segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

WHITNEY WEBB: «A RAZÃO PORQUE ELES QUEREM O CANADÁ E A GROENLÂNDIA É ATERRADORA»


 Whitney Webb desmascara Trump como cabeça do governo das multinacionais, reflectindo os interesses dos multimilionários da «Silicon Valley». 

RELACIONADO:

Segundas-f. Musicais nº27: Rameau e os Enciclopedistas / cosmopolitismo e nacionalismo




                                           Livro de Rameau sobre erros musicais na Enciclopédia


Rameau e os Enciclopedistas

 A vida e obra de Jean-Philipe Rameau já foram citadas, neste blog [ver em baixo*]. 
Porém, faltava descrever a relação conflituosa deste grande compositor com os Enciclopedistas, nomeadamente com D'Alembert (que estudou, do ponto de vista matemático, o sistema de harmonia proposto por Rameau)  e com Jean-Jacques Rousseau. Este último, adoptou uma postura antagónica e polémica contra Rameau, defensor da ópera genuinamente francesa. A controvérsia conhecida como «Querelle des Bouffons» teve grande eco, pois envolveu em campos antagónicos, não apenas os citados filósofo e compositor, como muitos outros, colaboradores da Enciclopédia (tomaram o partido de Rousseau, em maioria), além de numerosos membros da aristocracia e burguesia. 
O público da época tomou partido, contra ou a favor de Rameau e da ópera francesa, iniciada no século passado com Jean-Baptiste Lully, músico ao serviço de Luís XIV. Os «pró-ópera francesa» não eram grandes apreciadores de ópera italiana e vice-versa. 
Itália tinha-se tornado mais que uma moda, pois invadira (literalmente) as cortes e os palcos dos teatros, desde São  Petersburgo a Lisboa, passando por Londres, Paris, Hamburgo e todas as grandes cidades da Europa do Século XVIII. 
Hoje em dia, Jean-Jacques Rousseau é conhecido como autor de obras tais como «Le Contrat Social» e «Les Confessions». Porém, Rousseau também foi autor duma peça musical ao gosto italiano, «Le Devin du Village» pouco conhecida e relegada, hoje, à categoria de «curiosidade musical». Ela estaria totalmente esquecida, se não fosse seu compositor, o célebre Jean-Jacques Rousseau. 

                               D'Alembert, por Quentin de la Tour (1753)

 O matemático e editor da Enciclopédia acolheu muito favoravelmente -no início - as contribuições de Rameau para a Enciclopédia. Os artigos do músico sobre teoria musical continuam relevantes hoje e não apenas em História da Música. Mas, D'Alembert acabou por se incompatibilizar pessoalmente com Rameau. Talvez isso explique a sua preferência pelos pontos de vista de Jean-Jacques Rousseau.

Os artigos redigidos por J-J Rouseau para a Enciclopédia e os seus panfletos, em defesa apaixonada da ópera ao gosto italiano, podem parecer-nos excessivos... Mas, neste século XVIII, a vivacidade das trocas era normal. 
Havia paixão pelas ideias na elite intelectual, apadrinhada por reis filósofos, como Frederico da Prússia, ou damas aristocratas como a Marquesa de PompadourNos salões palacianos, conviviam aristocratas com os intelectuais em voga. O ambiente de ecletismo e tolerância, "a libertinagem do espírito", contribuiu para forjar e difundir as teorias filosóficas das Luzes, para além das habituais intrigas políticas, dos mexericos e das modas. 


Nacionalismo e Cosmopolitismo


E hoje, pergunta-se; que resta de tudo isso?

- Na minha modesta opinião, a polémica dos «Bouffons», em si mesma, nada trouxe de essencial ao avanço das teorias e estéticas musicais. Porém, julgo encontrar aí um "fio de Ariadne", que liga a estética do barroco tardio ao século seguinte, o romântico século XIX
Ideologicamente, no século XIX houve uma ascenção das correntes nacionalistas; enquanto as tendências cosmopolitas perderam parte do seu lustre.
Compositores célebres - como Verdi, Wagner, Brahms, Liszt, Tchaikovsky, Bizet, Debussy etc. -, eram defendidos pelos públicos das pátrias respectivas: Mas, afinal, por motivos que pouco tinham de musicais. 
O legado de Rameau foi essencial para a construção do gosto francês, cosmopolita, centrado na elegância do discurso musical, tendo recurso frequente aos enredos mitológicos da antiguidade clássica para as óperas. 
Quanto ao gosto italianizante, este apreciava a leveza da construção musical, o predomínio da melodia, a utilização de clichés teatrais, como nas intrigas da «Commedia dell' Arte». 
A escola napolitana - com Pergolesi, autor da ópera buffa «La Serva Padrona» - influiu nos compositores ibéricos: Como exemplo de estilo italiano, cite-se o português Francisco António de Almeida, autor de óperas italianas. Enquanto a comédia em língua portuguesa, «Guerras do Alecrim e da Manjerona», de António José da Silva, posta em música por António Teixeira, é mais próxima da tradição teatral ibérica. Quanto a Carlos Seixas, utiliza a matriz da sonata bipartida de Domenico Scarlatti, mestre de música da Infanta Dona Bárbara e futura Rainha de Espanha. Porém, Carlos Seixas não abandona a tradição da Escola portuguesa e o Tento ibérico, por um lado; por outro, inclui frequentemente danças, inseridas enquanto 2º e 3º movimento das suas sonatas: o Minueto, de origem francesa ou a Giga, de origem inglesa. 


