realizava a investigação sobre os desaparecidos 2,3 triliões e fez com que os broncos em Washington culpassem o Afeganistão em vez da Arábia Saudita.
Sem dúvida, os sauditas que realizaram um ataque humilhante à América estavam envolvidos numa conspiração para o fazerem.
Será isto uma conspiração credível?
O engenho de uns poucos de jovens muçulmanos em desencadear tais acontecimentos é inacreditável. Um falhanço tão completo do Aparelho Nacional de Segurança [National Segcurity State] dos EUA significa que a América esteve cegamente vulnerável durante décadas de Guerra Fria com a União Soviética. Se tal falhanço do Aparelho Nacional de Segurança tivesse realmente ocorrido, a Casa Branca e o Congresso clamariam aos berros por uma investigação. Haveria pessoas responsabilizadas pela sucessão de falhas de segurança que ocorreram, que possibilitaram que os atentados acontecessem. Em vez disso, ninguém foi repreendido e a Casa Branca resistiu a todos os esforços para abertura de uma investigação durante um ano. Por fim, para calar a boca das famílias das vítimas do 11 de Setembro, uma Comissão foi formada. A Comissão, obediente, escreveu a versão governamental dos acontecimentos e nisso consistiu a «investigação».
Além disso, não existe evidência que apoie a teoria oficial da conspiração do 11 de Setembro. De facto, todas as evidências contradizem essa teoria oficial da conspiração.
Por exemplo, está provado que o Edifício 7 desabou em queda livre acelerada, o que significa que ele tinha sido condicionado com explosivos para demolição. Por que foi isso feito? Não existe uma resposta oficial a esta questão.
A evidência fornecida por cientistas, arquitectos, engenheiros, pilotos e socorristas que estavam nas torres gémeas e que estavam lá no momento e ouviram numerosas explosões que fizeram cair as torres é, essa sim, considerada uma teoria da conspiração.
A CIA inventou a expressão «teoria da conspiração» e introduziu-a no domínio público como parte dos seus planos de acção para desacreditar os cépticos em relação ao relatório da Comissão Warren sobre o assassinato do Presidente John F. Kennedy. Toda a explicação diferente da que foi apresentada, a qual estava em contradição com toda a evidência conhecida, era descartada como sendo uma teoria da conspiração.
As teorias da conspiração são a coluna dorsal da política externa dos EUA. Por exemplo o governo de George W. Bush levou a cabo uma conspiração contra o Iraque e Saddam Hussein. O governo Bush criou falsas evidências de «armas de destruição maciça» iraquianas, vendeu a história mentirosa ao mundo crédulo e utilizou-a para destruir o Iraque e assassinar seu presidente. Analogamente, Khadafy foi vítima duma conspiração de Obama/Hillary para destruir a Líbia e o assassinar. Estava reservado o mesmo destino a Assad da Síria e ao Irão, caso os russos não tivessem intervido.
No presente, Washington está envolvido em conspirações contra a Rússia, a China e a Venezuela. Ao proclamar uma não existente «ameaça iraniana» Washington coloca mísseis na fronteira com a Rússia e serve-se da «ameaça norte-coreana» para colocar mísseis na fronteira da China. O democraticamente eleito presidente venezuelano é caracterizado por Washington como ditador e foram colocadas sanções à Venezuela para ajudar a pequena elite hispânica que, tradicionalmente, Washington usa para dominar nos países sul-americanos e desencadear um golpe que reestabeleça o controlo dos EUA sobre a Venezuela.
Todos são uma ameaça: Venezuela, Iemen, Síria, Irão, Iraque, Afeganistão, tribos do Paquistão, Líbia, Rússia, China, Coreia do Norte, mas nunca Washington. A maior teoria da conspiração do nosso tempo é a de que os americanos estão rodeados por ameaças do estrangeiro. Nem sequer estão seguros em relação à Venezuela.