                                  Ópera-Ballet «Les Indes Galantes» 
 
O Século XVIII é cosmopolita, na música e nas outras artes. Os compositores integraram suas tradições nacionais com outras formas, vindas do estrangeiro. Muitas peças do Século XVIII foram compostas à maneira de uma escola nacional, embora seus compositores fossem doutra nacionalidade. São abundantes os exemplos nas obras de Bach, Haendel e Telemann


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(*) Alguns artigos sobre a vida e obra de Rameau, neste blog:



 

domingo, 19 de janeiro de 2025

ORIGENS DA IDEOLOGIA MAIS MORTÍFERA NO PLANETA [Neutrality Studies]

 


David Gibbs aprofunda e dá o contexto da intervenção dos «neocons», desde a sua origem. A sua rigorosa análise histórica ajuda-nos a compreender a política externa dos EUA, assim como a sua política de «defesa»: Estas só podem ser  compreendidas tendo em conta este contexo. 
Indispensável!

ANTESTREIA DO CONSULADO TRUMP

As ameaças de compra da Groenlândia, de reocupação do canal do Panamá e anexação do Canadá como 51 º Estado dos EUA, são bluffs ... 

A manha consiste em fazer alarido, revelando «planos» extravagantes, para estar em «posição de força» aparente, aquando de negociações no futuro próximo. Mais exatamente, aparentar uma força que os EUA já não possuem, para forçar as soluções que interessam ao Império do dólar, perante adversários e aliados / vassalos.  

Também serve para desviar a atenção dos media e do público, em relação ao  falhanço monumental da estratégia do caos do império EUA: 

- A total derrota militar da OTAN, na Ucrânia; a óbvia colaboração na destruição da Síria e instalação de um governo da Alquaida e suas ramificações regionais; e co-responsável, com o governo sionista, pelo genocídio em Gaza, martirizando o povo da Palestina e dando «luz verde» a uma sucessão de invasões e assassinatos em vários países do Médio Oriente.

Veja a citação abaixo, do diálogo entre Nima Alkhorshid e Michael Hudson, em transcrição de Yves Smith no blog «naked capitalism»:

MICHAEL HUDSON: [...] He’s following the same advertising agency that George W. Bush used when he hired an advertising agency to say, “How can we convince the American people that we need to go to war in Iraq?” And they said, “Well, you want to claim that Iraq’s threatening us with weapons of mass destruction.” No truth at all, but it’s the old Joseph Goebbels idea that you can always get a population behind you saying that you’re under threat and it’s national security. So that’s sort of how Trump is dealing with the domestic audience. Almost all of the speeches are aimed at the domestic American audience, not at Greenland or other countries, not even at the European Union or Denmark that has Greenland as a protectorate. What he said is, “You have raw materials that we want. You can give us naval control. And if you don’t give it to us, we don’t want to have to use force.” [...]


sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Reflexão: POLÍTICA E SOCIEDADE

 Dizia-me, há anos, um amigo e companheiro: «quem se mete na política, é como se aceitasse mergulhar num barril de merda». 

Pois, é verdade que algumas pessoas se têm metido na política com a melhor das intenções e têm mergulhado "na merda" com a convicção de estarem imunes à contaminação que este ato implica. A política é feita por homens, não por anjos ou figuras etéreas, e ainda menos por ideias. 

A maioria das pessoas deixa-se arrastar por ideias que as entusiasmam, muitas vezes, na adolescência. Isto abona a favor dos seus instintos humanos, quererem ajudar a «curar os males» do mundo. Mas os males são tantos, que a única forma de servir com inteligência uma causa, seja ela qual for, é com agudo sentido crítico e auto-crítico. Além disso, é preciso constantemente monitorizar a política que está a ser realmente realizada (muitas vezes por detrás das cortinas) onde se tomam decisões, cujos efeitos todos nós vemos: A «evolução» da economia mundial, de crise em crise; a «evolução» da geo-política, de guerra em guerra; a descida da humanidade para novos horrores às mãos dos poderosos.

Surge então a pergunta inevitável: «Que fazer?»



Ao contrário de Lenine e do bolchevismo, não preconizo estratégia(s) para "conduzir" os oprimidos à revolução.

Tal revolução, se acontecer de forma violenta, será um banho de sangue seguido da ascenção ao poder dum ditador ou dum novo bando. Estou convencido que as revoluções políticas não mudam o substrato profundo do poder. Elas apenas substituem uma fração da classe dominante por outra fracção, no governo do Estado.

Constato que na história da Humanidade só existiram duas Revoluções realmente transformadoras na base, ou seja, nos modos e nas relações de produção:
- A Revolução Agrária, começada há mais de dez mil anos e com continuação, como se pode verificar, até aos dias de hoje;
- A Revolução Industrial com, pelo menos, três centenas de anos e que também se prolonga até hoje.

Ambas têm muitas etapas, condicionadas por inúmeras transformações tecnológicas, por mudanças na chefia do poder político, etc. Porém, a relação dos humanos aos meios de substistância é -basicamente- a mesma:

No caso da Revolução Agrária, com a agricultura e a pastorícia, trata-se do domínio duma parte da Ecosfera pelos humanos. Esta modificação radical engendrou as primeiras civilizações. Estas, por sua vez, foram alargando o seu espaço e culminaram num certo ponto: Quando a capacidade de extraír riqueza e de manter o controlo sobre os territórios e as gentes atingia um máximo, começava então o declínio lento ou rápido, seguido pelo colapso e o caos.

Com os impérios e regimes resultantes da Revolução Industrial passa-se algo de muito semelhante, embora tendo em conta que ela foi «transmutada» em revolução tecnológica digital, recentemente. Nesta, a digitalização, a robotização, as redes de informação, etc. têm papel muito relevante; porém, a base material continua a ser a fábrica, onde se produzem as componentes físicas (= o hardware) nesta etapa da Revolução Industrial.

Considero que esta perspectiva da história humana se baseia em fatores reais e não em ideologias, religiões, sistemas de crenças ou teorias científicas na moda.
Esta perspectiva não é, de forma alguma confundível com o Materialismo Histórico*, nem sequer com uma versão atualizada desta teoria marxista da História. A nossa visão do mundo é incompatível com os dogmas marxianos.

O mito da «capacidade profética»  do marxismo, é somente a expressão do cientismo dos Séculos 19 e 20. Enquanto narrativa mitológica, funciona como religião, embora se apresente como ideologia ateia: 
- Os ideólogos pretendem operar a transformação da sociedade ao nível do discurso ("No princípio era o Verbo"), das motivações psicológicas e da representação do mundo fabricada pelas vanguardas, as pseudo-elites, quer estejam no poder ou na oposição.

Muitas pessoas bem intencionadas estão emotivamente ao lado dos deserdados da Terra, os três quartos da humanidade que sobrevive com o mínimo vital, ou abaixo desse mínimo.
Mas, para que estas pessoas - cheias de idealismo e bem intencionadas- tenham um papel positivo, têm de mudar profundamente o seu sistema de pensamento (conservando os seus valores éticos). 
Têm, honestamente, de examinar as críticas doutras pessoas, em especial, as de correntes anti-capitalistas e anti-autoritárias, das que não sejam do mesmo partido, ou corrente, ou que sejam apartidárias. 
Isto seria o primeiro passo.

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* Ver artigo deste blog«Materialismo histórico» é uma ideologia inventada por Marx e por Engels, sobretudo para justificar a sua teoria política, de que a sociedade, fatalmente, iria transformar-se em socialista e, depois, em comunista.

Propaganda 21 (nº25): «RESPEITEM O PROTOCOLO...» DIZ O GENOCIDA BLINKEN A JORNALISTA CONTESTATÁRIO

 



O GENOCÍDIO DE GAZA, O AUSCHWITZ DO NOSSO TEMPO

Apesar da alegria natural das populações árabes e palestinianas depois do anúncio do cessar-fogo, estas irão ser decepcionadas, segundo Max Blumenthal. Segundo ele, irá continuar a guerra atual entre Israel e Palestina. Ele tem em conta a ausência de qualquer fator de moderação ou da possibilidade em fazer cumprir acordos entre as partes. 
A opinião sobre o futuro, que este corajoso jornalista apresenta não é optimista, mas é realista: «Nestas circunstâncias, a guerra será concluída apenas quando uma das partes destruir militarmente a outra.»

Estamos realmente mergulhados numa nova era de obscurantismo, quando os media corporativos se vangloriam de repudiar os seus colegas, que são suficientemente corajosos e éticos, para confrontar o poder pelos seus atos criminosos.