O New York Times, o Washington Post, CNN, NPR, e a restante media prostituta do poder é rápida em descartar como teorias da conspiração todas as explicações que diferem das explicações que servem os interesses da elite no poder, que essa media serve.
Porém, enquanto escrevo e desde há cerca de nove meses até ao presente, a média prostituta tem -ela própria- promovido a teoria da conspiração segundo a qual Donald Trump estava envolvido numa conspiração com o presidente da Rússia e com os serviços de espionagem russos para controlar e influenciar a eleição presidencial dos EUA e colocar Trump, um agente russo, na Casa Branca.
Esta teoria da conspiração não tem a mínima evidência a credibilizá-la. Mas não carece de evidência, porque serve os interesses do complexo militar/de segurança, o Partido Democrático, os neo-conservadores e permite à media prostituta demonstrar uma devoção sem falhas aos seus donos. Através de repetição sem fim, uma mentira torna-se verdadeira.
Existe uma conspiração e ela é contra o Povo Americano. Os seus empregos foram exportados para enriquecer ainda mais os que já eram ricos. Eles foram forçados a entrar em dívida para manter os seus padrões de vida. O seu esforço para eleger um presidente que falasse por eles está sendo subvertido, diante dos seus olhos, por uma media profundamente corrompida e pela classe reinante.
Mais cedo ou mais tarde, eles ficarão cientes de que nada mais poderão fazer além de se revoltarem violentamente. Muito provavelmente, quando tiverem realizado isso, já será demasiado tarde. Os americanos são muito lentos a escapar da realidade ilusória na qual vivem. São um povo extensivamente sujeito a lavagem ao cérebro, que se apega à vida ilusória no interior da Matrix em que se encontra.
Os ingénuos e acríticos que foram sujeitos a lavagem ao cérebro, que pensam que não são credíveis quaisquer explicações que diferem das oficialmente abençoadas, podem consultar em sítios da Internet longas listas de conspirações de governos que conseguiram enganar as pessoas para levar a cabo acções que -sem isso - elas teriam rejeitado.
Se continuar a existir liberdade na Terra, não será no mundo ocidental. Será na Rússia, China noutros países que emergiram de situações opostas e que sabem o valor da liberdade e nas nações da América do Sul, tais como Venezuela, Equador e Bolívia, que lutam pela sua soberania contra a opressão dos EUA.
Com efeito, tal como alguns historiadores não preocupados com as suas carreiras começam a escrever, a lição primeira da História é a de que os governos enganam os seus povos.
Em todo o lado, no Mundo Ocidental, o governo é uma conspiração contra o povo.
terça-feira, 22 de agosto de 2017
[NO PAÍS DOS SONHOS] PERHAPS, PERHAPS, PERHAPS - DORIS DAY
O sonho era real ou a realidade era um sonho, mas isso que importa? Sentia aquele calor interior que nos torna imensamente felizes e poderosos.
Enquanto eu guiava na noite por uma estrada odorífera, com arbustos mediterrânicos, ela estava simplesmente ao meu lado. Talvez nem falasse de todo, não sei.
Mas a sua presença era como aquela voz; mais que real, como obsecada, sussurrava ao meu ouvido: «Quizás, quizás, quizás...».
A viagem, suave e intensa, passava-se dentro do meu cérebro, sim, mas também num espaço hipergeométrico, onde tudo era verdadeiro e palpável.
Como de costume, no final dos meus sonhos, a estrada não tinha um final, um destino: Esfumava-se, dissolvia-se, assim como todos os pormenores do percurso.
No entanto, entranhadas nos meus neurónios, nos meus músculos, nos meus vasos sanguíneos, permaneceram as sensações, ou o eco das mesmas. A memória, caprichosa, recordava certos pormenores e sobretudo as sensações tidas durante esta viagem.
Mas meu desespero era o de não recordar o rosto da moça sentada ao meu lado na viagem.
Alguém que encontrei noutra dimensão, da qual estou separado, de forma aparentemente irremediável.
segunda-feira, 21 de agosto de 2017
21-08-2017 NASA TV: ECLIPSE - CUIDADOS A TER
A observação directa dum eclipse pode originar cegueira, porque os fotões que se vêem são muito energéticos, mas como são em pouca quantidade, as pessoas podem olhar para eles directamente. Não é suportável olhar directamente o Sol durante vários minutos, sem desviar o olhar. Mas isso é possível com os raios que se escapam e iluminam uma fina coroa da Lua, aquando de um eclipse. Daí a razão porque queimam a retina de quem estiver sem protecção adequada.
domingo, 20 de agosto de 2017
AS FALSAS ESPIRITUALIDADES
Tenho hesitado, durante muito tempo, a escrever sobre o assunto.
A ideologia difusa que emana de
muitas seitas e gurus «New Age» tem um efeito adormecedor das consciências, uma
regressão para o obscurantismo, uma recusa de uma verdadeira alternativa social,
quer ela passe por sucessivas reformas ou por ruptura revolucionária.
Simplesmente
vista, a ideologia New Age corresponde em tudo à função tradicional de ideologias
«religiosas» para consumo das massas. O indivíduo é adormecido com uma
explicação totalizante que lhe permite ser preguiçoso (intelectualmente) em
relação à pesquisa da verdade, seja no âmbito social, económico, natural…
Assim,
experimenta um falso consolo numa falsa explicação «lógica» que lhe faz aceitar
passivamente «o seu lugar» no Universo. Muitas vezes reveste-se de palavreado
«revolucionário», alternativo, ecologista.
Quando apelam a agir, os objectivos
são apenas de se darem a conhecer nos media. As acções são sempre simbólicas e
inócuas. Os adeptos e participantes não se questionam sobre a racionalidade, a
pertinência e a adequação das acções: apenas se lhes «propõe» … «participar» =
são usados como massa amorfa e manipulada.
As pessoas envolvidas não entendem que estão a ser desviadas de participação em lutas reais, onde poderiam
surgir fenómenos colectivos de apoderamento.
As manifestações simbólicas «New Age», no seu
estilo, assemelham-se aos «happenings», cujas origens remontam aos anos 60-70, mas
deixaram de ter sequer a pujança que estes tiveram nessas décadas.
São coisas inócuas
e o poder gosta muito que elas ocorram: são fáceis de controlar e «demonstram» que
o poder é democrático por tolerar a sua (pseudo) contestação.
No plano teórico, são de
uma pobreza confrangedora e no plano do saber do mundo natural propagam uma série de
idiotices que podem apenas deixar as pessoas muito
baralhadas e incapazes de compreender verdadeiramente os fenómenos:
- por exemplo, falam, a torto e a direito, de «energias», um truque muito banal
mas nada honesto, pois qualquer coisa tem sempre uma determinada energia, porém
o que fazem é dar um nome de «energia» disto ou daquilo, sem outra explicação.
Não explica nada, mas dá ao incauto a ilusão de que existe, que é enunciada uma explicação, quando
na realidade é apenas uma constatação de ignorância, quando não de escroqueria.
Os gurus e sacerdotisas,
curandeiros e videntes, médiuns e espíritas abundam; dizem-te sempre que não querem
vender-te nada, mas vão-te cobrando... e nada pouco; vão sobretudo fazendo o mal,
porque há pessoas desesperadas, que precisam de apoio. São predadores/as, esses
arautos de curas: as únicas pessoas que se curam são as que vendem a tal cura!
Desmascarar esse
folclore é uma necessidade, pois ele tem efeitos muito nefastos nos indivíduos.
Retirar as pessoas à sua influência é um acto de verdadeira caridade e
compaixão.
Do ponto de vista colectivo, proliferam as seitas que desviam as
pessoas boas (muitas estão muito sinceramente envolvidas nestas actividades) de
um verdadeiro protagonismo social, dificultando o apoderamento e elevação de
consciência social de muitos. São um auxiliar precioso do capitalismo
agonizante, quer o façam com plena consciência ou não.
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